Sonny Rollins celebra 80 anos com digressão europeia
Sonny Rollins, icónico e histórico saxofonista-tenor, celebra em Setembro próximo 80 anos de vida. Para o efeito, realiza uma digressão europeia que se inicia com a abertura do Festival de Jazz de Barcelona, em 3 de Novembro. Aí, o músico será agraciado, pela terceira vez, com a medalha de ouro deste evento.
Sonny Rollins não actua em Portugal há cerca de 20 anos (o último concerto foi em 1993), pelo que nos resta rumar a Barcelona ou, mais modestamente, recordá-lo através do concerto que realizou em 1976 no Cascais Jazz.
Ainda a propósito do centésimo aniversário do nascimento de Django Reinhardt, acaba de ser publicado nos EUA um livro que conta a vida deste genial guitarrista às crianças entre os 5 e os 9 anos de idade.
A autora de Django: World’s Greatest Guitarist é Bonnie Christensen, criadora de um livro similar sobre Woody Guthrie.
São obras e iniciativas como estas que nos deixam a pensar no legado de Amália e no que não se fez sobre ela. O mesmo se aplica a Fernando Pessoa e, já agora, a Luís Villas-Boas.
Neste ano de 2010, em que se celebram 100 anos do nascimento de Django Reinhardt, vão surgindo diversas notícias em torno deste notável guitarrista. Uma destas é a digressão que vários músicos vão realizar nos EUA para celebrar esta efeméride.
Entre tais músicos conta-se o guitarrista francês Dorado Schmitt, cuja ascendência cigana, semelhança física com Django Reinhardt e capacidade instrumental vão certamente encantar o público.
Se fosse vivo, Django Reinhardt (1910/1953), guitarrista de excelência, teria completado 100 anos no passado sábado. Para assinalar esta efeméride na vida do primeiro instrumentista europeu que se destacou realmente no jazz, JNPDI divulga hoje dois vídeos que captam um pouco a sua genialidade e virtuosismo.
Mais importante ainda, apresentamos um documentário sobre a vida e obra de Django.
Tribute to Armstrong and Goodman (Cascais Jazz, 1983) Memória do Jazz em Portugal
Em Novembro de 1983, o XIII Cascais Jazz colocou em palco um all-stars que pretendia homenagear a música de Louis Armstrong e Benny Goodman.
Foi assim que actuaram no Pavilhão dos Salesianos, no Estoril, alguns dos músicos que tocaram e gravaram com estes dois ícones do jazz. Eram eles: Billy Butterfield (trompete), Peanuts Hucko (clarinete), Trummy Young (trombone), Marty Napoleon (piano) e Gus Johnson (bateria).
Paulo Ochoa com Herbie Hancock, Allgarve Jazz 2008. Foto: JMS/JNPDI
Definitivamente o Jazz em Portugal está a começar de forma aziaga a nova década. Depois do incêndio no prédio do Hot Clube e o encerramento do blogue Improvisos ao Sul, segue-se agora a saída de Paulo Ochoa da Universal Music, ontem consumada.
Ochoa era um verdadeiro motor promocional dos muitos artistas de jazz desta editora - divulgando discos pelos media, organizando entrevistas, apoiando a realização de concertos, etc. - pelo que a sua saída vem empobrecer o panorama deste género musical entre nós.
Por outro lado, este evento não pode deixar de significar, sem dúvida, um claro desinvestimento desta importante label no jazz em Portugal, o que já sucedeu anteriormente com editoras como a Blue Note/EMI, com os resultados que são conhecidos, nomeadamente o lamentável episódio público que envolveu Jason Moran em 2007.
JNPDI muito deve a Paulo Ochoa, que não só nos enviava regularmente discos para crítica, como facilitou entrevistas a músicos - desde Dee Dee Bridgewater a Jane Monheit - desenvolvendo com especial competência, proactividade e gosto as funções de promotor na área do jazz e da clássica da Universal Music Portugal. De facto, por várias vezes assinalámos aqui como ele era talvez o único que trabalhava bem o jazz no nosso país, pois não só o fazia com grande profissionalismo, como contrastava claramente com a inacção a este nível da maioria esmagadora das demais editoras internacionais, que deixaram de apostar no jazz.
Paulo Ochoa com Dee Dee Bridgewater, CCB, 2006. Foto: JMS/JNPDI
Por isso mesmo, e porque ele faz falta no Jazz e na música, daqui enviamos um abraço e os votos de que regresse brevemente a este sector onde deu os primeiros passos como especialista de jazz da loja de discos que em tempos funcionou no Coliseu dos Recreios de Lisboa.
Foi hoje anunciado que o Hot Clube vai regressar provisoriamente à actividade de concertos, para o que utilizará as instalações do Maxime, Fábrica do Braço de Prata e Onda Jazz. É aí que actua nos dias 4, 5 e 6, respectivamente, o quarteto do pianista finlandês Kari Ikonen.
Aqui fica a explicação dada pelo Luís Hilário, director musical do Hot.
Caros Amigos,
Como a grande maioria de vós sabe, o Hot Clube de Portugal viu-se obrigado a interromper a programação de concertos, devido a um incêndio que deflagrou na cobertura do edifício da Pr. da Alegria, na madrugada do dia 22 de Dezembro de 2009. A solução para o realojamento do Clube está a ser estudada em conjunto com a C.M. Lisboa e mesmo que o espaço “ideal” seja definido nos próximos dias, o reactivar da programação regular não está para breve.
Todos os músicos com quem tínhamos datas agendadas foram avisados sobre o acontecido e todos sem excepção, escreveram-nos manifestando grande tristeza e disponibilizando-se para ajudar da forma que considerássemos mais útil. Por essa solidariedade e em nome do Hot Clube de Portugal, aproveito mais uma vez para agradecer.
Apesar de o sucedido ser razão mais do que legitima para o cancelamento dos concertos agendados, algumas situações daí resultantes obrigam-nos a tentar, na medida do possível, minimizar o prejuízo causado aos músicos. Músicos estrangeiros com viagens aéreas já adquiridas à data do incidente, solicitaram-nos compreensão e esforço para que estas viagens não ficassem completamente perdidas.
O Kari Ikonen Quartet, grupo nesta situação, reúne dois músicos finlandeses e dois suecos e estará em Lisboa, como estava previsto, nos próximos dias 4 , 5 e 6 de Fevereiro.
Graças à extraordinária colaboração e disponibilidade por parte dos responsáveis do Maxime, da Fábrica Braço de Prata e do OndaJazz, este grupo apresentar-se-á nestes locais, respectivamente a 4, 5 e 6 de Fevereiro (Quinta, Sexta e Sábado). O concerto de dia 4 (Quinta-feira) será a primeira oportunidade que todos nós, habituais frequentadores do Hot Clube, teremos para voltar à Praça da Alegria. Para os que não puderem estar nessa noite de reencontro, sugiro-vos as outras duas oportunidades.
O Kari Ikonen Quartet que pratica jazz de qualidade, será um excelente pretexto para que muitos de nós se voltem a encontrar. Não será no mesmo “velho” Hot Club, mas afinal nós as pessoas, somos o mais importante. Apareçam !!!
O Hot Clube de Portugal reafirma o seu sentido agradecimento ao Maxime, à Fábrica Braço de Prata e ao OndaJazz, três locais, também símbolos culturais desta cidade, pela preciosa colaboração e disponibilidade para ajudar, que desde o início manifestaram e também pelo empenho que têm demonstrado na divulgação da música jazz... e não só.
O blogue Improvisos ao Sul encerrou na passada segunda-feira ao fim de seis anos de existência. Fundado por António Branco em Janeiro de 2004, quatro meses depois de JNPDI, manteve uma actividade regular e sem dúvida importante para a divulgação do jazz a nível nacional e, sobretudo, no sul do País.
JNPDI agradece ao seu autor - que continua agora a sua actividade através das colaborações que vem mantendo com a revista Jazz.pt, o site 6/4 e o Clube de Jazz do Conservatório Regional do Baixo Alentejo - por toda a atenção e carinho que sempre manteve para com este blogue, demonstrando com a sua atitude imparcial e objectiva que o mundo do jazz em Portugal não precisa de ser feito de campos minados, trincheiras, feudos, ódios e desunião.
Ao António Branco, pois, os nossos desejos de felicidades e o nosso muito obrigado por estes seis anos de sã convivência entre estes dois blogues de referência no jazz em Portugal.
Ontem divulgámos aqui este extraordinário disco que é Sempre, de Lena d'Água, sem dúvida um dos trabalhos mais interessantes da década que findou.
Esse mesmo disco encontra-se em preços mínimos nas FNAC, sendo vendido a 6,99 euros. Note-se que é um disco duplo, com CD e DVD... o que torna a promoção ainda mais aliciante.
Lena d'Água ao vivo no Hot Clube Memória do Jazz em Portugal
Em 2007, Lena d'Água lançou o CD Sempre, gravado ao vivo no Hot Clube de Portugal.
Este CD não mereceu, em nossa opinião, a divulgação e aplauso merecidos em face do excelente material musical e vocal que apresenta.
Esta é razão mais do que suficiente para aqui voltarmos a este Sempre, o que permite também evocar uma vez mais a própria memória da velha cave da Praça da Alegria.
Ed Thigpen (1930/2010): Partiu mais um dos mestres do jazz
Faleceu no passado dia 13 de Janeiro o baterista Ed Thigpen, músico que ficou célebre pela sua associação de longa data a Oscar Peterson, cujo trio integrou entre 1959 e 1965, tendo gravado nada menos de cerca de 50 LP. Foi também o baterista de Cootie Williams, Dinah Washington, Lennie Tristano, Johnny Hodges, Bud Powell, Billy Taylor e Ella Fitzgerald (1966-1972).
Em 1972, baseou-se em Copenhaga, mantendo-se activo profissionalmente até ao presente.
L.A. Four (Cascais Jazz, 1981) Memória do Jazz em Portugal
Em Novembro de 1981, o grupo L.A. Four actuou no XI Cascais Jazz.
Este era um grupo de vedetas, constituído tão só por Laurindo Almeida (guitarra), Bud Shank (sax-alto e flauta), Ray Brown (contrabaixo) e Jeff Hamilton (bateria).
Bill Evans e Eddie Gomez (1975) Memória do Jazz em Portugal
Recordamos hoje na memória do Jazz em Portugal mais um tema do histórico concerto de Bill Evans e Eddie Gomez, espectáculo realizado em Julho de 1975 no Teatro Nacional S. Carlos.
O baterista Urbano Oliveira esteve ontem em Hollywood, nos EUA, onde participou, a convite da REMO, no REMO Recreational Music Center. A sua intervenção fez-se na qualidade de Facilitador de um Drum Circle, uma jam-session rítmica no âmbito da qual se reunem vários participantes de todas as idades.
Urbano Oliveira, músico, baterista, desenvolve um trabalho para todas as idades no âmbito da educação, ocupação de tempos livres e da terapia ocupacional. Na esfera empresarial, focado nos temas e nos objectivos dos encontros a partir de informações recolhidas sobre as necessidades das equipas e das metas das empresas, faz as suas intervenções através de metáforas entre a musicalidade da vida e os objectivos propostos, criando uma emocionante e divertida dinâmica motivacional,usando instrumentos de percussão para todos.
Take Five: "Do it again" Memória do Jazz em Portugal
Hoje na memória do Jazz em Portugal dedicamos a nossa atenção a recordar o quinteto vocal Take Five, constituído por Inês Martins, Isabel Alcobia, António Lourenço, Paulo Lourenço e Vasco Azevedo.
O vídeo queapresentamos documenta a participação desde ensemble no programa Zona Jazz, em 1989, no qual foi acompanhado pelo quarteto de Mário Laginha, composto por Sérgio Pelágio (guitarra), Pedro Barreiros (contrabaixo) e Mário Barreiros (bateria).
Na sequência da notícia oficiosa que ontem aqui publicámos, falámos hoje com responsáveis do Hot Clube de Portugal, que nos afirmaram que a hipótese avançada por JNPDI é apenas uma das várias opções propostas pela Câmara Municipal de Lisboa.
Não obstante as visitas de técnicos (arquitecto e engenheiro) a este e outros locais, tudo continua, portanto, em aberto na procura de um espaço provisório para o Hot Clube.
O Hot Clube acolhe durante a presente semana, de 11 a 17 de Janeiro, uma série de masterclasses sobre escrita de canções, interpretação e gestão de carreira.
A iniciativa pretende apoiar a recuperação do clube após o incêndio e vai reunir Fernando Ribeiro e Pedro Paixão (Moonspell), Tiago Bettencourt, Camané, Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves (Clã), Sérgio Godinho, Sam The Kid e Manuel João Vieira.
De acordo com o Hot Clube, a primeira songwriter series visa "derrubar barreiras entre diferentes géneros musicais, num ambiente aberto à partilha de experiências e discursos artísticos distintos".
As sessões realizam-se na escola do Hot Clube, (Travessa da Galé, n.º 36), junto à antiga FIL, sempre a partir das 18h00. A entrada é livre e aberta ao público em geral.
Afinal a solução para a instalação provisória do Hot Clube está mais próxima do que se pensava. Literalmente, o Hot deverá em princípio ocupar uma loja situada dois prédios abaixo da antiga sede, estabelecimento onde funcionou em tempos uma livraria e café.
A notícia é ainda oficiosa, mas ao que JNPDI apurou o local já foi visitado por vários técnicos e parece adequado às necessidades do clube.
Propomos hoje o visionamento do excerto de um documentário da RTP Açores sobre a presença da RAF na Ilha Terceira e a construção da Base das Lajes.
É que a história do jazz na Ilha Terceira está intimamente ligada à chegada dos militares ingleses em Outubro de 1943, data a partir da qual começou a construção da Base das Lajes, utilizada também pelos norte-americanos a partir de 1944.
Com os ingleses vinham amadores e músicos de jazz que foram contribuindo para a sua propagação junto dos músicos da ilha. Os americanos trouxeram ícones como Frank Sinatra, Glenn Miller, Stan Kenton e Irving Berlin.
A história está contada em detalhe no livro JAZZ NA TERCEIRA: 80 Anos de História, da autoria de João Moreira dos Santos e António Rubio.
O pianista italiano Stefano Bollani leva amanhã, Domingo, à Culturgest o seu "trio dinamarquês", formação constituída há cerca de seis anos e que em 2009 se estreou discograficamente na editora ECM com o CD Stone in the Water, considerado pela crítica especializada um dos mais importantes do ano.
Nascido em Milão em 1972, Bollani começou desde muito novo a tocar piano como autodidacta mas aos 11 anos de idade matriculou-se no Conservatório de Florença. Desenvolvendo ali a sua formação musical académica e tendo-se graduado em 1993, o pianista interessou-se desde logo pelo jazz mas também pela música pop e pelas variedades, acompanhando vários cantores nesta área.
E foi o convite de Enrico Rava para fazer parte do seu grupo durante uma digressão a França que colocou o pianista na ribalta do jazz, iniciando então uma carreira imparável neste domínio, que já o levou a tocar em vários contextos e liderando os seus próprios grupos.
Possuidor de uma técnica pianística apurada, capaz dos maiores arrebatamentos líricos e de um fraseado virtuosístico impressionante, Bollani já participou em numerosos festivais em Itália e no estrangeiro, sendo habitualmente músico convidado de personalidades como Lee Konitz, Pat Metheny, Paolo Fresu, Phil Woods ou Gato Barbieri.
Neste concerto da Culturgest, será de esperar que o repertório de Stone in the Water esteja em primeiro plano, na diversidade das suas atmosferas, tão bem construídas pela criativa interacção de três músicos de excepção.
Completam-se em 2010 nada menos do que 25 anos sobre a fundação de um dos grupos de jazz portugueses mais tradicionais: o Moreiras Jazztet.
Formado em 1985 pelos irmãos Pedro (saxofone-tenor), João (trompete), Bernardo (contrabaixo) e Miguel (piano) e por Carlos Vieira (bateria), estreou-se um ano depois no XVI Cascais Jazz, onde actuou a 5 de Julho de 1986.
Em 1987, juntou-se ao grupo o pianista Bernardo Sassetti (primo dos irmãos Moreira), então a iniciar a sua carreira, dividindo-se entre esta formação e o quarteto de Carlos Martins. Quanto a Miguel Moreira, foi-se afastando gradualmente, apostando na sua formação académica em Astrofísica, área profissional em que trabalha desde há largos anos.
Um ano depois, o Moreiras Jazztet teve uma importante participação na RTP, tendo sido convidado para o programa Café Central. É desse evento que apresentamos pela primeira vez três temas aí gravados: "One by One" (composição de Wayne Shorter celebrizada pelos Jazz Messengers), "Whisper Not" (Benny Golson) e "Birk's Works" (Dizzy Gillespie).
Note-se a presença de Bernardo Sassetti na audiência (com um pullover verde) e de António José de Barros Veloso (um verdadeiro mentor deste grupo, juntamente com o pai Bernardo Moreira) e Yvete Centeno. Em "Whisper Not" é de destacar a participação de Bernardo Moreira (pai) no trombone.
Ainda neste ano de 1988, o grupo foi convidado a participar no primeiro CD da cantora Maria Viana, tendo gravado seis temas para Just Friends/Entre Amigos.
Ao longo da década de 80 e 90, o Moreiras Jazztet realizou inúmeros concertos por todo o país (continente, Açores e Madeira), no âmbito do projecto de itinerância da Secretaria de Estado da Cultura, actuando igualmente nos principais festivais de jazz nacionais. No estrangeiro, a sua sonoridade foi ouvida nos EUA (10.º Festival Internacional de Jazz da Carolina do Norte), Paris, Barcelona, Madrid, Moçambique, África do Sul e Costa do Marfim.
Anúncio do concerto de 10/11/1989. Fonte: JMS/JNPDI
Bilhete do concerto de 2/11/1990. Fonte: JMS/JNPDI
O grupo teve, porém, de lidar com a ausência forçada de João Moreira, que a partir do início da década de 90 se viu obrigado, por razões de saúde, a interromper a sua carreira musical. Por esse motivo, já não participou, em 1990, no programa Zona Jazz, uma produção de Thilo Krassman para o canal 2.
A segunda metade dos anos 90 trouxe o primeiro e único CD, Luandando, editado em 1995 pela Groove/Movieplay. A presença do convidado Freddie Hubbard constituiu um momento histórico, devidamente assinalado nas liner notes de António José de Barros Veloso: "... pela primeira vez, músicos portugueses gravaram com um dos monstros sagrados do Jazz". Além deste notável músico, participou ainda o baterista norte-americano Greg Bandy. João Moreira esteve, pelas razões atrás indicadas, ausente desta gravação, que lhe foi simbolicamente dedicada pelos irmãos.
A partir de 1996, com ida de Pedro e João Moreira para Nova Iorque, onde estudaram durante alguns anos, a actividade do grupo foi interrompida momentaneamente, sendo retomada no final da década, ainda que minimizada devido aos inúmeros projectos musicais de cada um dos seus membros. Com a saída de Bernardo Sassetti, o piano passou a ser assumido por Rodrigo Gonçalves. Também Carlos Vieira acabaria por abandonar o grupo, sendo substituído por André Sousa Machado.
Villas-Boas em Nova Iorque: O olhar de Laurent Filipe
Em 1994, Laurent Filipe desafiou Luís Villas-Boas para uma última viagem a Nova Iorque, ciente que estava da progressiva degradação do estado de saúde do "pai" do Jazz em Portugal.
O trompetista e compositor teve, felizmente, o insight de filmar este último périplo pela pátria do Jazz e, em 1998, a RTP, exibiu - inserido num programa de Carlos do Carmo - um compacto das muitas horas de filmagens.
É precisamente esse documento audiovisual que JNPDI hoje divulga, não sem daqui endereçar os parabéns a Laurent Filipe por nos ter legado esta valiosa memória.
Villas - A Última Viagem a NY dá-nos um vislumbre da personalidade cativante de Villas-Boas e, sobretudo, dos seus amplos conhecimentos jazzísticos. Além disso, partilha alguns momentos únicos e que de outra forma se teriam perdido, nomeadamente a visita ao Carnegie Hall e um Villas que dorme num banco de jardim enquanto um músico toca trombone ao seu lado...
A história por detrás deste vídeo é, porém, triste pois revela o desinteresse crónico que há em Portugal por aqueles portugueses que fizeram realmente a diferença na sua área de actividade.
É o próprio Laurent Filipe que, ao contextualizar a sua peça, nos explica a razão pela qual este trabalho nunca passou de um compacto, quando havia material suficiente para ter produzido um verdadeiro documentário à altura do mérito e obra de Villas-Boas.
"Após o meu regresso a Portugal, retomei um contacto mais regular com o Villas e apercebi-me que ele apresentava sintomas da doença de Alzheimer. Esta doença era-me familiar pois a minha sogra era presidente da Associação de Alzheimer nos EUA. Há vários anos que se falava nos EUA sobre a doença, os seus sintomas e as investigações cientificas avançavam. Em Portugal a doença não era conhecida e poucos médicos a sabiam diagnosticar.
Perante a iminente perda de memória do Villas, dediquei então uma parte do meu tempo a registar tudo o que podia das suas memórias, histórias e sítios. Um deles levou-me a convencer a Lena [mulher de Villas-Boas] a levar o Villas comigo a NY para aquela que sabia que iria ser a sua última viagem. Foi em Junho de 1994. Aproveitando a minha participação na IAJE Convention e no JVC Festival em NY, andei também pelos clubes e pelos sítios que o Villas tanto tinha frequentado e adorado. Ele falou com músicos, encontrou-se com George Wein, ouviu imensa música, muitos músicos vieram ter com ele contando histórias do Cascais Jazz e, sobretudo, o Villas relembrou todo um passado que ainda lhe era muito querido e próximo da desvanecente memória...
Regressámos a Lisboa e completei o material de NY com mais depoimentos e bastante material adicional. No total devo ter perto de umas 10 horas de material inédito.
Contactei a RTP e concorri a um subsidio do ICAM para fazer um documentário...mas, à “moda” Portuguesa... não houve nem resposta nem interesse...
A ideia era ter pegado naquele material e aproveitado para o integrar num extenso documentário que pretendia apresentar sobre o Jazz em Portugal. Já não sei em que condições está todo o material mas também já não tenho interesse em perder mais tempo com o assunto... That´s life!
Fica pois a pequenina homenagem (bem ao tamanho do país) mas, infelizmente, bem minúscula ao lado daquilo que o Villas quis e soube fazer..."
Vasco Morgado Jr: "O Hot é demasiado importante para se deixar cair no esquecimento"
A Junta de Freguesia de S. José tem vindo nos últimos anos a defender a importância da valorização do Hot Clube. Curiosamente, os seus destinos são presididos desde as últimas eleições autárquicas por um homem cujo apelido tem fortes tradições na história do jazz em Portugal: Vasco Morgado Jr. JNPDI foi saber o que pensa da situação do Hot Clube o neto do famoso empresário que trouxe a Lisboa, juntamente com Villas-Boas, grandes nomes como Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Duke Ellington e Benny Goodman.
JNPDI: O fogo no prédio do Hot Clube foi detectado primeiramente por si. Como se apercebeu dele e o que fez?
Vasco Morgado: Estava a chegar a casa e reparei no fumo negro que estava a sair da cobertura, chamei os bombeiros e alertei os prédios vizinhos.
JNPDI: Teve noção imediata de que o Hot corria um perigo real?
VM: Tive noção de que todos no referido imóvel corriam um perigo real, pois há muito que conheço o estado do edifico por dentro. JNPDI: Naquela madrugada, quando entrou pela primeira vez no Hot?
VM: Já de manhã por volta das 11h
JNPDI: Presumo que o cenário com que se deparou era no mínimo desolador...
VM: É o cenário de todos os locais atingidos por um incêndio: água, escombros e cheiro a queimado
JNPDI: Como surgiu a ideia de propôr a sala de café concerto do cinema S. Jorge para acolher provisoriamente a programação do Hot?
VM: O facto de conhecer bem a fregueisa onde nasci faz com que consiga tirar partido do que ela tem para oferecer.
JNPDI: Como vê a impossibilidade de usar esta sala, que entretanto foi pública na passada semana?
VM: Foram opções da direcção do Hot Club. Nada a dizer a não ser que vou tentar arranjar outra solução que seja talvez de melhor agrado para a direcção.
JNPDI: Que outras alternativas é que a Junta de Freguesia de São José pondera para reerguer o Hot na Praça da Alegria?
VM: Tenho uma reunião com a Vereadora da Cultura dia 5 às 10.30, levo algumas soluções e opções... Logo se verá.
Vasco Morgado à porta do Hot Clube dois dias depois do incêndio. Foto: JMS/JNPDI
JNPDI: A Junta tem estado muito empenhada na recuperação do prédio do Hot pela CML e a criação da Casa do Jazz nesse edifício. Como gostaria que fosse este espaço?
VM: Um espaço dessa tipologia só faz sentido se conseguir passar a história do Jazz através dos tempos, afim de cimentar quem já conhece e gosta do estilo. Bem como fazer e educar novos fãs.
JNPDI: Qual é para si a importância do Hot no âmbito da oferta cultural da Freguesia de São José?
VM: O Hot é desde há muito um cartão de visita de Lisboa e pricipalmente de São José. Isso faz com que seja demasiado importante para se deixar cair no esquecimento.
JNPDI: O que se passa com espaços onde também houve jazz em tempos, como é o caso do Ritz Club (antigo Bal Tabarin Montanha) e do Miami (prédio demolido junto à estação de serviço e que desde há anos está transformado em estacionamento de automóveis)? Ainda é possível recuperar o Ritz Club?
VM: O Ritz tem toda a potencialidade para vir a ser um multiusos cultural para um tipo de cultura que vai além fronteiras. A sua capacidade e suporte de espectáculos vai desde os concertos ao burlesco... São mil e uma hipóteses.
JNPDI: Soubemos que também o Maxime deve encerrar, pelo menos com a actual gerência. É Lisboa que está doente ou a oferta cultural em salas de reduzida dimensão não é mais viável?
VM: Nem tudo são rosas na cultura: é preciso ser sério e isso não está ao alcance de todos. Existe muita subsídio dependência na cultura e isso não é sério. Com metade do que se gasta em subsídios recuperavam-se salas como o Odéon, Ritz Club ou o Teatro Variedades, dando assim mais hipóteses a quem quer explorar espaços culturais. A CML ainda não percebeu que podia ter uma serie de salas que em vez de andarem nos jornais por estarem degradadas, estariam a rentabilizar dinheiros para Lisboa...
JNPDI: Sei que frequenta o Hot Clube desde muito jovem. Que memórias mais importantes guarda deste espaço?
VM: Eu passava verões inteiros no meu terraço, que dá traseiras com o Hot, a ouvir concertos magnificos. Lembro-me da primeira Big Band que vi ao vivo... Rendi-me!
JNPDI: E do seu avô, Vasco Morgado, a quem todos devemos a contratação de artistas como Louis Arsmtrong, Ella Fitzgerald, Duke Ellington, Oscar Peterson e Benny Goodman? Ao que sei, ele perdeu muito dinheiro com estas apostas, não obstante o seu enorme valor artístico.
VM: Lá está, o meu avô era um Homem de cultura num país em que não a havia. Nunca recebeu um subsídio do estado; sempre fez tudo às suas expensas. Fez porque amava o que fazia, coisa que muitos que dizem que gostam só o fazem com o dinheiro dos outros ("estado"). Perdeu dinheiro em quase todos [os concertos], mas não foi por isso que deixou de os fazer... No concerto do Sammy Davis Jr o Monumental esgotou e mesmo assim deu prejuízo, mas os preços chegavam a todas as bolsas. O que mais prazer lhe dava era ver a casa cheia, nem que fosse de borlas. Hoje em dia isso não é possível, a não ser naqueles que recebem subsídios e fazem a mesma coisa todos os anos.
JNPDI: Um desejo para 2010 no que respeita ao Hot Clube...
VM: Que depressa volte ao activo, eu cá estarei para tudo tentar que isso aconteça. Bom 2010!!!
Rewind - Cascais Jazz'71: O documentário sobre o I Cascais Jazz
João Marques e João Abecasis Fernandes (Julho 2009) Foto: JMS/JNPDI
Ora aqui está um documentário que nos dá muita honra e muito prazer mostrar pela primeira vez em JNPDI, afirmando mais uma vez a vocação deste blogue para a investigação da história do jazz em Portugal.
Referimo-nos a Rewind - Cascais Jazz'71, que, como o título indica, revisita o primeiro Cascais Jazz. Este é um projecto académico, produzido por João Marques e realizado por João Abecasis Fernandes, no qual colaborámos activamente, cedendo tanto o nosso testemunho, como facilitando documentos, fotografias e o nosso intenso trabalho de pesquisa de imagens da RTP.
Este documentário inovador (o primeiro realizado sobre o Cascais Jazz) foi, por nosso convite, estreado no Estoril Jazz 2009, no âmbito do lançamento do livro Jazz em Cascais: Uma História de 80 Anos.
Vale a pena ver e saborear as imagens de arquivo dos concertos (Miles Davis, Rão Kyao, Dexter Gordon, Giants of Jazz e Phil Woods), as declarações proferidas na época por figuras como Amália Rodrigues, Mário Assis Ferreira e Pinto Balsemão e os testemunhos actuais de João Braga e Bernardo Moreira (pai).
Enjoy!
E a propósito do I Cascais Jazz, aproveitamos para partilhar um vídeo ue documenta a actuação de Miles Davis e, também, um outro vídeo que apresenta uma entrevista de Rão Kyao a Dexter Gordon e um excerto do concerto dos Giants of Jazz (note-se a participação de Thelonious Monk ao piano...)
2009 foi sem dúvida mais um ano de crescimento para Jazz no País do Improviso, que alcançou nada menos do que 100 622 visitas ao longo dos 12 meses, o que traduz um aumento em cerca de 40 000 acessos relativamente ao ano de 2008.
JNPDI é acedido mensalmente por cerca de 8500 visitas. Os picos máximos de visitantes foram atingidos em Julho (9400) e Agosto (9053), meses que representam recordes absolutos ao longo dos seis anos de existência do blogue.
Por outro lado, foi significativo o facto do director artístico do Festival de Jazz de Barcelona nos ter endereçado uma mensagem em que considerou JNPDI o blogue de jazz de referência também em Espanha.
Iniciativas JNPDI
O ano ficou marcado pela associação do blogue ao ciclo Dose Dupla (Centro Cultural de Belém).
Mais ainda, ficou marcado pela criação do grupo VOZES3, com Maria João, Maria Anadon, Maria Viana, Júlio Resende, João Farinha, Carlos Barretto e Joel Silva.
Este projecto, concebido para um ano, esteve activo entre Dezembro de 2008 e Dezembro de 2009, tendo como um dos objectivos uma maior popularização do jazz em Portugal, o que foi desde logo alcançado com a sua estreia na RTP, no programa Quarto Crescente, da autoria de Júlio Isidro.
Iniciativa igualmente importante foi a extensão de JNPDI à rádio, passando a ser também um espaço musical diário na CSB Rádio, onde se estreou em 20 de Julho.
A iniciativa mais significativa de 2009 foi, porém, a homenagem promovida por JNPDI e pela Câmara Municipal de Cascais ao decano dos músicos de jazz portugueses, o guitarrista Carlos Menezes, que completou este ano 89 Primaveras e 85 anos de actividade profissional. O espectáculo teve lugar a 30 de Setembro, no Centro Cultural de Cascais.
Em 9 de Outubro celebrámos o 6.º aniversário de JNPDI com a actuação de Art Themen e Robin Aspland.
Vale ainda a pena referir que em 2009 o JNPDI estreou um novo logotipo, adoptado pela primeira vez em 15 de Março.
Desenvolvemos também bastante a componente de vídeo, tendo estreado no Youtube diversas pérolas do jazz que se tem tocado ao longo dos anos em Portugal.
Hot Clube: Terças-feiras do Dr. Jazz ameaçadas pelo incêndio
Foto: Rosa Reis
Há um ano atrás, o jovem jornalista Pedro Gomes realizou para JNPDI uma reportagem sobre as célebres terças-feiras de Barros Veloso no Hot Clube de Portugal, iniciativa que ao longo de 10 anos tem permitido que aquele que foi o primeiro pianista português de jazz moderno conviva com jovens músicos das novas gerações, partilhando conhecimento e experiências em jeito de jam-session.
Esta é uma tradição que está agora ameaçada com o incêndio do prédio do Hot Clube, mas que esperamos regresse em breve no novo espaço que se venha a encontrar para manter a programação regular desta casa da cultura.
Foto: Luísa Ferreira
Para quem não sabe, António José de Barros Veloso é conhecido por Dr. Jazz (termo cunhado por Villas-Boas) devido à sua actividade profissional como médico, tendo-se notabilizado na medicina interna. É precisamente nesse âmbito que acaba de publicar mais um livro, dando à estampa uma obra única e pioneira sobre a Estância Sanatorial do Caramulo, localidade onde residiu durante a infância justamente por o pai dirigir os serviços laboratoriais deste complexo ímpar no tratamento da tuberculose pulmonar.
Caramulo: Ascensão e Queda de uma Estância de Tuberculosos é editado pela By The Book e revela imagens e informação inéditas e surpreendentes, resultando de um extenso e pormenorizado trabalho de investigação realizado pelo autor, no qual tivemos oportunidade de participar, ainda que muito humildemente.
"Fundada em 1920, a Estância Sanatorial do Caramulo ocupou, durante mais de meio século, um lugar ímpar no tratamento da tuberculose pulmonar, quer pelo número e estatuto social dos doentes (por lá passaram inúmeras personagens da política, da aristocracia e da alta finança), quer pelo corpo clínico, cuja competência profissional conquistou um assinalável prestígio dentro e fora do país.
O seu fundador, Jerónimo Lacerda, mostrou-se desde o início determinado a dotar a Estância de infra-estruturas e equipamentos à época excepcionais, revelando um raro sentido de modernidade e um grande interesse pela inovação.
A história da Estância do Caramulo ficou intimamente ligada aos acontecimentos do Estado Novo e revelou profundas marcas das diversas fases do longo consulado salazarista".
...aqui ficam algumas das condições que o Ministério da Educação Popular definiu, durante o Governo de Hitler, para a atribuição de licenças para espectáculos de música de dança.
DEPARTMENT OF POPULAR EDUCATION AND ART
Conditions Governing the Grant of Licenses for Dance Music
NEGROID: Belonging to a Negro race. This includes the African Negroes (and also those living outside of Africa), also Pygmies, Bushmen and Hottentots. NEGRITO: In the wider sense of the term, the short-statured, curly or frizzy-haired, dark-skinned inhabitants of Southeastern Asia, Melanesia and Central Africa.
1. Music: The Embargo on Negroid and Negrito Factors in dance Music and Music for Entertainments.
2. Introduction: The following regulations are intended to indicate the revival of the European spirit in the music played in this country for dances and amusements, by freeing the latter from the elements of that primitive Negroid and/or Negrito music, which may be justly regarded as being in flagrant conflict with the Europeon conception of music. These regulations constitute a transitory measure born of practical considerations and which must of necessity precede a general revival.
3. Prohibition: It is forbidden to play in public music which possesses to a marked degree characteristic features of the method of improvisation, execution, composition and arrangement adopted by Negroes and colored people. It is forbidden in publications, reports, programs, printed or verbal announcements, etc.:
(a) to describe music played or to be played with the words "jazz" or "jazz music."
(b) to use the technical jargon described below, except in reference to or as a description of the instrumental and vocal dance music of the North American Negroes.
Exceptions may Be permitted where such music is intended for a strictly scientific or strictly educational purpose and where such music is interpreted by persons having two or more Negroid or Negritic grandparents.
4. Descripton of The Main Characteristic Features of the Above-Mentioned Music which Differ from the European Conception of Music: The use of tonally undefined mordents, Ostentatious trills, double-stopping or ascendant glissandi, obtained in the Negro style by excessive vibrato, lip technique and/or shaking of the musical instrument. In jazz terminology, the effects known as "dinge," "smear" and "whip." Also the use of intentional vocalization of an instrumental tone by imitating a throaty sound. In jazz terminology, the adoption of the "growl" on brass wind instruments, and also the "scratchy" clarinet tone. Also the use of any intentional instrumentalization of the singing voice by substituting senseless syllables for the words in the text by "metalizing" the voice. In jazz terminology, so-called "scat" singing and the vocal imitation of brass wind instruments.
Also the use in Negro fashion of harshly timbered and harshly dynamic intonations unless already described. In jazz terminology, the use of "hot" intonations. Also the use in Negro fashion of dampers on brass and woodwind instruments in which the formation of the tone is achieved in solo items with more than the normal pressure. This does not apply to saxophones or trombones.
Likewise forbidden, in the melody, is any melody formed in the manner characteristic of Negro players, and which can be unmistakably recognized.
5. Expressly Forbidden: The adoption in Negro fashion of short motifs of exaggerated pitch and rhythm, repeated more than three times without interruption by a solo instrument (or soloist), or more than sixteen times in succession without interruption by a group of instruments played by a band. In jazz terminology, any adoption of "licks" and "riffs" repeated more than three times in succession by a soloist or more than sixteen times for one section or for two or more sections. Also the exaggeration of Negroid bass forms, based on the broken tritone. In jazz terminology, the "boogie-woogie," "honky tonk" or "barrelhouse" style.
6. Instruments Banned: Use of very primitive instruments such as the Cuban Negro "quijada" (jaw of a donkey) and the North American Negro "washboard." Also the use of rubber mutes (plungers) for wind brass instruments, the imitation of a throaty tone in the use of mutes which, whether accompanied by any special movement of the hand or not, effect an imitation of a nasal sound. In jazz terminology, use of "plungers" and "Wah Wah" dampers. The so-called "tone color" mutes may, however, be used.
Also the playing in Negro fashion of long, drawn-out percussion solos or an imitation thereof for more than two or four three-time beats, more frequently than three times or twice in the course of 32 successive beats in a complete interpretation. In jazz terminology, "stop choruses" by percussion instruments, except brass cymbals. There is no objection to providing a chorus with percussion solos in places where a break could also come, but at not more than three such places.
Also the use of a constant, long drawn-out exaggerated tonal emphasis on the second and fourth beats in 4/4 time. In jazz terminology, the use of the long drawn-out "off beat" effect.