Villas-Boas em Nova Iorque: O olhar de Laurent Filipe
Em 1994, Laurent Filipe desafiou Luís Villas-Boas para uma última viagem a Nova Iorque, ciente que estava da progressiva degradação do estado de saúde do "pai" do Jazz em Portugal.
O trompetista e compositor teve, felizmente, o insight de filmar este último périplo pela pátria do Jazz e, em 1998, a RTP, exibiu - inserido num programa de Carlos do Carmo - um compacto das muitas horas de filmagens.
É precisamente esse documento audiovisual que JNPDI hoje divulga, não sem daqui endereçar os parabéns a Laurent Filipe por nos ter legado esta valiosa memória.
Villas - A Última Viagem a NY dá-nos um vislumbre da personalidade cativante de Villas-Boas e, sobretudo, dos seus amplos conhecimentos jazzísticos. Além disso, partilha alguns momentos únicos e que de outra forma se teriam perdido, nomeadamente a visita ao Carnegie Hall e um Villas que dorme num banco de jardim enquanto um músico toca trombone ao seu lado...
O trompetista e compositor teve, felizmente, o insight de filmar este último périplo pela pátria do Jazz e, em 1998, a RTP, exibiu - inserido num programa de Carlos do Carmo - um compacto das muitas horas de filmagens.
É precisamente esse documento audiovisual que JNPDI hoje divulga, não sem daqui endereçar os parabéns a Laurent Filipe por nos ter legado esta valiosa memória.
Villas - A Última Viagem a NY dá-nos um vislumbre da personalidade cativante de Villas-Boas e, sobretudo, dos seus amplos conhecimentos jazzísticos. Além disso, partilha alguns momentos únicos e que de outra forma se teriam perdido, nomeadamente a visita ao Carnegie Hall e um Villas que dorme num banco de jardim enquanto um músico toca trombone ao seu lado...
A história por detrás deste vídeo é, porém, triste pois revela o desinteresse crónico que há em Portugal por aqueles portugueses que fizeram realmente a diferença na sua área de actividade.
É o próprio Laurent Filipe que, ao contextualizar a sua peça, nos explica a razão pela qual este trabalho nunca passou de um compacto, quando havia material suficiente para ter produzido um verdadeiro documentário à altura do mérito e obra de Villas-Boas.
"Após o meu regresso a Portugal, retomei um contacto mais regular com o Villas e apercebi-me que ele apresentava sintomas da doença de Alzheimer. Esta doença era-me familiar pois a minha sogra era presidente da Associação de Alzheimer nos EUA. Há vários anos que se falava nos EUA sobre a doença, os seus sintomas e as investigações cientificas avançavam. Em Portugal a doença não era conhecida e poucos médicos a sabiam diagnosticar.
Perante a iminente perda de memória do Villas, dediquei então uma parte do meu tempo a registar tudo o que podia das suas memórias, histórias e sítios. Um deles levou-me a convencer a Lena [mulher de Villas-Boas] a levar o Villas comigo a NY para aquela que sabia que iria ser a sua última viagem. Foi em Junho de 1994. Aproveitando a minha participação na IAJE Convention e no JVC Festival em NY, andei também pelos clubes e pelos sítios que o Villas tanto tinha frequentado e adorado. Ele falou com músicos, encontrou-se com George Wein, ouviu imensa música, muitos músicos vieram ter com ele contando histórias do Cascais Jazz e, sobretudo, o Villas relembrou todo um passado que ainda lhe era muito querido e próximo da desvanecente memória...
Regressámos a Lisboa e completei o material de NY com mais depoimentos e bastante material adicional. No total devo ter perto de umas 10 horas de material inédito.
Contactei a RTP e concorri a um subsidio do ICAM para fazer um documentário...mas, à “moda” Portuguesa... não houve nem resposta nem interesse...
A ideia era ter pegado naquele material e aproveitado para o integrar num extenso documentário que pretendia apresentar sobre o Jazz em Portugal. Já não sei em que condições está todo o material mas também já não tenho interesse em perder mais tempo com o assunto... That´s life!
Fica pois a pequenina homenagem (bem ao tamanho do país) mas, infelizmente, bem minúscula ao lado daquilo que o Villas quis e soube fazer..."
É o próprio Laurent Filipe que, ao contextualizar a sua peça, nos explica a razão pela qual este trabalho nunca passou de um compacto, quando havia material suficiente para ter produzido um verdadeiro documentário à altura do mérito e obra de Villas-Boas.
"Após o meu regresso a Portugal, retomei um contacto mais regular com o Villas e apercebi-me que ele apresentava sintomas da doença de Alzheimer. Esta doença era-me familiar pois a minha sogra era presidente da Associação de Alzheimer nos EUA. Há vários anos que se falava nos EUA sobre a doença, os seus sintomas e as investigações cientificas avançavam. Em Portugal a doença não era conhecida e poucos médicos a sabiam diagnosticar.
Perante a iminente perda de memória do Villas, dediquei então uma parte do meu tempo a registar tudo o que podia das suas memórias, histórias e sítios. Um deles levou-me a convencer a Lena [mulher de Villas-Boas] a levar o Villas comigo a NY para aquela que sabia que iria ser a sua última viagem. Foi em Junho de 1994. Aproveitando a minha participação na IAJE Convention e no JVC Festival em NY, andei também pelos clubes e pelos sítios que o Villas tanto tinha frequentado e adorado. Ele falou com músicos, encontrou-se com George Wein, ouviu imensa música, muitos músicos vieram ter com ele contando histórias do Cascais Jazz e, sobretudo, o Villas relembrou todo um passado que ainda lhe era muito querido e próximo da desvanecente memória...
Regressámos a Lisboa e completei o material de NY com mais depoimentos e bastante material adicional. No total devo ter perto de umas 10 horas de material inédito.
Contactei a RTP e concorri a um subsidio do ICAM para fazer um documentário...mas, à “moda” Portuguesa... não houve nem resposta nem interesse...
A ideia era ter pegado naquele material e aproveitado para o integrar num extenso documentário que pretendia apresentar sobre o Jazz em Portugal. Já não sei em que condições está todo o material mas também já não tenho interesse em perder mais tempo com o assunto... That´s life!
Fica pois a pequenina homenagem (bem ao tamanho do país) mas, infelizmente, bem minúscula ao lado daquilo que o Villas quis e soube fazer..."
1 Comments:
Será que fico muito triste ou apenas feliz por ser o primeiro a comentar o que já devia ser de todos?Bela foi e é a ideia do Laurent de ir captar o que já se previa, naquele tempo: a última visita do Luiz àquela que era verdadeiramente a sua terra, Nova Iorque. Agradeço ao João e peço ao Laurent que fique certo de que mais tarde ou mais cedo lhe será reconhecido todo o mérito por esta fabulosa e imprescindível ideia.Ele que não deixe estragar o material e que comece a recuperá-lo, se necessário. O que ele fez é importante de mais para ficar "azedo", compreensivelmente "azedo", acrescento. Um grande abraço do vosso amigo Fernando Tordo
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