30 de abril de 2005

Jazz no Hot em Maio e Junho

Dscn0618.jpg

No primeiro fim de semana de Maio (5,6,7) o trompetista Laurent Filipe volta ao Clube, em Quarteto, desta vez para apresentar o seu novo projecto "Flick Music - música de filmes". Com ele teremos, André Fernandes, Demian Cabaud e Pedro Viana.

De 12 a 14 (quinta a sabado), o guitarrista Nuno Ferreira apresenta-se em trio onde se destaca o regresso ao Hot do baterista Mário Barreiros.

Na quarta-feira dia 18 o saxofonista Carlos Martins faz uma apresentação única com um quarteto que integra o pianista Bernardo Sassetti e uma secção ritmica composta por dois excelentes músicos espanhóis: Paco Charlín e Marc Miralta.

De 19 a 21 (quinta a sabado) o saxofonista Mário Santos apresenta em Lisboa o seu novo Quinteto constituído por três saxofones e secção ritmica. Este grupo com origem na cidade do Porto, inclui duas estreias no Hot Clube: o baterista norte americano Michael Lauren e o jovem e promissor saxofonista José Pedro Coelho, vencedor do concurso para o melhor solista realizado em 2004 na 2ªFesta do Jazz do Teatro S.Luiz.

De 26 a 28 (quinta a sabado) a bem conhecida cantora Lena d'Água volta ao Hot Clube para apresentar um projecto de jazz onde a música e alguns compositores portugueses são os homenageados. Com ela estarão excelentes músicos da cena jazzistica nacional.

Já em Junho (2,3,4) o guitarrista André Matos apresenta o seu novo CD "Pequenos Mundos" com um grupo que inclui além dos residentes em Portugal, Demian Cabaud e Bruno Pedroso, os sediados nos EUA, Nethan Blehar e Leo Genovese. Este é um projecto importante do qual falaremos em breve.

Como já vem sendo habitual, o Hot Clube de Portugal aproveita a época dos Santos Populares em Lisboa para efectuar pequenas obras de manutenção, estando encerrado entre 5 e 20 de Junho.

No dia 22 de Junho (quarta) teremos em concerto único, um Trio de música improvisada constituído pelo músico grego, Floros Floridis e pelos nossos bem conhecidos Carlos Zíngaro e Carlos Barretto.

29 de abril de 2005

Semana negra para os contrabaixistas

IM56119.jpg
[Fonte: www.downbeat.com]

Depois de NHOP,chegou ontem a vez de também Percy Heath (81 anos) partir para a sua última morada, vítima de um cancro dos ossos.

Heath era um dos últimos contrabaixistas ainda vivos do período do bebop, tendo tocado e gravado com Charlie Parker, Miles Davis, John Coltrane e Thelonious Monk.

Porém, foi a sua longa ligação ao Modern Jazz Quartet (quarenta anos) que o tornou mais conhecido, tocando com o pianista John Lewis, o célebre vibrafonista Milt Jackson e o baterista Kenny Clarke (posteriormente substituido por Connie Kay). Foi, aliás, esta mesma formação que Duarte Mendonça trouxe à Culturgest, em 1996. A estreia do MJQ em Portugal aconteceu, porém, em 1970, na Gulbenkian.

Quanto a Percy Heath, nasceu, ironicamente a 30 de Abril, em 1923, no seio de uma família de músicos da qual fazem parte ainda dois irmãos mais novos, também eles jazzmen: o saxofonista Jimmy Heath e o baterista Albert "Tootie" Heath.

Percy Heath começou inicialmente pelo violino, só mais tarde passando para o contrabaixo, instrumento que começou a estudar na Granoff School of Music, em Filadélfia, corria então o ano de 1946.

Um ano depois, Percy mudou-se com o irmão Jimmy para a Big Apple e ambos integraram o grupo de Howard McGhee, tendo posteriomente tocado e gravado com Miles Davis, Fats Navarro, J.J. Johnson, Charlie Parker, Thelonious Monk, Clifford Brown e Horace Silver.

1952 marcou o ano da fundação Heath do Modern Jazz Quartet, grupo que emergiu de um quarteto liderado pelo pianista John Lewis e no qual Percy entrou inicialmente para substituir Ray Brown, juntando-se a Milt Jackson e Kenny Clarke. Este grupo viria a findar em 1974, quatro anos depois de se ter apresentado na Gulbenkian (instituição que pela primeira vez recebeu o jazz), e consequentemente os três irmãos Heath criaram os Heath Brothers, grupo que tocou no Estoril Jazz, em 2002.

IM56115.jpg
[Os irmãos Heath. Fonte: www.downbeat.com]

Nos anos 80, o MJQ ressurgiu como projecto musical.

Paul de Barros descreve bem, no portal da revista DownBeat, as principais características de Percy Heath:

"Heath's elegant bass lines and logical solos have anchored that esteemed group for more than 40 years, except for a period during the 1970s when the group disbanded".

E assim partiu um dos últimos históricos do contrabaixo.

Grande Lou Donaldson!

Hank%27s-FloatingJazzFest-32w.jpg
[Lonnie Smith e Lou Donaldson]

Quem viu ontem no Mezzo o concerto do saxofonista Lou Donaldson não deixou certamente de reparar num blues que este cantou e aproveitou para gozar com George Bush e as supostas armas de destruição em massa.

A letra começou como de habitual...

My woman and I got married
Raised a great big family
We had twenty children
And not one of them looked a damn thing like me

... mas depois veio a parte nova:

I went to the White House
Sat in the President's chair
George Bush, Jr. walked in and said :
Lou Donaldson, I'm glad that you're here.

Seguiram-se os versos sobre a ditas armas, que infelizmente não consegui escrever, mas ainda vou tentar encontrar.

Já agora, aqui fica alguma da melhor "poesia" de George Bush Jr...

"The vast majority of our imports come from outside the country."
....George W. Bush, Jr.

"If we don't succeed, we run the risk of failure."
....George W. Bush, Jr.

"Republicans understand the importance of bondage between a mother and child."
....Governor George W. Bush, Jr.

"Welcome to Mrs. Bush, and my fellow astronauts."
....Governor George W. Bush, Jr.

"Mars is essentially in the same orbit...Mars is somewhat the same
distance from the Sun, which is very important. We have seen pictures where there are canals, we believe, and water. If there is water, that means there is oxygen. If oxygen, that means we can breathe."
....Governor George W. Bush, Jr., 8/11/94

"The Holocaust was an obscene period in our nation's history. I
mean in this century's history. But we all lived in this century. I
didn't live in this century."
....Governor George W. Bush, Jr., 9/15/95

"I believe we are on an irreversible trend toward more freedom and
democracy - but that could change."
....Governor George W. Bush, Jr., 5/22/98

"One word sums up probably the responsibility of any Governor, and
that one word is 'to be prepared'."
....Governor George W. Bush, Jr., 12/6/93

"I have made good judgments in the past. I have made good judgments
in the future."
....Governor George W. Bush, Jr.

"The future will be better tomorrow."
....Governor George W. Bush, Jr.

"We're going to have the best educated American people in the world."
....Governor George W. Bush, Jr., 9/21/97

"People that are really very weird can get into sensitive positions
and have a tremendous impact on history."
....Governor George W. Bush, Jr.

"I stand by all the misstatements that I've made."
....Governor George W. Bush, Jr. to Sam Donaldson, 8/17/93

"We have a firm commitment to NATO, we are a part of NATO. We have
a firm commitment to Europe. We are a part of Europe."
....Governor George W. Bush, Jr.

"I am not part of the problem. I am a Republican"
....Governor George W. Bush, Jr.

"A low voter turnout is an indication of fewer people going to the polls."
....Governor George W. Bush, Jr

"When I have been asked who caused the riots and the killing in LA,
my answer has been direct & simple: Who is to blame for the riots?
The rioters are to blame. Who is to blame for the killings? The killers are to blame.
....George W. Bush, Jr.

"Illegitimacy is something we should talk about in terms of not having it."
....Governor George W. Bush, Jr., 5/20/96

"We are ready for any unforeseen event that may or may not occur."
....Governor George W. Bush, Jr., 9/22/97

"For NASA, space is still a high priority."
....Governor George W. Bush, Jr., 9/5/93

"Quite frankly, teachers are the only profession that teach our children."
....Governor George W. Bush, Jr., 9/18/95

"We're all capable of mistakes, but I do not care to enlighten you
on the mistakes we may or may not have made."
....Governor George W. Bush, Jr.

"It isn't pollution that's harming the environment. It's the
impurities in our air and water that are doing it."
....Governor George W. Bush, Jr.

"[It's] time for the human race to enter the solar system."
....Governor George W. Bush, Jr.

Este homem é um lírico....

Dá que pensar!

Deus queira que algures no Mundo haja sempre um Lou Donaldson ou um Bono.

La creativité de Jazz à Vienne!

affiche_2005.jpg

O Jazz à Vienne é talvez o festival que melhor trabalha a respectiva identidade visual, surpreendendo-nos todos os anos com um novo conceito gráfico em forma de cartaz (na imagem está representado o de 2005).

De facto, o jazz, como música criativa que é, casa bem com as artes plásticas e com o arrojo criativo.

Um exemplo a seguir, na miha modesta opinião.

Já agora, vale a pena referir que este festival, que decorre de 28 de Junho a 13 de Julho, completa este ano 25 edições, tendo sido fundado em 1981 por Jean-Paul Boutellier. Por isso mesmo, aqui transcrevemos o seu editorial para a 25ª edição, texto que passa um pouco em análise o que foram estes 25 anos de jazz:

La 25e est en route

25e édition d'un festival né (en 1981) d'envie, de désir, de partage et surtout de plaisir.

Où en est-on en 2005, à l'aube de cette vingt cinquième édition ?

Beaucoup de choses ont changé et évolué dans notre histoire contemporaine, mais aussi dans l'histoire du Jazz et dans celle du Festival. En 1981 encore, Miles, Dizzy, Ella, Ray ou Lionel étaient là, et nous avons eu la chance de les redécouvrir pendant ces dernières années passées dans le cadre du Festival.

D'aucuns pensent que le Jazz, avec la disparition de ces premières générations de créateurs, ne peut pas s'en remettre. C'est oublier que cette musique est plus forte que les ténèbres et que, tel le Phénix, elle peut renaître de ses cendres. Certes, beaucoup sont partis...

Mais un plus grand nombre encore se sont affirmés, sont arrivés et arrivent encore. Ils viennent de partout : des Etats-Unis bien sûr, leur terre d'origine ou d'expatriation, mais aussi d'Europe, de France, et enfin de notre région Rhône-Alpes. Ils habitent désormais nos villes et nos villages, où le Jazz se développe de plus en plus chez les jeunes (voire les très jeunes !).

Tous ces signes de vitalité peuvent se concrétiser, se cristalliser dans l'ensemble des festivités auxquelles Jazz à Vienne vous invite cette année.

28 de abril de 2005

Lou Donaldson hoje no Mezzo

P20348EXQCC.jpg

O saxofonista Lou Donaldson actua hoje, às 23:55, no canal Mezzo, num concerto gravado em Paris, no clube New Morning.

Que saudades temos de o ouvir na Aula Magna, nos anos 80.

A propósito de Mezzo, está neste momento a dar o grupo de Wayne Shorter, Herbie Hancock, Dave Holland e Brian Blade. Ao que JNPDI! soube, "quaisquer" 50 000 euros são suficientes para os contratar...

Já cá canta!

5607625000122.jpg

Joana Rios já canta cá por casa.

Referimo-nos, obviamente, ao novo CD - «Sings Ella Fitzgerald», no qual a cantora é bem acompanhada por Bruno Santos (guitarra), Bernardo Moreira (contrabaixo), André Sousa Machado (bateria) e por dois convidados especiais, Pedro Moreira (saxofone tenor) e Claus Nymark (trombone).

Este disco, que definitivamente swinga, foi gravado ao vivo no Hot Clube, em Outubro de 2004.

Assim que completarmos a audição, aqui deixaremos a nossa impressão sobre este registo editado pela Tone Of a Pitch, o qual, graças a um acordo entre esta editora e a FNAC, é vendido a pouco mais de 11 euros.

27 de abril de 2005

O jazz não é cultura geral...

Aqui há uns anos, poucos, lembrei-me de fazer um teste de cultura geral aos meus alunos da universidade e, claro, lá entrou o jazz.

Duas perguntas, duas, apenas.

Uma em que se perguntava quem tinha sido Miles Davis. As escolhas eram: a) Trompetista de jazz; b) Célebre jogador da NBA. Venceu o basketball, claro.

Outra em que se perguntava quem tinha sido o primeiro homem a pisar a Lua: a)Louis Armstrong; b) Neil Arsmtrong. E, pronto, alguns alunos e alunas lá despacharam o nosso Louis para a paisagem lunar, quem sabe se intencionalmente...

Um dia destes repito a graça e pergunto que cantora de jazz era considerada a First Lady of Song.

Opções:

a) Elsa Fintzgerald
b) Ella Fritzgerald
c) Della Printgerald
d) Ella Fitzgerald

Vai uma aposta...

;)

Andamos a ouvir...

capa.jpg

... «TAKSI«, o segundo trabalho discográfico do dinâmico e criativo Hugo Alves.

E andamos a ouvi-lo pelo prazer de ouvir e para em breve aqui deixar a nossa apreciação crítica.

O presente trabalho resulta de um trio composto por Hugo Alves (trompete e fliscorne), Jorge Moniz (bateria) e Zé Eduardo (contrabaixo

O jazz faz dormir?

_40785651_sleep203.

Assim parece, pelo menos a avaliar por um estudo realizado por uma equipa de investigadores tailandeses.

Esta equipa estudou os padrões de sono de um cnjunto de 60 adultos idosos com dificuldade em dormir e descobriu que a audição de 45 minutos de música relaxante antes de ir para a caminha pode resultar numa noite mais tranquila.

Aos 60 participantes no estudo foi dada a possibilidade de escolher música variada, desde que suave e calma, tal como o jazz, a folk ou música de orquestra.

A audição causou alterações físicas que ajudaram a um sono tranquilo, incluindo um ritmo cardíaco e respiratório mais baixo.

JNPDI! presume que a audição deve ter andado em torno de Stan Getz, Chet Baker ou Keith Jarrett.

26 de abril de 2005

Novo disco de Joe Lovano e Hank Jones em Maio

B0008FPIW2.01._SCLZZZZZZZ_.jpg

Joyous Encounter é o novo registo de Hank Jones com Joe Lovano, George Mraz e Paul Motion.

Editado pela Blue Note tem data de estreia marcada para o próximo mês de Maio e vem recheado com os seguintes temas:

1. Autumn In New York
2. Bird's Eye View
3. Don't Ever Leave Me
4. Alone Together
5. Six and Four
6. Pannonica
7. Consummation
8. Quiet Lady
9. Joyous Encounter
10. A Child Is Born
11. Crescent

Novo disco de Charles Lloyd

B0007KIGIQ.01._SCLZZZZZZZ_.jpg

Acaba de ser editado pela ECM o mais recente registo do saxofonista Charles Lloyd.

Jumping the Creek nasce de um quarteto excepcional comandado por Lloyd e que conta com a pianista Geri Allen, o contrabaixista Robert Hurst (que muitos lembrarão da sua associação a Wynton e Branford Marsalis) e o baterista Eric Harland.

JNPDI! ainda não teve oportunidade de ouvir esta obra, mas deixa aqui a lista de temas:

1. Ne Me Quitte Pas (If You Go Away)
2. Ken Katta Ma Om (Bright Sun Upon You)
3. Angel Oak Revisited
4. Canon Perdido
5. Jumping the Creek
6. Sufi's Tears
7. Georgia Bright Suite: Pythagoras at Jeckyll Island/Sweet Georgia Bright
8. Come Sunday
9. Both Veils Must Go
10. Song of the Inuit

A ouvir!

XXIV ESTORIL JAZZ

cartaz_ESTORILJAZZ2005.jpg

25 de abril de 2005

Ella Fitzgerald nasceu a 25 de Abril

ellaemlx.bmp
[Ella em Lisboa, 1966]

Se fosse viva, Ella Fitzgerald celebraria precisamente neste dia 25 de Abril 88 anos de idade.

Por isso, JNPDI! quer aqui prestar-lhe uma homenagem especial e apresenta uma fotografia inédita de um concerto que a First Lady of Song deu à imprensa portuguesa, quando da sua actuação no cinema Monumental, em 1966, juntamente com a orquestra de Duke Ellington.

Se alguém quiser adivinhar o nome do local em que teve lugar este concerto... que avance.

Senão este facto e muitos outros que rodearam a sua actuação em Lisboa serão revelados no livro que estamos a preparar sobre a história do jazz em Portugal, no qual cabem outras fotos inéditas e tudo o que de importante se passou por cá no Século XX, jazzisticamente falando.

Regressando a Ella e na dificuldade de escrever algo inédito sobre esta grande voz do jazz, aqui deixamos uma discografia essencial:

B00003WG4O.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Lullabies of Birdland, 1945]

B0000047EG.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Sings The Cole Porter Song Book, 1956]

B00004RD5E.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Ella & Louis, 1956]

B0000047EH.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Sings The Rodgers and Hart Song Book, 1956]

B00000HYIC.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Sings the Duke Ellington Songbook, 1957]

B00000472L.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[At the Opera House, 1957]

B000050J5Y.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Sings the Irving Berlin Song Book, 1958]

B00000477L.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Ella in Rome: The Birthday Concert, 1958]

B000006P6L.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Sings The Gershwin Songbook, 1959]

B0000046QI.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Ella in Berlin: Mack the Knife, 1960]

B00005N6T2.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Sings the Harold Arlen Songbook, 1960]

B00006WL1Q.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Ella Wishes You a Swinging Christmas, 1960]

B0006UYQUO.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Sings the Jerome Kern Songbook, 1963]

B0000047G2.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Sings the Johnny Mercer Songbook, 1964]

B000004718.02.LZZZZZZZ.jpg
[Ella at Duke's Place, 1965]

B00004VWBY.01._SCLZZZZZZZ_.jpg
[Ella Fitzgerald's Christmas, 1967]

B000002AXF.01._SCMZZZZZZZ_.jpg
[Newport Jazz Festival: Live at Carnegie Hall, 1973]

B0000248D0.02.LZZZZZZZ.jpg
[Ella in London, 1974]

Hoje é 25 de Abril

E JNPDI! marca esta data com um poema de João Faces, retirado do blog "A Voz Da Alma".

Constru...

Um dia vieram os Homens
E com canhões de cravos
Cravaram em Lisboa
O ideal da Democracia

O povo disparou
Em todas as direcções
E começou a sonhar...
E começou a acreditar...

Ergueram-se slogans
Derrubaram-se tabus
Soltaram-se palavras (algumas vãs)
E ideias (muitas perderam-se)

Da Primavera de Abril brotou a Constituinte
E nas urnas o voto era quem mais ordenava
E governava quem era eleito
Ainda que, para o efeito, gatinhasse ainda

Mas depois vieram os homens que da política vieram
E as palavras já mandavam mais do que os actos
E as ideias menos do que os tratos;
As urnas esvaziaram-se de povo e eis tudo de novo

Portugal adiado...
O povo desanimado...
Abril com águas mil,
Deslavado e arrastado pelas torrentes de fachada

Saúde para todos, sim, em Abril;
Igualdade só dia sim dia não;
Justiça, amanhã talvez...
Educação, paixão passageira...

O público já é privado
E o que é privado quase sempre priva
De si, os privados menos abonados
E o povo menos informado

As palavras voltaram a estar prisioneiras,
Agrilhoadas pelos interesses e pelo poder económico,
Que as usa para disparar certeiro
A favor dos lóbis em que é useiro e vezeiro

A verdade, essa,
É tão errante e relativa
Como os números que apresentam aos pagantes,
Tal como dantes.

24 de abril de 2005

Jamie "Hobbit" Cullum no Freeport

Dscn0783.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

A grande voz do jovem e pequeno Jamie Cullum levou ontem os seus fans ao rubro, num grande concerto realizado pelo Freeport de Alcochete.

Dscn0773.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

E deste concerto podem tirar-se desde já algumas conclusões. Primeira, o auditório de Cullum é maioritariamente muito jovem, essencialmente feminino, conhece as suas músicas de cor e é movido em grande parte pelo seu aspecto físico, o que levou algumas jovens que se encontravam à beira do palco a gritar piropos como "És mesmo bom!", algo impensável no actual panorama do jazz (embora não no passado). Segunda, Cullum tende cada vez mais para o pop/rock com um fundo jazzy, interessando-se pela composição e por uma batida mais forte. É exemplo disto a interpretação de "Light My Fire", dos The Doors. Terceira, Cullum tem tudo para se tornar rapidamente numa referência da música britânica e para conquistar adeptos um pouco por todo o mundo. Quarta, o Freeport aposta realmente na música, o que é visível não só pelos artistas de nome que contrata, mas também por todas as infraestruturas que montou, desde os bastidores ao palco em si, o que é um óptimo sinal para a animação cultura do Concelho em que se insere e um bom exemplo de um casamento feliz entre o comércio das grandes superfícies e a cultura.

A prova de ser esta uma aposta bem sucedida foi a casa cheia que recebeu Cullum.

Dscn0002.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

Quanto ao concerto em si percorreu praticamente todo o album Twenty Something (que já vendeu mais de dois milhões de cópias!), com êxitos como "What a difference a day made", "These are the days", "Singin' in the rain", "I Could have danced all night" ou a bela balada "Blame it on my youth". So faltou mesmo outra balada essencial, a emotiva "But for now". Em compensação foi possível ouvir "21st Century Kid", um interessante tema que integra o próximo CD do cantor (cuja gravação teve início no passado 18 de Abril) e que aborda a relação dos eleitores com a política e a necessidade da sua participação cívica e responsabilização.

Dscn0768.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

Acompanhado pelos seus músicos habituais, Geoff Gascoyne (no contrabaixo) e Sebastian de Krom, na bateria, Cullum voltou a mostrar-se irreverente em palco, o que é já uma assinatura do seu estilo, percutindo o piano com as mãos e mesmo com o banco do piano, fazendo piruetas e terminando invariavelmente de pé em cima do piano. Foi aí, de pé, que se notou a sua estatura de quase Hobitt, mas um Hobitt muito simpático e divertido.

O final do espectáculo confirmaria a necessidade que Cullum tem de surpreender e de se tornar próximo da audiência, com o cantor a descer do palco para o meio do público, a qual percorreu a cantar, passando pelas várias filas que os presentes formavam. Sem que tal seja propriamente inovador, já que outros músicos que por cá actuaram o fizeram anteriormente (como, por exemplo, Paul Gonsalves ou o bluesman Lucky Peterson), a verdade é que não é propriamente habitual esta convivência tão próxima entre artistas e público, pelo que acaba sempre por resultar em cheio.

Uma palavra final para testemunhar as excelentes codições do palco fixo criado pelo Freeport e o cuidado que este espaço comercial colocou na decoração do backstage, onde não falta sequer uma alusão ao jazz.

Dscn0775.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

Segue-se George Benson, a 28 de Julho.

JNPDI! faz votos de que o Freeport continue a contemplar o jazz ou o smoothjazz na sua programação.

Joe Henderson, o génio do tenor

IM052430.jpg
[Fonte: www.downbeat.com]

Joe Henderson, saxofonista-tenor de excepção, faria hoje anos se fosse vivo.

Henderson nasceu em 1937 e faleceu em 2001, tendo actuado em Portugal num concerto inesquecível no Estoril Jazz/Jazz Num Dia de Verão, em 1993, com Dave Holland e Al Foster.

Eugene Holley descreve-o da seguinte forma no site da revista Downbeat:

Tenor saxophonist Joe Henderson created a unique, pointillistic style that set him apart from the dominant influences of John Coltrane and Sonny Rollins in the '60s and, by the '90s, he became a towering presence in his own right. A sensitive and probing improviser, Henderson's artistry helped define today's modern jazz era.

Joe Henderson iniciou a sua carreira com Jack McDuff e Kenny Dorham e com apenas 26 anos de idade gravou o primeiro registo para a prestigiada Blue Note, a que deu o nome de Page One.

B00000IL25.01._SCLZZZZZZZ_.jpg

A partir daí seguiram-se muitas e importantes páginas "escritas" na história do jazz, ao lado de Horace Silver, Freddie Hubbard, Herbie Hancock, Andrew Hill, Miles Davis ou nos Blood, Sweat and Tears.

A partir de 1970, Henderson passou a liderar os seus próprios grupos, dos quais deixou registos notáveis, como Mirror, Mirror; The State of The Tenor; Lush Life; (musings for Miles).

De todos estes merecem especial destaque The State of The Tenor

B000005GX7.01._SCLZZZZZZZ_.jpg

... e So Near So Far (musings for Miles).

B0000046P4.01._SCLZZZZZZZ_.jpg


Sobre o primeiro, The State of The Tenor, gravado ao vivo no clube Village Vanguard, em Nova Iorque, no ano de 1985, com Henderson suportado por Ron Carter e Al Foster, afirma Wynton Marsalis, citado por Stanley Crouch nas liner notes deste registo:

"Joe Henderson and Ron and Al are giving musicians notice and all concerned listeners, notice too. They are letting you know how great this music is and how much is behind it. Nobody plays like Joe, how he uses harmony and how free he is to play anything that comes into his head if it makes musical sense. When you listen to this band you definitely know how great jazz is. Joe is not jiving. He is giving notice".

É para ouvir... especialmente "Beatrice".

JVC Jazz Festival: 13 dias, 100 concertos, 300 músicos

menus_r1_c1.gif

O JVC Jazz Festival de Nova Iorque junta este ano, em 13 dias consecutivos de jazz, mais de 300 músicos que protagonizam um total de 100 concertos a realizar em 30 locais diferentes da cidade.

Tudo se passa de 13 a 25 de Junho, entre Manhattan e Brooklyn, e entre os jazzmen e combos a apresentar-se no JVC contam-se Chick Corea, Wayne Shorter Quartet, Dave Holland Quintet, Cesaria Evora, Keith Jarrett, Gary Peacock e Jack DeJohnette, The Bad Plus, Charlie Hunter Trio, James Carter Organ Trio, Les Paul, Bucky Pizzarelli, Richie Sambora, Kenny Wayne Shepard, Dave Brubeck Quartet, John Pizzarelli Quartet, Don Byron Ivey-Divey Trio com Jason Moran e Billy Hart, e Madeleine Peyroux.

O festival abre com o concerto «100 Years and a Day: Doc Cheatham Centennial Jazz Party», com Nicholas Payton, Clark Terry, Warren Vache, Randy Sandke, Jimmy Owens e Theodore Croker.

Também Rosemary Clooney será homenageada com a presença e actuação de Debby Boone, Dianne Reeves e Brian Stokes Mitchell.

Para o encerramento do festival deste ano estão agendados concertos por Harry Connick Jr., Branford Marsalis com Miguel Zenon, Eddie Palmieri, Jacob Fred Jazz Odyssey, Rudresh Mahanthappa Quartet, Dafnis Prieto Quintet e Don Byron.

E como um festival não se faz só no palco, estão também previstas uma série de actividades educativas paralelas.

Pena é que em Portugal não seja fácil atrair público para este tipo de iniciativas, como sejam exposições, seminários, workshops.

Mais informação em: http://www.festivalproductions.net/05/jvcjazz/nysch1.php

Jamie "Hobbit" Cullum no Freeport

Dscn0774.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

Jamie Cullum actuou ontem, Sábado, no Freeport de Alcochete.

JNPDI! esteve lá e conta-lhe tudo durante o dia de hoje, Domingo, incluindo o inesperado fim do espectáculo.

23 de abril de 2005

Quarteto de Joe Lovano e Hank Jones esgota Casa da Música

Dscn0687.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

JNPDI! deslocou-se expressamente ao Porto para assistir ao primeiro grande concerto de jazz internacional que se realizou na Casa da Música, a 21 de Abril, com o quarteto de Joe Lovano e Hank Jones.

E este novo espaço de cultura da Invicta recebeu estes nomes maiores do jazz com uma casa completamente esgotada pelas quase 1300 pessoas que encheram o grande auditório.

Dscn00011.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

Dscn0700.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

A grande surpresa do concerto acabou por ser a presença de George Mraz, no contrabaixo, e Lewis Nash, na bateria, músicos que não constavam do programa e que foram excepcionalmente bem acolhidos pelo público.

O concerto em si girou em torno de temas do be bop, abrindo com «Round Midnight» (de Thelonious Monk) e prosseguindo com «Confirmation» (de Charlie Parker).

Em «Don't Ever Leave Me», um original de Thad Jones (irmão de Hank), o piano de Hank Jones prestou homenagem a Elvin Jones, outro dos irmãos, recentemente falecido.

Dscn0712.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

Do registo de 2004 de Joe Lovano e Hank Jones para a editora Blue Note vieram «Monk's Mood», «Stella By Starlight» e «I'm All for You», tema que dá nome ao disco e mereceu a maior salva de aplausos do concerto.

O melhor momento da noite aconteceu quando o piano de Hank Jones e o saxofone de Joe Lovano dialogaram a sós, projectando uma emoção e uma sonoridade extraordinariamente tocantes. Outro dos grandes momentos veio da secção rítmica, especialmente de George Mraz, um senhor em termos de tempo, técnica e som, como mais tarde comentávamos com Lewis Nash. Quanto a Hank Jones, continua a mostrar-se em bom nível apesar dos seus 87 anos de idade, e Joe Lovano agradou-nos mais desta vez do que em outras ocasiões que o vimos por cá.

O concerto terminou com «Crescent», um original de John Coltrane e... com muitos fans a ir ao palco pedir autógrafos, fenómeno que raramente se vê em Lisboa e que só demonstra que o jazz tem muitos adeptos no Norte e adeptos conhecedores e devotos.

Lovano, Nash e Mraz tiveram de se desdobrar em dezenas de autógrafos e fans havia que traziam mais de uma dúzia de capas de discos para recolher a ambicionada assinatura! Só Hank Jones não compareceu a esta sessão, o que é perfeitamente compreensível.

Dscn0734.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

Dscn0748.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

Dscn0765.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

E como Mraz e Nash não estavam anunciados no programa, houve mesmo quem pedisse ao contrabaixista para lhe indicar o hotel em que estava instalado a fim de aí se deslocar para deixar um disco para assinar...

Quanto à Casa da Música em si, supreedendeu-nos pelas soluções arquitectónicas e pela beleza do conjunto criado por Rem Koolhaas (1944), fazendo com que por vezes nos esquecessemos de que estávamos em Portugal. ESta é, pois, uma sala que está ao nível das melhores da Europa, embora nos pareça que a profundidade do grande auditório penaliza as últimas filas em termos de visibilidade, ficando o palco demasiado longe. É, portanto, desaconselhável comprar bilhetes para as filas de topo.

De resto, nota negativa para a projecção que a Super Bock (um dos apoiantes da festa de abertura da Casa da Música) efectua na fachada principal do edifício, certamente não a melhor solução para dignificar este espaço de cultura e um precedente que não augura nada de bom. A Super Bock não parece perceber a diferença entre patrocínio e mecenato e a discrição que o segundo impõe relativamente ao primeiro. A rever, meus senhores!

capt.xpd11704150101.portugal_casa_da_musica_xpd117.jpg
[Foto: João Moreira dos Santos]

Para os já saudosos desta noite musical e para os que não puderam assistir ao vivo há sempre disponível o disco «I'm All For You» (Blue Note, 2004), muito embora sem a presença de Lewis Nash:

B0001Z36QE.01._SCLZZZZZZZ_.jpg


Site Meter Powered by Blogger