Quarteto de Joe Lovano e Hank Jones esgota Casa da Música
[Foto: João Moreira dos Santos]
JNPDI! deslocou-se expressamente ao Porto para assistir ao primeiro grande concerto de jazz internacional que se realizou na Casa da Música, a 21 de Abril, com o quarteto de Joe Lovano e Hank Jones.
E este novo espaço de cultura da Invicta recebeu estes nomes maiores do jazz com uma casa completamente esgotada pelas quase 1300 pessoas que encheram o grande auditório.
[Foto: João Moreira dos Santos]
[Foto: João Moreira dos Santos]
A grande surpresa do concerto acabou por ser a presença de George Mraz, no contrabaixo, e Lewis Nash, na bateria, músicos que não constavam do programa e que foram excepcionalmente bem acolhidos pelo público.
O concerto em si girou em torno de temas do be bop, abrindo com «Round Midnight» (de Thelonious Monk) e prosseguindo com «Confirmation» (de Charlie Parker).
Em «Don't Ever Leave Me», um original de Thad Jones (irmão de Hank), o piano de Hank Jones prestou homenagem a Elvin Jones, outro dos irmãos, recentemente falecido.
[Foto: João Moreira dos Santos]
Do registo de 2004 de Joe Lovano e Hank Jones para a editora Blue Note vieram «Monk's Mood», «Stella By Starlight» e «I'm All for You», tema que dá nome ao disco e mereceu a maior salva de aplausos do concerto.
O melhor momento da noite aconteceu quando o piano de Hank Jones e o saxofone de Joe Lovano dialogaram a sós, projectando uma emoção e uma sonoridade extraordinariamente tocantes. Outro dos grandes momentos veio da secção rítmica, especialmente de George Mraz, um senhor em termos de tempo, técnica e som, como mais tarde comentávamos com Lewis Nash. Quanto a Hank Jones, continua a mostrar-se em bom nível apesar dos seus 87 anos de idade, e Joe Lovano agradou-nos mais desta vez do que em outras ocasiões que o vimos por cá.
O concerto terminou com «Crescent», um original de John Coltrane e... com muitos fans a ir ao palco pedir autógrafos, fenómeno que raramente se vê em Lisboa e que só demonstra que o jazz tem muitos adeptos no Norte e adeptos conhecedores e devotos.
Lovano, Nash e Mraz tiveram de se desdobrar em dezenas de autógrafos e fans havia que traziam mais de uma dúzia de capas de discos para recolher a ambicionada assinatura! Só Hank Jones não compareceu a esta sessão, o que é perfeitamente compreensível.
[Foto: João Moreira dos Santos]
[Foto: João Moreira dos Santos]
[Foto: João Moreira dos Santos]
E como Mraz e Nash não estavam anunciados no programa, houve mesmo quem pedisse ao contrabaixista para lhe indicar o hotel em que estava instalado a fim de aí se deslocar para deixar um disco para assinar...
Quanto à Casa da Música em si, supreedendeu-nos pelas soluções arquitectónicas e pela beleza do conjunto criado por Rem Koolhaas (1944), fazendo com que por vezes nos esquecessemos de que estávamos em Portugal. ESta é, pois, uma sala que está ao nível das melhores da Europa, embora nos pareça que a profundidade do grande auditório penaliza as últimas filas em termos de visibilidade, ficando o palco demasiado longe. É, portanto, desaconselhável comprar bilhetes para as filas de topo.
De resto, nota negativa para a projecção que a Super Bock (um dos apoiantes da festa de abertura da Casa da Música) efectua na fachada principal do edifício, certamente não a melhor solução para dignificar este espaço de cultura e um precedente que não augura nada de bom. A Super Bock não parece perceber a diferença entre patrocínio e mecenato e a discrição que o segundo impõe relativamente ao primeiro. A rever, meus senhores!
[Foto: João Moreira dos Santos]
Para os já saudosos desta noite musical e para os que não puderam assistir ao vivo há sempre disponível o disco «I'm All For You» (Blue Note, 2004), muito embora sem a presença de Lewis Nash:
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