20 de abril de 2005

Conhece o Teatro Tália?

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Pois, provavelmente não e nem poderia conhecer porque o dito cujo está fechado desde há vários Governos.

Mas talvez conheça um edifício decadente, a cair, ali na Estrada das Laranjeiras, bem em frente ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior...

Vamos por partes...

De acordo com o Forum Cidadania Lisboa: "O Teatro Tália foi objecto de cedência, há mais de uma vintena de anos (década de 80) e a título precário [...] à Secretaria Geral da Presidência do Conselho de Ministros, entidade que já utilizava o edifício do Palácio para instalação dos seus serviços. O respectivo auto de cessão foi assinado na sede da Direcção Geral do Património e nele outorgaram a Subdirectora-Geral do Património, por parte da Direcção Geral do Património, Ministério das Finanças; e o Secretário-Geral do Conselho de Ministros, ao tempo. Segundo consta em acta de cedência, destinar-se-ia a ser utilizado pelos serviços dependentes da Presidência do Conselho de Ministros como auditório polivalente, designadamente para actividades como teatro, exposições, conferências e formação profissional".

Só que os (des)Governos e os anos passaram e do Tália nada senão a decadência... isto apesar de ser classificado Imóvel de Interesse Público (Dec. nº 735/74, DG 297 de 21 Dezembro 1974)...

Neste momento o Tália está sob a alçada do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, enquanto inquilino do Palácio dos Condes de Farrobo.

Mas será que o MCSE não sabe o que tem em mãos?

Não é o caso. Atente-se à descrição que dele faz no seu site:

A par do palácio [dos Condes de Farrobo], que ficou memorável na história elegante dos meados do século XIX, ergue-se, num dos lados do grande pátio quadrilátero, o famoso Teatro, que data de 1820. Rudimentar na sua primeira fase, foi reedificado e iluminado a gás em 1842, o que constituiu uma grande inovação para a época e na capital.

Aqui se estreou «Frei Luís de Sousa» de Almeida Garrett e subiram à cena 18 óperas entre 1834 e 1853. Óperas dos mais afamados compositores, tais como os maestros Jordani, António de Coppola e Ângelo Frondoni, que vieram para Lisboa quando Farrobo era empresário do Teatro S. Carlos. Do último, que foi professor no Conservatório, chegou até nós o hino da «Maria da Fonte», que várias contrariedades lhe causou.

A morte da rainha D.Maria II, que frequentava com regularidade a casa do conde, veio interromper, por algum tempo, a vida social e artística do Palácio.

Em 1856 ainda foi reaberto o Teatro, com ópera italiana e comédias em português e francês. No entanto, a 9 de Setembro de 1862, um incêndio casual, motivado por descuido de uns operários, consumiu totalmente este pequeno templo de arte. A sua reconstrução já não se fez, pois a fortuna do conde de Farrobo começava a dissipar-se.

Exterior

Guarnece-lhe a fachada principal um elegante e espaçoso peristilo sustentado por quatro colunas de mármore branco, de ordem toscana. Prolongam-se os plintos por quatro pedestais, que avançam do peristilo e sobre os quais descansam outras tantas esfinges, figuras fabulosas com rostos e bustos de mulheres e corpos de leões, deitados e apoiados sobre as patas.

À frente, e em plano inferior, um estreito canteiro corre a toda a largura do perístilo, para o qual, à direita, quatro degraus dão acesso, enquanto a esquerda se nivela com o pátio. Remata o frontão triangular de tímpano liso, a estátua de Érato, musa que preside à poesia lírica, esbelta e bem modelada, lira segura na mão esquerda e apoiada na coxa do mesmo lado. Sobre os acrotérios situam-se duas urnas delicadamente esculpidas. Sob o tímpano ostentou em tempos a frase latina: «Hic mores hominum castigantur» («Aqui serão castigados os costumes dos homens»); expressão alusiva ao teatro satírico, de que já não apresenta qualquer vestígio.

Interior

O Teatro das Laranjeiras comportava 560 espectadores, possuía luxuosos camarins e um opulento salão de baile, de paredes revestidas com valiosos espelhos de Veneza.

Nestes reflectiam-se as luzes de numerosos e ricos lustres, que produziam efeitos deslumbrantes.


:)

Que mais dizer... a história da cultura portuguesa é feita de edifícios históricos dos quais apenas reza mesma a história!


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