23 de abril de 2005

Manuel Jorge Veloso deixa DN: Música mais pobre

Manuel Jorge Veloso deu ontem por terminada a sua colaboração com o suplemento do «Diário de Notícias» - DN: Música, deixando este jornal mais pobre em termos de informação sobre discos de jazz. Continua, no entanto, a sua colaboração no corpo do jornal no que toca à crítica de concertos.

MJV é um dos nossos maiores especialistas em jazz e se dúvidas houver sobre isso tentem adivinhar quem acompanha Manuel Jorge Veloso no clube Le Jazz Inn, em Liége, Bélgica...

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Sim, é ele mesmo, o nosso "amigo" Chet Baker acompanhado por Manuel Jorge Veloso, na bateria, claro, e pelo contrabaixista Lugi Trussardi.

Na sua despedida do "DN: Música", MJV deixou o seguinte texto, o qual teve a amabilidade de nos enviar:


Não prima propriamente pela imaginação esta espécie de jogo de palavras tão habitual entre nós, amadores de jazz, quando em certas circunstâncias nos despedimos de uma forma descontraída. Mas o facto é que não consegui encontrar melhor expressão para usar nesta hora em que, a meu pedido, chega ao fim a minha colaboração no DN:Música, uma presença que, nos últimos sete anos - ou seja, desde os primeiros números de um suplemento que então começou por chamar-se DNMais -, nele mantive regularmente.

Durante este período, propus-me aqui reflectir, através de uma actividade aparentemente tão prosaica como é a crítica de discos, sobre a evolução do jazz nos últimos anos, tentando separar o trigo do joio e descobrir as pistas que, entre tantos e tão estimulantes novos projectos discográficos, me parece poderem descortinar-se no que toca ao mais exaltante presente e futuro do jazz. Mas sempre procurei fazê-lo numa perspectiva de inclusão e não de exclusão, jamais cedendo às tentações do sectarismo estético mas sempre avançando com alertas em relação às requentadas vanguardas ou aos pretensos classicismos puristas.

No fundo, e com um «ligeiro» interregno de uma década, julgo que sempre foi isto que tentei fazer, já lá vão quarenta e tal anos, na televisão, na rádio, na imprensa escrita ou nos inúmeros contactos com amadores de jazz (simples curiosos ou já iniciados) em conferências ou «sessões fonográficas», desde os tempos obscuros em que nem discos nem suficiente e qualificada informação eram disponíveis entre nós para que o pudéssemos fazer com mais conhecimento de causa.

Como se costuma dizer nestas ocasiões, é tempo de começar a dar o lugar aos mais novos, na esperança de que a «boa nova» continue a ser espalhada, de forma convicta e competente. Pela minha parte e até que, de comum acordo, entendamos de forma diferente, continuarei a colaborar, no corpo do DN, na cobertura crítica de concertos e festivais na área do jazz, não estando excluída a possibilidade da utilização de outras formas de contacto com os leitores.

É a estes que gostaria de agradecer, por último, os úteis ecos que regularmente me chegavam das suas impressões e opiniões, sem esquecer ainda, na pessoa do Nuno Galopim, a paciência e o profissionalismo que, em todas as circunstâncias, me foram dispensados pela direcção editorial do DN:Música. MJV


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