Estoril Jazz termina hoje com Jazz At The Philharmonic RevisitedRoy McCurdy, que tocou~e gravou com "Cannonball Adderley", é uma das estrelas do JAPP de 2007
O Estoril Jazz encerra hoje com o clássico concerto Jazz At The Philharmonic Revisited, onde cinco instrumentistas de sopros e uma secção rítimica com dois bateristas devem proporcionar um jazz pleno de originalidade e expontaneidade.
O lendário empresário Norman Granz criou os concertos JAZZ AT THE PHILHARMONIC durante meados dos anos 40. Granz seleccionou, então, alguns dos músicos de jazz de topo da época e apresentou-os nas melhores salas de concertos dos EUA, Europa e Japão.
Estes concertos eram preparados como Jam-Sessions espontâneas onde o talento improvisador de músicos como Dizzy Gillespie, Roy Eldridge, Harry Edison, Charlie Parker, Benny Carter, Lester Young, Illinois Jacquet, Coleman Hawkins, Stan Getz, Nat Cole, Hank Jones, Oscar Peterson, Ray Brown, Barney Kessel, Gene Krupa, Buddy Rich ou Jo Jones podia melhor evidenciar-se.
Muitos destes concertos foram gravados ao vivo, mas Norman Granz produziu igualmente uma série de álbuns em studio, intitulados JAM SESSION ‘54, ‘56, etc. A última produção JATP partiu em digressão nos anos 70 e em 1998 a Projazz e Jordi Suñol/Internation Jazz Productions decidiram reavivar o conceito de JAM SESSION iniciado por Granz, apresentando alguns dos melhores músicos da corrente geração de Jazzmen a tocar no contexto dos standards do Jazz, baladas, medleys, etc. Os músicos seleccionados caracterizam-se por estilos individuais muito específicos, mas no entanto mantém uma forte ligação com os grandes Jazzmen do passado.
Desde o início da série de JAM SESSIONS já se realizaram mais de 30 concertos por toda a Europa, contando com músicos de topo do calibre de Nicholas Payton, Terell Stafford, Brian Lynch, Jesse Davis, Eric Alexander, Harry Allen, Peter Bernstein, Russell Malone, Mulgrew Miller, Benny Green, Eric Reed, Peter Washington, Ray Drummond, Alvin Queen, Lewis Nash, Karriem Riggins, Carl Allen e muitos outros.
Dentro da tradição iniciada por Norman Granz, este ano o grupo inclui dois bateristas, que protagonizam uma verdadeira DRUM BATTLE no final do concerto. JAZZ AT THE PHILHARMONIC é um tributo sincero a Norman Granz, sem dúvida o maior de todos os produtores de Jazz.
Este ano o JATP é composto por:
Cyrus Chestnut
Natural de Baltimore, no Estado do Maryland, onde nasceu em 1963, Cyrus Chestnut começou a estudar piano com o seu pai, tinha então apenas 5 anos. Dois anos depois começaram as aulas oficiais e a aprendizagem que o levaria a tornar-se um músico destacado na nova geração de músicos de jazz que mantêm um pé firme na tradição. Neste percurso foi importante a sua passagem pelo Berklee College of Music, em Boston, nos anos 80, onde foi distinguido com vários prémios e bolsas de estudo e viria a diplomar-se em Composição e Arranjo de Jazz. Profissionalmente começou por colaborar com Jon Hendricks (1986-88), Terence Blanchard e Donald Harrison (1988-1990) e Wynton Marsalis (1991), prova mais do que suficiente do seu talento e valor… Mas se dúvidas ainda restassem, em 1991 entrou na “Academia” Betty Carter de Jazz, acompanhando esta cantora até 1993. Paralelamente teve oportunidade de tocar com músicos como Freddie Hubbard, Brandford Marsalis, Larry Coryell, Courtney Pine, Chico Freeman, George Adams, Michael Carvin, Chick Corea, Joe Williams e Dizzy Gillespie. Discograficamente salientam-se, entre outros, os discos gravados com o quinteto de Donald Harrison e Terence Blanchard (Crystal Stair e Black Pearl), com Donald Harrison (For Art’s sake e Indian Blues) e com Betty Carter (It’s not about the melody). Com líder, Chestnut gravou pela primeira vez em 1989, editando um álbum de Gospel: There’s a brighter day comin’. A este registo seguiram-se The Nutman speaks e The Nutman Speaks again. Em 1994, assinou contrato com a Atlantic Records, onde viria a editar, entre outros, Celebration, The dark before the dawn (1995), Earth Stories (1996) e Cyrus Chestnut (1998). Já em 2006 gravou para a Telarc o CD Genuine Chestnut. No âmbito do JATP e do Estoril Jazz, Chestnut lidera o seu trio, composto pelo contrabaixista Dezron Douglas e pelo baterista Neil Smith.
Terell Stafford
Considerado um dos expoentes do trompete no Jazz moderno, Terell Stafford alcançou as luzes da ribalta ao lado de Bobby Watson no célebre quinteto Horizon, com o qual se apresentou no Estoril Jazz, em 1996. O seu destino começou porém a tecer-se bem mais cedo e teve como protagonista Wynton Marsalis, que em 1988 o aconselhou a estudar na Rutgers University, instituição onde viria a conhecer Bobby Watson. Depois de cinco anos com o grupo Horizon integrou a McCoy Tyner’s Latin All-Star Band, granjeando o reconhecimento por parte deste lendário pianista que o descreve nos seguintes termos: “Terell é um dos grandes músicos da actualidade e um trompetista fabuloso. Tem o seu próprio som no trompete – um som muito pessoal – e enquanto se mantém firme na tradição percorre igualmente o seu próprio caminho. É isto que o distingue como um excelente músico!”. Desde os anos 90, Terrell tem tocado com vários músicos, incluindo Cedar Walton, Sadao Watanabe, Herbie Mann, Kenny Barron, Matt Wilson, e conjuntos, tais como a Carnegie Hall Jazz Band, Lincoln Center Jazz Orchestra, Mingus Big Band e a Village Vanguard Jazz Orchestra. Em 1998 integrou a THE TRUMPET SUMMIT BAND, partilhando o palco com Clark Terry, Benny Bailey, Jon Faddis, Roy Hargrove, Nicholas Payton e, em 1999, Wynton Marsalis. Discograficamente, Terell lançou o seu primeiro registo a solo em 1995: Time to Let Go. O seu mais recente trabalho intitula-se Taking Chances: Live At The Dakota e foi editado este ano pela MaxJazz.
Grant Stewart
Natural de Toronto, o saxofonista-tenor Grant Stewart actua pela primeira vez em Portugal, no ano em que completa o seu 36.º aniversário. Exposto pelo seu pai, durante a infância, à música de Charlie Parker, Wardell Gray e Coleman Hawkins, Stewart desde cedo ganhou ouvido para o Jazz e para a improvisação e aos 10 anos iniciou a aprendizagem do saxofone-alto. Quatro anos volvidos era convidado para tocar na Bing Band de Pete Schofield e aos 17 adoptou definitivamente o saxofone-tenor, influenciado por Sonny Rollins, John Coltrane, Don Byas e Lester Young. Em breve tocava com músicos como Pat Labarbara e Bob Mover, mas aos 19 anos decidiu trocar Toronto por Nova Iorque, cidade onde estudou com Donald Byrd, Barry Harris e Joe Lovano e teve oportunidade de tocar, entre outros, com Curtis Fuller, Jon Hendricks, Clark Terry, Etta Jones, Bill Charlap, Brad Mehldau, Russell Malone, Larry Goldings, Peter Bernstein, Jimmy Cobb, Mickey Roker, Jimmy Lovelace e Cecil Payne, vindo mesmo a integrar o último sexteto do lendário trombonista Al Grey. Discograficamente, Stewart lançou já sete discos como líder, dos quais se destaca o mais recente, In the Still of the Night, lançado em 2007.
Jesse Davis
Jesse Davis estudou com Ellis Marsalis, o que equivale a dizer que aprendeu com os melhores, pelo que não é de estranhar que seja um dos músicos mais respeitados em Nova Orleães, cidade onde nasceu em 1965. A aprendizagem do saxofone teve início aos 11 anos, quando o seu irmão lhe ofereceu o primeiro instrumento. Muito embora o grande sonho do jovem Davis estivesse então no futebol, urna lesão acabou por o afastar dos relvados e uma providencial bolsa de estudo encaminhou-o para estudar música na Northeastern lllinois University, prosseguindo posteriormente os estudos no William Patterson College e na New School of Music, onde teve como professor o conceituado historiador Ira Gitler. Em 1989, recebeu o prémio de músico revelação num festival realizado pela revista DownBeat. A partir de 1991, começou a gravar com o seu próprio quarteto, com o qual realizou urna intensa digressão europeia entre 1993 e 1995, e continuou a tocar com músicos como Jack McDuff, Major Holley, lllinois Jacquet, Chico Hamilton, Junior Mance, Kenny Barron, Cedar Walton, Nicholas Payton, Cecil Payne e Roy Hargrove. Em 1996, integrou o grupo Sax Machine, com Phil Woods, Charles McPherson e Gary Bartz, e participou no filme Kansas City, de Robert Altman.
Vincent Gardner
Vincent R. Gardner nasceu em Chicago, em 1972, no seio de uma família com fortes tradições musicais, na qual se destacava o pai, Burgess Gardner, trompetista presente no panorama musical da “Wind City” desde os anos 60. Vincent começou por aprender piano aos seis anos de idade, passando posteriormente pelo violino e saxofone até chegar ao trombone, já com 12 anos. O seu interesse pelo jazz despertou quando frequentava o liceu, o que não o impediu de se formar na A & M University, em Tallahassee, Florida, e na University of North Florida, em Jacksonville. Foi, aliás, durante a sua frequência universitária que, como trabalho de Verão, integrou um grupo de jazz que actuava no Walt Disney World, em Orlando, onde despertou a atenção de Mercer Ellington, que logo o contratou. Desde então, Vincent Gardner tocou e gravou, entre outros projectos, com as orquestras de Duke Ellington, Count Basie e Glenn Miller, e ainda com Bobby McFerrin, Frank Foster, Nancy Wilson, McCoy Tyner, Nicholas Payton, Illinois Jacquet, Wynton Marsalis, Tommy Flanagan, Marcus Roberts, Jimmy Heath e Lauryn Hill. Em 2000 a sua carreira foi enriquecida com a sua entrada para a Jazz at Lincoln Center Orchestra, dirigida por Wynton Marsalis.
Art Themen
Nascido em 1939, em Inglaterra, Art Themen iniciou a sua carreira musical com o Cambridge University Jazz Group, formação que conquistou em 1959 e 1962 os concursos de jazz inter universidades, cabendo ao jovem saxofonista de 20 anos o prémio de melhor solista. Themen envolveu-se posteriormente naquele que ficou conhecido como o movimento britânico dos Blues, tocando com músicos como Alexis Korner, Eric Clapton, George Harrison, Joe Cocker, Georgie Fame, Jack Bruce e John Mayall. Os seus ouvidos estavam, porém, apontados para o Jazz, pelo que nos anos 60 e 70 o saxofonista viria a radicar-se definitivamente neste idioma, colaborando com Ronnie Scott, John Dankworth, Phil Seaman, Michael Gibbs e Dave Holland. 1974 seria um ano importante na sua carreira, data em que deu início a uma longa parceria musical com Stan Tracey, lendário pianista e compositor britânico. Durante 25 anos, Themen e Tracey lideraram não só um quarteto, como gravaram ainda 14 discos. Ao longo da sua carreira – paralela à profissão de cirurgião ortopedista, no âmbito da qual realizou mais de 20 000 operações! – Themen tem tocado, entre outros, com alguns dos mais destacados músicos europeus (Henri Texier, Tomasz Stanko, George Gruntz, Daniel Humair) e norte-americanos (Philly Joe Jones, Red Rodney, Ted Curson, Billy Mitchell, Bud Shank e George Coleman). Discograficamente, gravou com Sal Nistico, Charlie Rouse e Al Haig, pianista que se notabilizou pela sua associação a Charlie Parker. Presentemente, Art Themen dedica-se essencialmente ao quarteto que mantém com o pianista norte-americano Frank Giasullo.
Roy McCurdy
Os mais devotos admiradores de Julian “Cannonball” Adderley talvez se lembrem ainda de Roy McCurdy, ele que durante 10 anos (1965/1975) acompanhou à bateria este gigante do saxofone no seu quinteto e que em 1972 (há precisamente 35 anos) com ele tocou no II Cascais Jazz, ao lado de Nat Adderley, George Duke e Walter Booker. McCurdy começou por tocar com Chuck e Gap Mangione, no grupo Jazz Brothers (1960-1961), mas seria com o Jazztet, co-liderado por Benny Golson e Art Farmer, que ganharia visibilidade, entre 1961 e 1962, posteriormente ampliada e consolidada com as suas colaborações com Bobby Timmons, Betty Carter e Sonny Rollins (1963-1964). Depois de terminada a parceria musical com o quinteto de Adderley, por morte deste, McCurdy desapareceu para uma relativa obscuridade em Los Angeles, onde tem tocado e gravado com vários artistas de renome.