4 de Julho, dia Armstrong
Dia 4 de Julho celebra-se o nascimento de Louis Armstrong, que completaria nesta data 106 anos ou 107, conforme se acredite na versão de Armstrong ou na versão oficial.
Para assinalar esta data JNPDI! publica um texto sobre o "Pai" do Jazz internacional escrito em 1965 pelo "Pai" do Jazz nacional, Luís Villas-Boas - que teve a oportunidade de o conhecer bem e de fazer amizade até com a sua mulher - extraído do livro O Jazz Segundo Villas-Boas, que recentemente publicámos na editora Assírio & Alvim.
Louis Armstrong*
Daniel Louis Armstrong, conhecido entre os músicos por «Satchmo» (Boca de Saco), nasceu em Nova Orleães, em 4 de Julho de 1900. Aprendeu a tocar cornetim num orfanato daquela cidade. Depois de várias profissões e actividades (chegou a ganhar a vida empurrando carros de carvão), surgiu, finalmente, em Julho de 1922, uma grande oportunidade ao ser chamado pelo seu ídolo, o trompetista «King» Oliver, para tocar na orquestra deste músico, em Chicago.
Em 1924, desloca-se a Nova Iorque pela primeira vez, para actuar na orquestra de Fletcher Henderson. Regressando a Chicago, ingressou com a sua segunda mulher, a pianista Lilian Hardin, na orquestra de Erskine Tate, do «Vendome Theatre». Durante a permanência nesta orquestra, aperfeiçoou a sua leitura musical, que era deficiente. Seguiu-se uma permanência nos famosos clubes nocturnos de Chicago «Sunset Cafe» e «Savoy Ballroom», com a orquestra de Carrol Dickerson.
No Outono de 1927, passou a dirigir o seu primeiro grupo num clube de que era gerente Joe Glaser, ainda hoje o seu empresário e que tem tido grande influência na carreira artística de Armstrong. Foi nesta época que o famoso trompetista gravou a famosa série de discos, sem dúvida os mais importantes da sua carreira, sob os nomes de «Hot Five» e «Hot Seven», entre 1925 e 1928.
Regressou a Nova Iorque na Primavera de 1929, para actuar na revista «Hot Chocolates», no «Hudson Theatre». A orquestra com que tocava era a grande formação do pianista Luís Russell, tendo com esse agrupamento feito numerosas gravações. A sua popularidade já era grande, nessa altura, tendo, até 1946, feito numerosas digressões e gravado as canções em voga com diversas orquestras. A qualidade musical era sacrificada ao êxito comercial, o que motIvou críticas severas dos seus adeptos.
Durante este período efectuou várias viagens à Europa, tendo sido apresentado pela primeira vez como grande vedeta em Julho de 1932, no «Palladium», de Londres. Foi durante essa viagem que um jornalista inglês que o aguardava pronunciou, ao vê-Io, a célebre frase «Satchel mounth» (boca de saco) que, pronunciada à inglesa, soou como Satchmo e passou, de então para cá, a ser a sua alcunha.
De 1933 a 1935, realizou uma extensa viagem pela Europa tendo no seu regresso aos Estados Unidos passado a actuar com a orquestra de Luis Russell. Tendo participado, em 1947, no filme «Nova Orleães», com um grupo de «estrelas» entre as quais se encontravam o trombonista Jack Teagarden e o clarinetista Barney Bigard, passou a utilizar, de então para cá, um sexteto a que chama «All Stars» (todos estrelas), com o qual deu novo rumo à sua carreira. Com esse grupo, realizou numerosas viagens iniciadas com a sua participação no Primeiro Festival Internacional do «Jazz», em 1948. Durante uma dessas digressões esteve em Portugal (1959[1]), tendo dado vários concertos em Lisboa.
Vencedor de grande número de inquéritos realizados por revistas e jornais musicais de todo o mundo, como trompetista e vocalista, compositor e artista de variedades, lançador de êxitos (ainda o ano passado destronou os «Beatles» com o popular «HelIo Dolly», que ouvimos repetir nada menos de seis vezes no Festival de Newport em Julho de 1964), Louis Armstrong, além de músico e criador de grande valor, simboliza, para muitas pessoas, o «jazz», pelo papel importante que teve na expansão desta forma musical, inicialmente apenas a expressão folclórica dos negros dos Estados Unidos e hoie verdadeiramente universal.
Discos que recomendamos: «Louis Armstrong Story» - 4 discos de 12 polegadas. Columbia Americana ML-4383/4/5/6, cobrindo os seus melhores e mais representativos anos de actividade ou seja, de 1925 a 1931).
* Revista Antena, n.º 2, 15/03/1965, pp. 20
[1] N.A.: O concerto teve lugar em 1961 e não em 1959.
Dia 4 de Julho celebra-se o nascimento de Louis Armstrong, que completaria nesta data 106 anos ou 107, conforme se acredite na versão de Armstrong ou na versão oficial.
Para assinalar esta data JNPDI! publica um texto sobre o "Pai" do Jazz internacional escrito em 1965 pelo "Pai" do Jazz nacional, Luís Villas-Boas - que teve a oportunidade de o conhecer bem e de fazer amizade até com a sua mulher - extraído do livro O Jazz Segundo Villas-Boas, que recentemente publicámos na editora Assírio & Alvim.
Louis Armstrong*
Daniel Louis Armstrong, conhecido entre os músicos por «Satchmo» (Boca de Saco), nasceu em Nova Orleães, em 4 de Julho de 1900. Aprendeu a tocar cornetim num orfanato daquela cidade. Depois de várias profissões e actividades (chegou a ganhar a vida empurrando carros de carvão), surgiu, finalmente, em Julho de 1922, uma grande oportunidade ao ser chamado pelo seu ídolo, o trompetista «King» Oliver, para tocar na orquestra deste músico, em Chicago.
Em 1924, desloca-se a Nova Iorque pela primeira vez, para actuar na orquestra de Fletcher Henderson. Regressando a Chicago, ingressou com a sua segunda mulher, a pianista Lilian Hardin, na orquestra de Erskine Tate, do «Vendome Theatre». Durante a permanência nesta orquestra, aperfeiçoou a sua leitura musical, que era deficiente. Seguiu-se uma permanência nos famosos clubes nocturnos de Chicago «Sunset Cafe» e «Savoy Ballroom», com a orquestra de Carrol Dickerson.
No Outono de 1927, passou a dirigir o seu primeiro grupo num clube de que era gerente Joe Glaser, ainda hoje o seu empresário e que tem tido grande influência na carreira artística de Armstrong. Foi nesta época que o famoso trompetista gravou a famosa série de discos, sem dúvida os mais importantes da sua carreira, sob os nomes de «Hot Five» e «Hot Seven», entre 1925 e 1928.
Regressou a Nova Iorque na Primavera de 1929, para actuar na revista «Hot Chocolates», no «Hudson Theatre». A orquestra com que tocava era a grande formação do pianista Luís Russell, tendo com esse agrupamento feito numerosas gravações. A sua popularidade já era grande, nessa altura, tendo, até 1946, feito numerosas digressões e gravado as canções em voga com diversas orquestras. A qualidade musical era sacrificada ao êxito comercial, o que motIvou críticas severas dos seus adeptos.
Durante este período efectuou várias viagens à Europa, tendo sido apresentado pela primeira vez como grande vedeta em Julho de 1932, no «Palladium», de Londres. Foi durante essa viagem que um jornalista inglês que o aguardava pronunciou, ao vê-Io, a célebre frase «Satchel mounth» (boca de saco) que, pronunciada à inglesa, soou como Satchmo e passou, de então para cá, a ser a sua alcunha.
De 1933 a 1935, realizou uma extensa viagem pela Europa tendo no seu regresso aos Estados Unidos passado a actuar com a orquestra de Luis Russell. Tendo participado, em 1947, no filme «Nova Orleães», com um grupo de «estrelas» entre as quais se encontravam o trombonista Jack Teagarden e o clarinetista Barney Bigard, passou a utilizar, de então para cá, um sexteto a que chama «All Stars» (todos estrelas), com o qual deu novo rumo à sua carreira. Com esse grupo, realizou numerosas viagens iniciadas com a sua participação no Primeiro Festival Internacional do «Jazz», em 1948. Durante uma dessas digressões esteve em Portugal (1959[1]), tendo dado vários concertos em Lisboa.
Vencedor de grande número de inquéritos realizados por revistas e jornais musicais de todo o mundo, como trompetista e vocalista, compositor e artista de variedades, lançador de êxitos (ainda o ano passado destronou os «Beatles» com o popular «HelIo Dolly», que ouvimos repetir nada menos de seis vezes no Festival de Newport em Julho de 1964), Louis Armstrong, além de músico e criador de grande valor, simboliza, para muitas pessoas, o «jazz», pelo papel importante que teve na expansão desta forma musical, inicialmente apenas a expressão folclórica dos negros dos Estados Unidos e hoie verdadeiramente universal.
Discos que recomendamos: «Louis Armstrong Story» - 4 discos de 12 polegadas. Columbia Americana ML-4383/4/5/6, cobrindo os seus melhores e mais representativos anos de actividade ou seja, de 1925 a 1931).
* Revista Antena, n.º 2, 15/03/1965, pp. 20
[1] N.A.: O concerto teve lugar em 1961 e não em 1959.
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