Nos bastidores com Dee Dee
Não resistimos a uma foto de família com a nossa voz preferida da actualidade
JNPDI! teve oportunidade de conviver com Dee Dee Bridgewater nos bastidores do CCB e, posteriormente, num jantar que lhe foi oferecido por Marc Pottier, Conselheiro Cultural da Embaixada de França em Portugal.
Mas vamos por partes...
Encontrámos Dee Dee nos camarins do CCB, em pleno exercício de relaxação vocal, onde um grupo que incluía Paulo Ochoa (da Universal Music/Verve em Portugal) e elementos da produção da 10.ª Colina) aproveitou para algumas fotografias "para mais tarde recordar".
Foto JNPDI!: Paulo Ochoa foi calorosamente recebido por Dee Dee
Foto JNPDI!: Alexandra Maurício (da 10.º Colina) e Dee Dee
Próxima paragem: residência do Conselheiro Cultural da Embaixada de França em Portugal.
Foto JNPDI!: Dee Dee chega a casa do Cons. Cultural da Emb. de França (à dta)
Aqui Dee Dee teve a oportunidade de conhecer o Embaixador de França, situação que a deixaria fortemente impressionada e orgulhosa: "Can you belive? I met the ambassador!".
O Embaixador de França, Sr. Patrick Gautrat, com Dee Dee
"Sou uma cantora de bebop"
De Portugal, Dee Dee segue para a Turquia, onde vai actuar na próxima semana e onde já teve problemas por causa da indumentária, pelo que planeia actuar de véu.
Detesta George Bush - "graças e ele o inglês tornou-se uma língua perigosa de falar" - a quem se refere como "he whose name we shall not pronnouce". Na Turquia falará apenas Francês...
Um sonho de Dee Dee é voltar a actuar no Brasil, bem como a sua banda, no Rio de Janeiro e em São Paulo. De Espanha, onde actuara nas vésperas do concerto de Lisboa, trazia a magnífica imagem do Palau de la Musica Catalana, para cujo espectáculo comprou expressamente um vestido à imagem da decoração deste privilegiado centro de arte e cultura de Barcelona.
Ficámos também a saber mais sobre a espiritualidade que já lhe tínhamos detectado em palco, e que entrou bem cedo na sua vida: "Quando tinha sete anos disse à minha mãe: vou morar em França, ser cantora e comprar-te uma casa". A intuição nunca mais deixou de fazer parte da sua vida: por ela se ficou em Paris em 1986 e por ela regressou aos EUA, 20 anos depois, sem saber que pouco tempo após o regresso a sua mãe começaria a adoecer vítima da doença de Parkinson..
Quanto a projectos dicográficos, esteve para gravar um album de homenagem a Sarah Vaughan, com a orquestra de Count Basie e arranjos de Frank Foster, projecto que abortou porque o neto de Basie pedia milhares de dólares e Foster nunca chegou a realizar os arranjos.
Conversámos também com Ira Coolman, que quando criança viveu em França e na Alemanha, dominando os respectivos idiomas. Este contrabaixista tem em Mulgrew Miller a referência nos pianistas de jazz actuais, lamentando que os da nova geração não estejam mais baseados na tradição: "uma coisa de eu gostava no Mulgrew Miller é que eu podia pedir-lhe que tocasse como o Oscar Peterson, ou como McCoy Tyner. Ele dominava todos os estilos. Isso não sucede com alguns dos novos pianistas".
Neste rendez-vouz nocturno, participou igualmente Rui Neves, personalidade do jazz portguês que dispensa apresentações.
No final, não resistimos, claro, a solicitar o autógrafo da praxe e saímos com a convicção reforçada de que uma alma como Dee Dee só pode mesmo cantar com alma. E foi precisamente isso que fez no CCB.
Já agora mais uma nota: Dee Dee Bridgewater considera-se claramente como uma cantora de bebop, na tradição de uma Betty Carter (de quem adoptou inclusivamente alguma da postura em palco). Como se dúvidas houvesse ainda disso depois do que presenciáramos no CCB...
Queremos agradecer a simpatia e gentileza de que fomos merecedores por parte da equipa da 10.ª colina, especialmente à Alexandra Maurício, ao incluir-nos neste restrito grupo de privilegiados que puderam conviver com uma (para mim a maior e mais interessante) das melhores vozes do jazz actual.