Nos bastidores com Dee Dee
Não resistimos a uma foto de família com a nossa voz preferida da actualidade
JNPDI! teve oportunidade de conviver com Dee Dee Bridgewater nos bastidores do CCB e, posteriormente, num jantar que lhe foi oferecido por Marc Pottier, Conselheiro Cultural da Embaixada de França em Portugal.
Mas vamos por partes...
Encontrámos Dee Dee nos camarins do CCB, em pleno exercício de relaxação vocal, onde um grupo que incluía Paulo Ochoa (da Universal Music/Verve em Portugal) e elementos da produção da 10.ª Colina) aproveitou para algumas fotografias "para mais tarde recordar".
Foto JNPDI!: Paulo Ochoa foi calorosamente recebido por Dee Dee
Foto JNPDI!: Alexandra Maurício (da 10.º Colina) e Dee Dee
Próxima paragem: residência do Conselheiro Cultural da Embaixada de França em Portugal.
Foto JNPDI!: Dee Dee chega a casa do Cons. Cultural da Emb. de França (à dta)
Aqui Dee Dee teve a oportunidade de conhecer o Embaixador de França, situação que a deixaria fortemente impressionada e orgulhosa: "Can you belive? I met the ambassador!".
O Embaixador de França, Sr. Patrick Gautrat, com Dee Dee
"Sou uma cantora de bebop"
Em face desta rara oportunidade de falar informalmente com Dee Dee, aproveitámos para trocar algumas "estórias" e para conhecer melhor a sua própria história de vida e de carreira.
Deste convívio que se prolongou até cerca das 3 da manhã, deixamos aqui as mensagens mais importantes ou insólitas que recolhemos:
Ficámos a saber que depois de Dee Dee ter interpretado Billie Holiday em Londres esteve quatro meses sem conseguir cantar e recebia na sua caixa do correio cartas dirigidas à lendária cantora: "It was scary". Não voltará a fazê-lo porque para interpretrar Billie "é preciso vivê-la e ela consome-nos. Quando deixei de a cantar estive bastante tempo sem conseguir encontrar novamente o meu estilo".
De Portugal, Dee Dee segue para a Turquia, onde vai actuar na próxima semana e onde já teve problemas por causa da indumentária, pelo que planeia actuar de véu.
Detesta George Bush - "graças e ele o inglês tornou-se uma língua perigosa de falar" - a quem se refere como "he whose name we shall not pronnouce". Na Turquia falará apenas Francês...
Um sonho de Dee Dee é voltar a actuar no Brasil, bem como a sua banda, no Rio de Janeiro e em São Paulo. De Espanha, onde actuara nas vésperas do concerto de Lisboa, trazia a magnífica imagem do Palau de la Musica Catalana, para cujo espectáculo comprou expressamente um vestido à imagem da decoração deste privilegiado centro de arte e cultura de Barcelona.
Ficámos também a saber mais sobre a espiritualidade que já lhe tínhamos detectado em palco, e que entrou bem cedo na sua vida: "Quando tinha sete anos disse à minha mãe: vou morar em França, ser cantora e comprar-te uma casa". A intuição nunca mais deixou de fazer parte da sua vida: por ela se ficou em Paris em 1986 e por ela regressou aos EUA, 20 anos depois, sem saber que pouco tempo após o regresso a sua mãe começaria a adoecer vítima da doença de Parkinson..
Quanto a projectos dicográficos, esteve para gravar um album de homenagem a Sarah Vaughan, com a orquestra de Count Basie e arranjos de Frank Foster, projecto que abortou porque o neto de Basie pedia milhares de dólares e Foster nunca chegou a realizar os arranjos.
Conversámos também com Ira Coolman, que quando criança viveu em França e na Alemanha, dominando os respectivos idiomas. Este contrabaixista tem em Mulgrew Miller a referência nos pianistas de jazz actuais, lamentando que os da nova geração não estejam mais baseados na tradição: "uma coisa de eu gostava no Mulgrew Miller é que eu podia pedir-lhe que tocasse como o Oscar Peterson, ou como McCoy Tyner. Ele dominava todos os estilos. Isso não sucede com alguns dos novos pianistas".
Neste rendez-vouz nocturno, participou igualmente Rui Neves, personalidade do jazz portguês que dispensa apresentações.
No final, não resistimos, claro, a solicitar o autógrafo da praxe e saímos com a convicção reforçada de que uma alma como Dee Dee só pode mesmo cantar com alma. E foi precisamente isso que fez no CCB.
De Portugal, Dee Dee segue para a Turquia, onde vai actuar na próxima semana e onde já teve problemas por causa da indumentária, pelo que planeia actuar de véu.
Detesta George Bush - "graças e ele o inglês tornou-se uma língua perigosa de falar" - a quem se refere como "he whose name we shall not pronnouce". Na Turquia falará apenas Francês...
Um sonho de Dee Dee é voltar a actuar no Brasil, bem como a sua banda, no Rio de Janeiro e em São Paulo. De Espanha, onde actuara nas vésperas do concerto de Lisboa, trazia a magnífica imagem do Palau de la Musica Catalana, para cujo espectáculo comprou expressamente um vestido à imagem da decoração deste privilegiado centro de arte e cultura de Barcelona.
Ficámos também a saber mais sobre a espiritualidade que já lhe tínhamos detectado em palco, e que entrou bem cedo na sua vida: "Quando tinha sete anos disse à minha mãe: vou morar em França, ser cantora e comprar-te uma casa". A intuição nunca mais deixou de fazer parte da sua vida: por ela se ficou em Paris em 1986 e por ela regressou aos EUA, 20 anos depois, sem saber que pouco tempo após o regresso a sua mãe começaria a adoecer vítima da doença de Parkinson..
Quanto a projectos dicográficos, esteve para gravar um album de homenagem a Sarah Vaughan, com a orquestra de Count Basie e arranjos de Frank Foster, projecto que abortou porque o neto de Basie pedia milhares de dólares e Foster nunca chegou a realizar os arranjos.
Conversámos também com Ira Coolman, que quando criança viveu em França e na Alemanha, dominando os respectivos idiomas. Este contrabaixista tem em Mulgrew Miller a referência nos pianistas de jazz actuais, lamentando que os da nova geração não estejam mais baseados na tradição: "uma coisa de eu gostava no Mulgrew Miller é que eu podia pedir-lhe que tocasse como o Oscar Peterson, ou como McCoy Tyner. Ele dominava todos os estilos. Isso não sucede com alguns dos novos pianistas".
Neste rendez-vouz nocturno, participou igualmente Rui Neves, personalidade do jazz portguês que dispensa apresentações.
No final, não resistimos, claro, a solicitar o autógrafo da praxe e saímos com a convicção reforçada de que uma alma como Dee Dee só pode mesmo cantar com alma. E foi precisamente isso que fez no CCB.
Já agora mais uma nota: Dee Dee Bridgewater considera-se claramente como uma cantora de bebop, na tradição de uma Betty Carter (de quem adoptou inclusivamente alguma da postura em palco). Como se dúvidas houvesse ainda disso depois do que presenciáramos no CCB...
Queremos agradecer a simpatia e gentileza de que fomos merecedores por parte da equipa da 10.ª colina, especialmente à Alexandra Maurício, ao incluir-nos neste restrito grupo de privilegiados que puderam conviver com uma (para mim a maior e mais interessante) das melhores vozes do jazz actual.
9 Comments:
Caro João,
Tive o previlégio de ouver a grande Dee Dee em Portalegre.
Imagine o concerto do CCB numa sala de apenas 270 pessoas em que o palco é "em cima" do público!!??
Percebe porque me sinto um preveligiado???
Foi algo de extraordinário, brutal, as mesmas 2h30m a acabar no meio do público a dançar um blues muito afro!!....
Tal como o João ainda estou hipnotizado e por falar nisso, percebeu se o baterista (Minimo) ou o Guitarrista (Louis) se esticaram??
Cumprimentos jazzisticos...!!
Até um Concerto por aí
Ora viva!
Isso é mesmo um privilégio e agradeço-lhe por partilhar essa info connosco.
Quanto a mim tanto o baterista como o guitarrista cumpriram a sua função, souberam interagir com Dee Dee e deram provas de maturidade musical. O guitarrista, já se sabia, tem enorme valor e o percussionista e baterista esteve bem sem nunca colidir com Dee Dee.´
Creio que mesmo os efeitos que o guitarrista logrou realizar com uma guitarra sintetizada se revelaram adequados à criação da atmosfera pretendida em certos temas.
Venham mais destes!
Andei um pouco perdida com a alteração verificada mas mesmo tarde não queria deixar de dizer que achei a Dee Dee notável não só como artista mas também como cidadã do mundo e fiquei tocada pela sua simpatia e simplicidade. No 2º balcão do CCB estive infelizmente muito longe para ver bem o espectáculo. Em Portalegre é que eu gostaria de a ter visto e ouvido. Aproveito para repetir o que noutro comentário já foi dito. A ex-rpl é agora rádio Europa com grande predominância de jazz. Só espero que a play list não repita à exaustão os mesmos temas! Saudações amigas.
Ora seja bem-vinda!
Infelizmente fomos forçados a mudar de endereço sem aviso prévio.
Partilho do seu desejo de ter estado em Portalegre... MAs enfim não se pode ter tudo e o que ela nos deu aqui em Lisboa como pessoa e artista já foi muito,
Pois é...Mais uma vez voçê não consegue perceber o que se passou num concerto...Já começa a ser um hábito ! Dee Dee neste momento só por acaso é que é cantora de jazz (be bop ? Até me dá vontade de rir !!!). Canta uma medíocre música de cabaret (que ninguém conhece porque não viram o autêntico, em Paris). Diria que isto tudo é reflexo de viver em França e cantar canções francesas: os Franceses correram a promovê-la. Como diria (e muito bem!) RVB no Expresso, "Dee Dee faz pela vida". E, neste momento, nada pelo jazz...Mas como estamos em Portugal, parece que ninguém percebeu que a ideia era dar um "concerto de jazz", o que não aconteceu...Esperemos pela grande Dianne Reeves (esta sim!) para ver se finalmente voçê percebe como se canta Jazz...
Ainda bem que existem artistas para todos os gostos snr. Jazzlunatic!. Senão teriamos de gostar apenas dos excepcionais artistas que o snr. aprecia.
O comentário de Maria espelha o que já se pensava: quando se toca na "ferida" todos começam a gritar! Só espero que Reeves esteja no seu melhor. Vi em Paris (2004) um concerto dela que é um dos melhores de sempre que já vi de jazz vocal. Nada, portanto, comparável com brejeirices à Dee Dee...
Caro Jazzlunatic,
Respeito a sua opinião, mas sou obrigado a dizer-lhe que se de jazz vocal só ouviu e gostou até hoje de Dianne Reeves (de quem tb gostamos), muito pouco tem ouvido. Não ouviu Betty Carter na Magna (1990) e CCB (1996)?
Isso sim é cantar e quer queira quer não a única para já capaz de lhe suceder é Dee Dee. Também Dianne Reeves, claro, mas continuo a preferir a Dee Dee, chame-lhe você o que quiser chamar.
Não disse que se tratou de um concerto de bebop, mas de uma cantora que tem aí as suas raízes, às quais não foge.
Mande sempre!
tcha-tcha-tcha, que lindo tcha- tcha-tcha-tcha... as mundanidades do jazz são o máximo. o moreira dos santos não perde uma festa social com as suas decadentes cantoras de cabaret a armar ao fino e ao modernaço. não faltaram as cerejinhas rodrigo amado e rui neves que se pélam por uma boa bétada jazzística. e se for para comer uns croquetes e beber um champanhe com a divina que detesta bush, como é politicamente correcto e bocejante, melhor ainda. até ás três da manhã? não se percebe porque não foi até às 8, com tal programaço!
sheers, dee dee
artur fernandes
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