29 de fevereiro de 2004

A inflação do custo do Jazz em Portugal

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Os concertos de jazz custam caro?

Como evoluiu o seu custo ao longo dos anos?

Reunidos uns quantos bilhetes de concertos de jazz relativos a cada década, aqui fica, pois, uma ideia da inflação que também atingiu o jazz, desde o Cascais Jazz de 1974 até aos concertos mais recentes. 30 anos, portanto, em análise, em que também o jazz se democratizou, mesmo com os preços a aumentar proporcionalmente ao custo de vida em geral.

Cascais Jazz (1974) - 150$00

Cascais Jazz (1981) - 400$00
Cascais Jazz (1987) - 750$00
Lisboa Jazz (1987) - 1000$00
Stephane Grappelli (Aula Magna 1988) 1000$00
Jazz Na Cidade (1988) - 1000$00
Jazz em Agosto 1988 (Ornette Coleman) - 800$00
Miles Davis (Coliseu 1989: geral) - 1800$00

Lisboa em Jazz 1990) - 500$00
Festivais de Lisboa / Tommy Flanagan Trio (São Luiz) - 1500$00
Betty Carter (Aula Magna - 1990) - 2000$00
Jazz em Agosto 1990 - 1200$00
Hal Galper Trio (S. Luiz 1991) - 1500$00
4.º Festival de Jazz Liboa 1991 / 1500$00
Miles Davis 1991 (1.ª plateia) 5000$00
Lis.92 (Celebrating Miles, Tivoli) 6000$00
Estoril Jazz 1992 - 2500$00
Seixal Jazz 1996 - 2000$00
Ahmad Jamal (Culturgest 1996) - 3500$00
John Zorn (Convento Beato, 1996) - 3500$00
Herbie Hancock 4tet (Aula Magna, 1998) - 6000$00

Jazz em Agosto 2001 - 2500$00
Norah Jones (Coliseu, 2004) - 5000$00 a 10 000$00...

Enfim, aqui fica uma breve panorâmica, embora nem todos os preços possam ser comparáveis porque variam em função do lugar ser mais perto ou mais longe do palco. Uma coisa é certa, a 150$00 já não se encontra nada, nem nas lojas dos 300!

[foto: Wayne Shorter]

25 de fevereiro de 2004

O desespero de viver há 100 anos atrás!

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Sem nada para fazer, ocorreu-me este pensamento de como devia ser frustrante viver há 100 anos atrás, especialmente para quem gosta de jazz.

Senão, vejamos...

O Jazz estaria ainda em formação em New Orleans, perdido algures por caminhos que só mais tarde encontrariam o rumo certo. Louis Armstrong tinha, em 1904, cerca de 3 anos e portanto ainda não tocava uma nota, Duke Ellington era um puto com pouco mais de 5 anos e Count Basie era um recém-nascido a que podíamos fazer um bilu-bilu! O mais velho seria mesmo King Oliver, com cerca de 19 anos.

Para podermos ouvir os primeiros discos de jazz teríamos ainda de esperar cerca de 13 anos; «Kind of Blue» estaria então a 55 anos de distância... uma eternidade. Aliás, o próprio Miles Davis só nasceria daqui a 18 anos.

E festivais nem vê-los. Só lá para os anos 50.

Dá que pensar. Será que anda por aí uma nova corrente musical que daqui a 20/30 anos estará onde estava o jazz nos anos 20/30 do século passado? Ou, musicalmente, já tudo estará inventado?

24 de fevereiro de 2004

O Senhor dos Jazzs

Eu não queria mas tem de ser.

Anda aí pela rua, em todo e qualquer outdoor (que traduzido do publicitês quer dizer 'catrapázio nem por isso belo e que usado em excesso polui visualmente, tapa as árvores e encobre, numa linguagem e estética perfeita, a imperfeição dos dias reais) um anúncio que dá pelo título de «Senhor dos Azeites».

Enfim, a coisa é de bradar aos céus e de nos deixar c'os azeites.

Primeiro, porque misturar anéis e azeites só se o anel não sair e for preciso oleá-lo. Não vejo outra relação.

Segundo, porque Tolkien e azeite não misturam mesmo. Ou será isto tudo uma trama que eu não percebi? Haverá uma 'irmandade do azeite'? Estará ele governado por dois magos que se escondem em 'dois lagares'? Estaremos perante o 'regresso do azeite' que vem assumir o seu lugar na cozinha portuguesa, expulsando os 'óleos', quais orcs? Se alguém souber...

Terceiro, porque me parece um tremendo erro de marketing. É que não consta que o Senhor dos Anéis seja o melhor veículo para vender azeite até porque o público desta trilogia não passa propriamente os seus dias na cozinha, a fritar. Temos portanto aqui um erro de alvo. Se calhar os senhores dessa marca de azeite podiam tentar filmes como «Sabrina» e tudo o que comece ou acabe em «malta», «molhada», «malucos», «doidos», «à solta», etc...

E o que é que isto tem a ver com Jazz?

Tudo!

A avaliar pelo contexto não estamos livres de ter uma marca de margarina a patrocinar a Diana Krall (porque vende que nem manteiga), uma lixívia a patrocinar Norah Jones (porque a rapariga tem um ar simpático e gosta muito de casa e de sol e portanto tem tudo a ver com aqueles anúncios da brancura e da roupa a secar ao sol) ou, ainda, uma marca de remédio para piolhos a patrocinar a Jacinta (porque a sua farta cabeleira poderia albergar toda uma colónia destes bichinhos esó não alberga graças ao dito remédio)!

Já agora, alguém se lembra da marca do tal azeite? Pois é... já dizem os tipos do marketing: «Patrocina apenas aquilo que não ofusque a tua mensagem pela sua grandeza e força emocional».

Dianne Reeves na RTP

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Quem avisa amigo é...

A cantora Dianne Reeves, uma das melhores vozes do jazz na actualidade, canta na RTP, na 2, já na próxima Sexta-feira, dia 27 de Fevereiro, a partir das 23h00.

O motivo é a gala de Berlim 2003, evento em que foi homenageada a música de Gershwin e de Ravel. Este concerto conta com a Orquestra Filarmónica de Berlim, dirigida pelo maestro Simon Rattle, e tem como principal convidada Dianne Reeves & Trio, com Peter Martin ao piano, Reuben Rogers, contrabaixo, e Gregory Hutchinson, na percussão.

A não perder, claro!

Já agora, e para quem não deu por isso, a Dianne Reeves acaba de ganhar um Grammy na categoria «Best Jazz Vocal Performance», isto com o álbum «A Little Moonlight», recentemente lançado. E com este já vão três conquistados na sua jovem carreira...

21 de fevereiro de 2004

Jazz no 'divã'

O jazz, especialmente o dos anos 30/40, tem sido uma presença constante na filmografia de Woody Allen. Em «Anything Else» lá está ele como música de fundo, e não só, para contar mais uma estória que se desenrola em NYC, entre divãs de psiquiatras e as belas ruas de Greenwich Village, e tem como pano de fundo a relação do ser humano com os seus medos e bloqueios, partindo de um conjunto de personagens neuróticas/paranóicas.

Uma das cenas decorre no célebre clube Village Vanguard, contando com uma mini actuação de Diana Krall a representar... Diana Krall. Quanto à banda sonora, inclui nomeadamente Billie Holiday e Coleman Hawkins. Já agora, se ainda não viu o filme, tente descobrir alguns discos dos grandes nomes do jazz em exposição na loja de discos que Amanda e Jerry Falk visitam à procura de obras antigas de Billie. Woody Allen não perde uma oportunidade para homenagear os grandes.

20 de fevereiro de 2004

Josephine Baker no Bairro Alto

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Por esta é que eu não esperava... Então não é que nos anos 30 Josephine Baker passou em Lisboa a caminho da América do Sul e aproveitou para se passear pela Baixa e pelo Bairro Alto.

A imprensa retratou-a como a estrela «mais excêntrica e porventura mais famosa do nosso tempo», protagonista de «danças infernais e selváticas» e verdadeira personificação do 'jazz-band' musical e coreográfico». Ou, então, a «preta de alma branca»...

Encantados com a sua passagem por Lisboa, alguns jornalistas seguiram o seu percurso pelo Terreiro do Paço, Parque Eduardo VII, Rua Garrett, o qual veio a terminar num restaurante do Bairro Alto. Depois de uma refeição regada com vinhos Colares e uma garrafa de Porto e após um viva a Portugal, escrevia um jornalista que Baker cantou «não com a estridência do jazz, mas à meia-voz tanguista - para não dar escândalo na pacífica travessa do Bairro Alto...»

Estes dados e as fotografias foram publicados pela imprensa da época e já estão a caminho do meu livro sobre a história do jazz em Portugal.

50 minutos de Jazz com Jacinta e José Duarte

Conforme estava previsto, realizou-se hoje (19 de Fevereiro) o concerto de aniversário do programa radiofónico «5 Minutos de Jazz», criado e apresentado por José Duarte desde 1966, ano em que Ella Fitzgerald e Duke Ellington actuaram em Lisboa, no Monumental.

No concerto, transmitido ao vivo pela RDP1, a estrela foi também uma cantora, mas 100% portuguesa. Jacinta levou ao auditório das Amoreiras a música de Thelonious Monk (quem diria que ele haveria de chegar a tantos ouvidos nacionais...) e alguns dos temas do seu primeiro album para a editora Blue Note. Enquadrada num programa radiofónico, com perguntas intermediadas com a actuação, a prestação de Jacinta correu bem mas pareceu-nos ligeiramente abaixo de outros concertos a que já assistimos, nomeadamente ao nível do scat. Ainda assim, Jacinta é um portento e um talento pronto a explodir em pleno, mais dia menos dia...

No final do concerto, oportunidade para dois dedos de conversa com os representantes da Verve e da Blue Note em Portugal e com um dos responsáveis do Festival Jazz ao Centro (Coimbra), para ficar a saber que já no dia 5 abre um clube de jazz nesta cidade de poetas e doutores. Quanto ao festival, esperamos que o programa deste ano seja mais abrangente, para que possa apelar a uma audiência mais vasta e com diferentes gostos musicais.

18 de fevereiro de 2004

A não perder no Hot Clube de Portugal a 23 e 24 de Março

Há pelo menos três razões para não perder os concertos que se vão realizar nos próximos dias 23 e 24 de Março, pelas 23h00, no Hot Clube de Portugal.

Primeira, a música. No primeiro set sobe ao palco uma secção rítmica nacional, com Rodrigo Gonçalves no piano, Nelson Cascais no contrabaixo e Bruno Pedroso na bateria, e Art Themen, um super-saxofonista inglês que também é ortopedista... No segundo set realiza-se uma jam-session total que vai juntar alguns dos melhores jazzmen nacionais, no activo e fora do activo.

Segunda, o motivo deste concerto excepcional. Trata-se de homenagear os 30 anos de actividade do mais antigo produtor de jazz em Portugal: Duarte Mendonça. DM começou no Cascais Jazz, com Luís Villas-Boas, inventou o Jazz Num Dia de Verão, o Estoril Jazz e o Galp Jazz, entre outros festivais, e trouxe até a este pequeno jardim à beira mar plantado alguns dos melhores músicos, desde Sonny Rollins a Wynton Marsalis, passando por Diana Krall.

Terceira, o autor aqui deste blog é um dos mentores do concerto, pelos laços de amizade que o unem a Duarte Mendonça e pela admiração pelo trabalho que ele tem desenvolvido como autêntico 'embaixador do jazz em Portugal'.

Jazz no Mezzo

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Seguindo o conselho da Margarida, assídua leitora do «Jazz no País do Improviso!», aqui fica uma relação completa dos programas de jazz a emitir pelo canal Mezzo, em Fevereiro. Mensalmente vou tentar actualizar sempre esta informação bem útil.

18 FEVEREIRO
22h50 - JAZZ CLUBBIN’ - Abdullah Ibrahim Concert (1978, 1h21)

19 de FEVEREIRO
00h15 - Louie Bellson Big Band - Concert (1983, 55 mn)
15h00 - CLASSIC JAZZ - Chick Corea : Remember Bud Powell Concert (1996, 1h25)
22h50 - JAZZ CLUBBIN’ - Baptiste Trotignon : Nancy Jazz Pulsation 2003

20 FEVEREIRO
02h00 - François Jeanneau Quartet (com Jean-François Jenny-Clark) Concert (1977, 50mn)
22h50 - JAZZ CLUBBIN’ - Roy Gaines : Blues Session 1 (Inédito) Concert (58mn)
23h50 - Abdullah Ibrahim Concert (1978, 1h21).

21 FEVEREIRO
02h40 - Joe Henderson Quartet Concert (1h05).
18h00 - CLASSIC JAZZ - Variations Gershwin - Documentaire (1998, 52mn), .
Michel Legrand, Philippe Labro, Jean-François Thioller (pianiste spécialiste de Gershwin) cernent le travail et les conséquences de l'oeuvre du compositeur.
19h00 - Claude Bolling Big Band : Gershwin in Swing Concert (52mn)

23 FEVEREIRO
20h50 - CLASSIC JAZZ - Jazz on a Summer's day
Documentaire (1959 , 1h20)
22h15 - Le Temps d'un Swing, les Bigs Bands - Documentaire (2000/01, 26mn).
22h50 - JAZZ CLUBBIN’ - A tribute to Bill Evans avec Gordon Beck & Kenny Wheeler
23h50 - Baptiste Trotignon : Nancy Jazz Pulsation 2003 - Concert (2003, 52mn).

24 FEVEREIRO
22h50 - JAZZ CLUBBIN’ - Cécile Verny, révélations du festival de Jazz à Juan 2000
23h50 - Roy Gaines : Blues Session 1 - Concert (52mn)

25 FEVEREIRO
22h50 - JAZZ CLUBBIN’ - Roy Ayers - Concert (47mn).

26 FEVEREIRO
02h00 - A tribute to Bill Evans avec G. Beck & K. Wheeler - Concert (52mn).
15h00 - CLASSIC JAZZ - Variations Gershwin - Documentaire (1998, 52mn),
16h00 - Claude Bolling Big Band : Gershwin in Swing - Concert (52mn)
22h50 - JAZZ CLUBBIN’ - Stan Laferriere : Le Duke De Paris - Documentaire (43mn)
23h50 - A tribute to Bill Evans avec G. Beck & K. Wheeler - Concert (52mn).

27 FEVEREIRO
02h05 - Keith Jarret Trio Concert (1996, 1h41) com Gary Peacock e Jack Dejohnette.
22h50 - JAZZ CLUBBIN’ Ruben Blades (Festival nuits du Sud - Vence 2000) 23h50 - Roy Ayers en Concert Concert (51mn).

28 FEVEREIRO
02h00 - Barney Kessel Trio - Concert (1979, 1h05).
18h00 - CLASSIC JAZZ - Jazz on a Summer's day Documentaire (1959 , 1h20).
02h55 - Joe Henderson Quartet - Concert (1h05).

Voando sobre um Ninho de Cucos…

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Acabo de chegar agora a casa vindo do concerto de Cecil Taylor no CCB e não resisto a passar para o écran (dantes era para o papel, temos de nos ir habituando) as impressões que trago deste evento de dois temas apenas.

A primeira destas, a menos importante mas a mais curiosa, tem a ver com a imagem. Cecil Taylor entrou em palco de meias brancas, vestido com uma indumentária que mais parecia um pijama e usando um género de ‘touca’ a tapar-lhe a calvície. Quem entrasse a meio do concerto jurava que tinham ido acordá-lo a meio da noite e que ele tinha vindo para o palco como quem sai do quarto para a sala. Só faltava o saquinho de água quente... Nada disto é negativo e até deu um certo ar intimista ao espectáculo.

A segunda tem a ver com a música de Cecil Taylor. Aos 75 anos revela uma vitalidade e uma energia musical intacta, propulsionadas por um espírito inconformista. A técnica está toda lá, assim como os seus tiques e assinaturas (tocar com os cotovelos, com toda a extensão do braço, etc...). A interacção com o baterista Tony Oxley funcionou quase sempre na perfeição, com este a ‘roubar’ aos pratos da bateria inesperados e inusitados sons metálicos para pontuar as frases de Taylor. Por vezes ficou a impressão de que a bateria estava a mais, que o piano só bastava. E ficou também a impressão de que para além da pequena e frágil figura física do músico está uma alma superior que provavelmente só nos será dada a conhecer na totalidade daqui a mais uns anos. Vê-lo ali a tocar, a partir da primeira fila, em pleno processo criativo, quase em transe (porque é em transe que se fica a tocar como ele toca) foi algo de mágico.

Só temos pena de Cecil, tal como há cerca de 25 anos no Festival de Espinho, não ter repetido novamente a ‘graça’ de partir as célebres 9 cordas do piano! A gerência do CCB agradece a poupança no orçamento...

Já agora uma nota positiva para o público presente no CCB. Não só proporcionou uma casa composta como resistiu sem baixas até aos 45 minutos, momento a partir do qual certos ouvidos menos avisados se viram forçados a rumar a outras paragens mais melódicas...

E, a finalizar, umas poucas palavras de Miles Davis sobre Cecil Taylor, retiradas da autobiografia do mago negro, que servem de mote para quem quiser deixar aqui o seu comentário sobre este concerto:

He was doing on piano what Ornette [Coleman] and Don [Cherry] were doing with two horns. I felt the same way about him that I felt about them. He was classically trained and could play the piano technically, but I just didn't like his approach. It was just a lot of notes being played for notes' sake; somebody showing off how much technique he had.

17 de fevereiro de 2004

Há jazz na Rádio Renascença

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Pois há e nem podia deixar de haver porque a RR foi a primeira rádio nacional a transmitir uma jam-session ao vivo e em directo, tal como já referi aqui anteriormente.

O programa «Sociedade do Conhecimento», emitido ao Domingo, entre as 14h00 e as 15h00, está atento ao jazz, difundindo-o regularmente. O principal impulsionador é o jornalista Paulo Sérgio, autor e apresentador deste programa, função que divide com Daniel Sampaio e Luís Osório.

Com o jazz a necessitar de maior presença na rádio, «Jazz no País do Improviso» saúda este programa, o seu autor e os seus apresentadores pela iniciativa de incluir o 'som da surpresa' nos conteúdos da sociedade do conhecimento.

16 de fevereiro de 2004

Jacinta ao vivo no aniversário dos «Cinco Minutos de Jazz»

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O programa de jazz mais antigo da rádio portuguesa faz 38 anos e convidou Jacinta para o aniversário.

O concerto é já no próximo dia 19 de Fevereiro, pelas 22h00, no auditório da RDP, em Lisboa, nas Amoreiras, e é totalmente GRATUITO.

Count me in!

15 de fevereiro de 2004

O piano e a arte de Bill Cunliffe

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O pianista Bill Cunliffe anda nas bocas do mundo, ou seja, nas bocas dos amadores de jazz um pouco por todo o mundo do jazz. As revistas da especialidade começam também a falar dele e a ver nos seus discos uma obra com grande potencial para ocupar um lugar cimeiro no futuro do jazz...

Mas Cunliffe não é apenas um instrumentista, é também compositor de uma já apreciável obra, a qual lhe valeu recentemente a nomeação para um Grammy e vários prémios atribuídos pela revista «Downbeat».

Do seu curriculum como sideman constam nomes como Buddy Rich, Frank Sinatra, Ray Brown, Joe Henderson, Freddie Hubbard, Benny Golson, James Moody e Joshua Redman.

Presentemente, Culnliffe lidera o seu próprio trio e sexteto, tocando ainda com o quinteto Clayton Brothers, o trompetista Terell Stafford e o flautista Holly Hofmann.

O seu mais recente trabalho discográfico é o promissor «Live at Bernie's», em parceria com o contrabaixo de Darek Oles e a bateria de Joe La Barbera.

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Jazz barato na Barata

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Há um complot urdido pelas principais lojas de Lisboa no sentido de enlouquecer os amadores de jazz. FNAC, Worten e agora a livraria Barata estão unidas e solidárias neste propósito de fins obscuros.

É que depois de anos e anos a tentarem matá-los (aos amadores de jazz) com a escassez da oferta de discos e com os elevados preços dos mesmos, agora a ideia é oferecer uma tal quantidade de discos a preços de saldos que os torne absolutamente incapazes de seleccionar, levando-os à insanidade... A teoria por detrás desta estratégia, segundo me confidenciaram, é a mesma que se aplica a uma pessoa que está no deserto e que subitamente vê aparecer à sua frente um oásis pleno de verde e água... Morre com a excitação e com a ansiedade de não saber por onde começar!

Pois bem, a livraria Barata está a saldar a menos de 8 euros alguns discos onde se incluem registos de John Coltrane, como «Live at the Village Vanguard Again» e «Live at Birdland», de Charles Mingus, como «Mingus, Mingus, Mingus», «The Black Saint and the Sinner Lady» e «Pithecanthropus Erectus», de Dee Dee Bridgewater e de vários outros.

Também a FNAC do Colombo tem vários discos de jazz ao preço mínimo (isto é, entre os 8 e os 5 euros). Greg Osby, Buck Clayton, Clark Terry, Russell Gunn, Horace Silver e Grover Washington Jr são alguns dos jazzmen representados nesta promoção.

13 de fevereiro de 2004

Brad Mehldau a preço de saldos!

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Se é fan do pianista Brad Mehldau saiba que a FNAC do Chiado (e atenção que não tenho lá qualquer comissão!) está a vender a preços da dita uva mijona um dos seus registos. Por menos de 8,00 euros pode levar para casa, brand new, «The Art of The Trio, Vol I».

Já agora, se ainda não é fan de Mehldau mas aprecia um bom trio de piano, contrabaixo e bateria tem aqui uma excelente proposta a um preço quase simbólico. E com o dia de São Valentim à porta... Mehldau pode ser aquela prenda ideal para adoçar uma relação!

12 de fevereiro de 2004

Os discos de jazz que aí vêm...

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Mais uma importante informação extraída da mais recente edição da revista «Jazz Times», a qual acaba de publicar uma antevisão dos principais lançamentos discográficos para 2004 (Janeiro-Setembro):

FEVEREIRO

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Harry Connick Jr.: «Only You» (Columbia)
Brian Lynch & Bill Charlap: «Brian Lynch meets Bill Charlap» (Sharp Nine)
Wadada Leo Smith: «Nu Frequency» (Tzadik)
John McLaughlin: «The Montreux Concerts, 1974-2003» (Warner Bros)
Curtis Fuller: «Up Jumped Spring» (Delmark)
Ted Sirota's Rebel Souls: «Breeding Resistance» (Delmark)SETEMBRO
Marian McPartland: «Piano Jazz: Mary Lou Williams» (Concord)
Takashi Matsunaga: «Storm Zone» (Blue Note)
Paul Brown: «Up Front» (GRP)
George Benson: «Irreplaceable» (GRP)
Roy Haynes: «Fountain of Youth» (Dreyfus)
Rolland Hanna: «Tributaries: Reflections on Tommy Flanagan» (IPO)
World Saxophone 4tet: «Tribute to Jimmy Hendrix» (Justin Time)
Ray Vega Latin Jazz Sextet: «Squeeze, Squeeze (Palmetto)
David Berkman: «Start Here, Finish There» (Palmetto)
Brad Mehldau Trio: «Anything Goes» (Warner Bros)
Andy Bey: «American Song» (Savoy)
The Mark Turner - Jeff Ballard - Larry Grenadier Project: «Dancing in the Dark» (Telarc)

MARÇO

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Wynton Marsalis: «The Magic Hour» (Blue Note)
Jason Miles: «Maximum Grooves» (Telarc)
Dj Spooky: «Blue Series Mega-Mix» (Thirsty Ear)
Dave Brubeck: «For All Time» (Columbia)
Andy Narell: «The Passage» (Head's Up)
Monica Mancini: «Ultimate Mancini» (Concord)
Ranee Lee: «Maple Groove» (Justin Time)
Enrico Rava: «Easy Living» (ECM)
Charles Lloyd & Billy Higgins: «Which Way is East» (ECM)
Fred Hersch: «Fred Hersch Trio + 2» (Palmetto)
Russell Malone: «Playground» (MaxJazz)
Bill Charlap Trio: «Somewhere» (Blue Note)
The Bad Plus: «Give» (Columbia)

ABRIL

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Diana Krall: «The Girl in the Other Room» (Verve)
Janis Siegel: «Sketches of Broadway» (Telarc)
Marion Meadows (Head's Up)
John Abercrombie: «Pieces of a Dream» (ECM)
Steve Kuhn: «Promises Kept» (ECM)
Marilyn Crispell Trio (ECM)
Louis Sclavis: «Napoli's Walls» (ECM)
Gerald Albright (GRP)
Dave Grusin (GRP)
Craig Taborn: «Junk Magic» (Thirsty Ear)
David Murray & the Gwo-Ka Masters featuring Pharoah Sanders (Justin Time)
Frank Kimbrough Trio (Palmetto)
Mulgrew Miller & Jessica Williams (MaxJazz)
James Carter: «Live at Baker's» (Warner Bros)
Stefon Harris: «Blackout» (Blue Note)
Vincent Herring (High Note)
Curtis Fuller (High Note)
John Pizzarelli: «Bossa Nova» (Telarc)

MAIO

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Jamie Cullum: «Twentysomething» (Verve)
John Scofield Trio (Verve)
Dave Brubeck: «Private Brubeck Reporting for Duty» (Telarc)
Thomasz Stanko: «Suspended Night» (ECM)
Hiromi (Telarc)
Spyro Gyra (Head's Up)
Joe McBride: «Texas Chilled» (Head's Up)
Charlie Haden (Verve)
Linda Ronstadt (Verve)
Masters at Work (Verve)
Mike Ladd: «NEgrophilia» (Thirsty Ear)
Evan Parker: «Memory/Vision» (EMC)
Charnett Moffett: «For the Love of Peace» (Piadrum)

JUNHO

Benny Green & Russell Malone (Telarc)
McCoy Tyner, Gary Bartz, Terence Blanchard, Christian McBride, Lewis Nash (Telarc)

JULHO

Herbie Mann & Phil Woods: «Beyond Brooklyn» (MCG)
Bob Mintzer Big Band & Kurt Elling (MCG)

AGOSTO

Geri Allen, Dave Holland, Jack DeJohnette (Telarc)
NAncy Wilson: «R.S.V.P.» (MCG)

SETEMBRO

The Manhtannan Transfer (Telarc)

Jazzmen sem-abrigo...

É muito preocupante a estatística que Nat Hentoff revela na última edição da revista «Jazz Times» sobre as condições de vida de alguns jazzmen no país do Sr. Bush, cujo modelo social e de saúde está perigosamente a chegar a Portugal... pelo que dentro de alguns anos só haverá saúde para quem a puder pagar (a peso de ouro) e reformas para quem descontar para bancos e sguradoras (isto se não houver nenhuma fraude que depois as empandeire...).

A partir das chamadas telefónicas recebidas na Jazz Foundation of America em 2003, concluiu-se que 60 dos 300 jazzmen que entraram em contacto com esta instituição se encontravam numa situação de sem-abrigo ou em vias de despejo.

Mas enfim, nem tudo é mau e graças a esta fundação, dirigida por Wendy Atlas Oxenhorn, vai ser construída uma residência para acolher jazzmen idosos, a primeira do género em todo o mundo. Paralelamente, está também a ser constituído um fundo para apoiar os músicos de jazz a pagar dívidas com a habitação.

Nat Hentoff conta ainda a história de Cecil Payne, músico que tocou com Gillespie, Basie e Benny Carter e que aos 81 anos sobrevivia com duas canecas de um produto para emagrecimento e um pacote de M&M's. Esta situação acabou por ser revertida com o apoio da referida fundação.

Um dos serviços prestados pela Jazz Foundation of America é o Jazz Musicians' Emergency Fund (JMEF), destinado a financiar tratamentos médicos ou o desenvolvimento da carreira profissional. Outro serviço passa pela 'gestão' da carreira de músicos carenciados, para o que a JFA incentiva a sua contratação por festivais e clubes (telefone NYC: 212-245-3999).

A JFA aceita donativos pelo que por $30 pode tornar-se 'Friend of the Jazz Foundation of America' e por $50 ou mais ainda recebe um CD grátics, com a música de Dizzy Gillespie, Buddy Rich, Etta Jones, Lionel Hampton e muitos outros.

Já agora, não deixe de passar pelo site desta organização e participar numa jam-session, tocando um solo de piano com Zoot Sims.

«They have no pensions. They have no health insurance. They are sometimes too sick to work. They are sometimes even homeless. They are older now, and the phone doesn't ring like it used to, making the rent impossible to pay. They are the jazz musicians who pioneered this great art form. And they need us now».

JFA dixit!

Nota final: Não posso deixar de falar a este propósito do caso Feher... Tantas manifestações públicas de tantos portugueses 'anónimos' e políticos e tão poucas manifestações dos mesmos em solidariedade com os milhares de concidadãos que morrem anualmente nas estradas (por incúria do estado ou própria) e nos Hospitais portugueses, eternamente à espera de consulta, exame ou cirurgias. Pois é, mas esses não jogam futebol e o futebol em Portugal é que dita as prioridades! É triste. Faro, por exemplo, e todo o Algarve, têm um novo estádio (a que a maioria dos locais não irá por falta de liquidez, ie. $$$) mas não têm praticamente medicina, tendo os pacientes de ser transportados para Lisboa. E ainda diz o Governo que quer turismo de qualidade com estas condições... Acredita quem quer. Eu em termos de música gosto mesmo é de jazz!

10 de fevereiro de 2004

Dia Internacional do Jazz

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Pois é, existe um dia internacional do jazz. Foi criado em 1991 pelo músico Michael Denny e até é assinalado em Portugal, ou pelo menos assim é anunciado no site alusivo a esta efeméride.

Este dia internacional é celebrado desde sempre ao Domingo do fim-de-semana do feriado norte-americano 'Memorial Day'.

Em 2003 'calhou' no dia 24 de Maio.

7 de fevereiro de 2004

Os meus melhores discos de Fusão e World Music

Depois do jazz, e com afinidades óbvias, gostaria de elencar aqui alguns dos meus discos preferidos de fusão e também de World Music.

O primeiro tem mesmo de ser este fabuloso «Making Music», de Zakir Hussain (percussão), Jan Garbarek (saxofone), Hariprasad Chaurasia (flauta) e John McLaughlin (guitarra). É simplesmente genial e de uma profundidade musical e espiritual praticamente imbatíveis, com nítidas influências da música indiana.

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Por falar em Jan Garbarek, não pode faltar aqui um disco excepcional em que o saxofonista toca temas do Paquistão. Enquanto os povos se guerreiam neste e noutros países próximos, Jan Garbarek encontrou-se com músicos locais para gravar este «Ragas e Sagas».

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Ainda na world music, a cantora Mercedes Sosa, natural da Argentina, me encanta mucho e graças a ela o meu universo musical e estético enriqueceu-se. Descobri-a num programa de José Duarte, o «Outras Músicas», e nunca mais a larguei. O meu disco preferido é este e as canções que mais me tocam são 'Todo Cambia', 'La Maza' (que voz!!) e 'Gracias a la Vida'.

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Também da América do Sul chega Maria Bethania, a minha porta de entrada para a elevação espiritual e literária. Este disco «Imitação da Vida» tem-me acompanhado nos momentos mais importantes e contém verdadeiras lições de vida. Os poemas são de Pessoa, a voz é de Bethania e o prazer é todo de quem ouve! Só de pensar em alguns dos temas percorre-me um intenso arrepio...

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E, claro, o incontornável Caetano Veloso. Este disco é imperdível e só a interpretação de Caetano em 'Oceano' compensa. Que pena não se cantar assim deste lado do Atlântico...

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E do Ministro da Cultura, autêntico embaixador da MPB, escolho este «Unpluged». Refiro-me, claro, a Gilberto Gil. Que energia, que letras, que espiritualidade e espírito crítico. E que concerto soberbo deu com Bethania no Coliseu, no ano passado!

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Passando para os domínios da fusão, este disco de Pat Metheny com Jaco Pastorius é um autêntico encontro de gigantes e portador de um som de guitarra que continua por igualar. Os temas são de uma raríssima beleza e musicalidade.

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Os Weather Report foram pioneiros na fusão jazz/rock, tendo produzido vários registos históricos. O meu preferido é este «Heavy Weather», muito por Wayne Shorter e, claro, Jaco Pastorius, o definitivo inovador do baixo eléctrico, pondo-o a tocar com uma sonoridade parecida com a do trombone. O tema 'Birdland', com Pastorius a tocar a melodia em super harmónicas, valeria por si só a aquisição deste disco!

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Claro que numa selecção de discos de fusão não podia faltar o mago Miles Davis. O meu preferido é «Tutu».

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Grande parte dos temas de «Tutu» foram compostos pelo baixista Marcus Miller. Para além do excelente disco «The Sun Don't Lie», tenho de optar pelo mais recente «The Ozell Tapes», gravado ao vivo em 2002. O som de Miller é absolutamente fantástico, especialmente no que concerne ao slap, técnica em que as cordas do baixo eléctrico são percutidas com o polegar e 'puxadas' com o indicador para produzirem um som metálico martelado.

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Os meus melhores discos de Jazz - Parte III

Já vai longa esta lista mas mesmo assim é bem curta se considerarmos todos os discos que ficaram de fora...

Hoje vamos começar pelo piano e por um dos seus expoentes no jazz: Ahmad Jamal. Este pianista é não só especial - até pela sua riqueza humana e espiritual, que tive oportunidade de comprovar quando o entrevistei em 1996 -como influenciou músicos muito especiais, como é o caso de Miles Davis. «At The Pershing» é um disco histórico no jazz e na carreira deste músico, muito pela utilização do espaço que caracteriza Jamal, ie, a cadência das notas nos solos e as pausas entre estas.

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Foi uma falha ter deixado para a parte III o gigante Julian Cannonball Adderley, mas é difícil seleccionar entre tantos talentos que o jazz produziu. «Something Else» seria já por si um excelente registo só por vir de Cannonball, mas alcança o estatuto de imprescindível a partir do momento que o convidado especial se chama Miles Davis e encontramos Art Blakey na bateria e Hank Jones no piano. É aqui que podemos ouvir o fenomenal tema 'One for Daddy-o' e o genial break de Adderley para o seu solo.

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Chet Baker exerce uma especial atracção sobre os amadores do jazz. Primeiro, porque a sua música é intensa, sentida, honesta, bela. Segundo, porque a sua vida pessoal trágica e mítica o coloca ao lado dos Deuses. «Once Upon a Summertime» encontra Chet Baker numa das suas melhores fases em termos técnicos e conta, entre outros sidemen, com o contrabaixo de Ron Carter e o piano de Harold Danko.

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Joe Henderson é um caso sério e difícil é mesmo escolher qual o melhor disco que gravou... Eu escolho o «The State of The Tenor», um registo em trio de saxofone, contrabaixo (Ron Carter) e bateria (Al Foster). O tema 'Beatrice' é de uma beleza e sensibilidade atrozes.

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Já estava a faltar um guitarrista e este é dos melhores. Dá pelo nome de Wes Montgomery e produziu vários discos brilhantes, incluindo este que desde sempre me apaixonou: «Full House». A secção rítmica é a que tocava na época com Miles Davis e que com ele gravou «Kind of Blue», ou seja, Wynton Kelly, Paul Chambers e Jimmy Cobb. Ah, e o som deste disco é excelente. Já para não falar no swing...

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Não podia aqui faltar uma cantora e Carmen McRae é uma excelente opção. Este disco que gravou em homenagem a Thelonious Monk tem-me proporcionado horas e horas de prazer. As letras que foram escritas para as melodias originais dos temas são interessantes e actuais. Musicalmente, conta com Charlie Rouse no saxofone, o parceiro ideal para este projecto.

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Mais uma falha minha, esta de não ter ainda mencionado aqui nenhuma voz masculina! Pois bem, este disco junta o melhor de dois mundos: Sinatra e Count Basie. «Please Be Kind» é um dos meus temas preferidos.

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E vamos fechar este ciclo de vozes no jazz com Billie Holiday e a sua excelente interpretação de 'Fine and Mellow', que nenhum amador de jazz devia desconhecer. Ainda para mais porque conta com Roy Eldridge no trompete, com um solo histórico, pleno de agudos.

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Regressemos ao piano para falar de Herbie Hancock e do lendário «Empyrean Isles». Afinal, quem nunca ouviu 'Cantaloupe Island'? Já agora aqui neste disco toca a secção rítmica de um dos mais famosos grupos de Miles Davis: Ron Carter e Tony Williams. E toca também o furacão Freddie Hubbard, no trompete. 'Cantaloupe Island' é mesmo obrigatório!

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E, para terminar, um disco pouco conhecido e com uma formação instrumental pouco clássica. Trata-se de um octeto de trombones comandado por J.J. Johnson e Kai Winding. A versão de 'A night in Tunisia' é fenomenal.

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Hoje foi dia de receber!

Não propriamente o ordenado, que esse costuma vir mais cedo, mas discos de jazz; vários discos que isto de escrever críticas sobre os ditos para a «All Jazz» implica um abastecimento, pelo menos, mensal.

Hoje o fornecimento veio exclusivamente da Zona Música, editora portuguesa que acaba de lançar no mercado o catálogo da editora High Note. São discos de David ‘Fathead’ Newman, Houston Person, Ernestine Anderson, Larry Coryell, John Hicks, Russell Gunn ou Jimmy Ponder (do qual já aqui falei).

Enfim, mas como nem só de jazz vive o homem, também veio um excelente disco da chamada world music. «Jacarandá» foi gravado por Pedro Jóia e conta com as vozes de Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Daniela Mercury, etc... É absolutamente recomendável e de um prazer auditivo incomensurável.

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6 de fevereiro de 2004

Eles andam aí!

Eles andam aí mas não são ET's. Ou talvez sejam... Refiro-me aos jazzmen portugueses, cuja qualidade e quantidade não deixa de me surpreender.

Vem este post a propósito da minha ida ao Hot Club na passada 3.ª feira, noite em que o palco pertence tradicionalmente ao médico-escritor-pianista Dr. Barros Veloso, com quem jantei para discutir o livro que venho preparando sobre a história do jazz em Portugal.

Ora na jam-session que normalmente decorre em torno do piano do Dr. Barros Veloso sucede que apareceram dois músicos que nunca tinha visto anteriormente. De um deles, Afonso Pais, já tinha, porém, ouvido falar com largos elogios. É um guitarrista da nova geração de músicos saídos da escola do Hot e destila música. Do outro, que só sei chamar-se Miguel, nunca tinha mesmo ouvido falar, mas confesso que me surpreendeu: apareceu no palco com toda a calma, abriu o estojo demoradamente, tirou a guitarra, levou o seu tempo para ligar os cabos ao amplificador e depois, helas, fez-me música. E que música! Uma técnica tal que saí da velha cave com um sorriso de boca-a-orelha. Ok, é verdade que se o Miles Davis por ali passasse diria algo do género: 'you play too many notes, motherfu****. Stop the crap!». Mas é assim mesmo e só com a maturidade é que os músicos vão percebendo que «less is more».

Ora é esse precisamente o caso de Barros Veloso, cuja arte ao piano foi para mim uma agradável surpresa. Foi um dos primeiros pianistas a tocar jazz em Portugal, tendo começado em plenos anos 50, em Coimbra, juntamente com Bernardo Moreira, o actual presidente do Hot Club. Foi, aliás, com ele, ao piano, que cresceram e prosperam os irmãos Moreira.

A não perder, sempre à 3.ª feira.

5 de fevereiro de 2004

Os meus melhores discos de Jazz - Parte II

Continuemos então com um breve passeio por alguns dos melhores discos de jazz de sempre.

Podemos começar por Duke Ellington e Johnny Hodges num excelente registo que conta ainda com o trompete de Harry 'Sweets' Edison. É um disco tocado à antiga, com muita emoção, um fraseado clássico e um ambiente 'bluesy'.

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Dentro do clássico mas num feliz regresso ao passado não há como Wynton Marsalis. Atenção que este disco tem 'perigosos' momentos de intensa arte musical. É o caso de 'The Seductress', tocada com o trompete em surdina a fazer o efeito wah-wah. This is as good as it gets! O feeling global do disco é simplesmente excelente.

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Charles Mingus é uma personagem singular no jazz tal como o é este registo que capta um concerto ao vivo. «Mingus at Antibes» está cotado como um dos melhores registos deste contrabaixista e eu assino em baixo. Alíás, ele mora na minha discoteca há uns bons anos e não há ano em que não toque. A capa não é igual a esta mas o que conta é o excelente conteúdo. Depois de ouvir Eric Dolphy, Ted Curson e Booker Ervin a 'conferenciar' em 'Wednesday Night Prayer Meeting' nada voltará a ser como dantes no seu universo musical...

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Intervalemos com uma cantora jovem mas que já provou o que tinha a provar. E quando se trata de Cassandra Wilson não há como os seus primeiros discos, especialmente «Blue Skies». Está cá tudo o que interessa e está sobretudo uma voz com um swing de excepção e uma capacidade ímpar de recriar os standards.

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Mas apesar de tudo não há como as vozes mais antigas do jazz. Betty Carter foi durante muito tempo uma outsider e teve mesmo de criar a sua própria editora para conseguir chegar ao público. Quem a conhece não quer outra coisa: é a voz mais instrumental do jazz e tem o raro dom de conseguir desconstruir com beleza as melodias dos standards. Para mim o melhor disco de Betty é este «The Audience With Betty Carter» mas atenção que não é um registo para qualquer pessoa: custa a entrar, exige adaptação e normalmente só se gosta dele ao fim de várias audições e é só aí que revela os seus tesouros.

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Bom mesmo é a voz de Betty Carter em dueto com outra grande voz do jazz: Carmen McRae. Infelizmente, McRae nunca teve a atenção que o seu talento merecia. Juntas, Betty e Carmen parecem neste disco duas teenagers plenas de energia e ousadia. A sua versão de 'It Don't Mean a Thing (If It Ain't Got That Swing)' é deliciosa e de um swing e drive a toda a prova. 'Stolen Moments' é... inesquecível.

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Grande falha a minha não ter ainda incluído aqui um disco de Charlie Parker, artífice do be-bop e reiventor do saxofone no jazz. Pois bem, compensemos essa lacuna com um dos seus melhores e mais importantes registos. Trata-se de um concerto no Massey Hall com Dizzy Gillespie, Charles Mingus, Bud Powell e Max Roach. É dos concertos de jazz mais importantes e mais comentados. Os solos são antológicos especialmente o de Parker em 'A Night In Tunisia'.

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Em seis discos, o pianista Keith Jarrett passeia o seu talento e a sua inata capacidade melódica por alguns dos mais emblemáticos standards, sendo que em «Autumn Leaves» é imbatível. Este é um daqueles discos de que todas as pessoas gostam e é ideal para ouvir no Inverno, à lareira, ou no Verão, numa daquelas noites quentes em que apetece estar em casa com as janelas abertas para o Mundo.

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Trouxe este disco de Espanha, da FNAC, quando ainda não havia FNAC em Lisboa. Descobri-o numa prateleira e não sei porquê algo me disse que estava à minha espera... E em boa hora o trouxe para a terra do fado porque me tem dado horas e horas do mais puro swing. O tema «I'm Coming Virginia» continua a encantar-me como se o ouvisse sempre pela primeira vez.

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E ficamos hoje por aqui, por este «Waltz for Debby», do pianista Bill Evans. É um dos seus melhores registos em trio e conta com Scott LaFaro (contrabaixo) e Paul Motian (bateria). Gravado ao vivo no célebre clube Village Vanguard, de NYC, é considerado uma das obras primas do jazz e tem na empatia Evans-LaFaro um dos alicerces para essa distinção.

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2 de fevereiro de 2004

Os meus melhores discos de Jazz - Parte I

Vários amigos me têm pedido para divulgar aqui uma lista com alguns discos que considere indicados para começar a ganhar o gostinho pelo jazz, daqueles que se podem comprar à confiança porque se vai certamente gostar.

Por isso mesmo decidi partilhar alguns dos discos de que gosto mais e que julgo poderem encantar quaisquer ouvidos, à excepção, claro, dos do meu amigo Pedro, um caso perdido para o jazz já que não conseguiu gostar do 'Kind of Blue'.... Paciência, a próxima reencarnação também é vida!

Vamos começar pelo disco que me trouxe para o jazz. Chama-se «How Long Has This Been Going On?» e é cantado por Sarah Vaughan. A secção rítmica é de Oscar Peterson, Herb Ellis, Ray Brown e Louis Bellson. Está tudo dito. É para ouvir à noite, em casa, luzes no mínimo ou apagadas, absorvendo cada nota e cada emoção.

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Podemos continuar com, obviamente, o mítico «Kind of Blue», gravado há 45 anos por Miles Davis. É um dos melhores discos de jazz de sempre e um daqueles que esperamos encontrar na discoteca de todo e qualquer amador de jazz. Não dá mesmo para não ter e para perder «Flamenco Sketches» ou «So What».

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De John Coltrane, que colaborou com Miles Davis no disco anterior, há uma obra prima que é «Blue Train».

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Este aqui, «Bam, Bam, Bam», é uma pérola e descobri-o por acaso porque, como contrabaixista que era e ainda sou ocasionalmente, tinha e tenho uma grande admiração por Ray Brown. Pois bem, este disco é simplesmente fabuloso e a versão de 'Summertime' tocada por Gene Harris é uma lição de piano e uma bênção para os ouvidos. Até já a estou a ouvir... É também um bom disco para quem gosta de jazz com muitas dinâmicas e subtilezas rítmicas.

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Stan Getz é o meu saxofonista favorito e nenhum outro consegue ter o som que ele tem. Cruzou o jazz com a música brasileira e a bossa-nova, mas o disco que mais me encanta é «Serenity»; puro jazz, puro Getz, puro prazer. É aquele jazz smooth, para ouvir com tempo e com calma ou para meditar. Ele vai tocando e nós vamos ouvindo tranquilamente. No stress.

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Ainda não consegui decidir se gosto mais de Sarah Vaughan ou de Ella Fitzgerald, mas de uma coisa tenho a certeza: adoro este disco! Tem por título «A Perfect MAtch» e conta com a orquestra de Count Basie. O tema 'You've Changed' é obrigatório, assim como o scat d'Ella em 'St. Louis Blues', em diálogo com o trompete e com o trombone, ainda para mais com a imitação vocal do timbre destes instrumentos... Já não se faz disto!

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Por falar em Count Basie, este disco é dos melhores que tenho da sua orquestra, muito pelos geniais arranjos de Neal Hefti. Há aqui pano para mangas... Muito jazz de primeira para ouvir uma, duas, três, muitas vezes.

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Um disco que não cessa de me apaixonar é «Moonlight In Vermont», gravado pelo saxofonista Sonny Stitt. Descobri-o por acaso quando estava na direcção do Hot Clube de Portugal e percorria a sua discoteca. Lá estava ele, com aquele olhar de capa soturna de quem não queria nada comigo, mas gravei-o para cassete e desde então temo-nos dado muito bem!

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Ok, a partir daqui as coisas começam a fiar mais fino e já é preciso gostar mesmo. Entramos em terras do hard-bop!. Comecemos por «Ugetsu», para mim o melhor de Art Blakey e dos Jazz Messengers. É para ouvir bem alto e delirar com os arranjos dos temas e com os solos. Ajuda a recarregar as baterias!

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Como não gostar de Dexter Gordon? Além de ser uma figura ímpar, produziu excelentes registos, como «GO». Sirva-se de uma boa fatia de 'Cheescake' e vai ver que não quer outra coisa.

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E como esta colecção já vai longa prometo continuar daqui a uns dias com outros tantos.

That's all folks!


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