6 de fevereiro de 2004

Eles andam aí!

Eles andam aí mas não são ET's. Ou talvez sejam... Refiro-me aos jazzmen portugueses, cuja qualidade e quantidade não deixa de me surpreender.

Vem este post a propósito da minha ida ao Hot Club na passada 3.ª feira, noite em que o palco pertence tradicionalmente ao médico-escritor-pianista Dr. Barros Veloso, com quem jantei para discutir o livro que venho preparando sobre a história do jazz em Portugal.

Ora na jam-session que normalmente decorre em torno do piano do Dr. Barros Veloso sucede que apareceram dois músicos que nunca tinha visto anteriormente. De um deles, Afonso Pais, já tinha, porém, ouvido falar com largos elogios. É um guitarrista da nova geração de músicos saídos da escola do Hot e destila música. Do outro, que só sei chamar-se Miguel, nunca tinha mesmo ouvido falar, mas confesso que me surpreendeu: apareceu no palco com toda a calma, abriu o estojo demoradamente, tirou a guitarra, levou o seu tempo para ligar os cabos ao amplificador e depois, helas, fez-me música. E que música! Uma técnica tal que saí da velha cave com um sorriso de boca-a-orelha. Ok, é verdade que se o Miles Davis por ali passasse diria algo do género: 'you play too many notes, motherfu****. Stop the crap!». Mas é assim mesmo e só com a maturidade é que os músicos vão percebendo que «less is more».

Ora é esse precisamente o caso de Barros Veloso, cuja arte ao piano foi para mim uma agradável surpresa. Foi um dos primeiros pianistas a tocar jazz em Portugal, tendo começado em plenos anos 50, em Coimbra, juntamente com Bernardo Moreira, o actual presidente do Hot Club. Foi, aliás, com ele, ao piano, que cresceram e prosperam os irmãos Moreira.

A não perder, sempre à 3.ª feira.


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