5 de fevereiro de 2004

Os meus melhores discos de Jazz - Parte II

Continuemos então com um breve passeio por alguns dos melhores discos de jazz de sempre.

Podemos começar por Duke Ellington e Johnny Hodges num excelente registo que conta ainda com o trompete de Harry 'Sweets' Edison. É um disco tocado à antiga, com muita emoção, um fraseado clássico e um ambiente 'bluesy'.

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Dentro do clássico mas num feliz regresso ao passado não há como Wynton Marsalis. Atenção que este disco tem 'perigosos' momentos de intensa arte musical. É o caso de 'The Seductress', tocada com o trompete em surdina a fazer o efeito wah-wah. This is as good as it gets! O feeling global do disco é simplesmente excelente.

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Charles Mingus é uma personagem singular no jazz tal como o é este registo que capta um concerto ao vivo. «Mingus at Antibes» está cotado como um dos melhores registos deste contrabaixista e eu assino em baixo. Alíás, ele mora na minha discoteca há uns bons anos e não há ano em que não toque. A capa não é igual a esta mas o que conta é o excelente conteúdo. Depois de ouvir Eric Dolphy, Ted Curson e Booker Ervin a 'conferenciar' em 'Wednesday Night Prayer Meeting' nada voltará a ser como dantes no seu universo musical...

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Intervalemos com uma cantora jovem mas que já provou o que tinha a provar. E quando se trata de Cassandra Wilson não há como os seus primeiros discos, especialmente «Blue Skies». Está cá tudo o que interessa e está sobretudo uma voz com um swing de excepção e uma capacidade ímpar de recriar os standards.

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Mas apesar de tudo não há como as vozes mais antigas do jazz. Betty Carter foi durante muito tempo uma outsider e teve mesmo de criar a sua própria editora para conseguir chegar ao público. Quem a conhece não quer outra coisa: é a voz mais instrumental do jazz e tem o raro dom de conseguir desconstruir com beleza as melodias dos standards. Para mim o melhor disco de Betty é este «The Audience With Betty Carter» mas atenção que não é um registo para qualquer pessoa: custa a entrar, exige adaptação e normalmente só se gosta dele ao fim de várias audições e é só aí que revela os seus tesouros.

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Bom mesmo é a voz de Betty Carter em dueto com outra grande voz do jazz: Carmen McRae. Infelizmente, McRae nunca teve a atenção que o seu talento merecia. Juntas, Betty e Carmen parecem neste disco duas teenagers plenas de energia e ousadia. A sua versão de 'It Don't Mean a Thing (If It Ain't Got That Swing)' é deliciosa e de um swing e drive a toda a prova. 'Stolen Moments' é... inesquecível.

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Grande falha a minha não ter ainda incluído aqui um disco de Charlie Parker, artífice do be-bop e reiventor do saxofone no jazz. Pois bem, compensemos essa lacuna com um dos seus melhores e mais importantes registos. Trata-se de um concerto no Massey Hall com Dizzy Gillespie, Charles Mingus, Bud Powell e Max Roach. É dos concertos de jazz mais importantes e mais comentados. Os solos são antológicos especialmente o de Parker em 'A Night In Tunisia'.

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Em seis discos, o pianista Keith Jarrett passeia o seu talento e a sua inata capacidade melódica por alguns dos mais emblemáticos standards, sendo que em «Autumn Leaves» é imbatível. Este é um daqueles discos de que todas as pessoas gostam e é ideal para ouvir no Inverno, à lareira, ou no Verão, numa daquelas noites quentes em que apetece estar em casa com as janelas abertas para o Mundo.

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Trouxe este disco de Espanha, da FNAC, quando ainda não havia FNAC em Lisboa. Descobri-o numa prateleira e não sei porquê algo me disse que estava à minha espera... E em boa hora o trouxe para a terra do fado porque me tem dado horas e horas do mais puro swing. O tema «I'm Coming Virginia» continua a encantar-me como se o ouvisse sempre pela primeira vez.

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E ficamos hoje por aqui, por este «Waltz for Debby», do pianista Bill Evans. É um dos seus melhores registos em trio e conta com Scott LaFaro (contrabaixo) e Paul Motian (bateria). Gravado ao vivo no célebre clube Village Vanguard, de NYC, é considerado uma das obras primas do jazz e tem na empatia Evans-LaFaro um dos alicerces para essa distinção.

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