12 de fevereiro de 2004

Jazzmen sem-abrigo...

É muito preocupante a estatística que Nat Hentoff revela na última edição da revista «Jazz Times» sobre as condições de vida de alguns jazzmen no país do Sr. Bush, cujo modelo social e de saúde está perigosamente a chegar a Portugal... pelo que dentro de alguns anos só haverá saúde para quem a puder pagar (a peso de ouro) e reformas para quem descontar para bancos e sguradoras (isto se não houver nenhuma fraude que depois as empandeire...).

A partir das chamadas telefónicas recebidas na Jazz Foundation of America em 2003, concluiu-se que 60 dos 300 jazzmen que entraram em contacto com esta instituição se encontravam numa situação de sem-abrigo ou em vias de despejo.

Mas enfim, nem tudo é mau e graças a esta fundação, dirigida por Wendy Atlas Oxenhorn, vai ser construída uma residência para acolher jazzmen idosos, a primeira do género em todo o mundo. Paralelamente, está também a ser constituído um fundo para apoiar os músicos de jazz a pagar dívidas com a habitação.

Nat Hentoff conta ainda a história de Cecil Payne, músico que tocou com Gillespie, Basie e Benny Carter e que aos 81 anos sobrevivia com duas canecas de um produto para emagrecimento e um pacote de M&M's. Esta situação acabou por ser revertida com o apoio da referida fundação.

Um dos serviços prestados pela Jazz Foundation of America é o Jazz Musicians' Emergency Fund (JMEF), destinado a financiar tratamentos médicos ou o desenvolvimento da carreira profissional. Outro serviço passa pela 'gestão' da carreira de músicos carenciados, para o que a JFA incentiva a sua contratação por festivais e clubes (telefone NYC: 212-245-3999).

A JFA aceita donativos pelo que por $30 pode tornar-se 'Friend of the Jazz Foundation of America' e por $50 ou mais ainda recebe um CD grátics, com a música de Dizzy Gillespie, Buddy Rich, Etta Jones, Lionel Hampton e muitos outros.

Já agora, não deixe de passar pelo site desta organização e participar numa jam-session, tocando um solo de piano com Zoot Sims.

«They have no pensions. They have no health insurance. They are sometimes too sick to work. They are sometimes even homeless. They are older now, and the phone doesn't ring like it used to, making the rent impossible to pay. They are the jazz musicians who pioneered this great art form. And they need us now».

JFA dixit!

Nota final: Não posso deixar de falar a este propósito do caso Feher... Tantas manifestações públicas de tantos portugueses 'anónimos' e políticos e tão poucas manifestações dos mesmos em solidariedade com os milhares de concidadãos que morrem anualmente nas estradas (por incúria do estado ou própria) e nos Hospitais portugueses, eternamente à espera de consulta, exame ou cirurgias. Pois é, mas esses não jogam futebol e o futebol em Portugal é que dita as prioridades! É triste. Faro, por exemplo, e todo o Algarve, têm um novo estádio (a que a maioria dos locais não irá por falta de liquidez, ie. $$$) mas não têm praticamente medicina, tendo os pacientes de ser transportados para Lisboa. E ainda diz o Governo que quer turismo de qualidade com estas condições... Acredita quem quer. Eu em termos de música gosto mesmo é de jazz!


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