Nesta véspera de ano novo, Jazz no País do Improviso deseja a todos os seus leitores um FELIZ 2009 com muito Jazz e convida Diana Krall para interpretar "What Are You Doing New Years Eve".
Freddie Hubbard: partiu o último dos grandes trompetistas do Jazz
Depois dos rumores que circulavam sobre o estado debilitado de Freddie Hubbard, de que aqui demos nota em exclusivo, está confirmada a partida daquele que era o último dos grandes trompetistas históricos do jazz. Hubbard contava 70 anos e sucumbiu na passada segunda-feira a problemas cardíacos que tinham já motivado o seu internamento hospitalar.
Considerado por Miles Davis como um dos expoentes do trompete, a revista DownBeat descreve-o como tendo uma sonoridade que combinava a técnica de Clifford Brown, a bravura de Lee Morgan e a sensibilidade de Miles Davis.
"The night has a thousand eyes" (Berna, 1989)
JNPDI recorda-o através da sua biografia (adaptada a partir do site allmusic.com) ilustrada por alguns dos seus melhores registos em vídeo disponíveis no Youtube.
Um dos maiores trompetistas de jazz de sempre, Freddie Hubbard formou o seu som a partir do legado de Clifford Brown e Lee Morgan e no início dos anos 70 já tinha uma sonoridade distinta e era apontado como criador de tendências no jazz. Todavia, uma série de albums demasiadamente comerciais editados no final desta década acabaram por prejudicar a sua imagem e quando nos anos 90 (com a morte de Dizzy Gillespie e Miles Davis) parecia apto a herdar por direito o estatuto de mestre dos veteranos, problemas de saúde comprometeram demasiado a sua técnica, inibindo-o de goazar do merecido e devido prestígio. Foi precisamente nesta década que Hubbard actuou no Hot Clube de Portugal, já longe da sua sonoridade pujante de outrora.
Nascido e criado em Indianapolis, Hubbard tocou primeiramente com Wes e Monk Montgomery. Quando se mudou para Nova Iorque, em 1958, partilhou quarto com Eric Dolphy (com quem gravou em 1960) e integrou os grupos de Philly Joe Jones (1958-1959), Sonny Rollins, Slide Hampton e J.J. Johnson. Em 1960, rumou à Europa com Quincy Jones, onde actuou durante dois anos.
Discograficamente, a década de 60 haveria de se revelear muito frutífera para o jovem trompetista. Gravou com John Coltrane, participou com Ornette Coleman no disco Free Jazz (1960), acompanhou Oliver Nelson no clássico Blues and the Abstract Truth e gravou como líder para a Blue Note.
A fama de Hubbard adveio sobretudo de ter integrado os Jazz Messengers de Art Blakey entre 1961 e 1964, juntamente com Wayne Shorter e Curtis Fuller.
"Moanin'" (1962)
Entre os discos emblemáticos em que participou nesta década contam-se Ascension (John Coltrane, 1965), Out to Lunch (Eric Dolphy, 1964) e Empyrean Isles e Maiden Voyage (Herbie Hancock, 1964 e 1965). Em 1985, Hubbard e Hancock reuniram-se em palco para celebrar o renascimento da editora Blue Note e retomaram o célebre "Cantaloupe Island", tema extraído de Empyrean Isles. A forma como constrói o seu solo é absolutamente notável.
Depois de dois anos ao lado de Max Roach (1965-1966), Hubbard passou a liderar o seu próprio quinteto e em 1970, gravou dois dos seus mais notáveis registos (Red Clay e Straight Life) para a editora CTI, seguido pelo popular First Light (1971).
"Red Clay" (1970)
Desta década, vale a pena ver um concerto protagonizado em 1975 com Chick Corea, Stanley Clarke, Lenny White e Airto Moreira. O pretexto foi a entrega dos prémios da Downbeat.
"Straight life" (1975)
Seguiu-se um mau passo na sua carreira, com o contrato com a Columbia, parceria que deu azo a vários discos considerados menos conseguidos pela crítica. Mas a década ainda ia a meio e em 1977 Hubbard juntou-se ao super quinteto V.S.O.P. formado por Herbie Hancock, Ron Carter, Wayne Shorter e Tony Williams.
"Eye of the hurricane" (1986)
Nos anos 80, Hubbard gravou para a Pablo, Blue Note e Atlantic, mas nos anos 90 sobrevieram vários problemas pessoais e de saúde que afectaram seriamente a sua carreira. Ainda assim, o trompetista manteve-se musicalmente activo até ao presente, tendo produzido várias bons concertos, embora nunca tenha reganhado o seu prestígio de outrora.
A grande maioria dos músicos de jazz profissionais portugueses que se encontram actualmente em actividade e com uma carreira já perfeitamente delineada e afirmada, iniciou a sua actividade musical nos anos 80 e 90. Referimo-nos aos músicos que nasceram no final dos anos 50, nos anos 60 e logo no início dos 70: Bernardo Moreira (1966), Bernardo Sassetti (1970), Carlos Bica (195?), Carlos Martins (1961), João Moreira (1970), Jorge Reis, José Menezes (1957), Laurent Filipe (1962), Maria Anadon (1961), Maria João (1956), Maria Viana (1958), Mário Barreiros (1961), Mário Delgado (1962), Mário Laginha (1960), Paula Oliveira (1971), Pedro Madaleno, Pedro Moreira (1969) e Tomás Pimentel (1961). Outros houve, como Rão Kyao, Carlos Barreto (1957) e Zé Eduardo, que iniciaram a sua actividade ainda nos anos 70, mas que vieram realmente nos anos 80 a consolidá-la. No caso de Zé Eduardo importa dizer que ao ter fundado a escola de Jazz do Hot Clube acabou na prática por estar ligado à formação de músicos da sua geração.
Esta foi a geração que pela primeira vez conseguiu profissionalizar-se no Jazz, sucedendo a uma geração que embora tocasse com o rigor dos profissionais, não fez carreira neste género musical, notabilizando-se ainda assim pela excelência enquanto amadores. Entre estes contam-se, por exemplo, António José de Barros Veloso, Bernardo Moreira (pai), Justiniano Canelhas, Manuel Jorge Veloso, Paulo Gil e Vasco Henriques. Uma excepção terá sido o maestro Jorge Costa Pinto.
Podemos, pois, afirmar que os anos 80 (sobretudo) e os anos 90 foram o berço dos actuais "veteranos profissionais" do Jazz em Portugal, músicos que tiveram de lutar para abrir portas para um género musical que estava muito longe de gozar da popularidade actual e sofrer na pele as limitações orçamentais e as não raras deficientes condições de som e palcos que muitas vezes lhes eram disponibilizadas em situação de concerto.
Por isso mesmo, hoje JNPDI propõe aos seus leitores uma viagem no tempo até estas décadas para aí acompanharmos os primeiros passos de alguns dos mais proeminentes músicos e grupos da história moderna do Jazz em Portgugal. Para tal, vamos socorrer-nos do nosso arquivo audivisual. O período em análise medeia entre 1988 e 1990, época em que ainda só existiam dois canais de televisão, ambos públicos.
ANOS 80
O Cascais Jazz foi durante os anos 70 e 80 o principal palco para a maioria dos músicos de jazz portugueses. Aí tocaram nesta última dècada, entre muitos outros, Maria João, Maria Viana, Mário Laginha, Carlos Martins, Rao Kyao, António Ferro, Tomás Pimentel e António Pinho Vargas.
As únicas imagens de que dispomos são referentes aos concertos de 1985 e 1986. No primeiro, actuaram Carlos Martins (sax-tenor), Pedro Barreiros (contrabaixo) e Mário Barreiros (bateria), que dividiram o palco com a cantora Marty Babe, os saxofonistas-tenores Art Themen e David Schnitter e o pianista Fabio Miano.
Um ano depois, em Julho de 1986, actuou Laurent Filipe com Tommy Halferty (guitarra), David Gausden (contrabaixo) e Luigi Waits (bateria).
Em 1987, Mário Laginha foi convidado por Luís Villas-Boas e Duarte Mendonça para actuar com Lou Donaldson (uma verdadeira lenda do Jazz) no Festival Internacional de Jazz de Lisboa. O concerto realizou-se na Aula Magna, em Novembro, e o pianista contava apenas 27 anos, mas já mostrava o seu talento de forma clara.
Maria João gravara o seu primeiro disco há 5 anos quando em 1988 foi convidada pela RTP para participar num programa de Pedro Rolo Duarte. Vejamos este interessante "Amanojaku", de Aki Takase, acompanhado à guitarra eléctrica por Luís Stoffel, músico que João referiu a JNPDI ser "um músico talentosíssimo", mas que optou por uma carreira na aviação civil. "Ele e o Zé Eduardo foram os primeiros com quem fiz um concerto. Eram ambos professores da escola [de jazz] do Hot Clube".
Por este mesmo programa passaram outros músicos na époica ligados ao Jazz, como é o caso de Maria Emauz (voz) e Armindo Neves (guitarra).
Em 1988, o jovem Bernardo Sassetti, músico desde logo promissor e que vimos surpreender com o seu talento músicos conceituados como Hal Galper, tinha apenas um ano de carreira. É precisamente deste ano o vídeo gravado para a RTP com Carlos Martins, cujo quarteto, de grande sucesso nos anos 80, integrava juntamente com Bernardo Moreira (contrabaixo).
A par de Carlos Martins, António Pinho Vargas era nos anos 80 um verdadeiro caso de popularidade, atraindo uma audiência muito significatva e que esgotava, por exemplo, o auditório do festival Jazz em Agosto, deixando dezenas de pessoas a ouvi-lo do lado de fora, na rua. O seu grupo incluía, entre outros, José Nogueira (saxofones), Pedro Barreiros (contrabaixo) e Mário Barreiros (bateria).
O final da década trouxe ao Parque Palmela Al Grey, uma verdadeira lenda do trombone. Com ele, em Julho de 1989, actuaram dois músicos portugueses ainda a dar os primeiros passos de uma promissora carreira: Bernardo Sassetti e Bernardo Moreira. Al Grey decidiu convidar Maria Viana para cantar alguns temas, convite que resultou numa actuação memorável.
ANOS 90
Os anos 90 foram marcantes para o Jazz português, tendo esta sido a década em que vários instrumentistas conseguiram finalmente obter reconhecimento pela sua arte e música, ao mesmo tempo que logravam finalmente gravar os seus projectos em estúdio e vê-los editados por labels com peso significativo no mercado discogràfico nacional.
Por outro lado, fruto do empenho de Thilo Krassman, surgia na RTP2 o Zona Jazz, um programa que permitia levar literalmente o Jazz a casa dos portugueses. A lista dos grupos que aí actuaram nos primeiros anos da década, logo a partir de 1990, é um verdadeiro "quem é quem" do Jazz português.
Um desses grupos foi o Sexteto de Jazz de Lisboa, grupo constituído em 1983 e que durante dois anos participou em vários festivais de Jazz internacionais fruto do trabalho e talento de Tomás Pimentel (trompete), Jorge Reis (sax-alto), Edgar Caramelo (sax-tenor), Mário Laginha (piano), Pedro Barreiros (contrabaixo) e Mário Barreiros (bateria). Um dos seus temas emblemáticos era "4 + 3", um original de Pimentel.
Antes de iniciar em 1994 a sua histórica parceria musical com Maria Joao, Mário Laginha liderava os seus próprios projectos, nomeadamente um quarteto com o guitarrista Sérgio Pelágio, o contrabaixista Pedro Barreiros e o baterista Mário Barreiros.
Outro pianista, Bernardo Sassetti, deu nos anos 90 passos muito importantes na sua carreira, explorando, por exemplo, a música latina, e partindo para uma temporada em Inglaterra, onde tocou e gravou com Guy Barker e a United Nations Orchestra. No Zona Jazz, apresentou-se a solo.
Nesta década, André Sarbib era já um destacado pianista e também ele participou no Zona Jazz.
Formado em 1985, os Moreiras Jazztet foram também um grupo marcante destas duas décadas. Integravam-no os irmaos Pedro (sax-tenor), Joao (trompete) e Bernardo Moreira (contrabaixo) e ainda o baterista Carlos Vieira. Ocasionalmente, o piano era ocupado por Bernardo Sassetti, primo dos Moreiras. O CD Luandando, gravado com o histórico Freddie Hubbard, foi um marco nos discos de Jazz nacionais.
Dos muitos múicos e combos que passaram pelo Zona Jazz, temos ainda imagens de um duo de guitarras formado por Fred Mergner (músico natural da Alemanha, mas radicado em Portugal) e Joao Maló.
Embora nao tenha participado no Zona Jazz, Maria Viana actuou em vários programas da RTP.
Os anos 90 foram também o período em que vários músicos portugueses conseguiram concretizar as primeiras grandes parcerias com jazzmen estrangeiros de referência, apresentando-se com eles em Portugal e nao só. O pontapé de saída foi dado ainda nos anos 80 por Maria Joao e Aki Takase, um duo de extraordinário sucesso e relevância que "incendiou" a Europa e chegou mesmo aos EUA. Em 1990, apresentaram-se ambas com o contrabaixista NHOP no festival Lisboa em Jazz, realizado no teatro S. Luiz, concerto que foi talvez o primeiro a consagrar a cantora em Portugal na sequência do sucesso que obtivera nos múltiplos concertos realizados na Alemanha durante os anos 80.
Vale a pena vê-las e ouvi-las neste concerto gravado em Estugarda, em meados dos anos 90. (Dado que o Youtube só permite o upload de vídeos com um máximo de 10 minutos, tivemos de dividir este excerto em duas partes).
Outras parcerias se seguiram. Em 1990, por exemplo, o saxofonista David Liebman ensinou no Palácio Fronteira a convite do Hot Clude e com ele actuaram aí e no teatro Tivoli de Lisboa o guitarrista Sérgio Pelágio e o baterista Mário Barreiros.
Em 1992, a Big Band do Hot Clube de Portugal teve quatro convidados muito especiais e prestigiados: Benny Golson (sax-tenor), Eddie Henderson (trompete), Curtis Fuller (trombone) e Greg Bandy (bateria). Com estes, nao só gravou o seu primeiro e único disco, como se apresentou ao vivo na Festa do Avante, concerto que aqui recordamos em vídeo.
A General Motors rompeu com o contrato de patrocínio de cinco anos que a ligava ao Festival Interncional de Jazz de Montreal, situação que fica a dever-se à crise sem precedentes por que passam os maiores construtores automóveis norte-americanos.
A GM representava até à data mais de 10% do orçamento de 25 milhões de dólares deste evento, um dos maiores e mais prestigiantes festivais de jazz a nível mundial.
Em Novembro de 1984, quando actuou no XIV Cascais Jazz, Mário Laginha era um jovem músico ainda desconhecido do grande público e o jornal Blitz, acabado de nascer, publicava então a propósito:
Quanto ao pianista Mário Laginha é um instrumentista de formação clássica, com participação em grupos como o Sexteto de Jazz de Lisboa e o Quinteto de Maria João, geralmente apontado como «sucessor» de António Pinho Vargas.
Se o jornal tivesse noticiado antes que Laginha podia vir a ser um dos expoentes do piano em Portugal, tanto na música erudita como no jazz, teria acertado em cheio.
De Janeiro a Abril o Centro Cultural de Belém apresenta semanalmente, sempre às quintas-feiras, às 22h00, uma dose dupla de jazz servida por um duo composto por um músico nacional e um convidado estrangeiro. Os concertos têm sempre lugar na Recepção do Módulo 1 - um espaço que promete espectáculos únicos e que será transformado para o efeito - e são de entrada livre.
O ciclo nasceu de uma proposta de João Moreira dos Santos (JNPDI) e Maria Viana - que o programaram e produzem - e apresenta um total de 15 concertos protagonizados por 30 músicos.
P R O G R A M A
8 DE JANEIRO RUI AZUL (sax) & WOLFRAM MINNEMANN (piano)
Rui Azul conheceu Wolfram Minnemann nos anos 70, na cave da casa de Rui Veloso, então seu colega de liceu e amigo. O denominador comum na época e no presente concerto são os Blues, género musical que serve de base para o blues-shout na voz e o boogie/honky-tonk no piano de Minnemann e para o contraponto e discurso do sax-tenor de Rui Azul, onde se distinguem influências do jazz mainstream, de funky-jazz (dos 50's) e de bebop.
15 DE JANEIRO MARIA JOÃO (voz) & JOÃO FARINHA (teclados)
Dois intérpretes com percursos musicais distintos, mas complementares, encontram-se no mesmo palco para partilhar temas originais e os clássicos do jazz num diálogo para o qual foram convidados a voz, o piano e também a tecnologia informática ao serviço da música e os teclados electrónicos. Esta é, pois, a oportunidade para ouvir Maria João explorar, com o jovem João Farinha, um universo diferente daquele a que nos habituou.
22 DE JANEIRO MARIA VIANA (voz) & JOAN MONNÉ (piano)
Maria Viana e Joan Monné conheceram-se em 2003 por ocasião do Festival de Jazz do Porto, onde se apresentaram em trio com José Eduardo, a convite de Paulo Gomes (então director artístico deste festival). Este primeiro concerto conjunto foi de imediato eleito por José Duarte como o melhor espectáculo de jazz nacional desse ano. Desde então, têm-se apresentado um pouco por todo o país, desenvolvendo a enorme cumplicidade musical que partilham.
29 DE JANEIRO SOFIA RIBEIRO (voz) & MARC DEMUTH (contrabaixo)
Sofia Ribeiro e Marc Demuth conheceram-se há cinco anos na Escola Superior de Música da Catalunya e desde então têm mantido um bem sucedido duo que os tem levado a actuar em diversos países europeus e nos EUA. A empatia entre a voz e o contrabaixo de ambos é notável e percorre um universo temático composto pelos standards do cancioneiro norte-americano e por temas da música popular portuguesa e brasileira.
Em 1995, Robert Altman realizou o filme Kansas City e recrutou um naipe inacreditável de jazzmen contemporâneos para recriar o jazz dos anos 30 nesta cidade de onde é originário Charlie Parker e onde músicos como Count Basie e Lester Young desenvolveram significativamente as suas carreiras.
Entre os músicos actores contam-se, por exemplo, Joshua Redman, James Carter, Craig Handy, David "Fathead" Newman, David Murray (saxofones), Don Byron (clarinete), Olu Dara, Nic Payton (trompetes), Ron Carter (contrabaixo), Geri Allen, Cyrus Chestnut (piano), Mark Whitfield e Russel Malone (guitarras).
Circulam notícias não confirmadas de que Freddie Hubbard está em coma. A informação foi publicada segunda-feira no Washington City Paper e indica que este trompetista lendário terá sofrido uma falha cardíaca.
Recordemo-lo a tocar "Cantaloupe Island", de Herbie Hancock, por ocasião do aniversário da editora Blue Note, label para a qual gravou vários LP's a partir de 1960.
A cantora Stacey Kent está nomeada para um Grammy na categoria de Best jazz vocal album. A nomeação advém do CD Breakfast On The Morning Tram, registo em que se destaca o tema "The Ice Hotel", que hoje aqui reproduzimos através de uma gravação em vídeo.
Hoje fomos à procura dos vídeoclips realizados ao longo de 12 anos no âmbito do Jazz made in portugal ou, mais correctamente, de músicos que na sua essência estão ligados a este género musical. Referimo-nos aos vídeos promocionais de trabalhos discográficos e ao todo encontrámos nove produções.
A lança em África foi cravada em 1994 por Maria João e Mário Laginha com o tema "Várias Danças" do CD Danças.
Porém, o videoclip de referência surgiria dois anos mais tarde através do belíssimo tema "Beatriz", um original de Chico Buarque que constava do CD Fábula (1996) e que ainda hoje é exigido pelo público em todos os concertos deste duo. Embora este não seja propriamente um disco de Jazz, João e Laginha foram de facto os primeiros músicos saídos da "escola do Jazz" que conseguiram transpôr a sua música e arte para um videoclip, meio de comunicação que as editoras reservavam apenas para a música popular ou de massas.
As filmagens decorreram junto ao Rio Tejo e ao Hotel Ritz, tendo envolvido um piano feito de cartão e a utilização de uma grua para sustentar o pseudo instrumento e os músicos. Como seria não só impossível cantar e tocar nestas condições, mas também captar audio com a qualidade necessária, o som foi obviamente fruto da pós-produção, utilizando-se a gravação do CD. Em tudo o resto não houve truques e João e Laginha estiveram de facto pendurados no ar.
Neste mesmo ano, Bernardo Sassetti gravava o CD Mundos. Um dos temas emblemáticos deste registo era "Señor Cáscara", um original do pianista que deu origem a um videoclip.
Dois anos depois, em 1998, saía o CD Cor, também de João e Laginha, e Pedro Cláudio realizou o vídeo do tema "A minha pele" ("Nhlonge yamina").
Já no final do século XX, em 2000, o duo rumou ao Brazil, onde gravou o CD Chorinho Feliz.
Deste CD, saiu o marcante "Flor", com o convidado Lenine, que Carlos Germano tão bem transpôr para vídeoclip.
Coube a outra cantora dar continuidade ao caminho aberto por João e Laginha. Em 2006, Marta Hugon lançou o CD Tender Trap, que foi promovido através do videoclip do tema "Too close for comfort".
Na prática, este foi o primeiro videoclip especificamente de jazz produzido em Portugal.
2008 foi o ano mais gordo na produção de vídeoclips na área do Jazz, com nada menos do que três produções.
Maria João e Mário Laginha foram ao teatro S. Luiz para gravar "I've grown accustomed to his face", do CD Chocolate...
João Fanfas realizou "Crash into me" do CD Story Teller de Marta Hugon...
... e "La Valse des Lilás", do CD This it it!, de André Sarbib, foi realizado por Jorge Humberto.
E, salvo algum erro que pode acontecer porque não é fácil historiar o audiovisual entre nós, foi esta a produção de videoclips ao longo de 12 anos. Se por ignorância deixámos algum registo de fora, agradecemos qualquer informação para que possamos tornar este post o mais completo possível.
António Rubio - crítico de jazz do jornal Correio da Manhã e correspondente em Portugal da revista Downbeat - lançou recentemente um pequeno livro/brochura sobre a relação de Lisboa com o Jazz nos últimos 80 anos.
Editado pela Apenas, sintetiza em 24 páginas alguns dos momentos mais significativos da afirmação e desenvolvimento deste género musical na cidade das sete colinas, concedendo especial atenção aos anos 20, mas também à fundação do Hot Clube de Portugal.
Neste ano de 2008 em que foram dados à estampa dois importantes livros de Jazz - Jazz na Terceira: 80 anos de História; Jazz Covers - este é mais um contributo para o conhecimento do passado e para constituir uma boa biblioteca jazzística na língua de Camões.
As terças-feiras de Barros Veloso no Hot Clube de Portugal
Foto JMS/JNPDI
JNPDI tem acompanhado profusamente as célebres terças-feiras de António José de Barros Veloso no Hot Clube, onde há mais de 10 anos este músico pioneiro do jazz made in Portugal participa em jam-sessions com jovens músicos (uns aspirantes e outros já "aspirados"), transmitindo o seu know-how às novas gerações de cantores e instrumentistas.
Na passada semana, desafiámos os futuros jornalistas Pedro Gomes e Maria Espírito Santo a realizar uma reportagem vídeo sobre esta "verdadeira escola de jazz informal com aulas semanais em regime pós-laboral".
Foto JMS/JNPDI
É precisamente o excelente resultado final que hoje mostramos, o qual consite numa pequena entrevista e em dois temas gravados ao vivo, um a solo e outro em duo com a participação da cantora Mariana Norton ("Like someone in love").
Na semana do seu 18.º aniversário, o SOS Racismo promove hoje o concerto Jazz Contra o Racismo, que tem lugar às 21h30,no Centro Cultural de Cascais, com o objectivo de apelar à igualdade e angariar fundos para a associação com o leilão de um quadro.
Estão confirmadas as presenças de nomes consagrados em diferentes áreas, como a do pintor moçambicano Roberto Chichorro, do ex-futebolista Rui Jordão, agora dedicado à pintura, e do artista plástico cabo-verdiano Mito Elias.
Sob a direcção artística de Maria Viana, que também cantará, actuam Maria Anadon, Sylvie C., Francisco Henriques, Maria Morbey, Rogério Pires, José Soares, os Sopralto e Victor Zamora.
No intervalo do espectáculo será leiloado um quadro oferecido pelo pintor Francisco Fernandes (XicoFran) e o valor da venda reverterá para a associação SOS Racismo.
Além dos 18 anos do SOS Racismo, a associação assinala também o 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Hoje dirigimos a nossa atenção para o pianista e cantor André Sarbib, músico de que ficámos fãs incondicionais depois da audição do seu mais recente disco, This is it!, e de um seu concerto na FNAC de Cascais em Julho de 2008.
Sarbib actua na Casa da Música no próximo dia 16 de Janeiro, um concerto a não perder, onde apresenta este seu trabalho com João Moreira (trompete, flugelhorn), Bernardo Moreira (contrabaixo), João Cunha (bateria) e convidados, nomeadamente, o inexcedível harmonicista António Serrano.
É precisamente deste disco que foi extraído "La Valse des Lilás", o tema do seguinte vídeo realizado por Jorge Humberto.
Sobre o concerto na Casa da Música, escreve Luís Silva:
Lançado recentemente, o último disco do pianista André Sarbib é um trabalho voltado para o jazz, composto por temas originais do próprio e alguns clássicos do jazz cantado de compositores como Michel Legrand e Victor Young entre outros. É também a primeira vez que o músico se assume como cantor em gravações.
A apresentação de "this is it!" na Casa da Música do Porto conta com todos os músicos de grande nível que participam no álbum – em que a harpa e o quarteto de cordas envolvem o quarteto tradicional de jazz composto por músicos de topo do jazz nacional. Entre os vários convidados para este concerto destaca-se o harmonicista de renome internacional António Serrano.
Se estivessmos nos anos 30 ou 40, escreveríamos que passamos a relatar agora um episódio bizarro ou macabro. Porém, na primeira década do século XXI, diremos apenas que se trata de um caso "curioso".
Tudo isto para dizer que nos EUA chegou finalmente ao fim o caso que impedia os filhos adoptivos de Billy Tipton de aceder à herança de 300 000 USD por este deixada quando do seu falecimento em 1989, seguido em 2006 pela morte da sua mulher.
O impedimento surgiu quando se descobriu que Billy Tipton, pianista de jazz, era de facto Dorothy Lucille Tipton, que desde os 19 anos se fazia passar por homem para poder tocar nas bandas de liceu.
Estórias à parte (para saber mais da vida pessoal de Tipton pode fazê-lo aqui), ouçamo-lo(a) em Sweet Georgia Brown.
A propósito: Billy não é caso único no jazz. Está em actividade uma pianista que já foi homem e que goza até de boa reputação como instrumentista...
O histórico e lendário saxofonista-tenor Benny Golson voltou aos estúdios e a editora Concord apresenta o resultado já em Janeiro próximo através do CD New Time, New ‘Tet.
Este registo pretende ser uma releitura contemporânea do Jazztet, um sexteto de culto e referência que Golson co-liderou nos anos 50 e 60 com o trompetista Art Farmer.
Porém, o saxofonista e compositor decidiu ir mais longe e tentar integrar temas da música clássica no repertório jazzístico e esse é o grande desafio a que se propôs com um grupo composto por um naipe de músicos notáveis, alguns dos quais o acompanharam no concerto que realizou em 2007 no AngraJazz: Eddie Henderson, Steve Davis, Mike LeDonne, Buster Williams e Carl Allen.
Na verdade, Golson pretende questionar os fundamentos do jazz e perceber se é possível estabelecer novos padrões e abordagens, o que é sem dúvida muito interessante para quem cumpre em breve 80 anos.
Enquanto o disco não chega, vejamos Golson acompanhado por Freddie Hubbard, Mulgrew Miller, Ron Carter e Marvin "Smitty" Smith.
Albert Mangelsdorff (1928/2005) foi um dos mais importantes músicos de jazz originários da Alemanha, destacando-se como inovador trombonista do chamado jazz moderno.
Propomos hoje a sua audição e visionamento no tema "New Jazz Ramwong". O vídeo é de 1964 e foi gravado em Frankfurt, a cidade natal de Mangelsdorff.
O mais recente CD de Diana Krall já tem título. Quiet Nights é lançado a 31 de Março do próximo ano e é recheado por música brasileira e jazz West Coast, contando com a colaboração e arranjos musicais de Claus Ogerman
Em declarações hoje aos media, Krall afirmou: "Eu penso que este disco é uma carta de amor, mas muito sensual, mais para o lado erótico. Tem, definitivamente, um clima de fim de noite".
Aqui fica desde já a lista de temas completa:
1. Where Or When (Lorenz Hart, Richard Rodgers) 2. Too Marvelous For Words (Johnny Mercer, Richard Whiting) 3. I’ve Grown Accustomed To Your Face (Alan Jay Lerner, Frederick Loewe) 4. The Boy From Ipanema (Norman Gimbel, Vinicius DeMoraes, Antonio Carlos Jobim) 5. Walk On By (Hal David, Burt Bacharach) 6. Guess I’ll Hang My Tears Out To Dry (Sammy Cahn, Jule Styne) 7. Este Seu Olhar (Antonio Carlos Jobim) 8. So Nice (Marcos Kostenbader, Valle and Paulo Sergio Valle, Norman Gimbel) 9. Quiet Nights (Gene Lees, Buddy Kay, Antonio Carlos Jobim) 10. You’re My Thrill (Sidney Clare, Jay Gorney)
E já que estamos em maré de Krall e em tempo de Natal...
A 8 de Dezembro de 1925 nascia no Estado da Pensilvânia aquele que veio a ser a referência incontestada no órgão Hammond B3, o grande Jimmy Smith.
O tema que apresentamos foi gravado em Fevereiro de 1985, no 60.º aniversário da editora Blue Note, e inclui Lou Donaldson (sax-alto), Kenny Burrell (guitarra) e Grady Tate (bateria).
Conforme aqui noticiámos, inaugurou anteontem a exposição de pintura de Xico Fran, mostra que está patente no Centro Cultural de Cascais e é integralmente dedicada ao universo do jazz, tendo o apoio de JNPDI. Vale a pena passar por lá e experienciar a forma como o autor capta as cores e sensações do jazz... para nós um dos melhores a pintar em Portugal este género musical. Talvez por isso mesmo, logo no dia da inauguração "voaram" da parede cerca de 40% dos quadros expostos...
Foto: JMS/JNPDI
Foto: JMS/JNPDI
Entre os artistas retratados contam-se Miles Davis, Oscar Peterson, Al Grey, Ella Fitzgerald e Charles Mingus.
Foto: JMS/JNPDI
Foto: JMS/JNPDI
Foto: JMS/JNPDI
Foto: JMS/JNPDI
Foto: JMS/JNPDI
A inauguração contou com a animação musical do Trio da Corda, um combo composto por Maria Viana, João Maló e Xico Zé, aliás já anteriormente pintado por Xico Fran.
Foto: JMS/JNPDI
A estes, juntou-se ainda como convidada a cantora Maria Anadon, que visitou a exposição de Xico Fran.
Foto: JMS/JNPDI
Foto: JMS/JNPDI
No fim, houve quem não resistisse a "levar" um souvenir da referida mostra...
Foto: JMS/JNPDI
A exposição em causa é comissariada por Maria Viana e está patente até ao próximo dia 21 de Dezembro, podendo ser visitada de Terça a Domingo, entre as 10h e as 18h00.
Acaba de chegar ao mercado nacional um DVD que retrata Louis Armstrong através de alguns dos seus mais emblemáticos espectáculos para televisão.
Louis Armstrong: The Portrait Collection contém 15 temas gravados entre 1933 (quando foi gravado em Copenhaga a interpretar "Dinah" e "I Cover the Waterfront") e 1965, ou seja, 32 anos de uma carreira que atravessou seis décadas.
"Dinah" (1933)
"Mack the knife"
Este DVD contém ainda uma longa entrevista de Satchmo gravada em 1961 e centenas de fotografias organizadas cronologicamente.
Charlie Haden fala sobre o incidente político no Cascais Jazz de 1971
Em 1991, a RTP gravou o encontro de Charlie Haden com Carlos Paredes no Coliseu de Lisboa, programa realizado por Carlos Barradas, e aproveitou a oportunidade para recolher o testemunho do contrabaixista sobre o incidente ocorrido no Cascais Jazz de 1971, quando foi detido pela PIDE/DGS na sequência da dedicatória do tema "Song for Che" aos movimentos de libertação de Angola, Moçambique e Guiné.
Este mesmo documento audiovisual foi recentemente colocado no YouTube pelo que propomos hoje o seu visionamento.
A fechar o ciclo de comemorações dos 80 anos de Jazz em Cascais, o artista plástico Xico Fran inagura amanhã pelas 16h00 uma exposição alusiva no Centro Cultural de Cascais, evento que conta com a actuação do Trio da Corda.
Xico Fran apresenta a sua visão dos grandes concertos que marcaram os 80 anos de Jazz em Cascais, sobretudo os realizados no âmbito do Cascais Jazz e Estoril Jazz.
Al Grey - Jazz Num Dia de Verão (1989)
Oscar Peterson Trio - Cinema S. José, Cascais (1966)
É hoje, sexta-feira, que Maria João e Mário Laginha apresentam o seu mais recente CD, Chocolate, com um concerto no grande auditório do Centro Cultural de Belém.
Para o efeito, foram "convocados" Julian Arguelles (saxofone-tenor), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria).
Este é o primeiro grande concerto de João e Laginha em Lisboa em vários anos pelo que se espera casa cheia no CCB.
A National Recording Academy acaba de anunciar os nomeados para os Grammy Awards de 2008 e JNPDI mostra-lhe já a lista das nomeações para as várias categorias dentro do jazz.
Best Contemporary Jazz Album
Randy In Brasil Randy Brecker [MAMA Records]
Floating Point John McLaughlin [Abstract Logix]
Cannon Re-Loaded: All-Star Celebration Of Cannonball Adderley (Various Artists) Gregg Field & Tom Scott, producers [Concord Jazz]
Miles From India (Various Artists) Bob Belden, producer [4Q/Times Square Records]
Lifecycle Yellowjackets Featuring Mike Stern [Heads Up International]
Best Jazz Vocal Album
Imagina: Songs Of Brasil Karrin Allyson [Concord Jazz]
Breakfast On The Morning Tram Stacey Kent [Blue Note]
If Less Is More...Nothing Is Everything Kate McGarry [Palmetto Records]
Loverly Cassandra Wilson [Blue Note]
Distances Norma Winstone (Glauco Venier & Klaus Gesing) [ECM]
Best Jazz Instrumental Solo
Be-Bop Terence Blanchard, soloist Track from: Live At The 2007 Monterey Jazz Festival (Monterey Jazz Festival 50th Anniversary All-Stars) [Monterey Jazz Festival Records]
Seven Steps To Heaven Till Brönner, soloist Track from: The Standard (Take 6) [Heads Up International]
Waltz For Debby Gary Burton & Chick Corea, soloists Track from: The New Crystal Silence [Concord Records]
Son Of Thirteen Pat Metheny, soloist Track from: Day Trip [Nonesuch Records]
Be-Bop James Moody, soloist Track from: Live At The 2007 Monterey Jazz Festival (Monterey Jazz Festival 50th Anniversary All-Stars) [Monterey Jazz Festival Records]
Best Jazz Instrumental Album, Individual or Group
The New Crystal Silence Chick Corea & Gary Burton [Concord Records]
History, Mystery Bill Frisell [Nonesuch Records]
Brad Mehldau Trio: Live Brad Mehldau Trio [Nonesuch Records]
Day Trip Pat Metheny with Christian McBride & Antonio Sanchez [Nonesuch Records]
Standards Alan Pasqua, Dave Carpenter & Peter Erskine Trio [Fuzzy Music]
Best Large Jazz Ensemble Album
Appearing Nightly Carla Bley And Her Remarkable Big Band [WATT]
Act Your Age Gordon Goodwin's Big Phat Band [Immergent]
Symphonica Joe Lovano With WDR Big Band & Rundfunk Orchestra [Blue Note]
Blauklang Vince Mendoza [Act Music and Vision (AMV)]
Monday Night Live At The Village Vanguard The Vanguard Jazz Orchestra [Planet Arts Recordings]
Best Latin Jazz Album
(Vocal or Instrumental) Afro Bop Alliance Caribbean Jazz Project [Heads Up International]
The Latin Side Of Wayne Shorter Conrad Herwig & The Latin Side Band [Half Note Records]
Song For Chico Arturo O'Farrill & the Afro-Latin Jazz Orchestra [Zoho]
Nouveau Latino Nestor Torres [Diamond Light Records]
Marooned/Aislado Papo Vázquez The Mighty Pirates [Picaro Records]
O Maestro Jorge Costa Pinto celebra este ano seis décadas no jazz, ele que foi o primeiro português a estudar na Berklee College of Music (em Boston) e a criar e gravar com uma big band, razões mais do que suficientes para hoje o recordarmos através de alguns vídeos da sua orquestra recentemente adicionados ao Youtube.
Sobre estes vídeos explica-nos Costa Pinto: "Acerca dos videos da minha orquestra na RTP - 1986 - houve duas séries do programas "Quinta do Dois", a primeira com orquestra tipo 'anos 30', inclusivé as fatiotas, e a segunda já com a 'clássica' big band".
Os leitores mais familiarizados com as "caras" do jazz made in Portugal poderão reconhecer nestes documentos audiovisuais dos anos 80 músicos como Mário Laginha, Carlos Martins, Edgar Caramelo e Tomás Pimentel.
Música, Maestro!
O instrumento de base de Costa Pinto é a bateria e por isso ele aqui está aos seus comandos neste vídeo.
Neste vídeo a estrela é "Splanky", um tema do fantástico disco Atomic Mr. Basie (1957), composto e orquestrado por Neal Hefti.
Maria Viana já na época cantava com a orquestra. Aqui interpreta o clássico "Body and Soul" e explica Costa Pinto que desta gravação "já não faz parte o Mário Laginha, mas além do Pimentel e do Caínha estava em estreia profissional o Mario Delgado na guitarra! Interesante não é?"
Talvez reconheçam também um senhor que era considerado o Sinatra português: Alberto Coronel.
O programa "A Quinta do Dois" tinha como co-autor o bem conhecido José Duarte e foi transmitido entre 1986 e 1987.
...aqui ficam algumas das condições que o Ministério da Educação Popular definiu, durante o Governo de Hitler, para a atribuição de licenças para espectáculos de música de dança.
DEPARTMENT OF POPULAR EDUCATION AND ART
Conditions Governing the Grant of Licenses for Dance Music
NEGROID: Belonging to a Negro race. This includes the African Negroes (and also those living outside of Africa), also Pygmies, Bushmen and Hottentots. NEGRITO: In the wider sense of the term, the short-statured, curly or frizzy-haired, dark-skinned inhabitants of Southeastern Asia, Melanesia and Central Africa.
1. Music: The Embargo on Negroid and Negrito Factors in dance Music and Music for Entertainments.
2. Introduction: The following regulations are intended to indicate the revival of the European spirit in the music played in this country for dances and amusements, by freeing the latter from the elements of that primitive Negroid and/or Negrito music, which may be justly regarded as being in flagrant conflict with the Europeon conception of music. These regulations constitute a transitory measure born of practical considerations and which must of necessity precede a general revival.
3. Prohibition: It is forbidden to play in public music which possesses to a marked degree characteristic features of the method of improvisation, execution, composition and arrangement adopted by Negroes and colored people. It is forbidden in publications, reports, programs, printed or verbal announcements, etc.:
(a) to describe music played or to be played with the words "jazz" or "jazz music."
(b) to use the technical jargon described below, except in reference to or as a description of the instrumental and vocal dance music of the North American Negroes.
Exceptions may Be permitted where such music is intended for a strictly scientific or strictly educational purpose and where such music is interpreted by persons having two or more Negroid or Negritic grandparents.
4. Descripton of The Main Characteristic Features of the Above-Mentioned Music which Differ from the European Conception of Music: The use of tonally undefined mordents, Ostentatious trills, double-stopping or ascendant glissandi, obtained in the Negro style by excessive vibrato, lip technique and/or shaking of the musical instrument. In jazz terminology, the effects known as "dinge," "smear" and "whip." Also the use of intentional vocalization of an instrumental tone by imitating a throaty sound. In jazz terminology, the adoption of the "growl" on brass wind instruments, and also the "scratchy" clarinet tone. Also the use of any intentional instrumentalization of the singing voice by substituting senseless syllables for the words in the text by "metalizing" the voice. In jazz terminology, so-called "scat" singing and the vocal imitation of brass wind instruments.
Also the use in Negro fashion of harshly timbered and harshly dynamic intonations unless already described. In jazz terminology, the use of "hot" intonations. Also the use in Negro fashion of dampers on brass and woodwind instruments in which the formation of the tone is achieved in solo items with more than the normal pressure. This does not apply to saxophones or trombones.
Likewise forbidden, in the melody, is any melody formed in the manner characteristic of Negro players, and which can be unmistakably recognized.
5. Expressly Forbidden: The adoption in Negro fashion of short motifs of exaggerated pitch and rhythm, repeated more than three times without interruption by a solo instrument (or soloist), or more than sixteen times in succession without interruption by a group of instruments played by a band. In jazz terminology, any adoption of "licks" and "riffs" repeated more than three times in succession by a soloist or more than sixteen times for one section or for two or more sections. Also the exaggeration of Negroid bass forms, based on the broken tritone. In jazz terminology, the "boogie-woogie," "honky tonk" or "barrelhouse" style.
6. Instruments Banned: Use of very primitive instruments such as the Cuban Negro "quijada" (jaw of a donkey) and the North American Negro "washboard." Also the use of rubber mutes (plungers) for wind brass instruments, the imitation of a throaty tone in the use of mutes which, whether accompanied by any special movement of the hand or not, effect an imitation of a nasal sound. In jazz terminology, use of "plungers" and "Wah Wah" dampers. The so-called "tone color" mutes may, however, be used.
Also the playing in Negro fashion of long, drawn-out percussion solos or an imitation thereof for more than two or four three-time beats, more frequently than three times or twice in the course of 32 successive beats in a complete interpretation. In jazz terminology, "stop choruses" by percussion instruments, except brass cymbals. There is no objection to providing a chorus with percussion solos in places where a break could also come, but at not more than three such places.
Also the use of a constant, long drawn-out exaggerated tonal emphasis on the second and fourth beats in 4/4 time. In jazz terminology, the use of the long drawn-out "off beat" effect.