30 de janeiro de 2006

Relembrar Roy "Little Jazz" Eldridge

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Hoje faria anos Roy Eldridge (1911/1989), um dos maiores virtuosos do trompete no jazz.

Para evocar a sua memória, ouçamo-lo em "Body and Soul".

Sobre Eldridge escreveu Luís Villas-Boas:

«Entre os numerosos trompetistas de jazz americanos, um se destaca, não pela sua estatura, pois é conhecido no meio musical por Little Jazz ? "Pequeno Jazz", em virtude da sua reduzida altura, mas sim pela sua extraordinária categoria musical.

Considerado um dos percursores do "bop", com Lester Young e Charlie Christian, Roy pode no entanto ser incluído entre o número dos discípulos do estilo de Louis Armstrong no que se refere a sonoridade e técnica instrumental».

28 de janeiro de 2006

Já está nas livrarias

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Em finais de 2004 tivemos ocasião de escrever um pequeno livro que chega agora às livrarias e que, embora não trate de jazz, pode interessar a todos os que tenham curiosidade por saber como comunicam as nossas empresas.

E talvez contribua mesmo para explica em parte por que razão o jazz não é ainda contemplado pelas estratégias de comunicação e marketing empresariais...

Aqui, pois, fica a introdução que explica esta obra de carácter eminentemente humorístico, mas com os pés bem assentes na realidade...

No mundo competitivo das marcas e da imagem ainda há em Portugal empresas que continuam a perspectivar a sua comunicação sem o necessário enquadramento estratégico.

«Inconfidências de Incomunicação» resulta dos 10 anos de actividade profissional do autor - como técnico, director e consultor de Comunicação Empresarial de algumas das maiores organizações nacionais e multinacionais - e consiste numa narrativa homorística das estórias mais surreais de incomunicação por si presenciadas.

Além disso, o autor traça ainda o perfil dos principais interlocutores dos profissionais de Comunicação Empresarial, apresentando uma imagem caricatural dos Fornecedores, Directores Financeiros, Directores Comerciais, Directores de Recursos Humanos, Colaboradores e Jornalistas.

Seja, pois, bem-vindo(a) ao "fantástico" mundo da Incomunicação Empresarial!

"Hoje" há jazz na RTP Memória...

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... mas só às 2 da manhã!

Com efeito, é a essa hora que José Duarte apresenta 55 minutos do seu JAZZ A PRETO E BRANCO, um espaço de jazz onde em 2001 marcaram presença regular músicos portugueses, lado a lado com nomes internacionais.

Trata-se, pois, da repetição de um programa realizado por ocasião da PORTO 2001, um programa de baixo orçamento e que ficou bem abaixo da qualidade a que José Duarte habituou os telespectadores.

Duração: 55 mins.

Autoria e apresentação: José Duarte

Produção: Céu Tavares Pinto

Realização: Eduardo Gradim

Ano: 2001

Quem pode ajudar?

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[Luís Villas-Boas no Curto-Circuito]

Ando à procura, para o livro que estou a ultimar sobre Luís Villas-Boas, de:

1 - Um livro sobre a história da RTP.
2 - Dados sobre os seguintes programas de televisão, nomeadamente as datas de emissão:

- Curto-Circuito (1970?)
- Splash
- Ensaio
- Discorama
- Disco e Daquilo
- Clube de Jazz
- Amigos do Jazz
- Jazz para todos

3 - Entrevistas de Villas-Boas à imprensa.

Se alguém puder ajudar com alguma pista/dica útil pode fazê-lo deixando mensagem nos comentários deste post ou escrevendo para: joaomoreirasantos@gmail.com

27 de janeiro de 2006

Já dizia o "pai" do jazz em Portugal...

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[Luís Villas-Boas e Bill Evans, Cascais, 1975]

"O meu maior desgosto é as pessoas precisarem de denegrir os outros para se imporem, não só no jazz, mas também noutras actividades" (1981).

Ascenseur Pour L´Echafaud em DVD

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Acaba de ser anunciada para 25 de Abril a edição em DVD do célebre filme Ascenseur Pour L´Echafaud, cuja banda sonora foi composta por Miles Davis.

Além do filme original de Louis Malle, este DVD contém ainda extras como a filmagem das sessões de gravação de Miles, e entrevistas com o pianista Rene Urtreger (o único músico ainda vivo do grupo original que participou neste projecto), Gary Giddins (da revista JazzTimes) e o trompetista Jon Faddis.

Este filme foi realizado em 1957 por Louis Malle e tem como principais protagonistas a actriz Jeanne Moreau e Maurice Ronet.

Na data da realização desta obra Miles Davis estava em digressão por França e a gravação da banda sonora foi realizada já depois de concluído o filme, com o trompetista e os seus músicos a improvisarem a partir da projecção do mesmo. Ao lado de Miles Davis estiveram René Urtreger, Barney Wilen, Kenny Clarke e Pierre Michelot.

Até ao momento só existiam no circuito comercial o LP e o CD desta sessão:

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26 de janeiro de 2006

Jazz em saldos na FNAC

A FNAC tem em saldos alguns bons discos de jazz que importa não negligenciar.

A partir de 3,95 euros é possível adquirir (consoante as lojas) entre outros:

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Também algus dos melhores registos da Blue Note podem agora ser adquiridos a cerca de 8 euros, nomeadamente:

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24 de janeiro de 2006

«Posso cantar em Português»

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Após o espectáculo de ontem no CCB, onde foi acompanhda pela mesma banda do disco A Fortnight in France (Blue Note), JNPDI! conseguiu uma mini-entrevista com Patricia Barber. Oportunidade para saber mais sobre esta cantora/pianista, enigmática, que possui um estilo único e surpreendeu o público com dois temas: "Autumn Leaves" e "Groovin' High".

JNPDI! - You didn't play "Gotcha". I think a lot of people were waiting to hear that particular song...
Patricia Barber - I almost got it into the show and then I thought perhaps I already had too much new material so I put something older instead. But it was just about to go into the set.

JNPDI! - I heard this song is about a friend of yours who was getting divorced.
PB - It's a mean song, very mean.

JNPDI! - Which seems to please the audience...
PB - They like angry songs. I have two and they love them.

JNPDI! - Why do you play without your shoes? Is that some kind of a ritual?
PB - It's become a ritual. It started because it was hot at the North Sea Jazz Festival, the lights were too hot, and I almost fainted.

JNPDI! - And now you do it all the time...
PB - And now I do it unless it's very cold. If it's cold I keep on my shoes.

JNPDI! - I know that tomorrow you leave to Paris to play 10 shows. You are very popular in France...
PB - Yes, I guess so. I like the French, they like me...

JNPDI! - You also sing quite well in French.
PB - I studied French but I also love the Portuguese singing: eu posso cantar em português. And I love the language as well.

JNPDI - What do you think of the Portuguese audience?
PB - They're very particular. The Portuguese audience is very special. I notice they like it but they have a lot of pride so they don't give you love too soon. You really have to work and you have to show that you're trying and that you're going to give the best you've got.

JNPDI! - What about your roots in music? In your show there's jazz, pop, funky...
PB - Oh yeah! It's mostly jazz. You know, my father was a jazz musician but I love all american popular music: Frank Sinatra, Peggy Lee, Marvin Gaye...

JNPDI! - Some people were surprised by your arrangement of "Groovin' High"...
PB - That was strange, wasn't it? But you have to take a risk in order to find something interesting.

JNPDI! - Why did you play "Light my fire" which is a hymn song by The Doors?
PB - Because somebody told me I couldn't.

JNPDI agradece a António Gameiro, da EMI Portugal, pelo gential apoio à realização desta entrevista.

23 de janeiro de 2006

Patricia Barber no CCB

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[Foto de J. M. Santos]

Acabámos de chegar do concerto de Patricia Barber no CCB, cantora/pianista com a qual tivemos oportunidade de realizar uma mini-entrevista que em breve aqui publicaremos.

Quanto ao concerto gostámos especialmente de "Autumn Leaves" (uma interpretação que nos supreendeu muito positivamente) e de "S'Wonderful".

De Portugal, Barber segue amanhã para Paris, onde a esperam nada menos do que 10 concertos, o mais pequeno deles numa sala para 300 pessoas.

Lá estaremos, Patricia!

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JNPDI! tem presença assegurada no concerto de hoje de Patricia Barber no CCB.

22 de janeiro de 2006

«Identifico-me como herdeira espiritual do sofrimento humano e da necessidade urgente de amar»

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Jazz No País do Improviso! entrevistou Maria Viana a propósito do seu CD «Terra Prometida», uma edição de 2000 exemplares patrocinada em exclusivo por uma empresa comercial e que por tal não deverá chegar ao mercado. Oportunidade para saber dos seus projectos e das suas ideias sobre a nova geração de músicos de jazz portugueses.

JNPDI! - Como é que surge este projecto discográfico?

Maria Viana - Em 1996 dei conta de ter sido até aí pasto para uma paixão pela Vida que me abatia e isolava. "Fartinha da Silva", resolvi entrar em pesquisa espiritual: visitei várias igrejas Cristãs (cheguei a cantar com os "African Voices" ligados aos Adventistas do 7º dia, de quem guardo a melhor das recordações!). Nessa época também reencontrei o movimento laico de filosofia budista "sOKA Gakai" e, nessa experiência de então, reforcei-me como pessoa, ganhando direção para uma Vida mais serena. "Terra Prometida "junta a minha fé à luta não violenta por um mundo melhor.

JNPDI! - Pensas que é possível levar mais empresas a associar o jazz à sua política de comunicação e marketing?

MV - Não tenho a menor dúvida; aliás acho que o futuro da minha carreirinha passa pelas autarquias (concertos ao vivo e edições de autor ou de empresa) já que a indústria discográfica está vendida ao facilitismo e comércio mais descarado.

JNPDI! - Este disco vai ser comercializado?

MV - Não creio... Já não entro em Editoras desde que fui enganada na distribuição do "Espírito do Tempo". Antes disso tinha-me dirigido a várias multinacionais e embora me recebessem sempre com até alguma deferência (!?) sempre se esquivaram sob o pretexto de que "mais vale não editar discos que não vendam 10000 [exemplares] pelo menos"

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JNPDI! - A ideia que fica de quem ouve este registo é que tu encarnas várias personagens, consoante os temas. Tiveste essa consciência quando estavas a gravar ou é apenas o dom que te é reconhecido de cantar sempre com sentimento?

MV - Esta música é um excelente veículo para essa Oração. Identifico-me como herdeira espiritual do sofrimento humano, de toda a esperança e da necessidade urgente de amar. Não aprofundei cada persona; antes as resumi a uma única, fundindo-me com ela.

JNPDI! - Há quem te considere a Billie Holiday portuguesa. Aparte ser um elogio, o que pensas disso?

MV - É uma honra ser comparada a esse grande nome.

JNPDI! - Esta Terra Prometida, que agora sai em CD, andou em digressão desde 2003 e recebeu críticas positivas, nomeadamente do José Duarte. Que balanço fazes desses espectáculos?

MV - É um recital maravilhoso! Com a sua vertente operática, deixa-me o canto livre de microfones ou efeitos, podendo então projectar a voz em toda a sua potência e liberdade. É um recital para piano, bateria e canto onde para além dos meus queridos Alan Thomas e Paulo Basso, tenho o enorme prazer de cantar com a Carla Baptista Alves.

JNPDI! - Que projectos na área da música tens neste momento?

MV - O trio que levo com o Zé Eduardo e o Joan Monné faz-me voltar ao BE Bop (prémio "JazzPortugal" para o melhor concerto nacional de 2003). Estou também em ensaios para um novo concerto "Caminho da Paz" em que recriaremos uma selecção de canções dedicadas à Paz e ao amor pela Natureza. Como vês, nada que interesse à indústria!

JNPDI! - O jazz já está cumprido em Portugal ou ainda é uma terra prometida?

MV - Esta fase que atravessamos é um pouco estranha - se por um lado se formam muitos e bons músicos, por outro saem para o mercado sem conhecer e respeitar quem os precedeu. Assim acho que esta nova geração é tecnicamente muito capaz, mas por enquanto são frios, muito frios...

JNPDI! - E a cultura?
MV - A cultura e a Fé são a arma não violenta da Liberdade e Ascese

JNPDI! - Dos candidatos à presidência da república qual achas que mais facilmente colocaria o teu Terra Prometida no leitor de CD's e se deleitaria a ouvi-lo?

MV - Qualquer deles (se arranjassem tempo!)

21 de janeiro de 2006

No comments...

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A reacção de Acabado Silva à pergunta de uma jornalista que pretendia saber se o candidato a Presidente sabia que Charlie Parker afinal já tinha morrido e não podia vir ao comício de encerramento...

Mais tarde soube-se que tinha sido Santana Flops quem em tempos sugerira o nome de Parker ao Professor.

20 de janeiro de 2006

JNPDI! tem livros para os seus leitores

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JNPDI! tem meia dúzia de exemplares do livro "Duarte Mendonça: 30 anos de Jazz em Portugal" para, excepcionalmente, vender a preços mais convidativos aos seus leitores.

São 350 páginas preenchidas por mais de 300 fotografias relativas aos grandes festivais de jazz (Cascais Jazz, Jazz Num Dia de Verão, Estoril Jazz) e aos concertos emblemáticos (Bill Evans, Art Blakey, Stan Getz, Dexter Gordon, etc.) que preencheram 30 anos de Democracia... que foram também 30 anos de democratização do jazz entre nós.

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[Rão Kyao - Cascais Jazz 1977]

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[Chet Baker - Cascais Jazz 1980]

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[Betty Carter - Estoril Jazz 1996]

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[Charles Mingus - Cascais Jazz - 1975]

Os eventuais interessados em adquirir esta obra devem escrever para o email: joaomoreirasantos@gmail.com

Afinal a "fera" actua em Lisboa

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Dee Dee Bridgewater tem concerto agendado para o CCB no próximo dia 24 de Fevereiro.

Era a oportunidade por que esperávamos há já alguns anos.

Manuel Alegre com jazz no Chiado

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Inesperadamente, cruzámo-nos hoje com a caravana de Manuel Alegre que, ao som do jazz do grupo Dixie Gang, descia a Rua Garrett.

É sempre bom passear pelo Chiado ao ritmo dos sons do início do Século XX.

Os 100 melhores discos de jazz (8)

E vão 80...

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[Coisas- Moacir Santos]

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[Fire Music : Archie Shepp]

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[Live In Greenwich Village: The Complete Impulse Recordings - Albert Ayler]

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[The Far East Suite - Duke Ellington]

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[Sound - Roscoe Mitchell]

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[Interstellar Space - John Coltrane]

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[The Real McCoy - McCoy Tyner]

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[The Jaki Byard Experience - Jaki Byard]

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[Get Up With It - Miles Davis]

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[Inner Mounting Flame - Mahavishnu Orchestra]

18 de janeiro de 2006

A Terra prometida de Maria Viana

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Há muitos anos que a voz de Maria Viana e o sentimento que nela mora "prometiam" um disco assim, intenso, pleno de emoções, cantado a partir da alma, profundo, dramático.

Essa Terra Prometida acaba de ser alcançada finalmente, com o CD que a cantora gravou recentemente com o patrocínio de uma empresa de telecomunicações, cujo nome aqui divulgamos por acharmos meritório o seu envolvimento na cultura: Atena - Serviços de Telecomunicações, S.A.

Este projecto, que remonta a 2003, quando Maria Viana e o espectáculo Terra Prometida andaram em digressão pelo país, com o apoio do quarteto de Alan Thomas, centra-se na interpretação de uma selecção de canções espirituais, "a especial criação dos negros norte americanos que, na miséria da escravatura, e sob a influência do Cristianismo, frequentemente identificavam a sua condição com o sofrimento dos filhos de Israel no Egipto, e, por extenção, usando imagens do Velho Testamento, a existência da Terra Prometida, para onde iriam depois da morte (muitas vezes figurativamente referido como 'atravessar o rio Jordão')".

O CD abre com "Gospel Train", uma canção tradicional plena de swing bem ao jeito da voz de Maria Viana que aqui veste a primeira de várias personalidades que encarna neste disco. Poderíamos dizer que é a voz de uma mulher dos loucos anos 20, que chama para a alegria de viver.

Segue-se "Precious Lord", um dos temas mais emblemáticos compostos pelo Reverendo Thomas A. Dorsey (considerado o pai da música Gospel), escrito em 1932 na sequência da morte da sua mulher ao dar à luz um filho seu. Aqui Maria Viana é uma mulher desgastada e cansada pelas agruras da vida e que suplica o apoio e a orientação de Deus. É uma mulher que poderia ter saído de uma Igreja Baptista. É uma mulher com a voz doída mas que mantém a sua fé e se mantém viva e segue, ainda que cambaleando, o seu caminho.

Precious Lord, take my hand,
Lead me on, let me stand,
I am tired, I am weak, I am worn;
Through the storm, through the night,
Lead me on to the light:

Refrain

Take my hand, precious Lord,
Lead me home.

When my way grows drear,
Precious Lord, linger near,
When my life is almost gone,
Hear my cry, hear my call,
Hold my hand lest I fall:

Refrain

When the darkness appears
And the night draws near,
And the day is past and gone,
At the river I stand,
Guide my feet, hold my hand:

Refrain


Em "Sometimes I feel like a motherless child", uma canção arranjada para duas vozes, Maria Viana canta com Carla Baptista Alves. Aqui, Viana encarna uma escrava negra que foi levada para longe das suas raízes, da sua família, ainda adolescente. A sua voz tem o peso da saudade e o sabor da injustiça que só uma mulher/escrava que não chegou a conhecer a sua mãe pode sentir e transmitir; uma mulher que provavelmente nem sabe onde nasceu... Por isso ela canta "Sometimes I Feel Like A Motherless Child", como que para exorcizar a sua dor.

Sometimes I feel like a motherless child,
Sometimes I feel like a motherless child,
Sometimes I feel like a motherless child,
A long ways from home
A long ways from home.

A long ways from home
A long ways from home

Sometimes I feel like I'm almos' gone
Sometimes I feel like I'm almos' gone
Sometimes I feel like I'm almos' gone
A long ways from home
A long ways from home.

A long ways from home
A long ways from home.


"Come Sunday" é o segundo andamento da suite "Black, Brown and Beige" composta em 1942 por Duke Ellington, justamente como uma reflexão sobre a condição racial e o seu impacto na vida dos povos. Agora Maria Viana é uma escrava negra que anseia pela libertação que o Domingo traz, dia em que pode largar o árduo trabalho diário e rezar a um Deus que se compadeça com o seu sofrimento e o sofrimento do seu povo. Maria Viana canta como quem reza, sentindo e dando sentido a cada palavra que lança para o éter no encontro de Deus. Na verdade, ela recita os seus pensamentos como quem enumera um estado de alma, um sentir ferido.

"Nobody knows the trouble I've seen", canção tradicional, revela uma Maria Viana de interpretação bipolar: ora a mulher que canta a sua dor, ora a mulher que explode em alegria e sacode assim o lado lunar/obscuro da sua alma.

Nobody knows de trouble I've seen,
nobody knows but Jesus,
Nobody knows de trouble I've seen,
Glory hallelujah!
Sometimes I'm up sometimes I'm down.
Oh yes, Lord!
Oh nobody knows de trouble I've seen,
Nobody knows but Jesus,
Nobody knows de trouble I've seen,
Glory hallelujah!
If you get there before I do,
Oh yes, Lord!
Oh nobody knows de trouble I've seen,
Nobody knows but Jesus,
Nobody knows de trouble I've seen,
Glory hallelujah!


Há pois muito para descobrir e meditar neste disco que é mais do que um disco; é um trabalho que documenta a capacidade dos músicos que nele participam, essa capacidade de transmitir sentidos e sentimentos.

No texto promocional do espectáculo Terra Prometida Maria Viana e Alan Thomas diziam:

"A multidão que seguiu Martin Luther King nos anos 60 entoou canções espirituais na luta pelos direitos civis. Hoje, como no passado, esse cancioneiro tem ajudado à elevação espiritual dos povos e á busca de soluções não - violentas para os problemas do mundo".

«Gostaria que existisse, neste país, um museu,
um espaço (já que há espaços para tanta porcaria)
para uma certa memória do jazz em Portugal».

Luís Villas-Boas
In Jornal de Letras, 21/08/1990, pp. 5-7

Andamos a ouvir...

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A Billie Holiday portuguesa, como alguns a apelidam.

Referimo-nos a Maria Viana, que acaba de lançar um novo CD, que gentilmente nos enviou e pelo qual estamos realmente apaixonados.

Em breve aqui falaremos dele.

16 de janeiro de 2006

O elogio de Jorge Reis

O saxofonista Jorge Reis e o seu disco Pueblos, editado pela portuguesa Tone of a Pitch, acaba de receber uma recensão elogiosa no site www.allaboutjazz.com, de que somos aliás colaboradores.

O artigo é da autoria de Marc Meyers e vem demonstrar que o jazz made in Portugal começa realmente a atravessar a barreira do Atlântico. Este crítico descreve assim Jorge Reis e os seus companheiros de CD (André Fernandes, Nelson Cascais e André Sousa Machado):

"Overall, Reis proves to be yet another first-rate jazz musician whose origins are outside the United States".

(...)

"Jorge Reis and his sidemen are creative and swinging improvisers, and Pueblos represents a high water mark in jazz from Portugal".

É uma justa homenagem a um dos melhores e mais completos jazzmen portugueses.

O artigo completo pode ser acedido aqui.

14 de janeiro de 2006

A propósito de uma notícia...

... aqui fica uma interrogação:

Será este o sistema de segurança social que queremos para Portugal?

Leia-se a notícia:

"Jazz drummer and longtime Washington, D.C. resident Mike Smith died Jan. 2, although the benefit concert planned to pay his medical bills will go on as planned tonight".

12 de janeiro de 2006

JazzTimes de Janeiro/Fevereiro

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Anuncia-se bom jazz para o Porto

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[Foto: João Moreira dos Santos]

O Porto vai receber de Fevereiro a Abril quatro concertos que prometem muito e bom jazz, todos eles sediados na Casa da Música.

Para além dos já anunciados espectáculo de Brad Mehldau (11 Fevereiro) e Lee Konitz com a Orquestra de Jazz de Matosinhos (12 Março), anuncia-se agora a cantora Lizz Wright (18 Março) e o fantástico San Francisco Jazz Collective (8 Abril).

Este colectivo integra nada menos do que Joshua Redman, Nicholas Payton e Miguel Zenon, tendo editado em 2005 um disco muito bem recebido pela crítica:

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Informação extraída da agenda semanal de Leonel Santos.


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