António José de Barros Veloso acaba de lançar mais um livro. Medicina e outras coisas, que tem chancela da Gradiva e (uma belíssima) capa do cineasta João Botelho, contém reflexões do autor sobre duas das suas três paixões: Medicina e Ciência.
A terceira, o jazz, pode ser apreciada ao vivo todas as terças-feiras no Hot Clube de Portugal e também no próximo dia 12 de Fevereiro, data em que no âmbito do ciclo de jazz Dose Dupla se apresenta em duo no Centro Cultural de Belém com o saxofonista-tenor (e também médico) Art Themen.
Um dos primeiros músicos portugueses de Jazz, Barros Veloso despertou para este género musical no final da adolescência através da audição das grandes orquestras de swing. A paixão pelo piano foi inspirada pela mãe, exímia pianista, instrumento em que se iniciou semi-profissionalmente já em Coimbra, cidade onde cursou medicina, tendo integrado a Orquestra Ligeira Académica e estado na origem de um pioneiro quarteto aberto aos novos sons do Bebop. Em meados dos anos 50, rumou a Lisboa, vindo a desempenhar papel de relevo nas primeiras jam-sessions do Hot Clube de Portugal, onde tocou, entre outros, com José Luís Tinoco, Bernardo Moreira e o conceituado pianista Friedrich Gulda. Nos anos 80 desempenhou funções na assistência de realização das filmagens no Cascais Jazz, tendo contribuído para o importante legado audiovisual jazzístico da RTP.
Maria João e Mário Laginha em Cascais: Puro Chocolate
Fotos JMS/JNPDI
Maria João e Mário Laginha actuaram ontem à noite na FNAC de Cascais no âmbito da digressão do seu mais recente CD, tendo, como já é hábito, uma casa cheia a testemunhar o encontro.
Foto JMS/JNPDI
O histórico e incomparável duo surpreendeu e encantou a audiência com temas de Chocolate e também com alguns clássicos do seu repertório, tendo Maria João protagonizado um solo vocal que deixou o público visivelmente rendido à sua técnica e criatividade. Mário Laginha, por seu lado, evidenciou por que é um dos expoentes do piano em Portugal.
Fotos JMS/JNPDI
Fotos JMS/JNPDI
Fotos JMS/JNPDI
Fotos JMS/JNPDI
Fotos JMS/JNPDI
No final do espectáculo, Maria João assinou os autógrafos da praxe e reuniu-se com antigas e actuais alunas.
Fotos JMS/JNPDI
Fotos JMS/JNPDI
Fotos JMS/JNPDI
Já nos bastidores, o duo foi convidado pelo representante da editora Universal Music a gravar uma mensagem de Boas Festas, o que ambos fizeram no registo pessoal e criativo que os caracteriza. A foto abaixo regista o momento em que ambos visionaram o resultado final...
O pianista Júlio Resende actua hoje à noite na Casa da Música, pretexto mais que suficiente para JNPDI aqui o evocar através do tema "Deep Blue", extraído do seu primeiro CD, o belo Da Alma.
JNPDI foi hoje noticiado no Público através do suplemento 8ª Colina, jornal produzido pelos alunos da Escola Superior de Comunicação Social. O artigo/entrevista é da autoria de Pedro Gomes.
2008 tem marcado a institucionalização e reconhecimento do Jazz no País do Improviso, blogue que só neste ano já soma mais de 50 000 visitas.
A todos os leitores e colaboradores (músicos, media, editoras, fotógrafos, designers), o nosso sincero agradecimento.
Esperanza Spalding, contrabaixista e cantora - que tanto tem dado que falar nos últimos meses na imprensa internacional do jazz, tanto pelo seu talento, como pelo facto de contar apenas 24 anos - actua no próximo dia 1 de Fevereiro no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém.
Natural de Portland, no Oregon, interessou-se pela música aos 4 anos na sequência da audição do violoncelista clássico Yo Yo Ma num programa de televisão (e ainda dizem por cá que a televisão não educa...) e um ano depois já tocava violino de forma autodidáctica, o que lhe permitiu obter um lugar na The Chamber Music Society of Oregon, uma orquestra comunitária que incluía tanto crianças como adultos. Aí passou 10 anos, mas paralelamente contactava com os blues blues, funk, hip-hop e outras músicas que ouvia no circuito dos clubes.
Aos 16 anos, Spalding entrou na Portland State University com o apoio de uma generosa bolsa de estudo, sendo a mais jovem estudante de contrabaixo, instrumento que já tocava desde os 14. Seguiu-se o Berklee College of Music, onde aprendeu e veio também a ensinar. Em 2005, com apenas 20 anos, tornava-se a mais jovem professora desta prestigiada escola de Boston.
Os anos passados em Boston e na Costa Leste trouxeram-lhe igualmente a oportunidade de tocar com músicos como Michel Camilo, Stanley Clarke, Pat Metheny, Patti Austin, Donald Harrison e Joe Lovano.
Em 2008, Esperanza Spalding viu incidirem sobre si as luzes da ribalta, tendo sido amplamente noticiada em revistas como a Downbeat e JazzTimes.
Em Portugal, Esperanza Spalding actua com o seu quarteto, composto por Leo Genovese (piano), Ricardo Vogt (viola) e Otis Brown (bateria).
Restam poucas dúvidas de que Esperanza Spalding vai longe e ainda nos vai deliciar com muitos e interessantes projectos. É que para além dos conhecimentos musicais, tem também uma peculiar experiência de vida que certamente a vai influenciar e inspirar, podendo levar o jazz a uma nova dimensão social.
Maria João e Mário Laginha apresentam Chocolate no CCB
FOTO: JNPDI/JMS
É já no próximo dia 5 de Dezembro, sexta-feira, que Maria João e Mário Laginha apresentam o seu mais recente CD, com um concerto no grande auditório do Centro Cultural de Belém. Para o efeito, foram "convocados" Julian Arguelles (saxofone-tenor), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria).
Por falar em CCB, passámos por lá hoje e é este o aspecto da nova e moderna bilheteira.
Maria João e Mário Laginha apresentam Chocolate em Coimbra
Maria João e Mário Laginha, que ontem tiveram uma enchente no Teatro Gil Vicente, regressam hoje mesmo a Coimbra, desta feita à FNAC, onde pelas 22h00 apresentam o seu novo CD.
Hoje JNPDI mostra o lado humorístico de Ella Fitzgerald, que por vezes adoptava, ou simplesmente parodiava, "outras" músicas. Foi o que sucedeu quando em 1968, num concerto em Berlim, cantou, por exemplo, "I can't stop loving you", um grande hit de Ray Charles.
E esta era a versão original...
Em 1974, em Londres, Ella "atirou-se" ao Country & Western...
"Sunshine of your love", um tema composto em 1968 pelos rockeiros Cream, foi apresentado por Ella Fitzgerald em 1969, quando da sua actuação no Festival de Jazz de Montreux. O resultado foi o que seguidamente apresentamos.
Esta era a versão original...
Neste mesmo concerto, interpretou um original dos Beatles, o famoso "Hey Jude".
Recordamos hoje uma excelente produção de Paula Oliveira e Bernardo Moreira, o tema "No teu poema", um original de José Luís Tinoco, ele próprio um dos primeiros músicos de jazz portugueses. O cenário do videoclip foi o Hot Clube de Portugal.
Notáveis do jazz visitaram exposição dos 80 anos de Jazz em Cascais
Foto JNPDI/JMS
A exposição 80 anos de Jazz em Cascais em Imagens e Memorabilia, mostra que abriu ao público a 19 de Outubro, tem sido visitada por várias figuras destacadas do jazz em Portugal, sempre recebidas com uma visita guiada e personalizada.
O ilustre visitante de hoje foi o Eng.º Bernardo Moreira, Presidente do Hot Clube de Portugal, instituição que cedeu várias das peças expostas.
Foto JNPDI/JMS
De recordar que Bernardo Moreira ficou ligado indelevelmente ao Luisiana, onde nos anos 60 protagonizou, por exemplo, uma marcante jam-session com Louis Hayes (que se deslocara a Portugal com o trio de Oscar Peterson) e Gerry Mulligan.
Foto JNPDI/JMS
Igualmente como músico, participou em algumas jam-sessions organizadas por Luís Villas-Boas no programa radiofónico Hot Club, emitido a partir dos estúdios da Parede, localizados portanto no Concelho de Cascais.
Foto JNPDI/JMS
Na semana passada, esta mesma exposição foi visitada por António José de Barros Veloso (Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Hot Clube) e António Rubio (crítico de jazz do Correio da Manhã e correspondente da Downbeat) e também pelo comandante José Guedes (autor de um interessantíssimo blogue sobre o desastre de aviação que em 1943 quase vitimou em Lisboa a cantora Jane Froman).
Foto JNPDI/JMS
Foto JNPDI/JMS
Também os medias marcaram presença nesta mostra, tal como temos noticiado, tendo um grupo de estudantes da Escola Superior de Comunicação Social - liderado por Pedro Gomes - realizado na passada semana um extenso trabalho académico sobre a mesma, aproveitando a oportunidade para entrevistar Barros Veloso, Maria Viana (ambos ligados à história do jazz em Cascais) e João Moreira dos Santos, o Comissário desta exposição.
Foto JNPDI/JMS
Foto JNPDI/JMS
Foto JNPDI/JMS
Foto JNPDI/JMS
Por esta exposição, que hoje encerrou as suas portas, passaram também músicos profissionais destacados, nomeadamente o maestro Jorge Costa Pinto e Kirk Lightsey, e personalidades das artes plásticas, como o escultor Charters de Almeida.
Vale a pena ver e ouvir o surpreendente e criativo vídeo produzido em 1942 pela Disney a partir da canção "Aguarela do Brasil", um original composto por Ary Barroso e que dispensa grandes apresentações.
O trio Zé Eduardo Unit encerra hoje as celebraçoes dos 80 anos de Jazz em Cascais, actuando pelas 21h00 no Centro Cultural. Este grupo é composto por Zé Eduardo (contrabaixo), Jesús Santadreu (sax-tenor) e Bruno Pedroso (bateria) e é um dos combos mais interessantes e criativos da cena do jazz nacional, pelo que o recomendamos vivamente aos nossos leitores.
Ainda no âmbito dos 80 anos de Jazz em Cascais, Maria Joao e Maria Viana sao hoje distinguidas pela Câmara Municipal de Cascais com a medalha de mérito cultural, a qual pretende destacar as carreiras destas duas cantoras residentes no Concelho deste há longa data. A outorga das medalhas ocorre antes do concerto e é realizada pela Vereadora da Cultura, Dra. Ana Clara Justino.
Maria Joao e Joe Zawinul (o mítico teclista fundador dos Weather Report e que colaborou com músicos como Miles Davis, Julian Cannonball Adderley e Dinah Washington) mantiveram a partir do final dos anos 90 uma interessante parceria musical e é precisamente um dos concertos que ambos protagonizaram que JNPDI! hoje apresenta em primeira exibiçao em Portugal.
O espectáculo teve lugar em 1999, em Leverkusen, na Alemanha, e segundo Maria Joao, com quem falámos hoje telefonicamente a este propósito, foi o primeiro que realizaram juntos.
Foi recentemente lançado no mercado nacional um DVD do cantor Kurt Elling, a grande sensação vocal do jazz masculino.
Este título documenta a actuação de Elling no Festival Internacional de Jazz de Montreal em Julho de 2007, apenas dez dias antes do concerto que protagonizou no Estoril Jazz.
Um dos pontos acrescidos deste DVD reside nos convidados que Elling somou em Montreal ao seu trio habitual. Entre estes contam-se Richard Bona, Bob Sheppard e Randy Bachman.
Esta emissão é dedicada às novidades discográficas e na secção Jazz ao Vivo em Portugal apresenta o dueto entre Sheila Jordan e Maria João no concerto do 5.º aniversário de JNPDI! no Centro Cultural de Belém.
Já aqui falámos várias vezes de Roberta Gambarini, que tivemos oportunidade de entrevistar em 2007.
Hoje propomos um vídeo gravado no festival Jazz Baltica 2004. O tema é o clássico "In a sentimental mood", de Duke Ellington, e no saxofone-tenor está o lendário Johnny Griffin.
5.º aniversário de JNPDI: tudo sobre a festa no Centro Cultural de Belém!
Foto: Rosa Reis
As várias actividades jazzísticas que nos têm ocupado desde Outubro explicam que só agora nos seja possível fazer uma reportagem sobre o concerto de comemoração do 5.º aniversário deste blogue (que obviamente não podíamos deixar passar em claro), o qual teve lugar no passado dia 1 de Outubro, no pequeno auditório do Centro Cultural de Belém.
Convidamos, pois, os nossos leitores a realizarem connosco uma visita guiada a este evento marcante na vida de JNPDI!, reportagem que completa a que aqui publicámos anteriormente sobre os ensaios para este espectáculo.
17h30: Soundcheck
Tudo começou, como é costume em qualquer espectáculo musical, com o soundcheck, momento em que os músicos se encontram em palco para testar e afinar o som e a luz com os técnicos especializados. Este é um passo crucial para garantir que durante o concerto o som projectado para a sala e para os músicos (através dos monitores, colunas que permitem que cada música se ouça em palco) é de qualidade e no volume adequado e que as luzes realçam o que se passa em palco.
Cada músico testa e ajusta separadamente o seu som com os técnicos e, normalmente, também em conjunto, para averiguar que o ensemble se encontra correcta e equilibradamente amplificado.
João Moreira Foto: JNPDI!/JMS
Filipe Melo Foto: JNPDI!/JMS
Bernardo MoreiraFoto: JNPDI!/JMS
Bruno PedrosoFoto: JNPDI!/JMS
Foto: JNPDI!/JMS
Testado o som da secção rítmica e do solista convidado, é tempo de entrarem em cena as vozes, que neste concerto eram três, o que torna a tarefa mais complexa no soundcheck.
A primeira voz a testar e afinar o seu som foi a cantora Maria Viana.
Maria VianaFoto: JNPDI!/JMS
Seguiram-se Maria João e Sheila Jordan, que se cruzaram em palco pela primeira vez neste concerto, embora a sua relação remonte já ao início dos anos 90, na Austria. Assim sendo, além do teste de som, foi necessário fazer um ensaio do tema que decidiram interpretar em duo: "I remember you".
Maria João e Sheila JordanFoto: JNPDI!/JMS
MJ, SJ, João Farinha (piano) e BMFoto: JNPDI!/JMS
MJ, SJ e João Farinha Foto: JNPDI!/JMS
Ora vamos lá experimentar o "I remember you" à primeira vista e sem qualquer ensaio prévio. Faça-se música!
Ajustado o som individual de cada cantora, é agora hora de afinar o som das três vozes.
Maria João, Sheila Jordan e Maria Viana Foto: JNPDI!/JMS
20h00: relaxando nos bastidores
Entre o relax e a descontração, sempre sob o olhar atento da direcção de cena do CCB, é tempo de os músicos se prepararem para o concerto.
Foto: Rosa Reis
Foto: Rosa Reis
Foto: Rosa Reis
Foto: Rosa Reis
Foto: Rosa Reis
Cantar em duo pressupõe muitos acertos e nesta ocasião ainda se trabalha nos últimos detalhes...
Foto: Rosa Reis
O mesmo se aplica aos instrumentistas, que vão subir ao palco dentro de minutos com apenas um ensaio breve na véspera... mas o jazz há-de se encarregar de fazer magia em cena.
Foto: Rosa Reis
Entretanto e enquanto o público vai chegando ao CCB, é tempo da maquilhagem... O jantar, esse, vai ter de esperar por depois do concerto. Vida de músico é assim mesmo.
Foto: Rosa Reis
20h45: aquecimento
O espectáculo está prestes a começar e é preciso aquecer...
Foto: Rosa Reis
21h00: let the show begin!
A primeira "vítima" a entrar em palco é o autor de JNPDI!, a quem cabem as honras de abertura do espectáculo que visa celebrar o quinto aniversário deste blogue.
Foto: Rosa Reis
Foto: Rosa Reis
Após umas breves palavras sobre a fundação de JNPDI! (ver texto no final deste post), é tempo de homenagear a equipa que tem trabalhado no projecto desde 2003 (Miguel Mendes: designer) e Mário Silva (web strategy) e, sobretudo, aquele a quem se devem as imagens que permitem contar quatro importantes décadas da história do jazz em Portugal: Augusto Mayer.
Foto: Rosa Reis
Na placa que lhe foi atribuída por JNPDI! pode ler-se:
Augusto Mayer, amador de jazz e entusiasta da fotografia a quem se devem as primeiras imagens deste género musical em Portugal nas décadas de 40, 50, 60 e 70, retratos de uma história que, sem o seu contributo, seria apenas uma ténue e desfocada memória. Homenagem do blogue Jazz no País do Improviso! Centro Cultural de Belém, 1 de Outubro de 2008.
Foto: Rosa Reis
Foto: Rosa Reis
É agora tempo de dar ao público aquilo que o traz ao Centro Cultural de Belém: bom jazz! É aqui que as nossas palavras deixam de ser necessárias já que a música fala por si nos seguintes vídeos.
Foto: Rosa Reis
Foto: Rosa Reis
Foto: Rosa Reis
E que dizer deste impressionante "Autumn in New York" e das belíssimas intervenções de João Moreira no fliscórnio? Basta, na verdade, referir que no final do espectáculo Sheila Jordan o convidou veementemente a actuar em todos os seus concertos em Portugal... juntando-se ao trio Filipe Melo, Bernardo Moreira e Bruno Pedroso, com que a cantora se manifestou sinceramente maravilhada.
"Honeysuckle Rose" alimentou um notável duo entre Sheila Jordan e Maria Viana em que dominaram o scat singing e a boa disposição. Viana esmereou-se e teve aqui um momento marcante da sua carreira e que vai somar-se à actuação ao lado de Al Grey no Jazz Num Dia de Verão de 1989.
Maria João e Sheila Jordan encontraram-se em "I remember you" e de facto lembravam-se bem uma da outra, ou não se tivessem cruzado anos antes em Graz. A interpretação de ambas é memorável, com João e Sheila Jordan a recriarem a letra à sua maneira, introduzindo o seu humor e história de vida.
Depois de duas actuações inesquecíveis de Maria Viana, com a sua emblemática "Inútil paisagem", e Maria João, com uma "Beatriz" tão brilhante que no dia seguinte levou várias pessoas às lojas para obter uma cópia do CD, o espectáculo encerrou com "Confirmation", subindo ao palco as três cantoras para um ensemble que fica na história até porque o CD de gravação já não foi infelizmente suficiente para o registar...
Foto: JNPDI!/JMS
Por falar em registar, o artista plástico Xico Fran decidiu imortalizar em tela este concerto e o aniversário de JNPDI!, tendo oferecido um impressionante quadro para o espólio deste blogue. Lá se encontram perpetuados alguns dos músicos que participaram no espectáculo. Adicionalmente, Xico Fran ofereceu também a Sheila Jordan um quadro realizado a partir de uma fotgrafia.
Tela de Xico FranFoto: JNPDI!/JMS
23h30: regresso aos bastidores
Nos bastidores o ambiente era agora de celebração e festa, com convidados e músicos a partilharem a alegria do momento. Por lá passaram José Duarte, Marta Hugon e muitas outras figuras do nosso jazz, para além dos sempre simpáticos membros do Clube dos Entas, a quem agradecemos pelo apoio continuado que tem dados aos nossos projectos.
Mas, a música não terminara ainda porque Maria João e João Farinha haveriam de regressar ao palco (já em processo de desmontagens) para interpretar em duo uma canção a pedido do autor de JNPDI, o belo "Oceano", de Djavan. Momentos especiais e únicos que ficam para uma vida. Obrigado, João & João!
E assim se fez a festa de JNPDI! e do jazz!
Daqui a 5 anos há mais, mas nunca será ingual à magia deste dia tão especial e inesquecível.
Foto: JNPDI!/JMS
JNPDI e o seu autor agradecem a Sheila Jordan (grande alma e voz!), Maria Viana, Maria João, Filipe Melo, Bernardo Moreira, Bruno Pedroso e João Farinha (cuja generosidade tornou possível este concerto), à equipa do CCB (incrível e inexcedível!), Rosa Reis (belas fotos!), Xico Fran (não temos palavras para agradecer o quadro!), Mário Silva, Miguel Mendes, Jorge Padeiro, Joana Vann, público, jornalistas, RDP, Hotel Jerónimos 8, colegas bloguistas, sponsors, leitores, família, amigos e a todos que tornaram possível esta celebração. Valeu!
JAZZ NO PAÍS DO IMPROVISO!
CCB, 1-10-2008 / 5.º Aniversário
Caros amigos e amigas do Jazz,
Para além de agradecer a vossa presença neste auditório, permitam-me que como autor do blogue Jazz no País do Improviso! profira umas breves palavras a propósito deste projecto criado há 5 anos.
Não vou maçar-vos com todas as realizações que conseguimos neste período de tempo porque este nunca foi um projecto narcisista ou de ego, mas tão só um ponto de encontro daqueles que gostam de jazz e de música em geral.
Gostaria contudo de explicitar desde logo o porquê deste título: Jazz no País do Improviso! E isto porque provavelmente era mais lógico ou expectável termos ficado pelo inócuo Jazz no País do Fado…
Claro que este é um título que só se compreende sendo português, embora a Sheila Jordan com os poucos dias que leva de Portugal já vá tendo uma ideia do que ele significa…
Ele surgiu contudo em 2003 numa fase muito aguda da vida política, económica e social do país, fase que afinal era apenas o prelúdio do que agora vivemos. Sem citar nomes, direi apenas que este título é da mesma geração do célebre “O país está de tanga” e do “país pântano”.
Ele evoca portanto no autor a ideia desse Portugal improvisado, sem rumo e esperança que atravessa partidos políticos, governos e gerações.
Ao dizer isto, fica desde já claro que Jazz no País do Improviso é mais do que um título: é a contestação diária e pública do país que como cidadão não me interessa construir – o país dos derrotados, dos vencidos, do desenrasca, do logo se vê, do deixa andar, do não vale a pena, do não te esforces, do faz o mínimo ou mesmo do não faças nada que alguém há-de resolver…
Mas não viemos aqui hoje para debater o país e as mentalidades… ainda para mais no Dia Mundial da Música.
Queria dizer-vos apenas que Jazz No País do Improviso é fruto dessa conjuntura de 2003 e surgiu num período que antecedeu o grande boom dos blogues em Portugal. Para este projecto em concreto muito contribuiu a visibilidade que Pacheco Pereira deu ao fenómeno com o seu Abrupto, que é apenas 4 meses mais velho do que JNPDI! Foi isso que nos chamou a atenção para esta poderosa ferramenta de comunicação, que bem pode ser um antídoto do século XXI para a manipulação e toxicidade informativa que caracteriza tantos dos media tradicionais.
Jazz no País do Improviso nasceu inicialmente para partilhar conhecimentos sobre a história do Jazz em Portugal, objecto que estudo com afinco desde então, e honestamente, há cinco anos na minha mente via este projecto como um espaço de comunicação que jamais iria para além da meia dúzia de pessoas. De tal forma que se em 11 de Setembro de 2003, quando publiquei o primeiro post, me dissessem que hoje estaríamos aqui reunidos em torno do Jazz No País do Improviso, digo-vos com toda a franqueza que não acreditaria.
Mas com o passar do tempo e com o feedback positivo de leitores, músicos e editoras, comecei a acreditar que era possível que o blogue fosse realmente uma casa do Jazz na internet. Uma casa por onde já passaram mais de 200 000 visitantes e que regista uma média mensal de 5 000 visitas. E vejam bem que tudo isto sem falarmos uma vez que seja de F-U-T-E-B-O-L ou C-R-I-M-E-S.
Se me perguntarem se estou orgulhoso… não sei o que responder porque na verdade creio que não fiz mais do que aquilo que qualquer um de nós pode fazer se o fizer com dedicação, determinação e honestidade. A mim dá-me muito prazer poder comunicar convosco o que se passa no mundo do jazz e essa é a grande motivação. E dá-me sobretudo prazer poder levar ao público os momentos únicos do passado e do presente desta grande música universal.
Mas… este projecto não é só meu. E por isso mesmo esta é a ocasião para dar-vos a conhecer os rostos e nomes de duas pessoas que estão comigo desde o início e que quero aqui simbolicamente distinguir.
Peço-vos uma salva de palmas para o autor do logotipo e identidade visual do Jazz no País do Improviso: o jovem e talentoso designer, Miguel Mendes!
Peço-vos também uma salva de palmas para o autor dos banners e responsável pelo suporte técnico do blogue: o jovem e promissor comunicador, Mário Silva!
Disse-vos há pouco que este blogue nasceu da minha actividade de pesquisa sobre a história do Jazz em Portugal. Pois bem, hoje quero aqui homenagear a pessoa que permite que hoje olhemos de frente para o passado do jazz entre nós.
Jazz No País do Improviso presta hoje pública homenagem aquele que é um grande Amador de Jazz e entusiasta da fotografia e a quem se devem as primeiras imagens deste género musical em Portugal nas décadas de 40, 50, 60 e 70, retratos de uma história que sem o seu contributo seria apenas uma ténue e desfocada memória.
Uma salva de palmas para “the one and only”, Augusto Mayer.
E agora, Sheila Jordan… confesso que tenho dificuldade em exprimir por palavras a honra que é apresentar-vos esta cantora histórica, criativa e ousada, que tão bem sabe o que é pagar o preço da diferença e da fidelidade a si mesma e à sua música. Esta grande alma que cresceu musicalmente com Charlie Parker e que aos 79 anos cruza o Atlântico várias vezes por ano para fazer aquilo de que mais gosta: cantar jazz.
Esse prazer é redobrado pela presença neste palco de alguns dos músicos portugueses num quarteto constituído propositadamente para a sua digressão em Portugal, que hoje aqui se inicia. Se dúvidas houvesse, digo-vos que Sheila Jordan está absolutamente encantada com eles e com o seu talento e capacidades.
E como se não bastasse… Maria Viana (a nossa Billie Holiday) e João Moreira (o nosso Miles Davis).
E como se não bastasse… Maria João e um pianista da nova geração, o João Farinha.
Hão-de convir que neste país do improviso, improvisámos um programa realmente extraordinário. E que trabalho dá improvisar!
Aliás, devo confessar, que hoje me comovi quando abri o Diário de Notícias e vi o destaque que o jornal deu ao concerto e a Sheila Jordan, a quem tanto me orgulho de proporcionar o primeiro palco em Lisboa.
Este concerto não seria possível sem a fabulosa (e o adjectivo não é exagerado) colaboração da equipa do Centro Cultural de Belém, que desde a primeira hora acarinhou a ideia. Um agradecimento muito especial é devido ao Dr. Miguel Coelho.
E, sem mais demoras, os vossos aplausos para Sheila Jordan and Friends!!
...aqui ficam algumas das condições que o Ministério da Educação Popular definiu, durante o Governo de Hitler, para a atribuição de licenças para espectáculos de música de dança.
DEPARTMENT OF POPULAR EDUCATION AND ART
Conditions Governing the Grant of Licenses for Dance Music
NEGROID: Belonging to a Negro race. This includes the African Negroes (and also those living outside of Africa), also Pygmies, Bushmen and Hottentots. NEGRITO: In the wider sense of the term, the short-statured, curly or frizzy-haired, dark-skinned inhabitants of Southeastern Asia, Melanesia and Central Africa.
1. Music: The Embargo on Negroid and Negrito Factors in dance Music and Music for Entertainments.
2. Introduction: The following regulations are intended to indicate the revival of the European spirit in the music played in this country for dances and amusements, by freeing the latter from the elements of that primitive Negroid and/or Negrito music, which may be justly regarded as being in flagrant conflict with the Europeon conception of music. These regulations constitute a transitory measure born of practical considerations and which must of necessity precede a general revival.
3. Prohibition: It is forbidden to play in public music which possesses to a marked degree characteristic features of the method of improvisation, execution, composition and arrangement adopted by Negroes and colored people. It is forbidden in publications, reports, programs, printed or verbal announcements, etc.:
(a) to describe music played or to be played with the words "jazz" or "jazz music."
(b) to use the technical jargon described below, except in reference to or as a description of the instrumental and vocal dance music of the North American Negroes.
Exceptions may Be permitted where such music is intended for a strictly scientific or strictly educational purpose and where such music is interpreted by persons having two or more Negroid or Negritic grandparents.
4. Descripton of The Main Characteristic Features of the Above-Mentioned Music which Differ from the European Conception of Music: The use of tonally undefined mordents, Ostentatious trills, double-stopping or ascendant glissandi, obtained in the Negro style by excessive vibrato, lip technique and/or shaking of the musical instrument. In jazz terminology, the effects known as "dinge," "smear" and "whip." Also the use of intentional vocalization of an instrumental tone by imitating a throaty sound. In jazz terminology, the adoption of the "growl" on brass wind instruments, and also the "scratchy" clarinet tone. Also the use of any intentional instrumentalization of the singing voice by substituting senseless syllables for the words in the text by "metalizing" the voice. In jazz terminology, so-called "scat" singing and the vocal imitation of brass wind instruments.
Also the use in Negro fashion of harshly timbered and harshly dynamic intonations unless already described. In jazz terminology, the use of "hot" intonations. Also the use in Negro fashion of dampers on brass and woodwind instruments in which the formation of the tone is achieved in solo items with more than the normal pressure. This does not apply to saxophones or trombones.
Likewise forbidden, in the melody, is any melody formed in the manner characteristic of Negro players, and which can be unmistakably recognized.
5. Expressly Forbidden: The adoption in Negro fashion of short motifs of exaggerated pitch and rhythm, repeated more than three times without interruption by a solo instrument (or soloist), or more than sixteen times in succession without interruption by a group of instruments played by a band. In jazz terminology, any adoption of "licks" and "riffs" repeated more than three times in succession by a soloist or more than sixteen times for one section or for two or more sections. Also the exaggeration of Negroid bass forms, based on the broken tritone. In jazz terminology, the "boogie-woogie," "honky tonk" or "barrelhouse" style.
6. Instruments Banned: Use of very primitive instruments such as the Cuban Negro "quijada" (jaw of a donkey) and the North American Negro "washboard." Also the use of rubber mutes (plungers) for wind brass instruments, the imitation of a throaty tone in the use of mutes which, whether accompanied by any special movement of the hand or not, effect an imitation of a nasal sound. In jazz terminology, use of "plungers" and "Wah Wah" dampers. The so-called "tone color" mutes may, however, be used.
Also the playing in Negro fashion of long, drawn-out percussion solos or an imitation thereof for more than two or four three-time beats, more frequently than three times or twice in the course of 32 successive beats in a complete interpretation. In jazz terminology, "stop choruses" by percussion instruments, except brass cymbals. There is no objection to providing a chorus with percussion solos in places where a break could also come, but at not more than three such places.
Also the use of a constant, long drawn-out exaggerated tonal emphasis on the second and fourth beats in 4/4 time. In jazz terminology, the use of the long drawn-out "off beat" effect.