A Universal Music está a reeditar algumas das pérolas do seu extenso e precioso catálogo. Desta feita, são registos incluídos na colecção Original Jazz Classics Remasters e que foram originalmente, passe o pleonasmo, editados por labels como a Riverside, Fantasy, Pablo, Jazzland, Prestige e Contemporary.
Este catálogo já existia em CD, mas é agora enriquecido com novas faixas, novos booklets e com a remasterização a 24 bits. É caso para dizer que esta colecção nunca teve tantos atractivos marginais à música pois sobre as obras pouco é necessário dizer já que são praticamente todas grandes e essenciais clássicos do Jazz...
Num Domingo de Junho de 1961, fez-se história na história do Jazz quando Bill Evans e o seu trio tocaram vários sets no clube Village Vanguard, em Nova Iorque. Acompanhado por Scott LaFaro (contrabaixo) e Paul Motian (bateria), Bill Evans deixou para a posterioridade uma série de gravações essenciais, entre os quais se conta este disco, o último a contemplar este magnífico trio pois LaFaro veio a falecer acidentalmente no Verão deste mesmo ano de 1961.
Wes Montgomery foi sem dúvida um dos expoentes da guitarra no Jazz, tendo influenciado e granjeado a admiração de várias gerações de guitarristas. Neste album, que data de 1963, Montgomery é acompanhado pelo Hammond B3 de Mel Rhyne e pela bateria de Jimmy Cobb. O repertório é diversificado e inclui temas populares como "Besame mucho" e "Days of Wine and Roses". Não é uma obra prima, mas a qualidade do ensemble e da gravação e o swing que o trio projecta valem por si só este registo. Este é um disco cuja audição não se recomenda às novas gerações pois correm o sério risco de ficarem viciadas na sua musicalidade e balanço...
Chet Baker é um daqueles ícones do Jazz que será sempre lembrado não só pela sua música, mas também pela forma peculiar como cantava e pela forma intensa como viveu a sua vida e até como a perdeu... Este CD recupera o LP com que o trompetista e cantor se estreou na editora Riverside em 1958, levando consigo para estúdio Kenny Drew (piano), George Morrow e Sam Jones (contrabaixo) e Philly Joe Jones (bateria). O resultado foi um registo concebido em torno dos standards e também a sua estreia discográfica no scat singing, técnica que Chet muito apreciava e usava também ao vivo, sempre com a sua voz "pequena mas tocante".
Em 1951, Miles Davis levou para estúdio um sexteto composto por Sonny Rollins (sax-temor), Jackie McLean (sax-alto), Walter Bishop (piano), Tommy Potter (contrabaixo) e Art Blakey (bateria). O resultado foi este LP e à sua gravação nem sequer faltou Charlie Parker, que passou pelos estúdios da editora Prestige, como que a encorajar os seus pupilos... Miles viria a produzir discos mais interessantes ao longo da sua associação à editora de Bob Weinstock, mas este Dig foi de facto um primeiro e importante passo.
O pianista Vince Guaraldi é provavelmente mais conhecido pelo grande público graças ao hit que obteve com um dos temas da célebre série de desenhos animados Charlie Brown. Mas em 1962 a atenção de Guaraldi estava centrada no filme Orfeu Negro (1959), cuja inolvidável banda sonora fora composta por Tom Jobim e Luís Bonfá. Neste ano, o pianista resolveu gravar em estúdio o que já há alguns anos apresentava regularmente nos clubes: os seus arranjos de quatro temas emblemáticos desta longa metragem. Com o que Guaraldi e a sua editora não contavam era o enorme sucesso de um dos temas incluídos no lado B deste disco, um original do póprio intitulado "Cast your fate to the wind". Esta canção entrou poucas semanas depois na Billboard e aí permaneceu por umas impressionantes 28 semanas...
Dave Holland em Masterclass na Universidade Lusíada
O contrabaixista Dave Holland realiza no próximo dia 27 de Outubro uma masterclass no âmbito da licenciatura em Jazz da Universidade Lusíada de Lisboa.
Local e Data: Auditório 1; 27 de Outubro, 18 horas.
Preço: grátis para alunos da U. Lusíada, Escola do Hot Clube, JbJazz Clube e Escola Sons e Compassos. 10 euros para restantes participantes.
Realiza-se hoje, 12 de Outubro, pelas 21h30, no Centro Cultural de Cascais, um evento de homenagem a António José de Barros Veloso, pianista de Jazz amador e distinto médico e autor de vários livros na área da ciência médica e azulejaria. O "pretexto" da homenagem são os 80 anos de idade de Barros Veloso e os seus 60 anos ao serviço do Jazz, quer como músico, quer como médico de inúmero...s músicos.
O espectáculo tem a forma de jam-session e nele participam, entre outros, André Sousa Machado, Bernardo Moreira, Carlos Barretto, David Ferreira, Diogo Moreira, Diogo Vida, Edgar Caramelo, Gualdino Barros, Joana Espadinha, João Hasselberg, João Maló, João Moreira, Jumbo, Maria Anadon, Maria Emauz, Maria Viana, Mariana Norton, Marta Hugon, Pedro Moreira e Rão Kyao.
A organização do evento é do blogue Jazz no País do Improviso e a entrada é livre porque o espírito é de festa já que Barros Veloso foi nos anos 40/50 um dos primeiros pianistas portugueses do Jazz moderno.
Peter Bernstein,um dos maiores guitarristas da actualidade, apresenta quatro concertos inéditos em Portugal, acompanhado por Santos/Melo Quartet, nas seguintes datas:
[13 Out] Lisboa – OndaJazz, às 22h30 concerto único Aula aberta no Hot Clube de Portugal (Escola) dia 13 de Outubro das 15h00 às 17h.
[14 Out] Aveiro – Teatro Aveirense, às 21h30
[15 Out] Tondela – ACERT, às 21h30
[16 Out] Bragança – Cineteatro, às 21h20 encerramento Douro Jazz
Peter Bernstein é um dos mais influentes guitarristas da actualidade. Como líder ou “sideman”, partilhou o palco com músicos como Brad Mehldau, Sonny Rollins, Joshua Redman, Diana Krall e Jim Hall, entre muitos outros.
O Santos/Melo Quartet é formado pelo pianista Filipe Melo e o guitarrista Bruno Santos, criado com o intuito de acompanhar lendas do jazz internacional que se deslocam ao nosso país. Nos últimos anos, este grupo acompanhou nomes como Donald Harrison, Jesse Davis, Paulinho Braga, Sheila Jordan & Herb Geller (ambos por iniciativa deste blogue) e Martin Taylor.
Ficha Artística:
Peter Bernstein- Guitarra Filipe Melo (piano) Bruno Santos (guitarra) Bernardo Moreira (contrabaixo) Bruno Pedroso (bateria)
A não perder!
Peter Bernstein: guitarra
O premiado guitarrista Peter Bernstein, tem tocado na cena Jazz nova-iorquina por mais de uma década. Com apenas 31 anos estabeleceu-se não apenas como um líder consagrado, mas também como um acompanhador de excelência e compositor talentoso.
Peter Bernstein começou os seus estudos de piano aos 8 anos e aos 13 anos já começara a tocar guitarra, estudando por si e tocando de ouvido. Desde sempre um músico empenhado e diligente, compondo as suas próprias melodias, ainda nos tempos de liceu compôs para várias espectáculos. Estudou música jazz na Rutgers University tendo como professores mais influentes Ted Dunbar e Kenny Barton.
Sendo também diplomado na The New School em Nova Iorque, teve oportunidade de estudar com Jim Hall, que veio a tornar-se um dos seus mentores mais influentes. Em 1990, Jim Hall convida Peter para se juntar a ele para um concerto no JVC Festival. Desta colaboração resultou uma gravação para a editora Music Masters e a oportunidade de continuarem a tocar juntos em muitas outras ocasiões, incluindo uma tour pela Europa, em 1994.
Peter Bernstein já integrou numerosas formações com músicos notáveis do Jazz, tanto em estúdio como ao vivo. Como músico acompanhador a sua discografia ultrapassa os 30 discos e já trabalhou com Joshua Redman, Lou Donaldson, Jim Hall, Tom Harrell, Joe Lovano, Roy Hargrove, Larry Goldings, Maceo Parker, Javon Jackson, Lee Konitz, Walt Weiskopf, Jack McDuff, Charles Earland, Dr. Lonnie Smith e Eric Alexander outros. Até à data, Peter conta já com 4 discos gravados em nome próprio, nos quais figuram, entre outros, Jimmy Cobb, Greg Hutchinson, Brad Mehldau, Larry Goldings, Blly Drummond, e Bill Stewart.
Peter Bernstein ficou conhecido pelo seu estilo melódico, espírito bluesy e som caloroso. O seu estilo é influenciado por grandes mestres como Wes Montgomery, Grant Green, Kenny Burrell, Charlie Christian e Jim Hall. Actualmente, Peter é simultâneamente membro de formações como Jimmy Cobb’s Mob, the Lou Donaldson Quartet, The Melvin Rhyne Trio, e um trio com Larry Goldings e Bill Stewart e toca frequentemente nos mais importantes festivais de Jazz.
Filipe Melo: piano
Filipe Melo optou por se dedicar ao piano aos 15 anos, ficando desde cedo interessado no jazz e na improvisação. Desde então, a sua vida é dedicada à música e ao cinema, tendo tocado com a maioria dos músicos de jazz portugueses. Estudou no Hot Clube de Portugal e no Berklee College of Music em Boston. Foi vencedor do prémio Villas-Boas e do prémio revelação do site JazzPortugal em 2001.
É também professor e arranjador, tendo trabalhado ou tocado com músicos e grupos como Donald Harrison Jr., Jesse Davis, Sheila Jordan, Paulinho Braga, Swingle Singers, Martin Taylor, Perico Sambeat, Herb Geller, Orquestra de Jazz do Hotclube, Orquestra Metropolitana, entre muitos outros. Conta com mais de 12 discos gravados, entre trabalhos como líder e colaborações.
Actualmente, é membro da direcção do Hot Clube de Portugal. Ensina Piano e Harmonia na Universidade de Évora e na Universidade Lusíada e mantém a agenda ocupada a tocar com diferentes grupos e a preparar novos projectos em várias áreas.
Bruno Santos: guitarra
Bruno Santos inicia os seus estudos musicais aos 17 anos ainda residente no Funchal. Aos 19 anos passa a residir em Faro onde frequenta o Conservatório de Faro e paralelamente tem aulas particulares com Zé Eduardo, contrabaixista e antigo director da escola do Hot Clube de Portugal. Ingressa no Hot Clube de Portugal em Fevereiro de 1998. Actua regularmente em vários clubes. Participou em vários festivais de Jazz, tais como: Coimbra, Évora, Tomar, Funchal, Angra do Heroísmo, Sevilha, Festa do Jazz (São Luiz), entre outros. Em Fevereiro de 2000 começa a dar aulas no HCP, onde ainda se mantém com o cargo de director pedagógico.
Hoje partilhamos uma curiosa definição do que se entendia por Jazz nos tempos da I República.
"O «Jazz-Band» é um tipo de orquestra de origem americana, proveniente dos pretos, caracterizado pelo ritmo sincopado da sua música, pela improvisação e pelo escorregamento de um tom no outro e ainda pelo emprego original dos instrumentos de percussão que formam a bateria".
Nada mal, considerando que nesta década contavam-se pelos dedos de uma mão as pessoas que em Portugal saberiam algo concreto e correcto sobre o que era o Jazz.
A autoria da frase, que data de 1926, é de Correia dos Santos, jornalista e crítico de arte que foi porventura o primeiro português a escrever com conhecimento de causa sobre esta música. Conhecia inclusivamente alguns dos músicos, como o baterista Benny Peyton, o que é notável para uma época em que os solistas eram totalmente ignorados e desconhecidos pois o seu nome não figurava sequer nos discos de 78 rpm.
Foi preciso esperar 20 anos, até 1946, para que surgisse na imprensa portuguesa outra pessoa com tantos (e, obviamente, muito maiores) conhecimentos sobre o que é o Jazz. Obviamente, Luís Villas-Boas.
O Glória Live Music Club é palco, às terças-feiras, de uma noite onde a música se intercala com histórias, experiências e memórias sob o conceito de Storytellers.
No próximo dia 12 de Outubro, pelas 23h00, Maria Anadon apresenta em primeira mão novos temas a incluir no novo trabalho que grava em breve depois de regressar de Goa.
O espectáculo conta com Maria Anadon (voz), Victor Zamora (piano), Nelson Cascais (contrabaixo) e Marcelo Araújo (bateria).
...aqui ficam algumas das condições que o Ministério da Educação Popular definiu, durante o Governo de Hitler, para a atribuição de licenças para espectáculos de música de dança.
DEPARTMENT OF POPULAR EDUCATION AND ART
Conditions Governing the Grant of Licenses for Dance Music
NEGROID: Belonging to a Negro race. This includes the African Negroes (and also those living outside of Africa), also Pygmies, Bushmen and Hottentots. NEGRITO: In the wider sense of the term, the short-statured, curly or frizzy-haired, dark-skinned inhabitants of Southeastern Asia, Melanesia and Central Africa.
1. Music: The Embargo on Negroid and Negrito Factors in dance Music and Music for Entertainments.
2. Introduction: The following regulations are intended to indicate the revival of the European spirit in the music played in this country for dances and amusements, by freeing the latter from the elements of that primitive Negroid and/or Negrito music, which may be justly regarded as being in flagrant conflict with the Europeon conception of music. These regulations constitute a transitory measure born of practical considerations and which must of necessity precede a general revival.
3. Prohibition: It is forbidden to play in public music which possesses to a marked degree characteristic features of the method of improvisation, execution, composition and arrangement adopted by Negroes and colored people. It is forbidden in publications, reports, programs, printed or verbal announcements, etc.:
(a) to describe music played or to be played with the words "jazz" or "jazz music."
(b) to use the technical jargon described below, except in reference to or as a description of the instrumental and vocal dance music of the North American Negroes.
Exceptions may Be permitted where such music is intended for a strictly scientific or strictly educational purpose and where such music is interpreted by persons having two or more Negroid or Negritic grandparents.
4. Descripton of The Main Characteristic Features of the Above-Mentioned Music which Differ from the European Conception of Music: The use of tonally undefined mordents, Ostentatious trills, double-stopping or ascendant glissandi, obtained in the Negro style by excessive vibrato, lip technique and/or shaking of the musical instrument. In jazz terminology, the effects known as "dinge," "smear" and "whip." Also the use of intentional vocalization of an instrumental tone by imitating a throaty sound. In jazz terminology, the adoption of the "growl" on brass wind instruments, and also the "scratchy" clarinet tone. Also the use of any intentional instrumentalization of the singing voice by substituting senseless syllables for the words in the text by "metalizing" the voice. In jazz terminology, so-called "scat" singing and the vocal imitation of brass wind instruments.
Also the use in Negro fashion of harshly timbered and harshly dynamic intonations unless already described. In jazz terminology, the use of "hot" intonations. Also the use in Negro fashion of dampers on brass and woodwind instruments in which the formation of the tone is achieved in solo items with more than the normal pressure. This does not apply to saxophones or trombones.
Likewise forbidden, in the melody, is any melody formed in the manner characteristic of Negro players, and which can be unmistakably recognized.
5. Expressly Forbidden: The adoption in Negro fashion of short motifs of exaggerated pitch and rhythm, repeated more than three times without interruption by a solo instrument (or soloist), or more than sixteen times in succession without interruption by a group of instruments played by a band. In jazz terminology, any adoption of "licks" and "riffs" repeated more than three times in succession by a soloist or more than sixteen times for one section or for two or more sections. Also the exaggeration of Negroid bass forms, based on the broken tritone. In jazz terminology, the "boogie-woogie," "honky tonk" or "barrelhouse" style.
6. Instruments Banned: Use of very primitive instruments such as the Cuban Negro "quijada" (jaw of a donkey) and the North American Negro "washboard." Also the use of rubber mutes (plungers) for wind brass instruments, the imitation of a throaty tone in the use of mutes which, whether accompanied by any special movement of the hand or not, effect an imitation of a nasal sound. In jazz terminology, use of "plungers" and "Wah Wah" dampers. The so-called "tone color" mutes may, however, be used.
Also the playing in Negro fashion of long, drawn-out percussion solos or an imitation thereof for more than two or four three-time beats, more frequently than three times or twice in the course of 32 successive beats in a complete interpretation. In jazz terminology, "stop choruses" by percussion instruments, except brass cymbals. There is no objection to providing a chorus with percussion solos in places where a break could also come, but at not more than three such places.
Also the use of a constant, long drawn-out exaggerated tonal emphasis on the second and fourth beats in 4/4 time. In jazz terminology, the use of the long drawn-out "off beat" effect.