31 de agosto de 2007

Sue Mingus contra a pirataria de CDs

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Sue Mingus, viúva de Charles Mingus, tem mantido desde há alguns anos uma acesa campanha contra a pirataria de discos deste original e importante criador do Jazz.

Em 1991, numa deslocação a Paris, Sue envolveu-se mesmo num incidente quando ao visitar uma loja de dicos se deparou com alguns registos pirata de Charles Mingus e decidiu levá-los sem pagar, alegando que os músicos não tinham de igual forma sido pagos. Mais tarde editou estes mesmos discos através da sua editora, a Revenge Label (designação que não podia ser mais apropriada), vendendo-os abaixo do preço dos pirateados.

A referida campanha passa também pelo site oficial de Charles Mingus, no qual são listados os vários discos pirateados e se incentivam as lojas a não os comercializar.

30 de agosto de 2007

Ella Fitzgerald: Love Letters

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Voltamos hoje a falar de Ella Fitzgerald, no ano em que se celebra o 90.º aniversário do seu nascimento, para dar conta de mais uma edição inédita, o que é sempre uma boa notícia.

Com efeito, para celebrar este evento a editora Concord (do grupo Universal Music), em parceria com a rede de lojas Starbucks, editou o CD Love Letters From Ella, registo em que aquela que foi uma das maiores vozes do século XX surge acompanhada por Count Basie, Joe Pass, Andre Previn e a London Symphony Orchestra.

Ao todo são assim editadas 10 faixas inéditas oriundas das "caves" da editora Pablo (para a qual Ella gravou entre 1972 e 1989, contratada por Norman Granz), datando as mais antigas de 1973.

1. "Please Don’t Talk About Me When I’m Gone" (c/Count Basie and his Orchestra)
2. "Cry Me a River" (c/ The London Symphony Orchestra)
3. "You Turned the Tables on Me"
4. "I’ve Got the World on a String" (c/ The London Symphony Orchestra)
5. "Witchcraft"
6. "My Old Flame" (c/ The London Symphony Orchestra)
7. "The One I Love" (c/ Joe Pass)
8. "Take Love Easy" (c/ The London Symphony Orchestra)
9. "Our Love is Here to Stay" (c/ Andre Previn)
10. "Some Other Spring" (c/ Count Basie and his Orchestra)

Este material, que esteve esquecido durante mais de 30 anos, foi "desenterrado" por Gregg Field, músico que acompanhou Ella à bateria durante os anos 80 e sabia da sua existência, participando em 8 das 10 faixas destas Love Letters from Ella.

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O CD abre com "Please Don't Talk About Me When I'm Gone", um clássico do swing que casa (sempre casou) bem com a voz de Ella e que surge aqui com arranjo de Benny Carter para a orquestra de Count Basie. Segue-se "Cry me a river", uma balada interpretada com a London Symphony Orchestra e que é para nós um dos temas mais interessantes e cativantes deste projecto, tal a a prestação de Ella e a sua ligação com a referida orquestra. A este nível elevado parecem-nos ainda "You turned the tables on me", "The One I Love", em dueto com o virtuoso gutiarrista Joe Pass, "Take Love Easy", com Joe Pass e a London Symphony Orchestra, e "Our love is here to stay", com o piano de Andre Previn (num acompanhamento bem conseguido e sempre presente de forma criativa e swingante) e o contrabaixo de NHOP.

A edição deste registo, e de outros saídos das "caves" das editoras, tem levantado algum debate entre os fãs e os especialistas, uns argumentando que não trazem nada de novo e se estavam a ganhar pó isso devia-se aos artistas na época não terem ficado plenamente satisfeitos com o resultado final, e outros afirmando que não só são documentos históricos, como a qualidade sonora e de interpretação é bem melhor do que muito do que se produz actualmente.

Se é verdade que alguns destes registos nada trazem de novo (o que não é o caso de uma colecção que em breve aqui apresentaremos!) e nem sequer são discos essenciais na carreira dos músicos em causa, não podemos contudo senão concordar com os argumentos deste últimos (sempre que a qualidade da obras editadas seja de facto um facto), sendo pois óbvios defensores da edição do material inédito existente nas prateleiras das editoras, tal como o próprio Miles Davis o era em relação aos seus trabalhos cativos na Columbia/Sony, como deixou bem claro na sua autobiografia.

"Just don't give up on trying to do what you really want to do". "Where there is love and inspiration, I don't think you can go wrong".

Ella Fitzgerald

29 de agosto de 2007

Clark Terry e Red Mitchell: gigantes em diálogo

Clark Terry (1920) e Red Mitchell (1927/1992), dois músicos de grande relevo no Jazz, encontraram-se em palco, em dúo, na Alemanha, em 1987, interpretando no seguitne vídeo o clássico tema "It Don't Mean A Thing If It Ain't Got That Swing", de Duke Ellington.

Vale a pena ver e ouvir e lembrar especialmente Red Mitchell (por ser menos conhecido e por já ter desaparecido do mundo dos vivos), com a sua sonoridade inconfundível no contrabaixo, ele que por volta deste mesmo ano de 1987 deu um fabuloso workshop no Hot Clube de Portugal.

Jazz em Agosto visto por Joaquim Mendes

JNPDI! divulga hoje uma reportagem fotográfica do Jazz em Agosto 2007, cortesia do fotógrafo Joaquim Mendes e da Fundação Calouste Gulbenkian.

A ambos os nossos agradecimentos.


Create Your Own

28 de agosto de 2007

Daniel Hewson: jazzman inglês em Lisboa

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Conhecemos casualmente Daniel Hewson, num destes dias de Verão, num jantar informal em casa da cantora Maria Viana. Natural de Inglaterra, onde recebeu uma sólida formação clássica, Hewson encontra-se presentemente a residir em Lisboa, ocasião para conhecermos o seu percurso musical, para sabermos, de boa fonte, qual o panorama do "som da surpresa" neste país e, já agora, onde se pode ouvir bom Jazz. Aqui fica, pois, a inesperada entrevista.

JNPDI: Why did you decide to come to Portugal?

Daniel Hewson: I have been living in London for 12 years, working as a musician. Having collaborated with many musicians over there, I wanted to find time to focus on my own projects. Then an opportunity presented itself to move to Portugal and I decided a change of scene would be an inspiration to me. I have always been inspired by the culture of the Iberian peninsula, and moving here has been a revelation, a return to simple values. Portugal has been an inspiring change for me and my head is full of new ideas.

JNPDI: As far as I know you had a classical training. How did you get interested in jazz?

DH: I grew up in a musical household; my mother is a classical pianist and my father a jazz guitarist and composer. So my early musical influences were Chopin nocturnes in one ear and Miles Davis in the other! My musical education was purely classical; I took piano and composition lessons and played trombone in the National Youth Orchestra where I got to know the classical repertoire of composers such as Ravel, Bartok and Stravinsky. I had been improvising at the piano from a very early age and the composer in me was keen to explore new musical territory. When a cellist from the orchestra lent me a couple of jazz piano books, I was hooked! I found a whole new harmonic and rhythmic language with which to express myself, but one that drew from sources I knew well, such as the music of Ravel. The freedom and creative possibilities of jazz were more appealing to me than the discipline of practising to be a classical performer.

JNPDI: Being at ease both on classical and jazz music how do you consider yourself: a classical musician that plays jazz or a jazz musician that plays classical?

DH: I really don't know, I have often asked myself that question. There is obviously a distinction in terms of the language and discipline of classical music and jazz. But I have felt at home with both languages for so long that it's difficult to make a distinction. I think being primarily a composer I would consider myself a jazz musician that has his roots in classical music. For me it's all about improvisation. The technique to play an instrument should be the same regardless of the musical style.

JNPDI: What are your references in the jazz piano?

DH: The first big influence for me was my father's recordings of Bill Evans. He was an absolute master and for me he defined modern jazz piano. Bud Powell and Herbie Hancock are towering figures, and Art Tatum and Errol Garner astonish me in terms of their sheer virtuosity. Keith Jarrett, Brad Meldhau and John Taylor are big influences at the moment.

JNPDI: What do you want to accomplish in music?

DH: I want to focus on composition, writing larger-scale projects. I have a commission to compose a concerto for the German pianist Andreas Boyde, with orchestra and integrated big band. Ultimately I would like to write scores for film, theatre and dance companies. I see composition as a craft, a slow process of writing and refining. It can take a week to compose ten minutes of perfect music, whereas a ten minute jazz improvisation takes ten minutes to create! However I still love playing and I want to continue to perform and record jazz, focussing on my own group where I can try out new compositional ideas.

JNPDI: Where do you see yourself musically in 10 years?

DH: I would like to be composing more, but still performing. I would like to be writing film scores, ballet scores, concert works and piano pieces. At the same time, I would be happy doing a gig with my quartet in a jazz club - it's all about balance for me.

JNPDI: What about expectations for this stay in Portugal?

DH: Lisbon is an inspiring place to live for a musician, with its mixture of trends and dynamic cultural events. I also want to draw on my experiences of the Portuguese countryside, the simple lifestyle and the warmth of the people there. I hope to collaborate with some of the excellent musicians living and working here. At the same time I hope also to initiate an exchange program with the British Council, to bring UK jazz musicians over to Portugal on a cultural exchange. I think we have much to learn from each other's culture.

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JNPDI: You are releasing a classical CD by the end of this year. What about a Jazz CD? Tell us about both projects.

DH: The classical CD is my debut album of original compositions, to be released on Music Chamber Records.There are pieces for string quartet, piano quintet, cello and piano, and piano solo. I am be travelling back to the UK soon to finish recording, and the album launch will be in November, at Leighton House in London. I'm very excited about it! The jazz CD is also based around my compositions, and features some wonderful musicians; the multi-instrumentalist Charlotte Glasson, Jonny Gee on bass and Eduardo Marques on drums. We will be returning to the studio to finish the album off and I hope to release it on 33 Records in the UK.

JNPDI: Is it easy to become a jazz musician in England?

DH: Yes, provided you play! There are great opportunities for music education in the UK and the level of jazz education has improved immensely in the last 20 years. Now aspiring young musicians can benefit from an early exposure to jazz and improvisation at a young age. There are the youth jazz orchestras, diplomas and post-graduate course in jazz. I was working at Westminster School running a junior jazz project, arranging and directing a jazz ensemble for the kids. One of my top students just gained a place to study jazz piano at Royal Holloway College. The possibilities are endless and it's very encouraging to see the new generation of musicians emerging. The level of performance in England is high, and the scene is quite dynamic and competitive. It's easy to become a jazz musician, it's not necessarily so easy to make a living as one!

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Soweto Kinch

JNPDI: How would you describe the British Jazz scene?

DH: Very healthy. There are a lot of exciting bands around and many up and coming artists working along side established ones. In the big cities, particularly London,there are musicians from all over the world - Europe, USA, South America and the Carribean. You find musical influences from the Afro-Carribean, Cuban, Brazillian and Balkan musicians, from Hip-Hop and R&B artists. It all goes into the big stylistic melting-pot that is the UK jazz scene. Soweto Kinch is one example; a London based saxophonist who's music is a mixture of jazz and hip-hop elements. There is my friend Idris Rahman's band Soothsayers, a jazz/afro-beat crossover project.

JNPDI: Which British jazz musicians do you think will achieve some importance in the jazz community worldwide?

DH: There are a lot of rising artists that I think will break into the worldwide jazz scene. There are a lot of rising stars and it's always hard to know which will break through. The Neil Cowley Trio, fresh from winning BBC jazz award album of the year 2007, looks set to do very well. Pianists Zoe Rahman and Gwylim Simcock are releasing great albums of original compositions that cross the boundries between jazz, classical and world music. Saxophonist Jason Yarde is making a good name for himself on the inernational scene, and saxophonist Soweto Kinch and trumpeter Abram Wilson make regular appearances at the top jazz festivals in the UK, where they can build an international profile.

JNPDI: Where in London can a reader of this blog listen to good Jazz? Any suggestions?

DH: You have the established venues, such as Ronnie Scott's and Pizza Express Dean Street for the big international names. Good venues to see UK jazz talent are 606 Club in Chelsea, the Vortex Jazz Bar in Dalston and the Spice of Life, Soho. There are also loads of great jazz festivals throughout the year, like the Brecon festival in Wales, the Ealing Jazz festival and the Soho Jazz Festival. There are a always great sessions going on in the back rooms of pubs, like my old local venue the Effra Tavern in Brixton. And there are the free foyer concerts at the Festival Hall and the Barbican. My advice to anyone travelling to London is to get hold of a copy of "Jazz in London", a monthly brochure detailing what's going on where and when.


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26 de agosto de 2007

We All Love Ella Fitzgerald

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Para assinalar os 90 anos do nascimento de Ella Fitzgerald (1917/1996) a editora Universal Music (herdeira do catálogo da Verve, para onde Ella gravou durante mais de uma década e onde lançou os seus mais importantes registos) lançou no mercado um disco de homenagem a esta grande voz do jazz, inegavelmente uma das mais impressionantes e marcantes do século XX. Basta dizer que ao longo da sua carreira conquistou 13 Grammy e vendeu mais de 40 milhões de albums...

We All Love Ella: Celebrating the First Lady of Song reúne algumas das mais importantes vozes da actualidade, as quais gravaram as suas interpretações de temas clássicos do repertório de Ella. Entre estas contam-se Natalie Cole, Chaka Khan, Queen Latifah, Diana Krall (com Hank Jones no piano), Dianne Reeves, Lizz Wright, Ledisi, Linda Ronstadt, Galdys Knight, Etta James, kd. Lang, Michael Bublé, Dee Dee Bridgewater e Nikki Yanofsky. Também Stevie Wonder se associou a esta iniciativa, mas através da edição de um tema - "You are the sunshinhe of my life" - gravado ao vivo em Nova Orleães, em 1977, em dueto com a própria Ella, aqui editado pela primeira vez.

O resultado é um CD diversificado e interessante no seu todo, contando com um dueto entre Natalie Cole e Chaka Khan (em "Mr. Paganini"), não sendo exagerado afirmar que praticamente todas as vozes presentes acabam por conseguir algum género de ligação a Ella, cuja memória se mantém assim presente apesar da evidente diferença de estilos entre estas e do seu também diferenciado percurso musical.

A grande surpresa neste CD acaba por ser a voz de Nikki Yanofsky, uma muito jovem (13 anos!!) cantora natural do Canadá que se estreia aqui em disco e que tão bem consegue no tema "Airmail Special" evocar o "swingante" scat singing de Ella Fitzgerald. Duvidamos qus os mais devotos admiradores de Ella não fiquem com um sorriso rasgado depois de a ouvir e de escutar a forma como esta repete até as notas agudas características de Ella e algumas passagens das muitas improvisações que os seus discos registaram para a posteridade, quase como que numa retrospectiva dos recursos da First Lady of song, chegando mesmo a "citar" a sua versão de "Air Mail Special" no Festival de Newport de 1957. A sua voz, de resto, por via da sua juventude, lembra a voz de Ella na fase inicial da sua carreira, nos anos 40/50.

Para uma melhor apreciação desta nova voz aqui fica um clip de vídeo de Nikki Yanofsky, precisamente no tema "Airmail Special":



E agora aqui fica a versão deste mesmo tema por Ella Fitzgerald (em 1961), acompanhada ao piano por Oscar Peterson [nota: o primeiro tema é "Round Midnight"]:



Resta acrescentar que uma parte dos lucros da venda deste CD revertem para a fundação criada em 1993 por Ella Fitzgerald sobretudo para prestar assistência a crianças desfavorecidas.


Temas:

1 - A Tisket A Tasket
2 - Lullaby of Birdland
3 - The Lady Is A Tramp
4 - Dream A Little Dream Of Me
5 - (You'll Have To Swing It) Mr. Paganini
6 - Oh Lady Be Good
7 - Reaching For The Moon
8 - Blues In The Night
9 - Miss Otis Regrets
10 - Someone To Watch Over Me
11 - Do Nothin' Till You Hear From Me
12 - Angel Eyes
13 - Too Close For Comfort
14 - You Are The Sunshine Of My Life - Live (1977/New Orleans)
15 - Cotton Tail
16 - Airmail Special

Não deitem fora os vossos discos de vinil e baquelite

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Temo-nos deparado ao longo da nossa pesquisa sobre a história do Jazz em Portugal com pessoas que nos dizem "ter-se livrado" dos seus discos de vinil, oferecendo-os a amigos ou simplesmente deitando-os fora.

Ora o vinil faz parte da história dos meios de reprodução musical do século XX (foi o principal meio de audição de música desde os anos 50 até aos 80, tendo sido precedido pelos célebres 78 rpm feitos em baquelite) e alguns destes discos são em si históricos e autênticas peças de museu, pelo que é sempre com tristeza que sabemos do seu desperdício.

Assim sendo pedimos aos leitores que possuam discos de Jazz em vinil ou em baquelite que já não pretendam que os ofereçam ou ao Hot Clube de Portugal ou a JNPDI!, blogue que, como se sabe, está empenhado em erguer em Portugal uma Casa do Jazz (que será basicamente um museu vivo do jazz, especialmente apostado em ajudar à educação musical das populações negras residentes nos bairros periféricos de Lisboa, na sua maioria arredadas da forma de arte que a sua raça construíu no século XX e excluídas do ensino da música), tendo vindo ao longo dos últimos anos a adquirir vários exemplares destes discos, especialmente os de baquelite, e também a receber importantes doações de amadores de jazz idosos que não encontram solução para o seu espólio. É para esta Casa do Jazz que irá também um dia a nossa colecção de discos, posters, fotografias, etc

Todos os interessados em colaborar neste projecto podem desde já escrever para joaomoreirasantos@gmail.com

25 de agosto de 2007

Jazz no Norte: regresso ao passado

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O dia de hoje foi um dia importante e proveitoso para a investigação que vimos realizando sobre a história do Jazz em Portugal no século XX

Com efeito, deslocámo-nos propositadamente ao Porto para recolher um importante testemunho sobre o desenvolvimento do Som da Surpresa no Norte do país, regressando a Lisboa com muita informação que desconhecíamos e que vem assim enriquecer o livro que esperamos publicar em 2009.

Um dos dados curiosos é o relativo "à disputa" que em 1948 se deu no Porto em torno da exclusividade do nome Hot Clube, o qual era desejado por dois programas radiofónicos de Jazz transmitidos por duas emissoras diferentes, que assim pretendiam seguir o exemplo do programa Hot Club iniciado em 1945 por Villas-Boas na então Emissora Nacional.

Serve este post, sobretudo, para convidar os leitores nortenhos (e não só) do JNPDI! que possuam documentos (fotografias, programas de concertos, bilhetes, etc) históricos do Jazz no Porto, em Guimarães, Matosinhos, Espinho ou Póvoa de Varzim a colaborar na nossa pesquisa, entrando em contacto connosco através do email: joaomoreirasantos@gmail.com

Há sobretudo uma grande escassez de fotografias, pelo que qualquer imagem de eventos de Jazz realizados no Norte (e já agora também no Centro) até final do século XX será muito bem-vinda.

Aaron Goldberg no top 10

É com satisfação que vemos no top 10 do site AllAboutJazz a entrevista que realizámos ao pianista Aaron Goldberg.

O mérito é, obviamente, por inteiro deste músico, um dos mais talentosos da sua geração.

Top 50 Most Read Articles in the last 30 days

1. An Open Letter to Keith Jarrett
2. John Abercrombie: All About the Sound
3. Rick Parker: Finding His Own Space
4. Orrin Keepnews: Classic Producer of Classics
5. Tragicomic Tones in Turkmenistan
6. Aaron Goldberg: Growing as a Band Leader
7. Ryan Keberle: Something Speaking
8. 2007 North Sea Jazz Cruise Day 8: School Daze With McCoy Tyner, Amateurs And A 'Ship Pianist'
9. 2007 North Sea Jazz Cruise Days 9-12: Land-ho! Causing Waves At The Festival
10. Rudresh Mahanthappa: Between Kadri and Coltrane

Miles Davis: Ascensor para o Cadafalso

Em 1957 Louis Malle realizou o filme Ascenseur pour l'échafaud (estreado em 1958) e por sugestão de Marcel Romano recorreu a Miles Davis para a respectiva banda sonora, que se rodeou então de uma banda composta por Barney Wilen, René Urtreger, Pierre Michelot e Kenny Clarke.

Para uma maior identificação com o argumento os temas foram gravados de noite e enquanto o filme era projectado em tela.



Já agora é curioso ver o título que este filme recebeu em vários países:

Ascensor para el cadalso (Argentina / Chile / Espanha / Uruguai)
Fahrstuhl zum Schafott (Áustria / RFA)
Vytah na popraviste (Checoslováquia)
Asanser gia dolofonous (Grécia)
Ascensor Para o Cadafalso (Brasil)
Ascensor cap al cadafal Spain (Espanha/Catalão)
Ascensor pentru esafod (Roménia)
Ascensore per il patibolo (Itália)
Elevator til skafottet (Dinamarca)
Felvono a verpadra (Hungria)
Fim-de-Semana no Ascensor (Portugal)
Frantic (EUA)
Heisen til skafottet (Noruega)
Hiss till galgen (Suécia)
Hissillä mestauslavalle (Finlândia)
Idam sehpasi (Turquia)
Lift to the Scaffold (Reino Unido)
Winda na szafot (Polónia)

24 de agosto de 2007

Jazz em Oeiras em Setembro

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Em Setembro realiza-se mais um Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras, a decorrer no Auditório Municipal Eunice Muñoz, nos dias 21, 22 e 28 e 29.

21 de Setembro - Quarteto de André Fernandes
André Fernandes (guitarra)
Mário Laginha (piano e Fender Rhodes)
Nelson Cascais (contrabaixo)
Alexandre Frazão (bateria)

22 de Setembro - Steve Wilson Quartet (EUA)
Steve Wilson (sax alto e flauta)
Dany Grissett (piano)
Ed Howard (contrabaixo)
Adam Cruz (bateria)

28 de Setembro - Human Feel (EUA)
Andrew d'Angelo (sal alto e clarinete baixo)
Chris Speed (sax tenor e clarinete)
Kurt Rosenwinkel (guitarra)
Jim Black (bateria)

29 de Setembro - "7 Black Butterflies" Drew Gress Quintet (EUA)
Ralph Alessi (trompete)
Tim Berne (sax alto)
Craig Taborn (piano)
Drew Gress (contrabaixo)
Tom Rainey (bateria)

23 de agosto de 2007

Ahmad Jamal no CCB em Novembro

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O mítico pianista Ahmad Jamal regressa a Lisboa no próximo dia 13 de Novembro, para um concerto no grande auditório do CCB, acompanhado por James Cammack (contrabaixo) e Idris Muhammad (bateria).



Herdeiro da tradição pianística criada por Nat King Cole, Ahmad Jamal soube desenvolver um estilo muito peculiar: da riqueza harmónica da mão esquerda a servir de base, à excelente improvisação da mão direita, tendo sempre presente a subtil utilização do espaço e do silêncio, Ahmad Jamal é hoje considerado um dos pianistas históricos do jazz moderno.

PREÇOS:

1ª PLATEIA E CAMAROTES CENTRAIS: 30€
2ª PLATEIA E CAMAROTES LATERAIS: 27,50 €
LATERAIS: 25€
1º BALCÃO: 22,50 €
BALCÃO LATERAL: 20€
2º BALCÃO: 17,50 €
GALERIAS: 10€

Produção: CCB Agenciamento: Paulo Gil – MPG Musica


Modern Jazz Quartet

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Recordamos hoje um dos grupos mais importantes na história do jazz: o Modern Jazz Quartet.

Luís Villas-Boas descreveu assim este conjunto nos anos 60, no programa radiofónico Hot Club (ver livro "O Jazz Segundo Villas-Boas"):

«O discutido M.J.Q., como é conhecido entre os amdores, compõe-se (…) de John Lewis – director e piano, Milt Jackson – vibrafone, Percy Heath – contrabaixo, e Connie Kay – bateria. Conjunto de "avant garde", a sua contribuição ao jazz tem sido muito discutida pois se para uns a sua tendência para criar uma ponte entre o jazz e a música clássica é considerada como um grande progresso, outros mais ortodoxos acham que essa atitude nada de novo trouxe ao jazz nem à música clássica, pois trata-se de duas linguagens musicais distintas, com características próprias que as definem e identificam».




21 de agosto de 2007

Count Basie: 103.º aniversário



Se fosse vivo, Count Basie completaria hoje 103 anos. Por ser um dos gigantes do Jazz queremos aproveitar esta oportunidade para o recordar e para tal utilizaremos as palavras de Luís Villas-Boas - que o conheceu pessoalmente e o trouxe a Portugal em 1956 - tal como publicadas no livro "O Jazz Segundo Villas-Boas".

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Basie, natural de Red Bank, New Jersey, fez parte entre outras, da orquestra de Bennie Moten de Kansas. Depois do falecimento deste músico, em 1936, passou a dirigir esta formação. Em 1937, Benny Goodman descobriu-o no «Reno Club» de Kansas City, tendo-o convidado a gravar alguns números com o seu sexteto.

No ano seguinte estreava-se em Nova Iorque no famoso «Roseland Club» da Broadway. Em 1939, depois de ter feito parte como vedeta do famoso concerto do «Carnegie Hall» de Benny Goodman, a sua composição e tema de abertura da orquestra «One O'clock Jump» começou a desfrutar de enorme popularidade.

Nos anos que se seguiram, a orquestra de Basie desfilou nas mais famosas casas de espectáculo dos Estados Unidos, do «Café Society Uptown» em Nova Iorque [ao] «Sherman Hotel» de Chicago. Em 1942 e 1943 encontramo-lo em Hollywood onde tomou parte nos filmes: «Command Performance» «Reveille With Beverly», «Stage Door Canteen», «Mister Big», e «Crazy House».

Em 1946, a sua terra natal Red Bank resolveu homenageá-lo, criando um feriado especial em sua honra: «O dia de Count Basie».

Em 1950, resolveu tentar um conjunto pequeno em vez da orquestra grande que até aí dirigia. No entanto a experiência teve curta duração pois em 1951 reorganizava a sua grande formação com a qual o seu nome está sempre associado.

Em 1954, Count Basie com a sua orquestra, visita pela primeira vez a Europa. O seu sucesso foi extraordinário em todas as capitais do nosso continente. Apesar de já ter sido precedido por «tournées» de outras formacões em anos anteriores, a crítica foi unânime em considerar a orquestra de Basie como o melhor agrupamento musical que visitara a Europa até então.

Assim, após 20 anos dedicados ao Jazz, Count Basie obtinha o reconhecimento e aplauso geral a que tinha direito. Isso está bem patente no facto de ter a sua orquestra sido escolhida por um grupo de críticos mundiais seleccionados pela célebre revista de música americana «Down Beat» «como a melhor orquestra de Jazz de todo o mundo».

Muitas outras publicações americanas, por intermédio dos seus leitores, atribuíram um título idêntico a Count Basie, como o «Metronome» que a considerou a orquestra n.º 1 de 1956 dos Estados Unidos.

Classificação notável nestes famosos inquéritos, foi também a obtida pela sensacional revelação da presente orquestra de Basie, ou seja a do cantor Joe Williams, desconhecido há anos e em 1955 considerado pela «Down Beat» como a revelação do ano, título confirmado depois, quando Joe Williams foi novamente escolhido como o melhor cantor do momento dos Estados Unidos.
Estes não são troféus fáceis de adquirir, num país onde existem cerca de 250 mil músicos sindicalizados.


Count Basie, piano; Wardell Gray, tenor sax; Buddy DeFranco, clarinet; Clark Terry, trumpet.

Agora vejamos qual o fenómeno que provocou este, de certo modo tardio, mas justo reconhecimento do valor de Count Basie.

Como atrás dissémos ao traçar o panorama actual do jazz, este apresenta-se presentemente sobre três facetas distintas que correspondem a três períodos da sua história. Assim temos os representantes dos «Períodos Tradicional, Médio e Moderno», os quais têm os seus respectivos apreciadores. Estes, por circunstâncias diversas, às quais não é estranha uma certa influência da crítica, encontram-se divididos entre si, isto é, os apreciadores e cultores de um período, negam sistematicamente o valor dos outros e vice-versa.

Portanto, seria lógico, que Count Basie, uma orquestra fundamentalmente representativa do Período Médio, fosse criticada pelos apreciadores de jazz tradicional ou moderno. Mas tal não se verifica na realidade, pois Basie conseguiu uma unanimidade de apreciação de todos os três sectores, absolutamente sem igual até agora.

A razão de ser de tal facto, deve-se a que o «Count» soube manter vivo o verdadeiro espírito do Jazz Tradicional, mercê da sua espontaneidade e dum «relax» desconhecido das restantes formações grandes. Com o poderoso «Swing», das suas fantásticas secções de ritmo que lhe dá uma personalidade inconfundível e que nenhuma outra orquestra conseguiu até agora imitar e a sábia utilização do «Riff» (pequenas frases repetidas), o seu lugar no Período Médio (aliás o pemou), estava assegurado.

Mas Basie, numa prova de insatisfação, procurou estar sempre no «avant-garde» do jazz, como o demonstra a escolha dos músicos para a sua orquestra, Lester Young, Buck Clayton, Dickie Wells, Don Byas, Buddy de Franco, Paul Quinichette, Wardell Gray, a Frank Foster e Thad Jones. Outro factor a que se deve ligar a extraordinária popularidade de Basie nos Estados Unidos, não só da parte dos amadores de jazz, como do grande público, deve-se ao aparecimento do chamado «Rock and Roll», género que da América já chegou até ao nosso Continente.

O «R. & R.», popularizado através do célebre «Rok around the clock», do filme «Blackbord jungle» - «Sementes de violência», já existe, praticamente desde que existe o jazz, pois não é mais do que o «Rhythm and Blues», tipo de jazz simples mas de grande intensidade rítmica fortemente sincopado, que diversos músicos de jazz, e Basie em particular, utilizavam. Portanto, sendo Count Basie, um representante do genuíno «Rock and Roll», a sua aceitação pelo grande público ávido desta música, foi um acontecimento natural.

20 de agosto de 2007

Joe Lovano actua em Lisboa em Outubro

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O saxofonista Joe Lovano, que tocou em Julho no Estoril Jazz, integrado no SF Jazz Collective, regressa a Lisboa a 19 de Outubro, para um concerto na Aula Magna, acompanhado por James Weidman (piano), Dennis Irwin (contrabaixo) e Otis Brown III (bateria).


19 de agosto de 2007

Terence Blanchard: A Tale of God's Will

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Acaba de sair nos EUA o mais recente CD do trompetista Terence Blanchard, o terceiro que grava para a Blue Note.

A Tale of God's Will (A Requiem for Katrina), partiu da colaboração de Blanchard no documentário de Spike Lee (When the Levees Broke) sobre o furacão Katrina e seus efeitos em Nova Orleães, cidade natal deste músico.



Blanchard surge acompanhado neste trabalho por um quinteto composto pelo pianista Aaron Parks, o saxofonista Brice Winston, o baixista Derrick Hodge, o baterista Kendrick Scott e uma orquestra de cordas de 40 elementos.

Manuel Jorge Veloso lança O Sítio do Jazz

Depois de ter abandonado o Diário de Notícias, conforme aqui divulgámos, Manuel Jorge Veloso passa agora a relacionar-se com a comunidade jazzística a partir de um blog próprio: O Sítio do Jazz.

Este será certamente mais um interessante espaço de divulgação do "Som da Surpresa".

18 de agosto de 2007

As últimas lendas vivas do Jazz

São já pouco mais de 50 os grandes nomes do Jazz ainda vivos, entre septuagenários e octogenários. Os mais idosos são Hank jones e Marian McPartland (1918) e George Shearing (1919).

JNPDI! presta-lhes homenagem ao lembrá-los hoje neste post, entrando em linha de conta apenas com os músicos nascidos até ao final da década de 30.

Obviamente que de entre estes os que ficam realmente na história do Jazz resumem-se a uns 20: Ahmad Jamal, Cecil Taylor, Charles Lloyd, Chick Corea, Dave Brubeck, Freddie Hubbard, George Shearing, Horace Silver, Joe Zawinul, Johnny Griffin, Jon Hendricks, Lou Donaldson, McCoy Tyner, Ornette Coleman, Oscar Peterson, Quincy Jones, Sonny Rollins, Tony Bennett, Toots Thielemans e Wayne Shorter.

E destes 20 apenas pouco mais de meia dúzia podem ser considerados de facto uma lenda do Jazz: Dave Brubeck, Horace Silver, McCoy Tyner, Ornette Coleman, Oscar Peterson, Quincy Jones, Sonny Rollins e Wayne Shorter.

Abbey Lincoln (1930/...)

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Abdullah Ibrahim (1934/...)

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Ahmad Jamal (1930/...)

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Andrew Hill (1937/...)

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Archie Shepp (1937/...)

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Benny Golson (1929/...)

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Bob Brookmeyer(1929/...)

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Carla Bley (1938/...)

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Cecil Taylor (1929/...)

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Charles Lloyd (1938/...)

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Charlie Haden (1937/...)

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Chick Corea (1937/...)

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Clark Terry (1920/...)

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Curtis Fuller (1937/...)

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Dave Brubeck (1920/...)

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Frank Foster (1928/...)

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Frank Morgan (1933/...)

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Frank Wess (1922/...)

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Freddie Hubbard (1938/...)

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George Coleman (1935/...)

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George Russell (1923/...)

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George Shearing (1919/...)

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Hank Jones (1918/...)

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Helen Merrill (1930/...)

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Herb Ellis (1921/...)

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Herb Geller (1928/...)

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Horace Silver (1928/...)

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Jim Hall (1930/...)

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Jimmy Heath (1926/...)

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Jimmy Giuffre (1921/...)

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Joe Zawinul (1932/...)

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Johnny Griffin (1928/...)

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Jon Hendricks (1921/...)

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Kenny Burrell (1931/...)

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Lee Konitz (1927/...)

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Lou Donaldson (1926/...)

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Marian McPartland (1918/...)

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McCoy Tyner (1938/...)

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Nancy Wilson (1937/...)

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Ornette Coleman (1930/...)

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Oscar Peterson (1925/...)

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Phil Woods (1931/...)

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Quincy Jones (1933/...)

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Reggie Workman (1937/...)

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Ron Carter (1937/...)

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Roy Haynes (1926/...)

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Sam Rivers (1931/...)

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Sheila Jordan (1928/...)

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Sonny Rollins (1930/...)

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Tony Bennett (1926/...)

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Toots Thielemans (1922/...)

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Von Freeman (1922/...)

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Wayne Shorter (1933/...)

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