30 de agosto de 2007

Ella Fitzgerald: Love Letters

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Voltamos hoje a falar de Ella Fitzgerald, no ano em que se celebra o 90.º aniversário do seu nascimento, para dar conta de mais uma edição inédita, o que é sempre uma boa notícia.

Com efeito, para celebrar este evento a editora Concord (do grupo Universal Music), em parceria com a rede de lojas Starbucks, editou o CD Love Letters From Ella, registo em que aquela que foi uma das maiores vozes do século XX surge acompanhada por Count Basie, Joe Pass, Andre Previn e a London Symphony Orchestra.

Ao todo são assim editadas 10 faixas inéditas oriundas das "caves" da editora Pablo (para a qual Ella gravou entre 1972 e 1989, contratada por Norman Granz), datando as mais antigas de 1973.

1. "Please Don’t Talk About Me When I’m Gone" (c/Count Basie and his Orchestra)
2. "Cry Me a River" (c/ The London Symphony Orchestra)
3. "You Turned the Tables on Me"
4. "I’ve Got the World on a String" (c/ The London Symphony Orchestra)
5. "Witchcraft"
6. "My Old Flame" (c/ The London Symphony Orchestra)
7. "The One I Love" (c/ Joe Pass)
8. "Take Love Easy" (c/ The London Symphony Orchestra)
9. "Our Love is Here to Stay" (c/ Andre Previn)
10. "Some Other Spring" (c/ Count Basie and his Orchestra)

Este material, que esteve esquecido durante mais de 30 anos, foi "desenterrado" por Gregg Field, músico que acompanhou Ella à bateria durante os anos 80 e sabia da sua existência, participando em 8 das 10 faixas destas Love Letters from Ella.

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O CD abre com "Please Don't Talk About Me When I'm Gone", um clássico do swing que casa (sempre casou) bem com a voz de Ella e que surge aqui com arranjo de Benny Carter para a orquestra de Count Basie. Segue-se "Cry me a river", uma balada interpretada com a London Symphony Orchestra e que é para nós um dos temas mais interessantes e cativantes deste projecto, tal a a prestação de Ella e a sua ligação com a referida orquestra. A este nível elevado parecem-nos ainda "You turned the tables on me", "The One I Love", em dueto com o virtuoso gutiarrista Joe Pass, "Take Love Easy", com Joe Pass e a London Symphony Orchestra, e "Our love is here to stay", com o piano de Andre Previn (num acompanhamento bem conseguido e sempre presente de forma criativa e swingante) e o contrabaixo de NHOP.

A edição deste registo, e de outros saídos das "caves" das editoras, tem levantado algum debate entre os fãs e os especialistas, uns argumentando que não trazem nada de novo e se estavam a ganhar pó isso devia-se aos artistas na época não terem ficado plenamente satisfeitos com o resultado final, e outros afirmando que não só são documentos históricos, como a qualidade sonora e de interpretação é bem melhor do que muito do que se produz actualmente.

Se é verdade que alguns destes registos nada trazem de novo (o que não é o caso de uma colecção que em breve aqui apresentaremos!) e nem sequer são discos essenciais na carreira dos músicos em causa, não podemos contudo senão concordar com os argumentos deste últimos (sempre que a qualidade da obras editadas seja de facto um facto), sendo pois óbvios defensores da edição do material inédito existente nas prateleiras das editoras, tal como o próprio Miles Davis o era em relação aos seus trabalhos cativos na Columbia/Sony, como deixou bem claro na sua autobiografia.

"Just don't give up on trying to do what you really want to do". "Where there is love and inspiration, I don't think you can go wrong".

Ella Fitzgerald


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