29 de junho de 2010

Estoril Jazz arranca sexta-feira com cartaz de luxo

Quando na próxima sexta-feira arrancar, agora no Casino Estoril, a XXIX edição do festival Estoril Jazz escrever-se-á mais uma importante página na notável história do Jazz em Cascais e em Portugal. É que o cartaz é dos melhores de sempre e além disso suficientemente variado para permitir que diferentes públicos usufruam de uma excelente amostra de alguma da melhor música que se faz presentemente no mundo.

Senão vejamos o que se passa só nesta primeira semana de duas...


2 JULHO: 22h00
Renee Rosnes Quarteto

02_054_depth1.jpg

Renee Rosnes - piano
Steve Nelson - vibrafone
Peter Washington - contrabaixo
Lewis Nash - bateria

Canadiana de nascimento mas há anos radicada nos EUA, Renee Rosnes é uma das mais talentosas pianistas do actual jazz moderno de raíz clássica e, para além de líder dos seus próprios grupos, tem sido membro influente das formações de outras personalidades reputadas, realizando digressões internacionais e participando ao longo dos anos em obras discográficas de músicos como Wayne Shorter e Joe Henderson, James Moody e Bobby Hutcherson, JonFaddis e a Carnegie Hall Jazz Band.

Tendo publicado mais de uma dúzia de discos em seu nome, alguns dos quais em editoras de prestígio como a Blue Note, e recebendo por estas gravações vários Juno Awards – o equivalente canadiano dos célebres Grammy –, Renee Rosnes vem integrando mais recentemente o S.F. Jazz Collective, ao lado de grandes músicos como Joe Lovano, Joshua Redman, Miguel Zenón, Dave Douglas ou Nicholas Payton, entre outros, revelando-se então aos ouvidos de muitos (entre os quais os espectadores do Estoril Jazz 2007) como uma notável compositora para largos conjuntos instrumentais e arranjadora para obras de Thelonius Monk, Wayne Shorter e McCoy Tyner.

Hoje casada com o pianista Bill Charlap, com o qual forma um duo, Renee Rosnes prossegue uma carreira própria traduzida na presença em festivais um pouco por todo o mundo, tendo recentemente realizado gravações no Japão e editado um último disco, Black Narcissus, no qual presta homenagem à música do extraordinário saxofonista e compositor Joe Henderson e que tem, como sidemen, excelentes músicos há muito seus colaboradores, como os notáveis Peter Washington (contrabaixo) ou Lewis Nash (bateria) que, em conjunto com o original vibrafonista Steve Nelson, agora se apresentam a seu lado no palco do Estoril Jazz deste ano.


3 JULHO: 22h00
Grace Kelly Quinteto

gracekelly-724331.jpg

Grace Kelly - sax alto, tenor
Jason Palmer - trompete
Doug Johnson - piano
Evan Gregor - contrabaixo
Jordan Perlson - bateria

Outra surpreendente presença feminina no Estoril Jazz deste ano é a da saxofonista norte-americana Grace Kelly, nascida Grace Chung em Wellesley (Massachussets) e filha de pais coreanos mas cujo nome artístico (para além das insólitas associações de ideias que sempre provoca) não está entre os mais conhecidos quando hoje falamos dos músicos em relevo na cena internacional, o que é natural pois ainda vai nos 18 anos de idade.

Apesar de tudo, tendo desde muito cedo estudado música e praticado o saxofone, Grace foi-se inserindo no mundo do jazz que logo abraçou, revelando os seus talentos que vão muito além do da simples “menina prodígio” pois, a ser assim, dificilmente poderia ter já tocado ao lado de músicos mais jovens mas outros também com larga história, como Phil Woods, Hank Jones, Wynton Marsalis, Kenny Barron, Cedar Walton, Rufus Reid, Matt Wilson, Adam Rogers, Billy Hart, Ronnie Matthews ou Ray Drummond, para apenas citar alguns dos mais célebres e conhecidos, e ainda Lee Konitz, Jerry Bergonzi ou Allan Chase, estes últimos seus professores, tendo sido a mais jovem aluna a completar os Estudos de Jazz da New England Conservatory Prep School.

Além de actuar em clubes de jazz e de já ter participado em gravações discográficas, tocando toda a família de saxofones (excepto o barítono), Grace Kelly estuda presentemente composição, arranjo, flauta e piano e, para além do jazz, interessa-se pelo rock, pelo funk e pelos blues, formando o seu próprio quinteto com a participação de Doug Johnson (piano), Evan Gregor (contrabaixo), Jordan Perlson (bateria) e ainda Jason Palmer (trompete), o qual sem dúvida se destaca nos nossos dias como uma das mais firmes certezas do trompete moderno, em termos instrumentais e conceptuais.

3 JULHO: 23h59
Wallace Roney Quinteto

wallace%20roney.jpg

Wallace Roney - trompete
Antoine Roney - sax alto, soprano, clarinete bx
Aruan Ortiz - piano
Rashaan Carter - contrabaixo
Kush Abadey - bateria

Aqueles que viram as imagens e os sons da derradeira actuação em palco do genial Miles Davis – num concerto dirigido por Quincy Jones e realizado em sua homenagem durante o Festival de Jazz de Montreux de 1991 – recordar-se-ão, certamente, de um jovem trompetista que timidamente se colocava à frente da orquestra e ao lado do mestre, tocando por vezes algumas das partes solísticas que lhe estavam reservadas quando o mestre, já diminuído por um frágil estado de saúde que antecipava de alguns meses o seu desaparecimento, estava impedido de tocar por dificuldades de respiração.

Ensinado e tutelado pelo próprio Miles Davis desde que, em 1983, este o ouviu tocar na sua gala de aniversário no Carnegie Hall de Nova Iorque, Wallace Roney desde muito antes conquistara a admiração dos seus pares quando, apenas com 16 anos de idade, surgira nos meios do jazz dando os seus primeiros passos numa carreira que depois se tornaria profissional e que se desenvolveria ao lado de músicos famosos, como Art Blakey, Elvin Jones, Walter Davis Jr., McCoy Tyner, Sonny Rollins, Curtis Fuller ou ainda Dizzy Gillespie.

Pela sua especial ligação à música, ao som e à técnica e expressividade instrumental de Miles Davis, Wallace Roney foi naturalmente convidado por Herbie Hancock quando, após a morte do mestre, o pianista reconstituiu o seu famoso quinteto com Ron Carter, Wayne Shorter e Tony Williams para uma digressão internacional de homenagem ao génio do grande trompetista, que chegou a incluir Portugal no seu trajecto.

Hoje casado com a pianista Geri Allen, Wallace Roney prossegue a sua carreira individual com actuações em clube e festivais nacionais e internacionais, trazendo consigo ao XXIX Estoril Jazz um quinteto formado por seu irmão Antoine Roney (saxofones, clarinete-baixo), Aruan Ortiz (piano), Rashaan Carter (contrabaixo) e Kush Abadey (bateria).

4 JULHO: 22h00
Charles Lloyd Quarteto

Imagem23-2.jpg

Charles Lloyd - sax tenor, soprano
Jason Moran - piano
Reuben Rogers - contrabaixo
Eric Harland- bateria

Não poderia terminar de melhor maneira a primeira parte do Estoril Jazz deste ano: a actuação do quarteto de Charles Lloyd, não apenas pelo que o grande saxofonista representa na história do jazz moderno como pela notável colaboração que os seus mais jovens pares trazem a este notável grupo, constituirá sem dúvida (tal como sempre acontece quando Lloyd se desloca a Portugal) um dos mais importantes concertos da presente temporada.

Com especiais ligações sentimentais a Cascais (e a este festival em particular), não é demais recordar as memoráveis noites que, em meados dos anos 60, Charles Lloyd iluminou durante as suas actuações no Luisiana Jazz Clube, então dirigido por Luiz Villas-Boas e Jean-Pierre Gebler, com o histórico quarteto que à época incluia nada menos que Keith Jarrett, Cecil McBee e Jack DeJohnette, bem como a posterior passagem pelo Parque Palmela na edição do Estoril Jazz 2001.

Considerado um dos mais talentosos continuadores de uma certa espiritualidade que ficou a marcar a derradeira fase da trajectória criativa de Coltrane mas logo criando uma linguagem própria matizada pelos sons, pelas ideias e pela música popular ligada aos movimentos políticos e sociais da juventude norte-americana nos anos 60, Charles Lloyd jamais deixaria de estar presente na memória dos amadores de jazz; e o seu regresso, em plenos anos 80, a uma renovada actividade profissional constituiria um dos notórios acontecimentos neste domínio musical.

Agora à frente do seu novo quarteto – que os ouvidos deste cronista viu nascer num primeiríssimo encontro realizado na Casa da Música (Porto) em 2007, no início de uma digressão europeia – Charles Lloyd certamente não poderia ter encontrado outros músicos que melhor compreendessem (e ajudassem a recriar) uma linguagem musical e instrumental tão personalizada, sempre com os pés assentes em várias tradições do jazz e nas músicas do mundo mas ao mesmo tempo buscando os caminhos da modernidade. Neste sentido, os contributos de Reuben Rogers e Eric Harland são ainda o melhor incentivo à evidência de uma segunda forte personalidade neste quarteto, a do pianista Jason Moran, sem dúvida um dos mais originais criadores do jazz actual.

NOTA: Biografias fornecidas pela produção do Estoril Jazz.

27 de junho de 2010

A América de Bessie Smith e António Ferro

bessiesmith1.jpg

Era uma vez um grande país nos anos 20 que clamava pela Liberdade, mas vivia na base da segregação racial: brancos para um lado, pretos para outro (pior, claro).

Era uma vez uma cantora de Blues, porventura a maior de todas.

Era uma vez um jornalista português que antes de ser propagandista do Estado Novo, era um homem das artes do seu tempo.

Era uma vez uma história que juntou os três...
Eram uma vez os Estados Unidos da América, Bessie Smith e António Ferro.

Em 1927, António Ferro (1895-1956), jornalista e homem de letras (editor da célebre revista Orpheu) e autor do livro A Idade do Jazz Band (1923), rumou aos Estados Unidos. Daí, escreveu várias crónicas para o Diário de Notícias, posteriormente publicadas nos livros Novo Mundo, Mundo Novo (1930) e Hollywood, Capital das Imagens (1931).

Numa dessas crónicas, António Ferro parece cruzar-se com essa grande voz que foi Bessie Smith, cognominada na época como Imperatriz dos Blues.

Os EUA eram então um país muito diferente. A segregação racial era lei (impondo espaços diferenciados para os brancos e para os negros) e os linchamentos eram uma prática do Ku Klux Klan, com os seus cerca de 4 milhões de membros equivocamente empenhados na afirmação da violência ao serviço da instauração da "supremacia branca". A Lei Seca ainda vigorava e além disso, tornavam-se visíveis os problemas económicos que mais tarde levaram ao crash de 1929.

Foi neste contexto que emergiu Bessie Smith, uma aprendiz de Ma Rainey. O ano era 1923 e a sua voz chegava pela primeira vez a casa dos norte-americanos através dos pesados discos de 78rpm que os gramofones e grafonolas liam nas suas duas faces de cerca de 3 minutos. Bessie tinha acabado também de chegar a Nova Iorque, proveniente de Atalntic City. Foi aqui que a Columbia a contratou e gravou, tornando-a famosa logo no seu segundo disco, o qual incluía a canção "Down harted Blues". É que naquela época vender 750 000 discos em um mês, apesar de ainda não haver pirataria, não era propriamente comum...



Os brancos que a quisesssem ver e apreciar também os músicos que a acompanhavam - tais como Louis Armstrong, Joe Smith, James P. Johnson e Charlie Green - tinham porém de se deslocar ao Harlem (o bairro onde se concentravam os negros em NYC) ou vê-la nos "Buffet flats", apartamentos que os negros alugavam para festas, contornando assim a segregação a que estavam sujeitos nos hotéis. No Verão, podiam também vê-la nas tournées que realizava pelos EUA (de 1925 a 1927), actuando numa tenda concebida para o efeito, na qual apresentava o espectáculo Harlem Frolics .

Foi precisamente no Harlem que Ferro a terá visto em 1927. A experiência encontra-se numa das crónicas em que narrou uma passagem sua por um clube em que cantava uma poderosa voz dos Blues, sem dúvida uma descrição que se cola com Bessie Smith. Neste mesmo ano, a cantora deu a sua voz a uma canção sobre as grandes inundações que tinham afectado Nova Orleães, as únicas comparáveis às provocadas há anos pelo Katrina.



Bessie Smith cantava também êxitos como "Alexander's Ragtime Band" e "Send me to the electric chair". E que regalo auditivo terá sido, certamente, para o privilegiado António Ferro.





Dois anos depois deste suposto encontro, em 1929, Bessie Smith participou no filme St. Louis Blues, deixando-nos imagens históricas e uma versão tocante desta canção.



Infelizmente, era também uma vez um país em que Bessie Smith, cantora negra formidável, morreu porque a assistência médica dos seus compatriotas brancos não se apressou a socorrê-la depois do acidente de automóvel que sofreu em 26 de Setembro de 1937...

António Ferro, por seu lado, voltou a Portugal e nos anos 30 passou a dirigir o SNP (Secretariado Nacional de Propaganda), colando o seu destino ao do Estado Novo, um dos muitos regimes nacionalistas que então emergiam numa Europa cada vez menos livre e plural...

Fiquemos, pois, em memória de Bessie Smith, com algumas das suas extraordinárias interpretações dos Blues. O seu legado é um património da Humanidade e uma lembrança viva, e triste, dos seus equívocos e da sua intolerância racial.







26 de junho de 2010

Geração "Download" põe fim ao CD

Quem entrar na FNAC da Praça da Catalunha, em Barcelona, terá um precioso vislumbre de como evoluirá a breve prazo o mercado da distribuição da música a nível mundial. É que não só a secção de Jazz se eclipsou para pouco mais de dois expositores, como toda a secção de música (rock, pop, folk, clássica, etc) emagreceu substancialmente. Pelo contrário, as secções de informática, gadgets (ipad’s, ipod’s) e merchandising engordam a olhos vistos e concentram a grande maioria dos consumidores.

Nunca como agora me pareceu tão óbvio que o CD tem os dias contados ou, pelo menos, vai cada vez ter menos a dizer na música, tal como aliás se concluiu na conferência que realizámos na passada segunda-feira na FNAC do Colombo, em Lisboa, com a participação de André Fernandes (TOAP), António Rúbio (crítico de Jazz) e Ricardo Pinheiro (Universidade Lusíada).

Mas que fenómeno está a afastar os melómanos do CD?

Aqui há uns 15/20 anos alguém chamou aos jovens de então a "geração nintendo". Ora, se essa geração já teve filhos (sem ser virtualmente, claro),
talvez possamos baptizar esse filhos de "geração download".

Não serei porventura original neste baptismo, mas o que importa é analisar como mudou a relação com a música gravada ao longo das décadas até chegar ao presente e é precisamente a geração "Download" que está a causar uma total mudança de paradigma no mundo da indústria musical.

Mais de 100 anos a ouvir música gravada

Longe vai o tempo em que os nossos avós e bisavós ouviam música gravada em cilindros e depois em discos de shellac e ebonite de 78 rpm que só continham uma faixa de dois a três minutos de cada lado. Para os ouvir era preciso dar à corda no gramofone, mas como também davam à manivela no automóvel, talvez não os incomodasse. Difícil era os discos, facilmente quebráveis, chegarem inteiros à “tortura” da pesada agulha de aço que os desgastava sem piedade. Como os sofás não abundavam, não havia, todavia, o incómodo da falta de comando para mudar de faixa, que também, de resto, não estaria lá para ser mudada.... Já agora, amplificadores também não havia, pois tudo era mecânico, e a única forma de controlar o volume era fechando ou abrindo as portas de madeira do armário em que estava incorporado o gramofone. Muito sofisticado... para a época, aliás!



Vieram depois os discos de vinil propriamente dito, para o que contribuiu a segunda guerra mundial. Foi este o suporte de referência dos pais da "geração nintendo", que é como quem diz os avós dos "download". Foi, porventura, a geração “LP". E Long Play era tudo na sua vida... o emprego, o casamento, Salazar... Nada parecia findar.

A esta geração sucedeu a geração “CD”. A música era agora digital, mas embalada em plástico puro e duro. Tudo começou a miniaturizar-se: as casas, os carros, os computadores, os ordenados…





Finalmente, no novo milénio despontou a geração "Download" e os pickups e leitores de CD’s deram lugar aos Ipod e Ipad, o vinil e o CD passaram a MP3, os amplificadores são docking stations, a música ouve-se no Spotify e Pandora, descarrega-se do Itunes e envia-se aos amigos pelo MSN ou partilha-se no Facebook...

Esta geração veio riscar (de risk, i.e. colocar em risco) o próspero negócio da venda de música criado pela geração "Manivela" e herdado pelos "LP" e “CD”, cada vez mais singles na sua luta contra a pirataria. E se dantes tinham sido os suportes a diminuir (do LP para o CD poupou-se muito plástico), esta nova geração trouxe consigo a diminuição das vendas, esse tema tabu para as principais editoras. Os discos continuam a poder ser de ouro ou platina, mas é preciso cada vez vender menos para lá chegar.

Mas vamos por partes. O que é que a geração “Download” reivindica?

Digamos que o grande mote é o livre acesso à cultura - que é como quem diz, "pah, pessoal, não curtimos largar a mesada nas discotecas e tar a sair de casa para ir lá quando podemos fazer tudo na nossa home, ok?!" - e à qualidade diferenciada - ou seja, "não estamos para comprar um CD com uma música decente e nove coxas!" O novo paradigma é "queremos bom e de borla".

Importa, portanto, perceber de onde veio este novo contexto. Para isso, convém não esquecer que a geração "Download" é a mesma do 2 em 1, dos jornais gratuitos, do leve hoje pague amanhã, crédito na hora, empresa na hora, fast food, simplex, etc. O objectivo é o já, o imediato e o gratuito.

O pior é que nada disto faz muito sentido para os melómanos das gerações "Manivela", "LP" e “CD” do jazz, ou seja, aqueles "maluquinhos que gostam de comprar CD's porque trazem os booklets com as informações detalhadas sobre quando o produto foi realizado e enlatado”.

Mas quem não curte mesmo a geração “Download” são os executivos das grandes editoras, as chamadas majors. Por causa disso, passam cada vez mais horas enfiados em centros de congressos a tentar perceber como enquadrar no mercado tradicional esta “malta” com hábitos tão pouco lucrativos para elas… Esquecem-se talvez que a sociedade já só lhes paga 500 Euros precários, o que não chega para manter os mesmos hábitos de consumo de bens culturais que tinham as gerações “LP” e “CD”.



Ocorreu-lhes encerrar os sites onde os “Download” se reuniam para copiar música, mas não resultou. Na Suécia, o ataque ao Pirate Bay (que, como o nome indica, é um dos principais sites para obter links onde piratear música) teve como consequência o crescimento do Pirate Party, fundado em 2006. Este é agora o terceiro maior partido da Suécia em membros e em 2009 recolheu 7,3% dos votos para o Parlamento Europeu. Sobre isto tem havido várias palestras e vários debates. Este é interessante.




Ocorreu-lhes também recriar o LP em vinil por ser analógico e, logo, difícil de copiar... Porém, o preço extremamente elevado não lhe permite vender senão escassas centenas por edição.

Uma coisa é já certa: depois do furacão que é a geração “Download” nada ficará como dantes. Dentro de 10 anos, o CD arrisca-se a ser uma raridade em cadeias como a FNAC e não só. Talvez sirva sobretudo como cartão de visita para os músicos angariarem concertos, podendo ser vendido por estes nos seus espectáculos ou encomendado através dos seus sites. A compra online de músicas é já uma realidade, o que desconstrói totalmente o conceito de LP que vigora desde 1948 e tem sido uma característica idiossincrática da indústria discográfica.

O futuro do CD pode estar, residualmente, em algo que já se faz nos EUA: a personalização. Poderemos ir a um clube de jazz e sair de lá com um CD do concerto acabado de ouvir. O mesmo se aplica aos festivais. Em vez dos melómanos adquirirem, tal como no passado, um CD massificado, terão, então, acesso a algo que se cruza com os seus momentos de lazer, algo individualizado e altamente personalizado que além de música conterá também, simbolicamente, a memória de uma experiência emocional.

Assim vai o mundo da música, sempre em sintonia com a sociedade.

24 de junho de 2010

Grandes standards do American Songbook: "Summertime"

"Summertime", composto por George Gershwin em 1935, para a ópera Porgy and Bess, é praticamente um hino do cancioneiro norte-americano do século XX. É também um tema que era habitualmente tocado pelos músicos de jazz, embora tenha ao longo dos anos mais recentes perdido um pouco a sua importância, talvez devido em parte à sua extrema popularização.



Hoje, JNPDI recorda-o através de versões de várias vozes e instrumentistas do Jazz.

















Novos discos portugueses

Têm sido lançadas nos últimos meses várias novas edições no sempre dinâmico mercado do jazz nacional.

JNPDI divulga hoje alguns destes trabalhos, dos quais falaremos mais detalhadamente em breve.


dcabaud_capa-site.jpg

sound-it-out-site.jpg

julioresende.jpg

GONCALO_PRAZERES1.jpg

Ricardo%20Pinheiro%20Open%20Letter.jpg

BLUES+88+MBB+cover1.jpg

21 de junho de 2010

Futuro do jazz em Portugal debatido hoje na FNAC do Colombo às 21h00

jazz_6.jpg

Jazz - Caminhos e perspectivas para a nova Década é o tema do debate que se realiza hoje a partir das 21h00 na FNAC do Colombo, inserido na rubrica mensal Momentos de Jazz com João Moreira Santos e no qual participam ainda André Fernandes (músico e responsável pela editora TOAP), António Rúbio (crítico de Jazz do Correio da Manhã, Jazz.pt e Downbeat) e Ricardo Pinheiro (músico e coordenador da licenciatura em Jazz e Música Moderna da Universidade Luísada de Lisboa).

Em conjunto, os quatro oradores vão procurar respostas para algumas questões prementes deste género musical pautado pela permanente mutação:

- Que Jazz vamos poder ouvir durante a próxima década?
- Standards ou Originais?
- Que músicos nacionais e estrangeiros nos podem surpreender?
- Uniformização e massificação do ensino Vs. criatividade e originalidade.
- O CD morreu? Como evoluirá a indústria e a edição?

A seguir ao debate actua um conjunto de músicos cujo trabalho é editado pela TOAP, nomeadamente João Lencastre, Gonçalo Marques, Miguel Amado e Nuno Costa, os quais apresentam assim os seus mais recentes discos.

17 de junho de 2010

Hoje há jazz ao vivo no Governo Civil de Lisboa

cartaz_A3-copy%20(WinCE).JPG

Hoje, 17 de Junho, a partir das 19h00 a escadaria principal do Governo Civil de Lisboa recebe um trio de jazz do Hot Clube de Portugal composto por José Vieira, Paulo Silva e Romeu Tristão.

O concerto insere-se no projecto “Passaporte para o jazz”, que pretende divulgar a música de jovens artistas e dinamizar os finais de tarde no Chiado.

Os concertos são realizados por um combo de alunos da Escola Luís Villas-Boas, do Hot Clube de Portugal e acontecem todas as quintas-feiras da terceira semana de cada mês às 19h00.

12 de junho de 2010

Michael Jackson: "Puttin´ on the Ritz"

Por ocasião do 1.º aniversário da sua morte, e em jeito de homenagem, JNPDI divulga hoje um Michael Jackson menos conhecido, aqui a encarnar um remake cinematográfico de Fred Astaire e inspirado pelo swing de "Puttin' on the Ritz".

6 de junho de 2010

Maria Anadon apresenta SMILE hoje em Lisboa

Smile.jpg

É hoje apresentado em Lisboa, no Storik, pelas 18h30, o mais recente CD de Maria Anadon.

Smile foi gravado em Nova Iorque, em Maio de 2008, e conta com as Five Play, grupo de mulheres jazzistas com que Maria Anadon tem actuado e gravado desde há vários anos. O repertório é variado e inclui temas de Cole Porter, Richard Rogers, Thelonious Monk e, claro, Charlie Chaplin.

A este propósito, divulgamos aqui o texto que escrevemos para o booklet deste CD.


“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”
Charlie Chaplin


Charlie Chaplin era mais do que o actor e comediante que todos conhecemos e reconhecemos neste ícone do cinema; ele foi alguém que viu a Vida que existia para além do visível e que, sobretudo, denunciou no grande ecrã o que seriam os dramas do novel século XX, com o Homem subordinado às rotinas de produção em massa e exposto à mais cruel exploração pelo homem.

Se falo dele aqui é porque é sua a autoria da canção que dá o título a este novo disco da Maria Anadon. Composta para o incontornável filme Modern Times, de 1936, “Smile” foi como que um registo de esperança que Chaplin legou à sociedade de então, mas que com o passar dos anos e a sua inata "Alma" se transformou num verdadeiro hino intemporal.

Maria Anadon também nos lega neste seu quinto disco uma obra de referência que, na minha opinião, marca uma nova fronteira de ambição e excelência no jazz vocal português. Smile, todo ele criado no universo feminino do jazz, é não só um registo em que Anadon revela as suas notáveis capacidades como cantora – que sobressaem através dos arranjos musicais de Noriko Ueda, Janelle Reichman Sherrie Maricle & Judith Goldbach – mas também uma obra excepcionalmente bem produzida e misturada, ao nível do que de melhor se faz nas produções norteamericanas de referência.

João Moreira dos Santos
Autor de vários livros de história do jazz em Portugal e mentor do blogue Jazz no País do Improviso.

4 de junho de 2010

Berklee School of Music em Espanha

Berklee-School-of-Music.jpg

A prestigiada Berklee School of Music vai abrir em Valência, na Catalunha, a sua primeira escola fora dos EUA. A "Tower of Music" está orçamentada em 100 milhões de euros e tem uma área de 50 000 m2 distribuída por 26 pisos onde serão instalados um auditório para 1000 pessoas, salas de aulas, estúdios de gravação e edição, biblioteca e uma área residencial com 104 apartamentos.

Este complexo pode albergar 1000 alunos nos seus 100 metros de altura, estimando-se que um terço dos alunos seja proveniente da Europa, outro terço dos EUA e os restantes de outros continentes.

42236542_-491x450.jpg

Os sortudos que puderem a partir de 2011/2012 ingressar nesta moderna escola poderão beneficiar do solário instalado no topo do edifício, o qual funcionará como praia privativa...


Site Meter Powered by Blogger