Zé Eduardo Unit: Cascais Jazz (2009) Memória do Jazz em Portugal
Em Dezembro do ano passado, a Zé Eduardo Unit, featuring Jack Walrath, actuou no reeditado Cascais Jazz. É um excerto desse espectáculo protagonizado por Zé Eduardo (contrabaixo), Jack Walrath (trompete), Jesús Santandreu (sax) e Bruno Pedroso (bateria) que JNPDI propõe hoje.
Jazz Transatlântico hoje no CCB e amanhã na Casa da Música
Duas grandes orquestras (Orquestra de Jazz de Matosinhos e Orquestra Nacional do Porto), dois solistas consagrados (Jason Moran e Chris Cheek) e duas obras em estreia absoluta configuram o evento imperdível que hoje e amanhã sobe, respectivamente, ao palco do Centro Cultural de Belém e da Casa da Música, reunindo mais de 100 músicos.
O programa percorre várias formas de abordar o jazz numa perspectiva sinfónica, desde as experiências pioneiras dos anos vinte, com a Jazz Symphony de George Antheil, até às novas composições de Carlos Azevedo e Ohad Talmor escritas propositadamente para este projecto, passando ainda por peças de dois compositores que dispensam apresentações: Leonard Bernstein e Toots Thielemans.
Esta é uma proposta que cruza a fluidez e a liberdade da improvisação com a riqueza e o rigor da música escrita, e apresentá-la só é possível graças à genialidade de grandes intérpretes - como os norte-americanos Jason Moran e Chris Cheek, figuras proeminentes do jazz internacional - e ao início da tão almejada, quanto necessária, parceria musical entre o CCB e a Casa da Música, permitindo a partilha de custos entre estas duas super-estruturas da cultura nacional.
Hoje é dia de Dose Dupla no CCB, que a partir das 22h00 junta pela primeira vez em palco o clarinetista Paulo Gaspar (fundador do Dixie Gang e membro da Big Band do Hot Clube de Portugal) e o pianista Moçambicano Edgar Wilson (músico radicado na Alemanha e que tocou e gravou, entre outros, com o conceituado contrabaixista Niels-Henning Ørsted Pedersen)
Juntos, convidam à audição dos grandes standards do cancioneiro norte-americano – criado por compositores como George Gershwin, Cole Porter ou Irving Berlin – e do jazz moderno e clássico, assim como da Bossa Nova.
Desde hoje até Domingo, o Centro Cultural de Belém recebe o Banjazz, nome de um bicho esquisito de olhos arregalados e ar banzado pela música, que é o seu alimento.
Este concerto encenado para crianças abre a porta para a exploração do mundo da música, mais concretamente do jazz, e transforma-o em imagens, corporalidade e histórias sustentadas dramaturgicamente de uma forma muito divertida.
A autoria do projecto é da cantora Maria Morbey e os temas são de Xico Zé Henriques, músico recentemente falecido.
Fátima Serro & Cláudio Ribeiro: Noite inspirada no Dose Dupla
A cantora Fátima Serro e o guitarrista Cláudio Ribeiro protagonizaram um espectáculo inspirado na passada quinta-feira, evento inserido no Dose Dupla, que está a decorrer até ao final de Março no Centro Cultural de Belém.
Entre o repertório ouvido abundaram standards do American songbook e temas do cancioneiro popular do Brasil. Fátima Serro demonstrou o seu talento e as suas capacidades de improvisadora, sempre bem acompanhadas e potenciadas pela guitarra de Cláudio Ribeiro, músico natural do Brasil mas a viver em Portugal desde há vários anos.
É já na próxima sexta-feira, 26 de Fevereiro, que Laurent Filipe actua com o seu quarteto no Auditório dos Oceanos, apresentando o espectáculo The Song Band. Com ele em palco estarão Rodrigo Gonçalves (piano), Massimo Cavalli (contrabaixo), João Cunha (bateria) e o convidado especial Bruno Santos (guitarra).
Sarah Vaughan: Cascais Jazz (1973) Memória do Jazz em Portugal
Depois de em tempos termos divulgado, em primeira-mão, o tema "Misty", interpretado por Sarah Vaughan no Cascais Jazz de 1973, propomos hoje outro inédito, desta feita o clássico "Round' Midnight".
E muito embora as condições sonoras não fossem as melhores (o que é dizer pouco do que se passou no Dramático...) e o quarteto ter actuado dois dias depois do que estava previsto (devido às condições meterológicas em Milão, donde procedia), nem o nervosismo nem a inquietação do público - devido aos factores atrás referidos - impediram que o concerto atingisse um elevado nível.
Para tal, muito contribuiu a secção rítmica, composta por Carl Shroeder (piano), John Giannelli (contrabaixo) e Jimmy Cobb (bateria).
É verdade, não obstante a violência que grassa no Iraque e o facto de ainda há poucos anos este país ser profundamente anti-americano, o jazz chegou agora a Bassorá. Os "culpados" por esta invasão são os membros da 1st Infantry Division Jazz Band, os sargentos James D. Shank (sax), Greg Ybarra (trompete), Brendan Osweiler (teclados), Dan Rhoades (baixo) e Brandy Hagin (bateria).
Escusado será dizer que para já o Jazz não tem autorização para sair da base militar norte-americana...
Quem na manhã do dia 25 de Novembro de 1953 folheasse os jornais encontraria este título sensacionalista, mas verdadeiro, sobre a explosão que na véspera se dera na Fábrica de Material de Guerra de Braço de Brata, vitimando 12 pessoas e ferindo 200.
É precisamente este evento, ocorrido há quase 60 anos, que JNPDI recorda hoje através de um vídeo que realizámos para o efeito, pois a Fábrica do Braço de Prata converteu-se, já no século XXI, num espaço de Jazz ao vivo.
Curiosamente, o Jazz era visto como alvo a abater por parte de muitos dos regimes nacionalistas armados pelos obuses e canhões que sairam destas oficinas ao longo de quase 90 anos de actividade...
Nos anos 90, três músicos magistrais - a nossa Maria João, Aki Takase (piano) e NHOP (contrabaixo) - uniram-se para actuar e gravar música que fez história e encantou audiências por toda a Europa e não só.
Tal trio era, na verdade, a expansão do duo entre João e Aki, dupla activa desde a segunda metade dos anos 80 e que alcançara uma notoriedade e reconhecimento ímpares em toda a Europa.
Felizmente, a editora ENJA decidiu em boa hora gravar o trio ao vivo, em Nuremberga, o que resultou no disco Alice (1990).
Hoje, propomos precisamente dois temas deste trio que recebia ovações em pé nas salas onde se apresentava, desde os palcos da Noruega até, claro, Portugal.
No passado Domingo, o jazz português teve mais um momento importante pois um dos seus expoentes, o trompetista e cantor Laurent Filipe, interpretou o clássico "Summertime" para uma audiência estimada em 1,5 milhões de pessoas e um share da SIC na ordem dos 41%, o que lhe permitiu ser o canal mais visto neste dia.
O pretexto foi, claro, a já bastante noticiada participação de Laurent Filipe no júri deste programa, facto que não só beneficiou a notoriedade do próprio, mas, estamos em crer, também a visibilidade e prestígio dos demais músicos de jazz portugueses.
Júlio Resende & Ole Morten Vagan: Dose Dupla arrasadora!
Fotos: JNPDI
O pianista Júlio Resende e o contrabaixista Ola Morten Vagan realizaram na passada quinta-feira um concerto integrado no ciclo DOSE DUPLA, no CCB, o qual registou mais uma casa cheia.
Fotos: JNPDI
A sua cumplicidade em palco e a sensibilidade da sua música fizeram deste um dos melhores espectáculos de sempre do DOSE DUPLA, o que ficou comprovado pela adesão do público, que não perdoou o encore.
Fotos: JNPDI
Músicos e público estavam naturalmente satisfeitos pelo que a venda de CD's atingiu um volume absolutamente recordista no DOSE DUPLA.
Fotos: JNPDI
O concerto cativou também algumas figuras históricas do Jazz em Portugal, nomeadamente o respeitado Barros Veloso, pioneiro do piano moderno entre nós.
Fotos: JNPDI
O DOSE DUPLA prossegue já na próxima quinta-feira, dia 18, com Fátima Serro & Cláudio Ribeiro.
Passámos hoje pela Praça da Alegria e as imagens que aqui publicamos mostram já as obras de demolição em curso no edifício onde funcionou durante 55 anos o Hot Clube de Portugal. O clube em si já está completamente vazio, tendo o seu recheio sido preservado para futura musealização.
Foto: JMS/JNPDI
Quanto à sede provisória, neste momento está a ser realizado o orçamento de engenharia para a reabilitação do espaço que a CML colocou à disposição do Hot na Praça da Alegria, o qual faz parte de um edifício de que a autarquia é igualmente proprietária. O valor final vai posteriormente ser apresentado à Divisão de Cultura da CML e só então se saberá se a mesma custeará as obras em causa.
Sabe-se, entretanto, que o piano que durante anos serviu na cave do Hot não poderá ser reutilizado em cenário de concerto, podendo no entanto funcionar como instrumento de formação na escola.
Júlio Resende e Ole Morten Vagan hoje no Dose Dupla (CCB) às 22h00
Júlio Resende tem vindo a afirmar-se como um dos mais talentosos jazzmen da nova geração, distinguindo-se pelo domínio do piano, da improvisação e da composição.
No final de 2009, lançou o seu segundo CD, Assim falava JAZZATUSTRA, para o qual convidou, entre outros, o contrabaixista norueguês Ole Morten Vagan.
A sua cumplicidade em palco é notória e exprime-se num universo musical variado, moderno e de constante busca de originalidade.
Laurent Filipe: Cascais Jazz (1986) Memória do Jazz em Portugal
Laurent Filipe é o homem do momento pois não só os seus discos revelam um músico de talento amadurecido e original, como a participação no programa Ídolos lhe traz uma maior visibilidade pública, fenómeno que acaba também por beneficiar todo o jazz made in Portugal.
Hoje JNPDI recorda a sua participação no Cascais Jazz de 1986, onde actuou como líder de um quarteto composto pelo guitarrista Tommy Halferty, o contrabaixista Dave Gausden e o baterista Luigi Waites.
A popularidade actual de Laurent Filipe fez disparar as visitas a este vídeo, que já conta quase 4 500 visionamentos, numa média de mais de 300 exibições mensais.
Zé Eduardo & Manuela Lopes: Dose Dupla de sucesso!
Fotos: JMS/JNPDI
Zé Eduardo (contrabaixo) e Manuela Lopes (voz) abriram na passada quinta-feira o DOSE DUPLA de 2010. À sua espera estavam uma sala cheia e muita vontade de aplaudir o BeBop cantado em português.
SF Jazz Collective em Master Class na Lusíada em Março
Ora aqui está uma excelente notícia e a prova de que nem tudo em Portugal funciona mal. A licenciatura em Jazz e Música Moderna da Universidade Lusíada de Lisboa, coordenada pelo músico Ricardo Pinheiro, volta a surpreender com mais um evento internacional, agora através de uma notável master class com os músicos do mais que aclamado SF Jazz Collective.
A iniciativa decorre no Auditório 4 da Universidade Lusíada de Lisboa, no próximo dia 14 de Março (Domingo) pelas 16h, e conta com oito dos mais conceituados músicos de jazz da actualidade. A entrada é livre para alunos da Universidade Lusíada e da Escola JB Jazz e custa 10 euros para os restantes participantes.
É absolutamente a não perder esta master class com estes verdadeiros gigantes do jazz moderno.
Agora que se anuncia a demolição do prédio do Hot Clube de Portugal, JNPDI recorda aqui alguns vídeos que realizámos nos últimos anos nesta mítica cave da Praça da Alegria.
Em 2 de Junho de 2007 realizámos um Roteiro do Jazz em Lisboa e visitámos o Hot Clube. Os participantes foram brindados com uma actuação improvisada de Barros Veloso (piano), Maria Viana (voz) e Paulo Gil (voz).
Em Outubro deste mesmo ano, JNPDI completou o seu 4.º aniversário e convidou o saxofonista Herb Gller a regressar, 45 anos depois, ao Hot Clube. Vejamos o seu ensaio neste espaço e um excerto do concerto, um espectáculo que marcou aquele ano de 2007 não só pela excelente forma de Geller, mas também pela notável prestação de Filipe Melo, Bruno Santos, Demian Cabaud e Bruno Pedroso.
Em Março de 2008, o saxofonista Julian Arguelles apresentou-se no Hot Clube com um quinteto composto por Bernardo Sassetti, André Fernandes, Bernardo Moreira e Alex Frazão.
Seguiu-se, um mês depois, o João Lencastre Group, com Dave Binney (sax), André Fernandes (guitarra), Benny Lackner (piano), Mário Franco (contrabaixo) e João Lencastre (bateria).
Em Abril de 2008, actuou também o Grand Pianoramax, do pianista Leo Tardin.
Ainda neste movimentado mês, subiu ao palco o trio do pianista norte-americano Benny Lackner, composto por Nelson Cascais (contrabaixo) e Mathieu Chazarenc (bateria).
Dois meses depois, em Junho de 2008, o Hot Clube apresentou um concerto duplo com Maria João e João Farinha & Paula Oliveira e Leo Tardin.
Em Julho deste ano, integrado no Estoril Jazz, actuou o grupo Kim Istry, liderado por Kim Kalesti (voz) e Frank Lacy (trombone).
Em Setembro de 2008, o pátio do Hot acolheu o festival Jazz.pt. Nesse âmbito, aí actuou o trio Talmor/Swallow/Nussbaum, formado por Ohad Talmor (saxofone-tenor), Steve Swallow (baixo eléctrico) e Adam Nussbaum (bateria).
António José de Barros Veloso, um dos sócios históricos do Hot Clube, actuava aí regularmente às terças-feiras, fomentando a partilha de conhecimentos através de jam-sessions com jovens músicos.
Vejamo-lo numa jam com Gonçalo Sousa (harmónica), André Santos (guitarra), António Quintino (contrabaixo) e Pedro Segundo (bateria). A data é Setembro de 2008. O trompetista que se juntou ao grupo luso é Robert Faulkner, músico e sociólogo norte-americano que se encontrava em Portugal para participar em dois eventos promovidos pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Finalmente, em Outubro de 2008, JNPDI promoveu no Hot um concerto com a histórica cantora Sheila Jordan. Este concerto foi considerado por vários críticos de jazz e músicos como um dos melhores jamais realizados no Hot, o que ficou a dever-se não só a Sheila Jordan (encantada por poder evocar ali os anos em que actuava regularmente em pequenos clubes), mas também à excelente prestação dos músicos João Moreira (trompete), Filipe Melo (piano), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria).
Em Dezembro de 2008, JNPDI convidou Pedro Gomes a realizar uma reportagem sobre as célebres terças-feiras de Barros Veloso no Hot Clube, evento de que sempre fomos públicos entusiastas por este ter permitido, ao longo de uma década, o convívio e troca de experiências entre gerações.
Curiosamente, esta foi a última reportagem de JNPDI no Hot Clube, precisamente um ano antes do trágico incêndio.
A notícia é chocante, mas de certa forma previsível. De acordo com a Rádio Renascença, o prédio do Hot Clube está em riscos de ruir e a Câmara Municipal de Lisboa terá já decidido a sua demolição, preservando-se apenas a fachada.
É de facto o fim de um ciclo para o Hot Clube, como já aqui havíamos referido amplamente em Dezembro. Para os amadores de Jazz, são más notícias pois aquela cave guarda memórias fundamentais da história do Jazz em Portugal e, sobretudo, o eco de uma geração que, liderada por Villas-Boas, fez do associativismo a semente para uma instituição que chegou até aos nossos dias.
John Abercrombie no Cascais Jazz (1980) Memória do Jazz em Portugal
Em Novembro de 1980, o guitarrista John Abercrombie estreou-se no Cascais Jazz com o seu quarteto, agrupamento composto por Richard Beirach (piano), George Mraz (contrabaixo) e Peter Donald (bateria).
Para mim, foi o começo da paixão pelo Jazz, o que sucedeu pelo visionamento do concerto em directo na RTP. O que mais me inspirou foi o contrabaixo de George Mraz, um senhor! E também toda a atmosfera do Cascais Jazz e, claro, a mestria de Abercrombie, que até hoje admiro.
De hoje até ao final de Março, todas as quintas-feiras voltam a ser de jazz no Centro Cultural de Belém, que acolhe, sempre às 22h00, o ciclo Dose Dupla. São 8 duos de jazz, sempre de duas nacionalidades (portuguesa e estrangeira), com entrada rigorosamente livre e informal. O ciclo abre esta noite com Zé Eduardo (contrabaixo) e Manuela Lopes (voz).
No Dose Dupla procura-se promover o contacto entre músicos de jazz portugueses e estrangeiros, apostando na qualidade dos intérpretes, na variedade tímbrica e na diversidade geográfica. Desde a sua génese, este ciclo de concertos tem sido um autêntico laboratório para a arte do duo em jazz, proporcionando encontros de culturas e novos públicos para o jazz.
Nesta segunda edição do Dose Dupla, que volta a ter o apoio e produção de JNPDI, destacamos três novidades:
- a inclusão de mais músicos de primeiro plano no jazz europeu e internacional, nomeadamente os pianistas Edgar Wilson (músico radicado na Alemanha que tocou com o conceituado Neils – Henning Ørsted Pedersen) e Kirk Lightsey (tocou com Dexter Gordon, Chet Baker), e o saxofonista Peter King (um dos mais notáveis herdeiros do estilo e sonoridade de Charlie Parker);
- a inclusão de instrumentistas do Brasil e Noruega, países pela primeira vez representados neste ciclo;
- uma aposta clara no piano e no contrabaixo, mantendo-se porém uma presença regular das vozes.
DOSE DUPLA EM FEVEREIRO
Dia 4: ZÉ EDUARDO & MANUELA LOPES / contrabaixo e voz
Um duo de puro jazz! Dois veteranos do jazz nacional juntam-se num projecto pouco comum: contrabaixo e voz. A proposta é também invulgar: revisitar alguns dos velhos standards, bem como temas dos grandes mestres do be-bop, ambos abordados sem complexos, numa mistura entre a língua de Camões e a Avenida 52.
Dia 11: JÚLIO RESENDE & OLE MORTEN VAGAN / piano e contrabaixo
Júlio Resende tem vindo a afirmar-se como um dos mais talentosos jazzmen da nova geração, distinguindo-se pelo domínio do piano, da improvisação e da composição. Para o seu segundo CD, “Assim falava JAZZATUSTRA” (2009), convidou, entre outros, o contrabaixista norueguês Ole Morten Vagan. A cumplicidade em palco, que se criou entre os dois, é notória e exprime-se num universo musical variado, moderno e original.
Dia 18: FÁTIMA SERRO & CLÁUDIO RIBEIRO / voz e guitarra
Fátima Serro celebrizou-se no jazz pela sua ligação umbilical ao ensemble Trupe Vocal, que fundou em 1995 juntamente com o cantor Kiko. Dos vários duos que mantém activos, a cantora nortenha propõe-nos o trabalho que vem realizando com o guitarrista brasileiro Cláudio Ribeiro. Este é, pois, um espectáculo de fusão entre o cancioneiro do Brasil e dos Estados Unidos da América, ou, por outras palavras, entre a bossa nova e o jazz.
Dia 25: PAULO GASPAR & EDGAR WILSON / clarinete e piano
Reunidos pela primeira vez em palco, o clarinetista Paulo Gaspar (fundador do Dixie Gang e membro da Big Band do Hot Clube de Portugal) e o pianista Moçambicano Edgar Wilson (músico radicado na Alemanha e que tocou e gravou, entre outros, com o conceituado contrabaixista Niels-Henning Ørsted Pedersen) convidam à audição dos grandes standards do cancioneiro norte-americano – criado por compositores como George Gershwin, Cole Porter ou Irving Berlin – e do jazz moderno e clássico.
DOSE DUPLA EM MARÇO
Dia 4: ANTÓNIO PALMA & KATT TAIT / piano e voz
Em 2009, Katt Tait, natural dos EUA, actuou no Dose Dupla como convidada do duo formado por António José de Barros Veloso e Art Themen. A sua voz e o seu amplo conhecimento dos standards do American Songbook cativaram desde logo o público, justificando agora a sua apresentação com o pianista algarvio António Palma, músico que tocou, entre outros, Alexandre Frazão, David Gausden, Eddie Goltz, Laurent Filipe, Bill Goodwin, Melissa Walker e Lars Arens.
Dia 11: CARLOS AZEVEDO & PETER KING / piano e sax alto
Carlos Azevedo é sobejamente conhecido dos amadores de jazz pela co-direcção da prestigiada e bem-sucedida Orquestra de Jazz de Matosinhos. No Dose Dupla, o seu piano combina-se com o saxofone alto do britânico Peter King – herdeiro directo do legado musical de Charlie Parker e colega de palco dos músicos Zoot Sims, Hampton Hawes e Anita O'Day –, para revisitar composições de vários e diferenciados períodos do jazz moderno.
Dia 18: NELSON CASCAIS & JAMES UHART / contrabaixo e piano
Nelson Cascais é não só um dos mais importantes contrabaixistas da actualidade no jazz nacional, mas também um prolífico compositor e líder dos seus próprios agrupamentos musicais. O seu encontro em palco com o pianista franco-britânico James Uhart (cujas composições incorporam influências de Brad Mehldau e Abdullah Ibrahim) prenuncia um resultado musical tanto inesperado, como seguramente criativo e original.
Dia 25: CARLOS BARRETTO & KIRK LIGHTSEY / contrabaixo e piano
A colaboração de Carlos Barretto e Kirk Lightsey remonta aos anos oitenta, período em que o músico português viveu e tocou em Paris. O duo apresentou-se em Portugal pela primeira vez em 1998, no Hot Clube de Portugal, e reuniu-se no final de 2008 num concerto realizado no Centro Cultural de Cascais e marcado pela profundidade, intensidade e constante busca de inovação e surpresa musical.
E sobre o DOSE DUPLA, quem melhor para falar que não os músicos?
Vejamos a opinião com que ficou, em 2009, a cantora italiana Marilena Paradisi.
Em Abril de 2007, o programa Câmara Clara, da RTP2, dedicou uma edição integral ao jazz em Portugal, motivado pelo lançamento do livro O Jazz Segundo Villas-Boas e retomando um fenómeno que JNPDI vinha expondo regularmente: o boom do jazz no país na primeira década do século XXI.
Para o efeito, o jornalista João McDonald sintetizou numa peça breve (dois minutos e 30 segundos) alguns dos momentos marcantes da história do jazz entre nós.
São especialmente interessantes de ver as imagens de Ella Fizgerald, Duke Ellington e Norman Granz no Aeroporto de Lisboa, em Janeiro de 1966, uma jam-session realizada no Hot Clube de Portugal, com Santos Rosa (sax), Vitor Campos (piano) e Jorge Costa Pinto (bateria), e ainda as imagens do quarteto de Charles Lloyd com Keith Jarrett, Cecil McBee e Jack Dejohnette, que em Agosto de 1966 actuou no Luisiana e na RTP.
Vale a pena ver!
Já agora as imagens do Pharoah Sanders são do Cascais Jazz de 1984 e o pianista que o acompanha é o "nosso" bem conhecido Kirk Lightsey.
...aqui ficam algumas das condições que o Ministério da Educação Popular definiu, durante o Governo de Hitler, para a atribuição de licenças para espectáculos de música de dança.
DEPARTMENT OF POPULAR EDUCATION AND ART
Conditions Governing the Grant of Licenses for Dance Music
NEGROID: Belonging to a Negro race. This includes the African Negroes (and also those living outside of Africa), also Pygmies, Bushmen and Hottentots. NEGRITO: In the wider sense of the term, the short-statured, curly or frizzy-haired, dark-skinned inhabitants of Southeastern Asia, Melanesia and Central Africa.
1. Music: The Embargo on Negroid and Negrito Factors in dance Music and Music for Entertainments.
2. Introduction: The following regulations are intended to indicate the revival of the European spirit in the music played in this country for dances and amusements, by freeing the latter from the elements of that primitive Negroid and/or Negrito music, which may be justly regarded as being in flagrant conflict with the Europeon conception of music. These regulations constitute a transitory measure born of practical considerations and which must of necessity precede a general revival.
3. Prohibition: It is forbidden to play in public music which possesses to a marked degree characteristic features of the method of improvisation, execution, composition and arrangement adopted by Negroes and colored people. It is forbidden in publications, reports, programs, printed or verbal announcements, etc.:
(a) to describe music played or to be played with the words "jazz" or "jazz music."
(b) to use the technical jargon described below, except in reference to or as a description of the instrumental and vocal dance music of the North American Negroes.
Exceptions may Be permitted where such music is intended for a strictly scientific or strictly educational purpose and where such music is interpreted by persons having two or more Negroid or Negritic grandparents.
4. Descripton of The Main Characteristic Features of the Above-Mentioned Music which Differ from the European Conception of Music: The use of tonally undefined mordents, Ostentatious trills, double-stopping or ascendant glissandi, obtained in the Negro style by excessive vibrato, lip technique and/or shaking of the musical instrument. In jazz terminology, the effects known as "dinge," "smear" and "whip." Also the use of intentional vocalization of an instrumental tone by imitating a throaty sound. In jazz terminology, the adoption of the "growl" on brass wind instruments, and also the "scratchy" clarinet tone. Also the use of any intentional instrumentalization of the singing voice by substituting senseless syllables for the words in the text by "metalizing" the voice. In jazz terminology, so-called "scat" singing and the vocal imitation of brass wind instruments.
Also the use in Negro fashion of harshly timbered and harshly dynamic intonations unless already described. In jazz terminology, the use of "hot" intonations. Also the use in Negro fashion of dampers on brass and woodwind instruments in which the formation of the tone is achieved in solo items with more than the normal pressure. This does not apply to saxophones or trombones.
Likewise forbidden, in the melody, is any melody formed in the manner characteristic of Negro players, and which can be unmistakably recognized.
5. Expressly Forbidden: The adoption in Negro fashion of short motifs of exaggerated pitch and rhythm, repeated more than three times without interruption by a solo instrument (or soloist), or more than sixteen times in succession without interruption by a group of instruments played by a band. In jazz terminology, any adoption of "licks" and "riffs" repeated more than three times in succession by a soloist or more than sixteen times for one section or for two or more sections. Also the exaggeration of Negroid bass forms, based on the broken tritone. In jazz terminology, the "boogie-woogie," "honky tonk" or "barrelhouse" style.
6. Instruments Banned: Use of very primitive instruments such as the Cuban Negro "quijada" (jaw of a donkey) and the North American Negro "washboard." Also the use of rubber mutes (plungers) for wind brass instruments, the imitation of a throaty tone in the use of mutes which, whether accompanied by any special movement of the hand or not, effect an imitation of a nasal sound. In jazz terminology, use of "plungers" and "Wah Wah" dampers. The so-called "tone color" mutes may, however, be used.
Also the playing in Negro fashion of long, drawn-out percussion solos or an imitation thereof for more than two or four three-time beats, more frequently than three times or twice in the course of 32 successive beats in a complete interpretation. In jazz terminology, "stop choruses" by percussion instruments, except brass cymbals. There is no objection to providing a chorus with percussion solos in places where a break could also come, but at not more than three such places.
Also the use of a constant, long drawn-out exaggerated tonal emphasis on the second and fourth beats in 4/4 time. In jazz terminology, the use of the long drawn-out "off beat" effect.