O pianista Marc Copland e o histórico guitarrista John Abercrombie (que tem uma ligação especial e longa com Portugal) encontram-se em palco, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, no próximo dia 25 de Janeiro, às 21h00.
As carreiras de John Abercrombie e Marc Copland cruzaram-se cedo e com muita frequência. No início dos anos 70 eram os jovens leões na banda Chico Hamilton, e ambos tiveram participações em Dreams, o nome original da lendária banda Brecker Brothers. Posteriormente, juntaram-se para colaborar com diversos ensembles: Second Look (Savoy), That's for Sure e Brand New (Challenge), And (Hatology), e mais recentemente Another Place e Five on One (Pirouet).
Já não se ouvia um guitarrista e um pianista deste nível desde o lendário duo de Bill Evans e Jim Hall, ambos reconhecidos pela inovação na harmonia e únicos nos seus respetivos instrumentos, juntaram forças para criar um duo, uma união sem paralelo.
A etiqueta Pirouet Records lançou recentemente uma nova gravação destes dois músicos: Speak to Me é o primeiro CD de um duo que já existe há algum tempo. As gravações com o pianista Marc Copland e o guitarrista John Abercrombie são um bom exemplo da arte de comunicar praticada ao mais alto nível, um caso típico de serenidade.
O encontro musical destes dois mestres do jazz contemporâneo é uma experiência sem precedentes, só comparável à delicadeza da música de câmara. Cada peça reflete uma variedade de tons e significados, formando ligeiras vibrações sonoras de uma efemeridade habilidosa. É assim a música de dois dos mais conceituados intérpretes do jazz.
Jazz no concelho de Cascais: uma síntese dos últimos 80 anos
O autor de JNPDI concedeu há dias uma entrevista a João Pedro Espadinha, que além de estudante de Jazz é também aluno da licenciatura em Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa. É precisamente esse texto, inserido num trabalho académico, que hoje aqui divulgamos.
João Pedro Espadinha: É justo considerarmos Cascais como o berço do Jazz em Portugal? Que grau de importância atribui a este concelho nos primórdios do Jazz em Portugal?
João Moreira dos Santos: É justíssimo e factual pois Cascais foi sem dúvida um dos berços do Jazz em Portugal, encontrando paralelo apenas em Lisboa. E estabeleceu não só um pioneirismo cultural como também um pioneirismo social e fraterno. É que nesta época – estamos a falar dos anos 20 – a representação colectiva do negro na nossa sociedade era pouco mais do que o indígena primitivo descendente dos escravos… Portanto, acolhê-lo como músico de jazz nos melhores salões aristocráticos e burgueses da Costa do Sol foi uma mensagem muito importante que dali se transmitiu para todo o país.
Estava-se no fundo a dizer que ser negro é tão válido como ser branco e que não há nenhuma diferença. Isto foi muito importante porque os sectores mais conservadores da sociedade política não tinham ainda digerido bem a abolição da escravatura. Para estes, que eram quem no fundo tinha o poder político no país, a última fronteira entre os brancos e os negros era a cultura. Ora a partir do momento que os negros vêm actuar, vêm trazer a sua cultura, é óbvio que toda esta mentalidade retrógrada e não fraterna foi posta em causa. Gerou até algum pânico nessas supostas elites culturais e políticas! Cascais esteve no centro disso, juntamente com a então denominada capital do império.
O jazz é também isto. Aliás, o jazz é sobretudo isto pois foi criado justamente como escape dos negros norte-americanos a esta mentalidade. Ignorar esta realidade, ou varrê-la para debaixo do tapete da memória, é ignorar a sua essência como movimento de reforma social e como reivindicação de igualdade nos direitos cívicos nos EUA e até na Europa.
Disto tudo, hoje em dia resta apenas praticamente a música. Tudo o resto se esfumou, felizmente, com o fim da segregação racial. Mas é necessário manter esta memória. O Jazz é uma música de liberdade, igualdade e fraternidade. E é-o até na forma como se toca: um músico que não souber respeitar em palco o tempo e os tempos dos outros, ou um músico que não souber ouvir os outros não consegue realmente criar bom jazz. O mesmo se passa na sociedade. E um dos dramas destas nossas sociedades hedonistas é que estamos todos cada vez mais solistas, correndo até o risco de ver ruir o edifício democrático pois um país não é a soma de muitos egos…
João Pedro Espadinha
JPE: No seu livro “Jazz em Cascais – Uma história de 80 anos” refere a capacidade de atracção turística de Cascais, e o elevado poder de compra tanto dos clientes deste concelho, como dos Casinos existentes na altura, como factores responsáveis pelo estabelecimento de Cascais como centro de propagação do Jazz. É justo considerarmos os Casinos que na altura existiam como essenciais à introdução deste estilo em Cascais, e de uma forma geral, em Portugal?
JMS: É justíssimo. Os anos 20 foram, tal como agora, uma década de crise e de escassez e também de muita conturbação política. Os casinos eram, certamente, faróis isolados de alguma abundância financeira. Além disso, os casinos sempre se nortearam pela apresentação de números e espectáculos originais, polémicos, sensacionalistas. Essa frescura cultural, essa liberdade e essa apetência pelo risco contribuíram sem dúvida para apostar num género musical, o jazz, que ainda ninguém na época sabia bem o que ia dar. Podia até ser apenas uma moda, algo passageiro que viesse a extinguir-se volvidos poucos anos.
Houve uma figura muito importante nos casinos do Estoril que foi o actor Erico Braga. Ele era também produtor e na qualidade de director artístico do Grande Casino Internacional do Monte Estoril (situado no local onde actualmente se encontra o hotel Éden) trouxe até nós as primeiras jazz-bands. E isto sucedeu graças à sua exposição ao fervilhante meio cultural que era então Paris, sobretudo para o jazz.
Mas não foi só no Estoril que os casinos desempenharam um papel central no acolhimento pioneiro do jazz. O mesmo se passou em Espinho, Figueira da Foz, Madeira, etc. Isso está documentado e carece de ser estudado localmente.
Eu fiz a história do Jazz em Cascais/Estoril, Angra do Heroísmo (com António Rubio), Lisboa e agora é necessário que outros investigadores comecem a tratar das suas regiões. Isso vai enriquecer muito a nossa história cultural.
JPE: Nesse mesmo livro (que apenas consegui ler muito por alto) indica a década de 20 como a altura em que ocorreram os primeiros concertos de Jazz em Cascais. Seria possível fazer um resumido relato de como evoluiu a ocorrência de concertos deste estilo entre as décadas de 20 e 50?
JMS: Bem, esse é um longo percurso… Talvez seja melhor os leitores lerem o livro. Mas diria, de uma forma geral, que essa história é feita por duas personagens centrais: Erico Braga e Luís Villas-Boas.
Cada um deles escreveu-a, porém, à sua maneira pois Erico Braga apostava no jazz não tanto por ser um admirador (se o era, disso não ficou memória que se conheça), mas por ser um director musical que via neste o último grito da moda. Já Luís Villas-Boas fê-lo por militância e por paixão por esta música.
Aliás, as escolhas de Villas-Boas nos anos 50 e 60 foram muito mais estudadas e seguiram critérios de programação que não são tão visíveis no caso de Erico Braga, que provavelmente contratava os músicos que estavam disponíveis, sobretudo os que se encontravam na vizinha Espanha. Já Villa-Boas era um profundo conhecedor do jazz e dos seus muitos estilos e músicos. Estava capaz de seleccionar os melhores e de apresentar diversidade se assim o entendesse e lhe fosse possível. Apostou sobretudo nos norte-americanos em digressão pela Europa ou que residiam mesmo neste continente. São linhas programáticas muito diferentes.
Portanto, entre os anos 20 e 50, o jazz em Cascais foi sobretudo um fenómeno dos casinos ou dos espaços a ele ligados. No início vieram as jazz-bands norte-americanas, como os Robinson’s Syncopators, e depois também bandas brasileiras e os agrupamentos nacionais, como a Orquestra Almeida Cruz e a Orquestra Portugal. Nos anos 30 foi o período das bandas espanholas e em 1941 surgiu, no Casino Estoril, a Willie Lewis Orchestra. Esta era uma banda norte-americana que fugia da Europa nazificada e utilizou Portugal como porta de escape para o regresso à segurança dos EUA.
Orquestra de Willie Lewis no Casino Estoril (1941)
Esse concerto foi um género de passagem de testemunho pois foi promovido por Erico Braga, mas já tinha na assistência, naquele que foi o primeiro concerto de jazz ao vivo a que assistiu, o jovem Villas-Boas. Os anos 50 foram já o início deste na programação, através da discoteca Ronda, muito embora Erico Braga ainda continuasse activo no Casino, onde se apresentaram, entre outros, a orquestra de Bernard Hilda, as Peter Sisters, Bricktop, orquesta de George Johnson e Hazy Osterwald. Foi no Casino Estoril, por exemplo, que o guitarrista Carlos Menezes (falecido há semanas) foi descoberto pelo crítico da revista Melody Maker, fazendo dele o primeiro músico português de jazz a ter uma crítica numa publicação estrangeira de referência.
Entretanto, também nos anos 50, Villas-Boas tentava erguer, em vão, em Cascais um clube de jazz… Era o início do sonho.
JPE: A propósito do programa de rádio Hot Club, de Luiz Villas-Boas, refere que o programa começou por ser emitido na Emissora Nacional, passando depois para o RCP, devido a boicote de colaboradores da Emissora Nacional. Poderia especificar um pouco isto? De que forma era este programa “incómodo” ao regime da altura?
JMS: Não era propriamente o programa que era incómodo, mas sim o jazz em si. Aliás, nem era sequer tanto o jazz, mas o facto de ser uma música não nacional. Não esqueçamos que nessa época a Emissora Nacional era liderada por António Ferro, acérrimo defensor do nacionalismo português e director do Secretariado Nacional de Propaganda… Um homem com este perfil não podia ser favorável ao jazz (que ele admirara enquanto jovem) pois isso estava em colisão directa com a defesa da cultura nacional ou, pelo menos, de uma cultura nacionalista…
O jazz foi apanhado neste equívoco numa fase em que ainda era uma criança a dar os primeiros passos e não tinha capacidade de auto-afirmação. Nem o voluntarismo e a determinação de Villas-Boas puderam contrariar os boicotes ao programa.
O que se passava é que os postais que os ouvintes enviavam para a Emissora Nacional exprimindo o seu desejo de filiação do Hot Clube eram deitados fora ou arquivados. E a verdade é que o Hot Clube só veio a ver os seus estatutos aprovados cinco anos depois do início deste programa. Foi o tempo que foi necessário ao regime para digerir uma associação de defesa do Jazz, que é como também diz uma associação de defesa da música dos negros norte-americanos que exigiam liberdade, direitos cívicos. Ora estes eram valores que o Estado Novo não dava propriamente aos portugueses...
Tudo isto tem sempre uma componente política, mesmo que não surjam documentos a prová-lo. Era a “situação”, como se dizia, e a “situação” não tolerava ímpetos de reforma que alterassem o status-quo político, económico, social e cívico.
Tudo isto é inseparável do jazz em Portugal, tal como seria inseparável de qualquer música que estivesse ligada aos valores associados ao jazz. O Estado Novo não perseguia tanto o jazz, mas sim os valores a ele associados. O que, bem vistas as coisas, vai dar ao mesmo.
JPE: Chegamos à década de 60, em que surge o Luisiana Jazz Club. Que factores permitiram/favoreceram a criação deste clube em Cascais? Poderia explicar, de forma resumida, o papel e importância que este clube teve na evolução do Jazz em Cascais e em Portugal?
JMS: O Luisiana surgiu depois de nos anos 50 Villas-Boas ter já tentado abrir um clube de jazz em Cascais. Aliás, o sonho vinha precisamente de 1958, data em que se cruzou em Portugal com George Wein, produtor do célebre Newport Jazz Festival. O projecto era de ambos, até mais impulsionado por Wein, que detinha tanto o capital como o know-how.
O que favoreceu o aparecimento em 1965 do Luisiana foi o pioneirismo de Villas-Boas, que era um homem viajado e que via sempre mais além, e a sociedade que então formou com o saxofonista belga Jean-Pierre Gebler e um marchand de arte francês. Está claro de ver que este era um projecto que aspirava a ser pan-europeu pois não só reunia esta troika como veio a beneficiar da actuação de músicos norte-americanos expatriados em outros países.
O Luisiana teve alguma importância, sobretudo para Cascais, porque ali se apresentaram grandes músicos (Charles Lloyd, Keith Jarrett, Pony Poindexter, Paul Gonsalves, Don Byas, etc.) e também porque nele funcionou o embrião da primeira escola de Jazz em Portugal.
Tudo isto fez com que o Luisiana ganhasse rapidamente nome e projecção, recolocando Cascais no panorama do jazz nacional e internacional.
Além disso, o Luisiana funcionou ao longo dos anos como rampa de lançamento para vários talentos, como sejam, por exemplo, Maria João e Mário Laginha. Alguns dos actuais músicos de jazz que hoje são grandes nomes começaram nas jam-sessions do Luisiana ou nos concertos que ali deram.
JPE: Sendo, à semelhança do Hot Clube de Portugal, um projecto levado a cabo por Luiz Villas-Boas, o João refere no livro uma diferença entre o HCP, fruto de uma associação sem fins lucrativos, e o Louisiana Jazz Clube, que era um clube de Jazz com fins comerciais. Esta diferença do carácter dos dois clubes teve algum impacto na direcção artística dos dois clubes, a nível de programação, e do tipo de Jazz que era passado?
JMS: Sim, claramente, pois o Luisiana conseguia contratar directamente músicos que estavam a afirmar-se a nível internacional, como foi o caso de Charles Lloyd e Keith Jarrett, ou de músicos que já eram vedetas, como Don Byas e Pony Poindexter. O Hot Clube, como não tinha fins comerciais e vivia das magras quotas dos sócios, limitava-se a apresentar ao vivo os músicos que passavam por Portugal e, portanto, nesta época, e até aos anos 70/80, não tinha propriamente uma programação.
Ambos são projectos muito distintos e com uma capacidade financeira também distinta, o que naturalmente influencia a programação. O que é notável é que Villas-Boas nunca desceu o nível da programação para obter mais dinheiro. O seu lucro eram, por assim dizer, as boas noites de jazz que ocorriam no Luisiana. E foram muitas.
JPE: Na década de 70, surge o Cascais Jazz, que trouxe, na sua primeira edição, músicos lendários como Miles Davis e Ornette Coleman. Que factores/circunstâncias contribuíram para que fosse possível realizar um festival de tal dimensão em Cascais?
JMS: Uma das circunstâncias foi a chamada “Primavera Marcelista”, que basicamente permitiu que o regime político liderado por Marcelo Caetano não impedisse a realização do Cascais Jazz.
A outra foi o facto de João Braga, homem do fado, ter obtido o patrocínio de um banco. Foi tudo muito fruto do acaso e, aliás, o Cascais Jazz nasceu de um jantar casual entre Villas-Boas e Braga, jantar esse que até teve lugar numa casa de fado!
A outra personagem da história do Cascais Jazz é George Wein, o produtor do Newport Jazz Festival. Foi com ele que Villas-Boas contratou os músicos pois todos os anos havia uma digressão europeia deste festival.
Mas não nos iludamos: sem a experiência e determinação de Villas-Boas ainda hoje o Cascais Jazz estaria por realizar. Ele foi o motor e a alma deste evento mítico. Sem ele nada teria sido possível. Foi como que um catalisador sem o qual nenhuma reacção teria ocorrido apesar da presença dos ingredientes certos à mistura.
JPE: Se nos anos 90 fala numa expansão do Jazz em Cascais (com o festival Estoril Jazz a adquirir uma importância determinante), como avalia/caracteriza a situação do Jazz em Cascais desde essa altura até aos dias de hoje?
JMS: Foi um período muito importante pois representou a expansão e a institucionalização do jazz em Cascais.
Há vários factos que comprovam isso, nomeadamente a aposta no ensino, através dos cursos Projazz - promovidos e produzidos por Duarte Mendonça, que era quem vinha já desde a década de 80 a assumir o jazz em Cascais, pois Villas-Boas foi-se progressivamente dedicando mais ao sindicalismo e não só - e o apoio continuado da Câmara Municipal de Cascais. De repente, o jazz já não estava de passagem: passava a fazer parte do panorama cultural do concelho e da bagagem musical dos músicos nacionais.
A primeira década do século XXI, foi um período de conhecimento, em que se publicaram os primeiros livros e se realizaram as primeiras exposições sobre a história do Jazz em Cascais. Tudo começou quando encontrei na Hemeroteca Municipal de Lisboa um artigo sobre a actuação dos Robinson’s Syncopators no Estoril. Nesse dia descobri o início da história e então ela já podia ser contada cronologicamente. Daí até aos livros e às exposições foi um passo rápido. Depois organizei também os primeiros Roteiros do Jazz em Cascais, levando os munícipes, e não só, à descoberta dos locais históricos do jazz no concelho.
Agora o desafio para o futuro é manter a chama do jazz acesa nestes tempos de crise e austeridade em que a cultura é sempre a primeira a ser posta em causa, como se o legado que as civilizações deixam para a posteridade fossem orçamentos, défices ou mercados… Não, nada disso marca nada numa civilização. O que marca é o que ela contribuiu para a evolução científica, cultural e humana. O resto é conjuntural e instrumental. O problema é que hoje em dia vê-se o instrumento e não a cultura…
Não precisamos de uma troika; precisamos, isso sim, de uma perestroika nas mentalidades e no sistema político, económico e social. O jazz talvez possa ajudar pois ensina-nos a ser livres, criadores, fraternos e abertos ao diálogo inter-cultural.
Workshop de Comunicação e Marketing para Músicos e Bandas de Jazz
Numa sociedade hiper-mediática e concorrencial, é cada vez mais importante e determinante que os músicos de Jazz (e não só) saibam comunicar adequadamente a sua mensagem aos vários públicos com que lidam: Jornalistas, críticos de música, consumidores, produtores, promotores, etc.
Saber construir um site, um portfolio, uma biografia, um press-release ou uma proposta para um produtor/promotor, são competências cada vez mais decisivas à medida que o panorama do Jazz em Portugal se profissionaliza aceleradamente e se torna mais competitivo e exigente. Igualmente relevante é saber escolher o nome da banda, os títulos dos discos e até das faixas, assim como os rudimentos do protocolo de palco.
"Nos dias que correm não basta dominar apenas os instrumentos musicais; é necessário dominar também os instrumentos de comunicação e marketing!"
Foi a pensar nesta realidade que o investigador e professor João Moreira dos Santos (mestre em Ciências da Comunicação e doutorando pela Universidade Complutense de Madrid) concebeu pela primeira vez este workshop a convite do Grémio das Músicas e da Universidade do Algarve, onde o mesmo se realizou em Junho de 2010.
Nesta segunda edição, participa também o designer Miguel Mendes, que assistirá os participantes neste workshop na criação ou melhoria dos seus instrumentos de comunicação, transmitindo os rudimentos gráficos e assinalando os erros mais comuns a evitar.
Data: 5 Fevereiro 2012 (Domingo), das 10h00 às 19h00 (com almoço incluído)
Local: Estoril (Casa dos 4 Elementos)
Valor: 125,00 blue notes (75,00 para estudantes de música ou recém-formados em 2010/2011). Inclui almoço e documentação.
...aqui ficam algumas das condições que o Ministério da Educação Popular definiu, durante o Governo de Hitler, para a atribuição de licenças para espectáculos de música de dança.
DEPARTMENT OF POPULAR EDUCATION AND ART
Conditions Governing the Grant of Licenses for Dance Music
NEGROID: Belonging to a Negro race. This includes the African Negroes (and also those living outside of Africa), also Pygmies, Bushmen and Hottentots. NEGRITO: In the wider sense of the term, the short-statured, curly or frizzy-haired, dark-skinned inhabitants of Southeastern Asia, Melanesia and Central Africa.
1. Music: The Embargo on Negroid and Negrito Factors in dance Music and Music for Entertainments.
2. Introduction: The following regulations are intended to indicate the revival of the European spirit in the music played in this country for dances and amusements, by freeing the latter from the elements of that primitive Negroid and/or Negrito music, which may be justly regarded as being in flagrant conflict with the Europeon conception of music. These regulations constitute a transitory measure born of practical considerations and which must of necessity precede a general revival.
3. Prohibition: It is forbidden to play in public music which possesses to a marked degree characteristic features of the method of improvisation, execution, composition and arrangement adopted by Negroes and colored people. It is forbidden in publications, reports, programs, printed or verbal announcements, etc.:
(a) to describe music played or to be played with the words "jazz" or "jazz music."
(b) to use the technical jargon described below, except in reference to or as a description of the instrumental and vocal dance music of the North American Negroes.
Exceptions may Be permitted where such music is intended for a strictly scientific or strictly educational purpose and where such music is interpreted by persons having two or more Negroid or Negritic grandparents.
4. Descripton of The Main Characteristic Features of the Above-Mentioned Music which Differ from the European Conception of Music: The use of tonally undefined mordents, Ostentatious trills, double-stopping or ascendant glissandi, obtained in the Negro style by excessive vibrato, lip technique and/or shaking of the musical instrument. In jazz terminology, the effects known as "dinge," "smear" and "whip." Also the use of intentional vocalization of an instrumental tone by imitating a throaty sound. In jazz terminology, the adoption of the "growl" on brass wind instruments, and also the "scratchy" clarinet tone. Also the use of any intentional instrumentalization of the singing voice by substituting senseless syllables for the words in the text by "metalizing" the voice. In jazz terminology, so-called "scat" singing and the vocal imitation of brass wind instruments.
Also the use in Negro fashion of harshly timbered and harshly dynamic intonations unless already described. In jazz terminology, the use of "hot" intonations. Also the use in Negro fashion of dampers on brass and woodwind instruments in which the formation of the tone is achieved in solo items with more than the normal pressure. This does not apply to saxophones or trombones.
Likewise forbidden, in the melody, is any melody formed in the manner characteristic of Negro players, and which can be unmistakably recognized.
5. Expressly Forbidden: The adoption in Negro fashion of short motifs of exaggerated pitch and rhythm, repeated more than three times without interruption by a solo instrument (or soloist), or more than sixteen times in succession without interruption by a group of instruments played by a band. In jazz terminology, any adoption of "licks" and "riffs" repeated more than three times in succession by a soloist or more than sixteen times for one section or for two or more sections. Also the exaggeration of Negroid bass forms, based on the broken tritone. In jazz terminology, the "boogie-woogie," "honky tonk" or "barrelhouse" style.
6. Instruments Banned: Use of very primitive instruments such as the Cuban Negro "quijada" (jaw of a donkey) and the North American Negro "washboard." Also the use of rubber mutes (plungers) for wind brass instruments, the imitation of a throaty tone in the use of mutes which, whether accompanied by any special movement of the hand or not, effect an imitation of a nasal sound. In jazz terminology, use of "plungers" and "Wah Wah" dampers. The so-called "tone color" mutes may, however, be used.
Also the playing in Negro fashion of long, drawn-out percussion solos or an imitation thereof for more than two or four three-time beats, more frequently than three times or twice in the course of 32 successive beats in a complete interpretation. In jazz terminology, "stop choruses" by percussion instruments, except brass cymbals. There is no objection to providing a chorus with percussion solos in places where a break could also come, but at not more than three such places.
Also the use of a constant, long drawn-out exaggerated tonal emphasis on the second and fourth beats in 4/4 time. In jazz terminology, the use of the long drawn-out "off beat" effect.