Diana Krall é jazz?
Vários amigos e amigas me têm feito esta pergunta ao longo do tempo e achei que valia a pena tratar aqui deste interessante tema, ainda que de uma forma muito simples e linear. Até porque este ano se completam 10 anos sobre o lanlamento do seu primeiro disco, 'Stepping Out'.
Bom, digamos que há vários pontos de vista, pelo menos três, para abordar esta questão. Depende a quem se faz a pergunta...
- Para um purista, não é jazz e ponto final. Jazz é Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Betty Carter.
- Para um leigo que chegou ao jazz agora é-o claramente. Aliás, Diana Krall é o jazz e nada existiu antes dela.
- Para alguém que percebe de jazz e tem uma mente objectiva, Krall é e não é jazz. É porque está lá a estrutura do jazz: o ritmo, o fraseado, os temas, os arranjos, as dinâmicas, o tempo sincopado, enfim... o swing. E não é porque efectivamente depois de Sarah, Ella e Betty sabe a pouco, até porque lhe falta a mesma chama e a intensidade do swing destas (que também foram próprios de uma época) e porque musicalmente e vocalmente todas foram mais longe e tinham de facto uma voz melhor porque mais versátil.
Acresce que neste momento a questão importante não é saber o que jazz pode fazer por Krall, mas o que Krall pode fazer pelo jazz. E pode fazer muito. Aliás, já está a fazer. Primeiro, ao trazer novos públicos para o jazz, contrariando o envelhecimento natural da audiência. Segundo, ao abrir a novas cantoras a possibilidade de gravar. Terceiro, ao cativar para o jazz jovens músicos que mais facilmente seriam atraídos por outras correntes musicais. Quarto, e não menos importante, ao colocar o jazz na ordem do dia, o que sucede graças à sua própria visibilidade mediática. Quinto, ao criar mercado para o jazz em geral, nomeadamente quando disputa com os velhos standards dos anos 30 e 40 os ambicionados Grammy e o faz nas mesmas categorias dos grandes campeões de vendas do presente, desde os Backstreet Boys a Carlos Santana.
Ou seja, e respondendo à pergunta, Diana Krall é jazz e neste momento é 'O' jazz para grande parte do público que do jazz pouco conhece. Talvez não seja é o jazz puro e duro, mas se tirarmos estas duas palavras só sobra uma: jazz.
Já agora vale a pena dar alguns números sobre as suas vendas discográficas em Portugal, até para avaliar o fenómeno comercialmente:
'When I Look In Your Eyes' - platina
'The Look of Love' - platina (nos E.U.A. vendeu 95 000 cópias só na primeira semana...).