8 de abril de 2004

E de Jazz se falou na Fnac Almada

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Começou no dia 8 o ciclo «Jazz nos Dias de Hoje», realizado na Fnac do Forum Almada. Este evento iniciou-se com um debate sobre o tema do ciclo, contando com a presença de António Curvelo, Rui Neves, Rodrigo Amado (Trem Azul) e do autor deste blog como moderador.

Deste debate se conclui:

- O jazz em Portugal, no que toca aos músicos, vai bem e recomenda-se, mas são necessários mais clubes para criar um circuito que permita adquirir endurance.

- O jazz não tem espaço na televisão, muito embora o jazz tenha muito espaço para a estética televisiva.

- O jazz não tem espaço na rádio, com honrosas excepções.

- Cada vez há mais festivais, o que é bom, e mais descentralizados face a Lisboa.

- Os festivais não têm, regra geral, falta de público, mas têm falta de marketing e de promoção.

- O jazz tradicional ainda vende pouco porque não passa na rádio, nem na televisão e muito pouco aprece na imprensa.

- As editoras promovem pouco o jazz e o que promovem vive muito da imagem e da embalagem, com honrosas excepções.

- É preciso informar correctamente o público sobre o elenco de cada festival para que não haja lugar à frustração de expectativas.

- As grandes superfícies devem promover mais iniciativas de debate sobre o jazz e de formação de públicos, desenvolvendo parcerias com os meios de comunicação social.

- Há salas que têm público fiel que não se desloca a outros espaços, independentemente do cartaz que aí se exiba. Há o público do CCB, da Culturgest, da Gulbenkian, etc.

No final houve ainda espaço para o debate com o público presente, sendo colocada a proposta de o jazz servir como forma de integração de minorias desfavorecidas, na sua qualidade de linguagem universal, proposta materializada no ensino deste idioma em bairros degradados. (eventualmente em fusão com o hip-hop e outras sub-culturas musicais).

Já agora, uma nota curiosa. Antes de abrir o debate com o público presente pedi a cada um dos meus companheiros de mesa que indicasse um ou dois discos ideais para servir de porta de entrada no jazz a quem dele não conhece nada ou conhece pouco.

António Curvelo sugeriu o «Solo Pictórico» (Carlos Barretto) e outro de que infelizmente não me recordo, Rui Neves sugeriu «Giant Steps» (John Coltrane) e Rodrigo Amado sugeriu Miles Davis com Gil Evans. Eu sugeri o incontornável «Kind of Blue».

O engraçado é que depois de terminada a sessão, um casal que nela tinha participado já andava atarefado na secção do jazz, à procura do dito «Kind of Blue». E não só o encontrou como comprou.

Ora digam lá que este tipo de eventos não ajuda a promover o jazz!


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