Clark Terry em DVD
Acaba de sair mais um volume da colecção Jazz em DVD, da Planeta DeAgostini, o qual documenta o concerto que o sexteto do trompetista Clark Terry (1920/...) - um dos melhores trompetistas na história do jazz (embora pouco conhecido pelo grande público) - realizou no Festival de Jazz de Montreux, em 1977.
Estamos aqui perante um sexteto verdadeiramente All Stars que conta com o saxofonista Ronnie Scott, Oscar Peterson (piano), Milt Jackson (vibrafone), Joe Pass (guitarra), Niels Pedersen (contrabaixo) e Bobby Durham (bateria). O resultado deste encontro de gigantes é jazz da melhor qualidade e um swing irrepreensível.
Este DVD encontra-se disponível por apenas € 9,99 (mais portes de envio) exclusivamente através do nº de telefone 219 265 510 ou, eventualmente, num quiosque perto de si.
E agora passamos a palavra a Nat Hentoff, que tão bem descreve Clark Terry e este DVD nas respectivas liner notes.
Acaba de sair mais um volume da colecção Jazz em DVD, da Planeta DeAgostini, o qual documenta o concerto que o sexteto do trompetista Clark Terry (1920/...) - um dos melhores trompetistas na história do jazz (embora pouco conhecido pelo grande público) - realizou no Festival de Jazz de Montreux, em 1977.
Estamos aqui perante um sexteto verdadeiramente All Stars que conta com o saxofonista Ronnie Scott, Oscar Peterson (piano), Milt Jackson (vibrafone), Joe Pass (guitarra), Niels Pedersen (contrabaixo) e Bobby Durham (bateria). O resultado deste encontro de gigantes é jazz da melhor qualidade e um swing irrepreensível.
Este DVD encontra-se disponível por apenas € 9,99 (mais portes de envio) exclusivamente através do nº de telefone 219 265 510 ou, eventualmente, num quiosque perto de si.
E agora passamos a palavra a Nat Hentoff, que tão bem descreve Clark Terry e este DVD nas respectivas liner notes.
Clark Terry por Nat Hentoff
Certa noite, Duke Ellington, confidenciou-me que não tinha paciência para a forma como os críticos catalogavam os músicos, com rótulos como «moderno», «tradicional», «avant-garde».
«Essas palavras», dizia, «não querem dizer nada. Seja quem for que tenha tido algo a dizer sobre esta música - em todo o seu percurso - foi sempre um individualista».
Aquando da nossa conversa, na orquestra de Duke havia um belo exemplar desse tipo de individualistas, admirado e reverenciado por muitos outros músicos. Sempre que ouço Clark Terry, num clube, num concerto, ou mesmo numa conversa, a sua presença eleva-me o ânimo.
Dan Morgenstern, um dos mais perspicazes críticos deste tipo de música, disse acerca de Clark Terry: «o espírito invencível deste homem é uma das grandes histórias humanas da música dos nossos dias. A forma como "ilumina" qualquer situação - num concerto, num clube, num encontro casual - faz lembrar a essência da vida de Louis Armstrong». «T., como é conhecido pelos amigos», prossegue Morgenstern, «não é apenas um mestre do trompete e do flugelhorn, mas também um mestre da música e um líder para todos aqueles que nascem com este dom.» É, igualmente, um professor exímio. Durante a carreira de Terry, também encorajou os recém-chegados, uma atitude que levou o regresso de Miles Davis a East St. Louis. Clark Terry formou bandas de jovens artistas, acompanhando-os - tal como o faz agora na Universidade de New Hampshire - em tudo quanto necessitam, quer na música quer na sua integridade emocional, de modo a poderem contribuir com o seu valor próprio para o legado do jazz.
Tal como Norman Granz, com quem Clark esteve associado durante muito tempo, Clark Terry vê e reage unicamente ao indivíduo. Repudiava o racismo, tanto de brancos como de negros. E, vê-lo e ouvi-lo - como acontece nesta actuação em Montreux - é ser arrebatado pela plenitude do seu prazer em comunicar a vivência imediata do jazz, sempre em constante renovação.
Terry, que conviveu durante muitos anos com Duke Ellington, contou-me acerca do Duke: «Ele quer que a vida e a música estejam sempre em movimento. Nem sequer gosta de escrever finais definitivos para uma peça. Quer que o final de uma música se assemelhe sempre a algo em progresso contínuo.»
E o próprio Clark Terry está sempre num estado de movimento. Mal sobe ao palco, os ritmos da vocação da sua vida conduzem-no a novas descobertas. O mesmo acontece, nesta sessão, com os seus colegas: Milt Jackson, Ronnie Scott, Joe Pass, Bobby Durham e Niels Pedersen.
Todos tiveram começos diferentes - em países diferentes, em circunstâncias diferentes -, mas esta música tornou-se a sua língua comum. O guitarrista Jim Hall, mundialmente famoso, explicou-me: «Toco em todo o mundo, com músicos que não consigo compreender, quando falam na sua língua, mas com quem comunicamos perfeitamente, quando tocamos em conjunto».
Clark Terry é a verdadeira encarnação do poder desta música que transcende todas as fronteiras. John Coltrane, revelou-me, certo dia, um pormenor acerca da sua música, que me fez lembrar Clark. Coltrane referiu: «Quando se está a tocar com alguém que tem realmente algo a transmitir, existe como que uma constante: a electricidade, um tipo de sentimento, um sentimento exaltante. Não importa saber onde isso acontece; apercebemo-nos de quando esse sentimento nos agarra, o que nos dá uma grande alegria».
Ver e ouvir Clark Terry, neste concerto, irá certamente proporcionar-lhe um enorme prazer!
NAT HENTOFF -JUNHO 2004
«Essas palavras», dizia, «não querem dizer nada. Seja quem for que tenha tido algo a dizer sobre esta música - em todo o seu percurso - foi sempre um individualista».
Aquando da nossa conversa, na orquestra de Duke havia um belo exemplar desse tipo de individualistas, admirado e reverenciado por muitos outros músicos. Sempre que ouço Clark Terry, num clube, num concerto, ou mesmo numa conversa, a sua presença eleva-me o ânimo.
Dan Morgenstern, um dos mais perspicazes críticos deste tipo de música, disse acerca de Clark Terry: «o espírito invencível deste homem é uma das grandes histórias humanas da música dos nossos dias. A forma como "ilumina" qualquer situação - num concerto, num clube, num encontro casual - faz lembrar a essência da vida de Louis Armstrong». «T., como é conhecido pelos amigos», prossegue Morgenstern, «não é apenas um mestre do trompete e do flugelhorn, mas também um mestre da música e um líder para todos aqueles que nascem com este dom.» É, igualmente, um professor exímio. Durante a carreira de Terry, também encorajou os recém-chegados, uma atitude que levou o regresso de Miles Davis a East St. Louis. Clark Terry formou bandas de jovens artistas, acompanhando-os - tal como o faz agora na Universidade de New Hampshire - em tudo quanto necessitam, quer na música quer na sua integridade emocional, de modo a poderem contribuir com o seu valor próprio para o legado do jazz.
Tal como Norman Granz, com quem Clark esteve associado durante muito tempo, Clark Terry vê e reage unicamente ao indivíduo. Repudiava o racismo, tanto de brancos como de negros. E, vê-lo e ouvi-lo - como acontece nesta actuação em Montreux - é ser arrebatado pela plenitude do seu prazer em comunicar a vivência imediata do jazz, sempre em constante renovação.
Terry, que conviveu durante muitos anos com Duke Ellington, contou-me acerca do Duke: «Ele quer que a vida e a música estejam sempre em movimento. Nem sequer gosta de escrever finais definitivos para uma peça. Quer que o final de uma música se assemelhe sempre a algo em progresso contínuo.»
E o próprio Clark Terry está sempre num estado de movimento. Mal sobe ao palco, os ritmos da vocação da sua vida conduzem-no a novas descobertas. O mesmo acontece, nesta sessão, com os seus colegas: Milt Jackson, Ronnie Scott, Joe Pass, Bobby Durham e Niels Pedersen.
Todos tiveram começos diferentes - em países diferentes, em circunstâncias diferentes -, mas esta música tornou-se a sua língua comum. O guitarrista Jim Hall, mundialmente famoso, explicou-me: «Toco em todo o mundo, com músicos que não consigo compreender, quando falam na sua língua, mas com quem comunicamos perfeitamente, quando tocamos em conjunto».
Clark Terry é a verdadeira encarnação do poder desta música que transcende todas as fronteiras. John Coltrane, revelou-me, certo dia, um pormenor acerca da sua música, que me fez lembrar Clark. Coltrane referiu: «Quando se está a tocar com alguém que tem realmente algo a transmitir, existe como que uma constante: a electricidade, um tipo de sentimento, um sentimento exaltante. Não importa saber onde isso acontece; apercebemo-nos de quando esse sentimento nos agarra, o que nos dá uma grande alegria».
Ver e ouvir Clark Terry, neste concerto, irá certamente proporcionar-lhe um enorme prazer!
NAT HENTOFF -JUNHO 2004
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home