20 de março de 2008

60.º aniversário do Hot Club: grande noite!

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Bernardo Moreira e Maria João
Foto de João Moreira dos Santos

O que se viveu ontem à noite no cinema S. Jorge foi uma grande festa da família do jazz, reunida em torno do seu lar: o Hot Club de Portugal. Faltou apenas "o pai", o patriarca do jazz e do Hot: Luís Villas-Boas. JNPDI! publica hoje a primeira parte das impressões que recolheu neste concerto do 60.º aniversário do velhinho, mas sempre actual Hot Club.

O cinema S. Jorge abriu especialmente as portas para se associar aos festejos do seu vizinho de bairro e foi brindado com casa cheia, numa festa a que não faltaram as personagens históricas do Hot e do Jazz em Portugal e também os políticos, representados pelo Ministro da Cultura, Ministro da Ciência e Ensino Superior, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa e Manuel Alegre.

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Foto de João Moreira dos Santos

Antes do concerto, vários notáveis do Hot e o público em geral iam convivendo no foyer do S. Jorge, em cujas vitrinas se exibiam fotografias históricas do Jazz em Portugal e, particularmente, do clube. Muitas destas fotografias (praticamente todas entre os anos 40 e 60) foram tiradas por Augusto Mayer, um dos primeiros sócios do clube (juntamente com o seu irmão Ivo) e a quem se deve a memória fotográfica do Hot e de grande parte do Jazz entre nós.

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Augusto Mayer junto das muitas fotos que tirou no Hot Club e não só...
Foto de João Moreira dos Santos

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Ivo Mayer e Augusto Mayer
Foto de João Moreira dos Santos

Luís Villas-Boas esteve representado pela sua companheira de sempre, Helena Villas-Boas, que tivemos oportunidade de entrevistar por breves instantes antes do início do espectáculo.

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Helena Villas-Boas
Foto de João Moreira dos Santos




As celebrações tiveram formalmente início com a intervenção de António José de Barros Veloso - Presidente da Assembleia-Geral do Hot - que contextualizou as 60 Primaveras do clube preocupando-se especialmente em realçar os muitos e bons músicos de várias gerações que desde os anos 50 têm tocado na cave da Praça da Alegria, nomeadamente Luís Sangareau, Manuel Menano, Pedro Martins de Lima, Carlos Menezes, José Luís Tinoco, Bernardo Moreira, Justiniano Canelhas, Manuel Jorge Veloso, Rão Kyao, Marcos Resende, Zé Eduardo, João Heitor, Maria Viana (que apresentou como "a grande diva do jazz em Portugal"), Carlos Barretto, Carlos Martins, Mário Laginha, Bernardo Sassetti, Maria João, Tomás Pimentel, Claus Nymark ou os irmãos Moreira.

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Barros Veloso
Foto de João Moreira dos Santos

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Barros Veloso
Foto de João Moreira dos Santos

Um dos pontos mais simbólicos da noite foi a condecoração de quatro históricos sócios que se mantêm ligados ao Hot desde 1948: Augusto Mayer, Ivo Mayer, Pedro Martins de Lima e Vasco Cardoso. Bernardo Moreira, presidente do Hot, entregou aos homenageados os Emblemas de Ouro do clube que ajudaram a fundar e dinamizar.

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Foto de João Moreira dos Santos




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Barros Veloso com Pedro Martins de Lima e Ivo e Augusto Mayer
Foto de João Moreira dos Santos

Seguiram-se as intervenções do Ministro da Cultura e da Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, que aproveitou a oportunidade para entregar ao Hot Club a Medalha de Honra de Lisboa.

Era agora tempo de música...

Vinda do meio do público (porque no S. Jorge, por ser um cinema, não há camarins, nem bastidores de palco), os músicos da Big Band do Hot cruzaram a plateia e tomaram os seus lugares no palco. Sob a direcção de Pedro Moreira, fez-se jazz com a interpretação do primeiro de vários temas compostos por Mário Laginha.

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Foto de Carlos Pinto

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Foto de João Moreira dos Santos


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Foto de Carlos Pinto

Não há dúvida de que a Big Band está em grande forma e conta com músicos excepcionais, a que se veio somar o saxofonista inglês Julian Arguelles, convidado especial para este concerto também especial.

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Foto de Carlos Pinto

Maria João foi chamada ao palco, começando por interpretar o belo "Parrots and Lions". O público conhece Maria João, mas ficou a saber que a cantora é uma filha pródiga da escola do Hot, de onde saiu há precisamente 25 anos, como fez questão de relembrar.

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de Carlos Pinto

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Foto de João Moreira dos Santos




Não faltou neste concerto o célebre "Sete facadas", tema que permitiu a Maria João lançar-se nos seus característicos improvisos vocais, sempre galvanizadores da atenção e admiração do público.




Em termos de emoções, um dos pontos altos da noite foi a interpretação de "Beatriz" (um tema absolutamente extraordinário) só por Laginha e João. Impressionou ver a moldura humana que preenchia o S. Jorge em absoluto silêncio e cativa do encanto destas duas vozes ímpares da música portuguesa.

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Foto de João Moreira dos Santos




No final, o público não regateou palmas aos músicos em palco e ao aniversariante. E se dantes era impossível ignorar o Hot Club, a partir desta noite é também impensável, pois o clube como que viu referendado em aplausos e adesão a sua legitimidade e importância na sociedade portuguesa e respectivo panorama cultural.

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de Carlos Pinto

Parabéns, Hot Club, pelos 60 anos e por esta grande noite!


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