7 de setembro de 2004

O que eles escreviam do pobre coitado...

Ainda nem tinha nome e já o jazz era satirizado e desprezado pela nossa imprensa.

Estamos em pleno início dos anos 20 e um jornal diário português publica a seguinte notícia:

«(...) Um acontecimento, talvez o mais sensacional, o mais extraordinário, e decerto o mais singular de todos os acontecimentos teatrais ou musicais de Paris, foi a apresentação no "Trocadero" duma orquestra de negros.

O chefe da orquestra vestido de azul pálido, com bandas e dragonas doiradas; os músicos vestiam 'smoking' irrepreensível...

O chefe de orquestra é mexido, irrequieto, rápido, duma enorme rapidez, desequilibrado, dando a impressão de ter sido atacado por um ataque epilético parece desnorteado, sem guia, inconsciente...»

Ora, ainda nem se utilizava aqui a palavra jazz... mas é ele que está lá, claro.

Este artigo significa também que Portugal provavelmente não assistiu a qualquer concerto por negros até meados do início dos anos 20, recebendo de França as primeiras notícias deste género musical como, aliás, já se suspeitava.

Mas enfim, «Jazz No País do Improviso!» vai continuar a sua investigação porque ainda há muito por conhecer.

Aproveito para agradecer ao António Branco, do Improvisos ao Sul, que hoje me enviou o endereço de um site que pode ser muito útil neste processo. Valeu!


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