John Abercrombie: Ícone da guitarra jazz e de fusão completa hoje 65 anos
O guitarrista John Abercrombie completa hoje 65 anos, 40 dos quais dedicados a uma carreira na música que já produziu mais de 50 albuns. Embora já não seja o ícone que foi nos anos 70, 80 e 90 - tendo no passado recente perdido visibilidade para as novas gerações - Abercrombie merece bem o destaque que hoje lhe concedemos. Com efeito, não só criou uma sonoridade e uma linguagem próprias na guitarra, divulgada através dos seus trabalhos para a editora ECM, como influenciou vários músicos portugueses e estrangeiros.
Figura polémica no jazz - uma boa parte dos amadores deste género musical nunca aceitaram as influências do rock e da música de fusão na sua sonoridade e estilo - Abercrombie nasceu a 16 de Dezembro de 1944 em Port Chester (NYC), tendo crescido em Greenwich, Connecticut.
Iniciou-se na guitarra aos 14 anos, seduzido por Chuck Berry, e chegou ao jazz através do encantamento pela obra de Barney Kessel. Foi desta base que partiu para a incontornável Berklee College of Music, instituição que o acolheu como aluno entre 1962 e 1966. Nos tempos livres aproveitava para frequentar os clubes de jazz locais, onde ouvia gigantes como John Coltrane (que muito o influenciou) e Thelonious Monk.
Mas, mais do que ouvir, Abercrombie queria sobretudo tocar e era precisamente isso que fazia no clube Paul's Mall. Não passou, aliás, despercebido aos músicos que por lá tocavam. Um dos que reparou no talento do jovem aspirante a guitarrista foi o organista Johnny Hammond Smith, que logo o convidou para uma digressão. Foi também neste clube que conheceu os Brecker Brothers (Michael e Randy), que o convidaram para o grupo Dreams, tendo participado no primeiro disco desta formação.
Em 1969, findos os estudos na Berklee, Abercrombie mudou-se para Nova Iorque, onde veio a gravar com músicos como Gil Evans, Gato Barbieri e Barry Miles. Marcantes foram as suas associações com Chico Hamilton e Billy Cobham, dois bateristas líderes de grupos conceituados, nomeadamente o Spectrum, através do qual começou a ser notado. Era o boom da música de fusão entre o jazz e o rock, ainda à procura duma identidade.
No início dos anos 70, Abercrombie foi convidado por Manfred Eicher a gravar para ECM e a partir de então nada mais seria igual na sua carreira. O primeiro LP, Timeless, contava com o teclista Jan Hammer e o baterista Jack DeJohnette. O segundo e o terceiro album, intitulados Gateway e Gateway 2, foram editados em 1975 e 1978 e juntavam o guitarrista a DeJohnette e ao contrabaixista Dave Holland.
O próximo passo incluiu um quarteto tradicional com Richie Beirach (piano), George Mraz (contrabaixo) e Peter Donald (bateria), do qual resultaram três LP's para a ECM: Arcade, Abercrombie Quartet e M. Foi com este quarteto que se estreou em Portugal, em Novembro de 1980, tendo actuado no X Cascais Jazz.
O regresso ao trio deu-se com a colaboração com Marc Johnson (contrabaixo) e Peter Erskine (bateria), representando uma das suas fases mais importantes e emblemáticas. Foi neste ambiente que introduziu o sintetizador de guitarra e concebeu três novos discos entre 1987 e 1989: Getting There (com Michael Brecker), Current Events e John Abercrombie, Marc Johnson & Peter Erskine.
No final da década de 80, Abercrombie regressou a Portugal para orientar um histórico workshop no Palácio Fronteira, evento promovido pelo Hot Clube de Portugal (onde também actuou ao vivo). Para tal foi decisivo o empenho pessoal do guitarrista Sérgio Pelágio, então professor da escola e ex-aluno de Abercrombie.
Os anos 90 viram a emergência de várias parcerias. A mais importante foi, porventura, a reunião dos músicos com quem gravara Gateway, reencontro que deu origem, em 1995, ao CD Homecoming.
Foi neste mesmo período temporal que criou um terceiro grupo que incluia o organista Dan Wall e o baterista Adam Nussbaum, aos quais se juntaram posteriormente o violinista Mark Feldman e o saxofonista Joe Lovano. Seguiram-se-lhe um novo quarteto com Marc Johnson e Joey Barron e várias parcerias com outros guitarristas de referência - Ralph Towner, John Scofield e Joe Beck - e com Jan Garbarek e Eddie Gomez.
Na viragem para o século XXI, gravou e tocou ao vivo com Charles Lloyd.
Desde há uns anos que Abercrombie tem vindo a privilegiar a colaboração com Dan Wall (órgão) e também com Victor Feldman (violino).
O guitarrista John Abercrombie completa hoje 65 anos, 40 dos quais dedicados a uma carreira na música que já produziu mais de 50 albuns. Embora já não seja o ícone que foi nos anos 70, 80 e 90 - tendo no passado recente perdido visibilidade para as novas gerações - Abercrombie merece bem o destaque que hoje lhe concedemos. Com efeito, não só criou uma sonoridade e uma linguagem próprias na guitarra, divulgada através dos seus trabalhos para a editora ECM, como influenciou vários músicos portugueses e estrangeiros.
Figura polémica no jazz - uma boa parte dos amadores deste género musical nunca aceitaram as influências do rock e da música de fusão na sua sonoridade e estilo - Abercrombie nasceu a 16 de Dezembro de 1944 em Port Chester (NYC), tendo crescido em Greenwich, Connecticut.
Iniciou-se na guitarra aos 14 anos, seduzido por Chuck Berry, e chegou ao jazz através do encantamento pela obra de Barney Kessel. Foi desta base que partiu para a incontornável Berklee College of Music, instituição que o acolheu como aluno entre 1962 e 1966. Nos tempos livres aproveitava para frequentar os clubes de jazz locais, onde ouvia gigantes como John Coltrane (que muito o influenciou) e Thelonious Monk.
Mas, mais do que ouvir, Abercrombie queria sobretudo tocar e era precisamente isso que fazia no clube Paul's Mall. Não passou, aliás, despercebido aos músicos que por lá tocavam. Um dos que reparou no talento do jovem aspirante a guitarrista foi o organista Johnny Hammond Smith, que logo o convidou para uma digressão. Foi também neste clube que conheceu os Brecker Brothers (Michael e Randy), que o convidaram para o grupo Dreams, tendo participado no primeiro disco desta formação.
Em 1969, findos os estudos na Berklee, Abercrombie mudou-se para Nova Iorque, onde veio a gravar com músicos como Gil Evans, Gato Barbieri e Barry Miles. Marcantes foram as suas associações com Chico Hamilton e Billy Cobham, dois bateristas líderes de grupos conceituados, nomeadamente o Spectrum, através do qual começou a ser notado. Era o boom da música de fusão entre o jazz e o rock, ainda à procura duma identidade.
No início dos anos 70, Abercrombie foi convidado por Manfred Eicher a gravar para ECM e a partir de então nada mais seria igual na sua carreira. O primeiro LP, Timeless, contava com o teclista Jan Hammer e o baterista Jack DeJohnette. O segundo e o terceiro album, intitulados Gateway e Gateway 2, foram editados em 1975 e 1978 e juntavam o guitarrista a DeJohnette e ao contrabaixista Dave Holland.
O próximo passo incluiu um quarteto tradicional com Richie Beirach (piano), George Mraz (contrabaixo) e Peter Donald (bateria), do qual resultaram três LP's para a ECM: Arcade, Abercrombie Quartet e M. Foi com este quarteto que se estreou em Portugal, em Novembro de 1980, tendo actuado no X Cascais Jazz.
O regresso ao trio deu-se com a colaboração com Marc Johnson (contrabaixo) e Peter Erskine (bateria), representando uma das suas fases mais importantes e emblemáticas. Foi neste ambiente que introduziu o sintetizador de guitarra e concebeu três novos discos entre 1987 e 1989: Getting There (com Michael Brecker), Current Events e John Abercrombie, Marc Johnson & Peter Erskine.
No final da década de 80, Abercrombie regressou a Portugal para orientar um histórico workshop no Palácio Fronteira, evento promovido pelo Hot Clube de Portugal (onde também actuou ao vivo). Para tal foi decisivo o empenho pessoal do guitarrista Sérgio Pelágio, então professor da escola e ex-aluno de Abercrombie.
Os anos 90 viram a emergência de várias parcerias. A mais importante foi, porventura, a reunião dos músicos com quem gravara Gateway, reencontro que deu origem, em 1995, ao CD Homecoming.
Foi neste mesmo período temporal que criou um terceiro grupo que incluia o organista Dan Wall e o baterista Adam Nussbaum, aos quais se juntaram posteriormente o violinista Mark Feldman e o saxofonista Joe Lovano. Seguiram-se-lhe um novo quarteto com Marc Johnson e Joey Barron e várias parcerias com outros guitarristas de referência - Ralph Towner, John Scofield e Joe Beck - e com Jan Garbarek e Eddie Gomez.
Na viragem para o século XXI, gravou e tocou ao vivo com Charles Lloyd.
Desde há uns anos que Abercrombie tem vindo a privilegiar a colaboração com Dan Wall (órgão) e também com Victor Feldman (violino).
3 Comments:
JMS:
Continuo a vir aqui, a este óptimo espaço, com prazer.
Tenho imensas fotos de muitos festivais CascaisJazz mas, como à época e um pouco agora, sou desorganizado, não consigo identificar muitos dos músicos que, com esse danado do tempo, mudaram de aspecto. No caso de Abercrombie assim acontece. Quem veio com ele? Será que está disposto a ajudar? Muito lhe agradecia.
Convido-o a ver uma dessas fotos, essa de fácil identificação:
http://blue-breve.blogspot.com/2010/01/kenny-wheeler-john-abercrombie.html
Caro Eurico Moura,
Obrigado pelas suas amáveis palavras.
Pode contar com a minha ajuda. O Abercrombie veio com o Richie Beirach (piano), George Mraz (contrabaixo) e Peter Donald (bateria).
A sua foto do Abercrombie está muito boa. Esse concerto foi marcante para mim pois foi o que me pôs a gostar de jazz e a aprender contrabaixo.
Um abraço e disponha. Pode contactar-me pelo e-mail: joaomoreirasantos@gmail.com
JMS:
Acredite que aprecio muito o seu trabalho.
E fico também a apreciar a sua gentileza e disponibilidade.
O George Mraz eu já tinha identificado mas não como participante no citado concerto. Agora o agrupamento está completo:
http://blue-breve.blogspot.com/2010/01/kenny-wheeler-john-abercrombie.html
Vou mesmo aproveitar a sua oferta de ajuda. Obrigado!
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