Filipe Melo: "Tocar com o Donald Harrison é uma honra gigante"
Filipe Melo. Foto de João Moreira dos Santos
Há um ano, Filipe Melo e Bruno Santos conheceram o saxofonista Donald Harrison no AngraJazz, que depois de os ouvir mostrou desde logo interesse em juntar-se-lhes em palco no futuro. Em quinteto, Melo e Santos estão a realizar com Harrison uma mini-digressão. JNPDI! foi saber mais acerca deste encontro especial.
JNPDI: Como é que surgiu esta lança em África de trazer o Donald Harrison a Portugal para uma série de concertos com um quarteto de músicos portugueses?
Filipe Melo: Quando estivemos em trio no Angra Jazz 2006 conhecemos o Donald Harrison nos bastidores - ele estava com o grupo do pianista Eddie Palmieri. Fomos prestar-lhe reverência como verdadeiros "fans" e ele disse que tinha gostado muito do nosso concerto e que gostava muito de vir tocar connosco. Eu e o Bruno Santos perguntámos logo se ele estava só a ser simpático ou se estava de facto a falar a sério. Quando ele disse que sim, não podiamos acreditar. Fizemos tudo o que podíamos para o conseguir trazer cá.
JNPDI: Foi fácil obter a adesão deste super saxofonista?
FM: Foi relativamente fácil porque, apesar de ser uma lenda, é uma pessoa genuinamente simpática e atenciosa - tratou-nos como colegas, não como "sidemen" no verdadeiro sentido da palavra. Muitas vezes comentei com o Bruno que só devíamos celebrar quando estivessemos com ele no aeroporto! Quando aconteceu percebemos que de facto ele tinha aderido a 100%. O que tenho vindo a perceber é que muitas vezes os nossos heróis têm reacções muito próximas das nossas - gostam de tocar, de viajar e de conhecer músicos novos. É claro que tocar com o Donald Harrison foi uma honra gigante para nós, mas ele nunca criou uma distância. Foi fácil!
JNPDI!: Que expectativas tinhas para este encontro?
FM: Essencialmente, de estar à altura de um bom espectáculo, não só pelo Donald Harrison mas também pelos colegas "tugas" - gosto muito de tocar com eles e espero que possamos tocar juntos sempre. O Bruno escreveu alguns temas muito bons e divertidos de tocar. O Donald Harrison trouxe o factor "New Orleans", o groove contagiante e um talento nato para a comunicação pela música. Só pode ser um concerto divertido!
Bruno Santos. Foto de João Moreira dos Santos
JNPDI: Musicalmente o que é que as pessoas que ainda não vos viram ao vivo podem esperar dos vários concertos que vão acontecer de Norte a Sul com este quinteto?
FM: Um grupo de cinco pessoas que estão a dar o seu melhor e que se vão divertir à brava e fazer o possível para que quem nos veja sinta isso. Além disso, posso apenas adiantar que quem conhece o Donald "Duck" Harrison verá que ele está em topo de forma. É incrível ouvir aquilo ao vivo. Uma força da natureza!
JNPDI!: Não é assustador estar em palco com um músico que tocou nos Jazz Messengers e que tinha então como pianista tão só o grande Mulgrew Miller?
FM: Na verdade, o Mulgrew Miller marcou-me muito, foi um pianista que ouvi muito e que adoro. Muitas vezes nem me apercebi bem que a pessoa que ali está a jantar ou a ensaiar connosco partilhou o palco com o Miles, com o Art Blakey, com o Roy Haynes, Pat Metheny... Ele deixa as pessoas à vontade, nunca nos fez sentir a pressão psicológica e a grande responsabilidade que é tocar esta música a sério - pareceu sempre algo divertido e relaxado. Percebeu que gostávamos da música dele e respeitou-nos muito, contou-nos muitas histórias incríveis. Foi claramente mais inspirador do que assustador.
JNPDI!: Que leitura fazes do trabalho do Donald Harrison, especialmente dos discos com o Terence Blanchard?
FM: O Donald Harrison é de facto alguém que domina verdadeiramente a linguagem, e que marcou claramente uma geração de músicos portugueses. De facto, os discos dele que mais me marcaram foram os do grupo com o Terence, especialmente o Nascence e o Discernment. Lembro-me de passar algumas tardes com o Afonso Pais a ouvir isso há muitos anos e de tentar tocar os temas desses discos! Eram discos especiais, muito "à frente", jazz verdadeiramente revolucionário para a altura. O próprio Donald Harrison disse-nos que as pessoas não compreendiam aquela música e que eles não tinham muitos concertos nos EUA.
Enfim, não tenho senão o melhor a dizer sobre ele - apesar de ter de faltar a dois concertos agendados para o Hot e para o Lux - mas tem uma grande desculpa: vai entrar no filme novo do Jonathan Demme. Esperemos que ele volte para o ano, para mais concertos.
Filipe Melo: Quando estivemos em trio no Angra Jazz 2006 conhecemos o Donald Harrison nos bastidores - ele estava com o grupo do pianista Eddie Palmieri. Fomos prestar-lhe reverência como verdadeiros "fans" e ele disse que tinha gostado muito do nosso concerto e que gostava muito de vir tocar connosco. Eu e o Bruno Santos perguntámos logo se ele estava só a ser simpático ou se estava de facto a falar a sério. Quando ele disse que sim, não podiamos acreditar. Fizemos tudo o que podíamos para o conseguir trazer cá.
JNPDI: Foi fácil obter a adesão deste super saxofonista?
FM: Foi relativamente fácil porque, apesar de ser uma lenda, é uma pessoa genuinamente simpática e atenciosa - tratou-nos como colegas, não como "sidemen" no verdadeiro sentido da palavra. Muitas vezes comentei com o Bruno que só devíamos celebrar quando estivessemos com ele no aeroporto! Quando aconteceu percebemos que de facto ele tinha aderido a 100%. O que tenho vindo a perceber é que muitas vezes os nossos heróis têm reacções muito próximas das nossas - gostam de tocar, de viajar e de conhecer músicos novos. É claro que tocar com o Donald Harrison foi uma honra gigante para nós, mas ele nunca criou uma distância. Foi fácil!
JNPDI!: Que expectativas tinhas para este encontro?
FM: Essencialmente, de estar à altura de um bom espectáculo, não só pelo Donald Harrison mas também pelos colegas "tugas" - gosto muito de tocar com eles e espero que possamos tocar juntos sempre. O Bruno escreveu alguns temas muito bons e divertidos de tocar. O Donald Harrison trouxe o factor "New Orleans", o groove contagiante e um talento nato para a comunicação pela música. Só pode ser um concerto divertido!
Bruno Santos. Foto de João Moreira dos Santos
JNPDI: Musicalmente o que é que as pessoas que ainda não vos viram ao vivo podem esperar dos vários concertos que vão acontecer de Norte a Sul com este quinteto?
FM: Um grupo de cinco pessoas que estão a dar o seu melhor e que se vão divertir à brava e fazer o possível para que quem nos veja sinta isso. Além disso, posso apenas adiantar que quem conhece o Donald "Duck" Harrison verá que ele está em topo de forma. É incrível ouvir aquilo ao vivo. Uma força da natureza!
JNPDI!: Não é assustador estar em palco com um músico que tocou nos Jazz Messengers e que tinha então como pianista tão só o grande Mulgrew Miller?
FM: Na verdade, o Mulgrew Miller marcou-me muito, foi um pianista que ouvi muito e que adoro. Muitas vezes nem me apercebi bem que a pessoa que ali está a jantar ou a ensaiar connosco partilhou o palco com o Miles, com o Art Blakey, com o Roy Haynes, Pat Metheny... Ele deixa as pessoas à vontade, nunca nos fez sentir a pressão psicológica e a grande responsabilidade que é tocar esta música a sério - pareceu sempre algo divertido e relaxado. Percebeu que gostávamos da música dele e respeitou-nos muito, contou-nos muitas histórias incríveis. Foi claramente mais inspirador do que assustador.
JNPDI!: Que leitura fazes do trabalho do Donald Harrison, especialmente dos discos com o Terence Blanchard?
FM: O Donald Harrison é de facto alguém que domina verdadeiramente a linguagem, e que marcou claramente uma geração de músicos portugueses. De facto, os discos dele que mais me marcaram foram os do grupo com o Terence, especialmente o Nascence e o Discernment. Lembro-me de passar algumas tardes com o Afonso Pais a ouvir isso há muitos anos e de tentar tocar os temas desses discos! Eram discos especiais, muito "à frente", jazz verdadeiramente revolucionário para a altura. O próprio Donald Harrison disse-nos que as pessoas não compreendiam aquela música e que eles não tinham muitos concertos nos EUA.
Enfim, não tenho senão o melhor a dizer sobre ele - apesar de ter de faltar a dois concertos agendados para o Hot e para o Lux - mas tem uma grande desculpa: vai entrar no filme novo do Jonathan Demme. Esperemos que ele volte para o ano, para mais concertos.
4 Comments:
No post do dia 19 do corrente mês está publicada uma fotografia do André Fernandes da qual EU SOU a AUTORA!!! Queira, por favor, repôr a verdade dos factos fazendo referência à autoria da dita foto. Obrigada.
Mercedes Pineda
Cara Mercedes Pineda,
Não nos conhecemos de ontem e a Mercedes tem o meu contacto de e-mail e telefónico, pelo que porventura teria sido mais simpático ter-me enviado esta informação por esse canal.
Eu ter-lhe-ia, então, respondido que a tal foto me foi enviada pelo Sector de Acção Cultural da Câmara Municipal de Oeiras (financiadora do Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras) juntamente com várias fotografias de todos os músicos participantes neste festival e que nenhuma delas mencionava o respectivo autor.
Terei, claro, todo o prazer em mencionar na legenda da foto que esta é da sua autoria, agora que tenho conhecimento desse facto.
Mas de futuro talvez fosse conveniente a Mercedes infornmar os músicos que fotografa de que estes devem sempre exigir aos promotores dos festivais que mencionem a autoria das fotografias promocionais que recebem.
Assim se evitariam situações como estas e a sua utilização de tantos "!!!" e exigência à minha pessoa da "reposição da verdade" relativamente a algo a que sou totalmente alheio, dando eventualmente a entender a quem leia o seu comentário que houve qualquer tentativa da minha parte de me apoderar da autoria da referida imagem, o que jamais faria.
João, eu só queria fazer um comentário divertido, não ofender
Vale!
Tásse bem.
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