Estoril Jazz continua sexta-feira
Depois dos excelentes concertos da passada semana, sobretudo o do quarteto de Charles Lloyd - que foi notável e encerrou a digressão europeia de Verão desta formação - o Estoril Jazz regressa sexta-feira para a sua segunda semana da edição deste ano.
Vejamos o que se passa nesta segunda e última semana de espectáculos...
9 JULHO: 22h00
Dee Dee Bridgewater
Detentora de uma voz poderosa e de grande amplitude e, ao mesmo tempo, de uma capacidade histriónica que lhe tem permitido orientar a sua carreira como cantora transversal a todos os públicos, Dee Dee Bridgewater não esconde, no seu estilo, no seu vibrato, no calor das suas interpretações e na forma de se movimentar em palco, a sua paixão pelas actuações em público.
Por isso estas faculdades lhe permitem nãoapenas exercer o seu métier como uma pura cantora de Jazz mas também como entertainer de espectro mais versátil com relevo para alguns projectos específicos e de certo impacte espectacular que ultrapassam as fronteiras do próprio Jazz, como tem sido patente em inúmeros shows temáticos que tem criado nos últimos anos.
Entretanto, a circunstância de Dee Dee se apresentar no Estoril Jazz num concerto subordinado ao título To Billie With Love: A Celebration of Lady Day leva a depreender que se trata de um projecto bem arreigado ao espírito do Jazz e, mais ainda, de uma séria e comovente homenagem a Billie Holiday, um dos vultos maiores da voz feminina no Jazz, na sequência aliás do disco que já este ano publicou com semelhante dedicatória: Eleanora Fagan (1915-1959): To Billie with Love from Dee Dee (Decca, 2010).
Não é de resto a primeira vez que Dee Dee Bridgewater se interessa pela voz inconfundível de Billie Holiday e pela vida dramática daquela que foi um dos maiores ícones do Jazz de todos os tempos, pois já representara a vida desta no teatro ao cantar em palco, nos anos 80, a personagem principal do musical Lady Day. Mas neste disco, a cantora não opta por qualquer evocação mais directa da voz de Billie, antes nos propõe uma recriação moderna de algum do repertório mais fascinante da sua homenageada, como Mother’s Son-in-Law, Fine and Mellow, Don’t Explain, God Bless the Child ou Strange Fruit que certamente ouviremos também em palco.
Dee Dee Bridgewater apresentar-se-á no XXIX Estoril Jazz com um quarteto de excelentes músicos, liderados pelo brilhante pianista porto-riquenho Edsel Gomez, responsável pelos arranjos, e ainda constituído pelos pendulares Kenny Davis (contrabaixo) e Lewis Nash (bateria) e pelo caloroso saxofonista-tenor Craig Handy.
10 JULHO: 22h00
TRIO 3: Lake, Workman, Cyrille
As três personalidades que esta noite pisam o palco do Estoril Jazz representam a evocação de um certo espírito vanguardista que, durante os anos 60, 70 e seguintes, deu corpo a uma das mutações mais radicais no jazz moderno.
Perfilando-se como alguns dos instrumentistas que, nesse tempo, mais se destacaram em diversos contextos musicais, basta dizer que, para além das suas carreiras individuais ou dos seus estilos pessoais, todos eles estiveram ligados a grupos ou projectos que então emergiram como dos mais importantes da época: o saxofonista Oliver Lake, como membro co-fundador do célebre World Saxophone Quartet; o contrabaixista Regie Workman como membro do quarteto de John Coltrane; o baterista Andrew Cyrille como colaborador dos grupos de Cecil Taylor, Marion Brown, Grachan Moncur III ou Jimmy Giuffre.
Improvisador impetuoso, mesclando no seu estilo a modernidade de um Eric Dolphy ou o apego aos blues de um Maceo Parker, Oliver Lake liderou, com Julius Hemphill e Charles “Bobo” Shaw, entre outros, um colectivo de músicos afro-americanos, The Black Artist’s Group. Companheiro do mesmo Hemphill e ainda de Hamiet Bluiett e David Murray no já referido World Saxophone Quartet, Lake contribuiu para a inegável popularidade deste grupo durante mais de duas décadas.
Já Regie Workman, o mais “clássico” destes três modernistas, tornou-se conhecido na sua carreira como sideman de músicos esteticamente tão diversos como Gigi Gryce, Red Garland ou Roy Haynes, ocupando a estante de contrabaixista (após ter deixado o quarteto de Coltrane) dos grupos de Art Blakey, Yusef Lateef, Sam Rivers, David Murray ou dirigindo o seu próprio Reggie Workman Ensemble.
Quanto a Andrew Cyrille, a sua carreira atingiu o ponto mais alto nos anos 80 e 90, como um dos mais musicais e tecnicistas de todos os bateristas herdeiros do movimento free jazz, mas colaborando noutro tipo de formações como as de Mary Lou Williams, Roland Hanna, Coleman Hawkins, David S. Ware, Ted Daniel, Don Moye, John Carter ou Muhal Richard Abrams.
Por tudo isto, em termos musicais, o concerto pelo trio destes veteranos de peso perfila-se como um dos menos previsíveis do festival deste ano.
Depois dos excelentes concertos da passada semana, sobretudo o do quarteto de Charles Lloyd - que foi notável e encerrou a digressão europeia de Verão desta formação - o Estoril Jazz regressa sexta-feira para a sua segunda semana da edição deste ano.
Vejamos o que se passa nesta segunda e última semana de espectáculos...
9 JULHO: 22h00
Dee Dee Bridgewater
Detentora de uma voz poderosa e de grande amplitude e, ao mesmo tempo, de uma capacidade histriónica que lhe tem permitido orientar a sua carreira como cantora transversal a todos os públicos, Dee Dee Bridgewater não esconde, no seu estilo, no seu vibrato, no calor das suas interpretações e na forma de se movimentar em palco, a sua paixão pelas actuações em público.
Por isso estas faculdades lhe permitem nãoapenas exercer o seu métier como uma pura cantora de Jazz mas também como entertainer de espectro mais versátil com relevo para alguns projectos específicos e de certo impacte espectacular que ultrapassam as fronteiras do próprio Jazz, como tem sido patente em inúmeros shows temáticos que tem criado nos últimos anos.
Entretanto, a circunstância de Dee Dee se apresentar no Estoril Jazz num concerto subordinado ao título To Billie With Love: A Celebration of Lady Day leva a depreender que se trata de um projecto bem arreigado ao espírito do Jazz e, mais ainda, de uma séria e comovente homenagem a Billie Holiday, um dos vultos maiores da voz feminina no Jazz, na sequência aliás do disco que já este ano publicou com semelhante dedicatória: Eleanora Fagan (1915-1959): To Billie with Love from Dee Dee (Decca, 2010).
Não é de resto a primeira vez que Dee Dee Bridgewater se interessa pela voz inconfundível de Billie Holiday e pela vida dramática daquela que foi um dos maiores ícones do Jazz de todos os tempos, pois já representara a vida desta no teatro ao cantar em palco, nos anos 80, a personagem principal do musical Lady Day. Mas neste disco, a cantora não opta por qualquer evocação mais directa da voz de Billie, antes nos propõe uma recriação moderna de algum do repertório mais fascinante da sua homenageada, como Mother’s Son-in-Law, Fine and Mellow, Don’t Explain, God Bless the Child ou Strange Fruit que certamente ouviremos também em palco.
Dee Dee Bridgewater apresentar-se-á no XXIX Estoril Jazz com um quarteto de excelentes músicos, liderados pelo brilhante pianista porto-riquenho Edsel Gomez, responsável pelos arranjos, e ainda constituído pelos pendulares Kenny Davis (contrabaixo) e Lewis Nash (bateria) e pelo caloroso saxofonista-tenor Craig Handy.
10 JULHO: 22h00
TRIO 3: Lake, Workman, Cyrille
As três personalidades que esta noite pisam o palco do Estoril Jazz representam a evocação de um certo espírito vanguardista que, durante os anos 60, 70 e seguintes, deu corpo a uma das mutações mais radicais no jazz moderno.
Perfilando-se como alguns dos instrumentistas que, nesse tempo, mais se destacaram em diversos contextos musicais, basta dizer que, para além das suas carreiras individuais ou dos seus estilos pessoais, todos eles estiveram ligados a grupos ou projectos que então emergiram como dos mais importantes da época: o saxofonista Oliver Lake, como membro co-fundador do célebre World Saxophone Quartet; o contrabaixista Regie Workman como membro do quarteto de John Coltrane; o baterista Andrew Cyrille como colaborador dos grupos de Cecil Taylor, Marion Brown, Grachan Moncur III ou Jimmy Giuffre.
Improvisador impetuoso, mesclando no seu estilo a modernidade de um Eric Dolphy ou o apego aos blues de um Maceo Parker, Oliver Lake liderou, com Julius Hemphill e Charles “Bobo” Shaw, entre outros, um colectivo de músicos afro-americanos, The Black Artist’s Group. Companheiro do mesmo Hemphill e ainda de Hamiet Bluiett e David Murray no já referido World Saxophone Quartet, Lake contribuiu para a inegável popularidade deste grupo durante mais de duas décadas.
Já Regie Workman, o mais “clássico” destes três modernistas, tornou-se conhecido na sua carreira como sideman de músicos esteticamente tão diversos como Gigi Gryce, Red Garland ou Roy Haynes, ocupando a estante de contrabaixista (após ter deixado o quarteto de Coltrane) dos grupos de Art Blakey, Yusef Lateef, Sam Rivers, David Murray ou dirigindo o seu próprio Reggie Workman Ensemble.
Quanto a Andrew Cyrille, a sua carreira atingiu o ponto mais alto nos anos 80 e 90, como um dos mais musicais e tecnicistas de todos os bateristas herdeiros do movimento free jazz, mas colaborando noutro tipo de formações como as de Mary Lou Williams, Roland Hanna, Coleman Hawkins, David S. Ware, Ted Daniel, Don Moye, John Carter ou Muhal Richard Abrams.
Por tudo isto, em termos musicais, o concerto pelo trio destes veteranos de peso perfila-se como um dos menos previsíveis do festival deste ano.
11 JULHO: 22h00
Esperanza Spalding
Esperanza Spalding
Um palminho de cara de traço exótico e um perfil elegante aconchegando um instrumento imprevisível – o contrabaixo – terão sido porventura decisivos para a popularidade de que hoje goza na cena do jazz actual a “latina” Esperanza Spalding. Mas a sua própria prática musical e as companhias com quem tem andado a tocar (e a cantar), bem como algumas das obras discográficas que já foi gravando ou nas quais participou nos últimos anos, ajudam a perceber que a musicalidade natural e a polivalência do seu talento nato desempenham um papel não menos imprescindível na crescente notoriedade da sua ainda curta carreira.
Nascida em 1984 e vivendo a sua difícil adolescência nas vizinhanças de Portland, Oregon, tendo de trabalhar em vários e duros ofícios para ajudar à subsistência de um lar mono-parental, Esperanza Spalding viu despertar nela a paixão pela música desde muito cedo, aprendendo violino e participando na Sociedade de Música de Câmara de Oregon, uma orquestra comunitária na qual tinham assento, enquanto amadores e profissionais, tanto músicos jovens como músicos adultos. Por volta dos 15 anos de idade, mesmo depois de ter sido 1ª. violino (concertino) da orquestra, Esperanza decidiu dedicar-se ao estudo do contrabaixo, estendendo os seus interesses musicais a outros domínios onde o instrumento podia impor-se, como os blues, o funk, o hip-hop e, numa sequência natural, o jazz de maior ou menor ascendência latina.
A partida para Boston e a frequência do Berklee College of Music seria entretanto decisiva para a escolha de uma via musical mais definida, alcançando o bacharelato aos 20 anos e logo passando a exercer a docência, o que a tornou a mais jovem professora de sempre daquela universidade. Em consequência desta sua mudança para a Costa Leste e, em particular, de uma mais profunda participação na cena jazzística nova-iorquina, multiplicou-se naturalmente a sua participação em formações muito diversas, como as de Michel Camilo, Stanley Clarke, Pat Metheny, Patti Austin, Donald Harrison ou Joe Lovano, com a qual já actuou entre nós.
Neste momento da sua carreira, do ponto de vista pessoal, a cantora, contrabaixista e compositora tem vindo a apresentar o seu mais recente disco Esperanza na formação de trio ou de quarteto, no qual participam Ricardo Vogt (guitarra), Otis Brown ou Dana Hawkins (bateria) e o notável pianista argentino Leo Genovese, também já conhecido dos meios jazzísticos portugueses.
NOTA: Biografias fornecidas pela produção do Estoril Jazz.
Nascida em 1984 e vivendo a sua difícil adolescência nas vizinhanças de Portland, Oregon, tendo de trabalhar em vários e duros ofícios para ajudar à subsistência de um lar mono-parental, Esperanza Spalding viu despertar nela a paixão pela música desde muito cedo, aprendendo violino e participando na Sociedade de Música de Câmara de Oregon, uma orquestra comunitária na qual tinham assento, enquanto amadores e profissionais, tanto músicos jovens como músicos adultos. Por volta dos 15 anos de idade, mesmo depois de ter sido 1ª. violino (concertino) da orquestra, Esperanza decidiu dedicar-se ao estudo do contrabaixo, estendendo os seus interesses musicais a outros domínios onde o instrumento podia impor-se, como os blues, o funk, o hip-hop e, numa sequência natural, o jazz de maior ou menor ascendência latina.
A partida para Boston e a frequência do Berklee College of Music seria entretanto decisiva para a escolha de uma via musical mais definida, alcançando o bacharelato aos 20 anos e logo passando a exercer a docência, o que a tornou a mais jovem professora de sempre daquela universidade. Em consequência desta sua mudança para a Costa Leste e, em particular, de uma mais profunda participação na cena jazzística nova-iorquina, multiplicou-se naturalmente a sua participação em formações muito diversas, como as de Michel Camilo, Stanley Clarke, Pat Metheny, Patti Austin, Donald Harrison ou Joe Lovano, com a qual já actuou entre nós.
Neste momento da sua carreira, do ponto de vista pessoal, a cantora, contrabaixista e compositora tem vindo a apresentar o seu mais recente disco Esperanza na formação de trio ou de quarteto, no qual participam Ricardo Vogt (guitarra), Otis Brown ou Dana Hawkins (bateria) e o notável pianista argentino Leo Genovese, também já conhecido dos meios jazzísticos portugueses.
NOTA: Biografias fornecidas pela produção do Estoril Jazz.
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