1 de dezembro de 2008

Jaco Pastorius: relembrar o ícone do baixo eléctrico do jazz-rock

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Se fosse vivo, John Francis Pastorius completaria hoje 57 anos, ele que é considerado a referência no baixo eléctrico do jazz-rock, tendo revolucionado completamente este instrumento e lançado as bases que ainda hoje inspiram praticamente todos os músicos da nova e antiga geração de baixistas. Próximo da sua importância, só Stanley Clarke nos anos 70 e Marcus Miller nos anos 80 e 90. Porém, os seus baixos nunca "falaram" como o de Pastorius, músico que JNPDI homenageia recordando a sua carreira através de alguns vídeos.

Natural da Pensilvânia, Pastorius deu primeiramente nas vistas através da sua associação com Pat Metheny nos anos 70 e especialmente do LP Bright Size Life, que ambos gravaram em 1975 com o baterista Bob Moses e que se tornou um verdadeiro ícone e clássico da guitarra e do baixo eléctrico.



Um ano depois deste encontro, Pastorius foi convidado a integrar o mais importante grupo de jazz-rock, os Weather Report, onde militavam principalmente Joe Zawinul, Wayne Shorter, Peter Erskine e Manolo Badrena. Em 1978, soava assim num concerto realizado na Alemanha.



"Birdland"



"A remark you made"



O papel que Pastorius outorgou ao baixo eléctrico ao serviço deste super grupo, onde se manteve até 1981, pode ser bem apreciado em "Barbary Coast", um tema da sua autoria e em que este instrumento não se limita a fazer uma tradicional bassline.



A genialidade de Pastorius levou-o a ser requisitado por vários músicos e grupos, entre os quais se incluiram Joni Mitchell, Blood Sweat and Tears, Paul Bley, Bireli Lagrene e Ira Sullivan.





No mesmo ano em que Pastorius se juntou aos Weather Report, lançou-se também a solo, e de 1980 a 1984 liderou uma inovadora banda que denominou de Word of Mouth, uma formação que podia ir desde um combo até uma big band. Um dos hinos deste grupo era "The chicken".



Pastorius tinha em Charlie Parker uma referência, tendo baseado o seu estilo nas linhas melódicas deste saxofonista. Um dos temas de Parker que tocava regularmente era o tecnicamente exigente "Donna Lee".



Nos anos 80, Pastorius realizou um vídeo educativo que acabou por ser uma verdadeira montra da sua técnica e estilo e que por isso mesmo vale a pena revisitar.



Nesse mesmo vídeo, surgiu a tocar com John Scofield.



Os anos 80 revelar-se-iam, porém, sombrios para Pastorius, que cedeu à dependência do alcoól e dos estupefacientes, tornando-se praticamente um sem abrigo que deambulava pelas ruas. Foi neste contexto que conheceu a morte em Setembro de 1987, ao ser brutalmente agredido quando tentava entrar num clube nocturno da Florida.

Pastorius nunca chegou a actuar em Portugal já que quando os Weather Report se apresentaram em Lisboa já o baixista tinha abandonado a banda há alguns anos.

1 Comments:

At quinta dez. 04, 02:06:00 da tarde 2008, Blogger Rui Azul said...

Mais um óptimo artigo (ou post, na terminologia internética), profusamente documentado em video, relembrando e descrevendo a carreira meteórica e vertiginosa do visionário que alterou a forma como praticamente todos os baixistas passariam a abordar e executar o baixo eléctrico. Tal como acontecera com Charlie Parker, existe um antes e um depois de..., tal foi a revolução inovadora que foi por eles operada.
Alegra-me também por ter criado um tema (One 4 Jaco) a ele dedicado - audível em myspace.com/ruiazul (perdoem-me a ousadia da referência).
Apenas gostaria de recordar alguns grandes criadores que, por diversas razões, não beneficiaram de um mais que justo reconhecimento da sua qualidade artística, soberba criatividade e fantástica originalidade: Hank Mobley, Lennie Tristano, Stanley Turrentine, Roland Kirk, Eddie 'Lockjaw' Davis, Albert Mangelsdorff, Red Holloway, Gene Ammons, Jacqui Byard, embora não tendo a mesma magnitude de Jaco ou Bird, não obtiveram o justo reconhecimento. Ou como nos casos de Fats Waller, um dos maiores organistas de sempre (professor de Count Basie!), ou de Louis Jordan (influenciou imensos saxofonistas, como Rollins), em que os seus dotes vocais e de entertainers-humoristas camuflaram a sua excelência no domínio dos seus instrumentos. Acredito que a história do Jazz lhes fará justiça, mais cedo ou mais tarde.
E obrigado, João Moreira dos Santos, pelo Jaco.

 

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