JNPDI completa hoje 5 anos e convida Sheila Jordan para festejar no CCB no dia 1 de Outubro
O Jazz No País do Improviso! completa hoje 5 anos de existência. Criado em 11 de Setembro de 2003, o blogue recebeu até hoje mais de 200 000 visitas, registando uma média mensal superior a 4 000 visitantes e um total de quase 2300 posts.
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O 5.º aniversário de JNPDI! é comemorado no próximo dia 1 de Outubro (Dia Mundial da Música) com um concerto pela lendária Sheila Jordan - a última sobrevivente das grandes vozes criativas do jazz - no pequeno auditório do Centro Cultural de Belém, acompanhada por uma secção rítmica nacional, composta por Filipe Melo (piano), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria). O concerto conta ainda com a participação dos convidados Maria Viana (voz) e João Moreira (trompete).
Natural de Detroit, cidade que a viu nascer um ano antes da Grande Depressão, Sheila Jordan foi criada pelos avós no cenário de pobreza das minas de carvão da Pensilvânia. Cantar tornou-se, assim, um escape para os blues infligidos por uma existência difícil no seio de uma família com problemas graves de alcoolismo.
Natural de Detroit, cidade que a viu nascer um ano antes da Grande Depressão, Sheila Jordan foi criada pelos avós no cenário de pobreza das minas de carvão da Pensilvânia. Cantar tornou-se, assim, um escape para os blues infligidos por uma existência difícil no seio de uma família com problemas graves de alcoolismo.
A adolescência foi já vivida nos clubes de jazz de Detroit, um género de estágio para a futura profissionalização. Para já era tempo de aprender o idioma, o que Sheila Jordan fez ouvindo até à exaustão os discos do seu grande mestre, Charlie Parker, músico que lhe chamava “the kid with the million dollar ears”. A aprendizagem através da audição e emulação de um saxofonista e não de outras cantoras, marcou desde logo o carácter único da sua voz no panorama do jazz.
Data igualmente desta época a sua irreverência e inconformismo: se o jazz era uma música criada pelos negros, Sheila Jordan fazia questão de cantar com eles, o que gerou a recriminação por parte da comunidade branca nuns Estados Unidos racialmente segregacionistas.
Foi na Detroit dos anos 40 que conheceu músicos como Tommy Flanagan, Barry Harris e Kenny Burrell e também Skeeter e Mitch. Estes últimos reconheceram imediatamente o seu talento e convidaram-na a integrar aquele que viria a ser o trio vocal Skeeter, Mitch And Jean (Sheila), grupo que cantava pioneiramente versões dos solos de Parker. Foi com Skeeter que Sheila Jordan aprendeu a arte do scat singing, algo que domina como poucas vozes no jazz.
No início dos anos 50 os preconceitos raciais tinham assumido tal gravidade em Detroit que Sheila Jordan – constantemente interpelada e ameaçada pela polícia à saída dos clubes de negros – decidiu mudar-se para Nova Iorque, o que lhe possibilitou seguir Charlie Parker. Aí acabou por casar com Duke Jordan, então pianista deste ícone do jazz, e estudar com o célebre Lennie Tristano. Os primeiros tempos na Big Apple não foram, todavia, fáceis, obrigando-a trabalhar como secretária. Sheila aproveitava, contudo, as noites para mergulhar nos clubes de jazz, muito especialmente o Minton’s Playhouse, verdadeiro alfobre do be-bop, e no Page Three, o seu primeiro palco nova-iorquino.
O ano de 1962 revelar-se-ia marcante e decisivo na sua carreira ao trazer-lhe a oportunidade de gravar pela primeira vez e fazer desde logo história. De facto, Sheila Jordan foi a primeira cantora contratada pela editora Blue Note durante o reinado de Alfred Lion e aí lançou Portrait of Sheila. Um mês antes, apenas, participara no disco The Outer View, de George Russell, e fizera já história ao cantar e gravar – pela primeira vez na história do jazz – sem qualquer acompanhamento instrumental.
A falta de um agente e a sua ousadia e originalidade como cantora haveriam, porém, de a penalizar. De facto, durante mais de 12 anos Sheila Jordan não voltaria a um estúdio de gravação, vendo-se obrigada a permanecer, de igual forma, no limitado circuito de clubes de Nova Iorque, actividade que complementava com o ensino no City College. A sua carreira sofria ainda com a maternidade “solteira” de uma pequena criança, o que era um obstáculo a uma carreira internacional que já se adivinhava, e com um período negro de dependências químicas.
Em 1975, os ventos começaram a soprar de feição e Sheila Jordan foi convidada a gravar pela editora japonesa East Wind e assim nascia Confirmation. Dois anos depois, lançava um disco decisivo na sua carreira, ao gravar Sheila apenas com o contrabaixo de Arild Andersen, fruto das experiências que já ensaiara anos antes com Steve Swallow no clube Page Three. Mais uma vez, assumia o risco da diferença… e, claro, da eventual rejeição, mas o público estava agora preparado para Sheila Jordan, assim como a crítica – nos anos 60 e 70, venceu por nove vezes a votação dos críticos da revista DownBeat na categoria «Talento que merece maior reconhecimento» – e as oportunidades de gravar e editar multiplicaram-se, com colaborações com o pianista Steve Kuhn, cujo quarteto integrou.
A colaboração com Andersen seria apenas o prelúdio para uma intensa e profícua parceria musical que estabeleceria a partir dos anos 80 com os contrabaixistas Harvie Swartz – músico que a acompanharia durante largos anos – e Cameron Brown, músico com o qual gravou I’ve Grown Accustomed to the Bass (2000) e Celebration (2005).
Em 2008, Sheila Jordan recebeu o Mary Lou Williams Women in Jazz Award, prémio que vem somar-se às múltiplas distinções com que tem sido agraciada ao longo da sua carreira.
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