15 de março de 2008

Claude Bolling em Portugal: ligações "familiares"

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Conforme noticiámos em primeira-mão, o pianista Claude Bolling actua em Viana do Castelo no próximo dia 28 de Março. O que os leitores ainda não sabem é que por detrás deste concerto está não só a histórica ligação de Bolling a Portugal (por onde andou nos primeiros tempos do Hot Club), mas também uma ligação quase familiar... JNPDI! falou com Belosinda Cancela, a mentora deste concerto.

JNPDI!: Sei que conviveu muito de perto com Claude Bolling e que essa proximidade esteve na origem do convite para o concerto em Viana do Castelo. Como o conheceu?

Belosinda Cancela: Foi em Janeiro de 1979 que comecei a trabalhar em casa do Claude Bolling, e, um ano e meio mais tarde, nasceu a minha filha, Sílvia Cancela. Como morávamos na mesma casa, a Sílvia foi criada também pelo Claude e sua esposa com muita ternura, como se fosse sua neta, daí esta minha gratidão e carinho.

Guardo muito boas recordações daquele tempo em que pela casa passavam grandes artistas do Cinema, do Teatro e músicos como Jean-Pierre Rampal, Alexandre Lagoya e Maurice André, entre outros, assim como das saídas ao teatro, cinema e concertos com a Big-Band. Foram momentos inesquecíveis!

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JNPDI!: Que traços de personalidade reteve deste pianista e compositor?

BC: Claude Bolling é uma pessoa muito humilde, culta e um apaixonado pela música, sobretudo, pelo Jazz. Recordo-me das horas intermináveis que ele passava no seu estúdio de volta do piano, assim como da composição, no auge da sua carreira. É muito trabalhador e continua a ser um perfeccionista.

JNPDI!: Como surgiu o projecto de o convidar a vir tocar a Viana?

BC: A Sílvia nasceu na casa do Claude Bolling e cresceu acompanhada pelo som do piano, e muito nova, através de toda essa influência musical, iniciou o seu estudo de solfejo. No entanto, só em 1993, aquando do nosso regresso a Portugal, é que ela se dedicou mais seriamente ao estudo da música, especificamente da flauta transversal, na Escola Profissional de Música de Viana do Castelo.

O convite como homenagem à influência musical na vida da minha filha começou a fazer todo o sentido, um convite que Claude Bolling aceitou de imediato e, em gesto recíproco, propôs que a Sílvia tocasse com ele.

JNPDI!: Como está a correr esta sua verdadeira "aventura" no mundo da produção de concertos de jazz?

BC: Durante três anos enviei propostas a várias entidades e festivais sem obter resultados. E foi por esse motivo que me lancei sozinha nesta aventura!

A produção de um concerto deste género pede conhecimentos que não tinha mas que acabei por aprender. Dispenso muita energia ao fazer sozinha um trabalho que habitualmente é realizado por uma equipa. Fora as exigências de aspecto legal (direitos de autor, etc.) e da logística (ficha técnica, etc.), o mais difícil foi conseguir os patrocínios para financiar o evento. Felizmente, pude contar com alguns comerciantes e pequenas empresas de Viana do Castelo e alguns anónimos, a quem, desde já, quero agradecer. Agradeço também à Câmara Municipal de Viana do Castelo que cedeu o Teatro Sá de Miranda a título gratuito, à Escola Profissional de Música de Viana do Castelo que colaborou com os cartazes, programas e divulgação, assim como ao JNPDI, e ao centro cultural do Alto do Minho.

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JNPDI!: Que expectativas tem para o concerto?

BC: Penso que este concerto vai interessar e dizer respeito a muita gente, sejam músicos ou não, amantes de jazz ou de música clássica, de todas as idades, pois a música de Claude Bolling é festiva e intemporal.

A minha vontade é, antes de mais, partilhar e oferecer a possibilidade de assistir a um concerto de um grande pianista e compositor do nosso país vizinho – a França, internacionalmente reconhecido, e que tenho em grande consideração.

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