12 de janeiro de 2008

Brecker, Corea e Hancock

Problemas informáticos impediram-nos de manter a mesma regularidade de posts que é habitual em JNPDI! razão pela qual só agora apresentamos três discos lançados no final de 2007.

Referimo-nos às edições de Michael Brecker (a título póstumo), Chick Corea e Herbie Hancock.

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Pilgrimage foi o último disco gravado pelo saxofonista Michael Brecker (falecido há um ano, em Janeiro de 2007), que aqui apresenta um repertório constituído apenas por temas da sua lavra.

A acompanhá-lo, como que em jeito de uma grande despedida, estão nada menos do que Herbie Hancock, Brad Mehldau, Pat Metheny, John Patitucci e Jack DeJohnette, todos eles músicos da sua geração, à excepção de Mehldau.

O que se passa em Pilgrimage é puro jazz, com a linguagem moderna que caracterizava Michael Brecker e é partilhada pelos músicos envolvidos neste CD.

Faixas: "The Mean Time"; "Five Months From Midnight"; "Anagram"; "Tumbleweed"; "When Can I Kiss You Again?"; "Cardinal Rule"; "Half Moon Lane"; "Loose Threads"; "Pilgrimage".

Músicos: Michael Brecker; Herbie Hancock: piano (1, 5, 6, 9); Brad Mehldau: piano (2-4, 6, 7); Pat Metheny: guitarras; John Patitucci: contrabaixo; Jack DeJohnette: bateria.

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Há várias coisas neste The Enchantment de Corea e Fleck que nos encantam e são dignas de nota.

A menos importante é, porventura, a sua capa e o grafismo, que ainda assim constituem um elemento que não pode nem deve ser desligado deste projecto.

Depois, há a registar o regresso do banjo (que já não ouvíamos desde os discos mais antigos de Wynton Marsalis), instrumento desenvolvido pelos escravos africanos levados para os EUA e que fez parte dos primeiros jazz-bands no início do século XX, dando continuidade a uma tradição que já vinha dos espectáculos de Ministréis que no século XIX percorriam os EUA (e também a Europa), numa pioneira fusão da música africana com as formas europeias.

Finalmente, outro ponto de interesse é o facto deste CD registar o encontro de dois grandes músicos em duo, num formato que tão bem coloca em evidência as suas capacidades.

Mas vamos por partes, já que se Chick Corea dispensa apresentações, Bela Fleck não é tão conhecido e justifica algumas linhas. Considerado o reinventor do Banjo e o seu expoente máximo como instrumentistas, Fleck nasceu nos EUA em 1958 e começou a tocar este instrumento em 1973, influenciado por Earl Scruggs. A aproximação ao jazz deu-se pelo contacto com o grupo Return to Forever (de Chick Corea) e o seu valor como arstista está mais do que confirmado pelos 8 Grammys que já arrecadou e por não menos do que 20 nomeações para este prestigiado prémio.

Em The Enchantment Corea e Fleck apresentam essencialmente temas seus, visitando ainda o universo de Ary Barroso através de "Brasil". Este é um CD com um claro toque de erudição (com cadências rítmicas muita próximas da dita música clássica), que só dois grandes isntrumentistas e músicos poderiam realizar, mas que é simultaneamente acessível e se ouve com grande agrado.



Faixas: "Senorita"; "Spectacle"; "Joban Dna Nopia"; "Mountain"; "Children's Song #6"; "A Strange Romance"; "Menagerie"; "Waltse for Abby"; "Brazil"; "The Enchantment"; "Sunset Road".

Músicos: Chick Corea: piano; Bela Fleck: banjo

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River: The Joni Letters é o mais recente disco do pianista Herbie Hancock e, como o título sugere, é uma homenagem à cantora e compositora Joni Mitchell, enquadrando-se na sua versatilidade como músico que tanto navega no jazz como faz incursões pela pop e pela fusão de ambas as linguagens.

É assim que aqui surgem nomes alheios ao Jazz, tais como Tina Turner ou Leonard Cohen, que convivem com Norah Jones e com músicos que são a quintessência do jazz moderno, como Wayne Shorter e Dave Holland, e ainda o baterista Vinnie Colaiuta e o guitarista Lionel Loueke.

O repertório que respeita a Joni Mitchell provém do período que vai de 1969 a 1976, ficando contido entre dois discos seus: Clouds e Hejira. Além destes temas, Hancock seleccionou ainda um original de Shorter ("Nefertiti") e o clássico "Solitude" (de Duke Ellington).

No que se refere aos temas interpretados pelos convidados vocais, destaque para a interpretação de Tina Turner em "Edith and the Kingpin", um tema que se enquadra muito bem no seu universo sonoro e ao qual consegue dar uma projecção muito pessoal e actualizada, sem dúvida um dos pontos de maior interesse deste CD. O mesmo se pode dizer do tema escolhido para Norah Jones, "Court and spark", igualmente bem interpretado e cativante, destacando-se o solo de Wayne Shorter no saxofone soprano. De referir ainda a participação de Luciana Souza, que consegue gerir muito bem o tema "Amelia", através de um registo suave muito bem pontuado pelo saxofone soprano de Shorter. Corinne Bailey Rae não está mal em "River", mas muito longe, porém, de igualar a versão gravada há anos por Dianne Reeves ou por esta apresentada em concertos. Joni Mitchell surge neste CD a interpretar "Tea Leaf Prophecy" (em que fala de Tokyo Rose, figura feminina criada durante a II Guerra Mundial pela propaganda japonesa com o intuito de condicionar psicologicamente as tropas americanas do pacífico) e Leonard Cohen canta "The Jungle Line", fazendo um dueto falado com Hancock.

Quanto aos temas instrumentais jazzísticos (já que o CD inclui dois temas da autoria de Mitchell), destaque para "Nefertiti" e para a interacção aí realizada entre Shorter, Hancock (perfeitamente reconhecível no discurso pianístico que lhe é característico desde os tempos com Miles Davis) e Loueke.



Faixas: "Court and Spark" (com Norah Jones); "Edith and the Kingpin" (Tina Turner); "Both Sides Now"; "River" (Corinne Bailey Rae); "Sweet Bird"; "Tea Leaf Prophecy" (Joni Mitchell); "Solitude"; "Amelia" (Luciana Souza); "Nefertiti"; "The Jungle Line" (Leonard Cohen).

Músicos: Herbie Hancock: piano; Wayne Shorter: sax soprano e tenor; Dave Holland: contrabaixo; Vinnie Colaiuta: bateria; Lionel Loueke: guitarra; Norah Jones: voz (1); Tina Turner: voz (2); Corinne Bailey Rae: voz (4); Joni Mitchell: voz (6); Luciana Souza: voz (8); Leonard Cohen: voz (10).


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