Jason Moran ao quadrado!
O pianista Jason Moran realizou no passado dia 6 duas actuações dignas de registo e de que JNPDI! dá aqui conta em reportagem fotográfica, uma no CCB e outra no Hot Clube de Portugal.
No Centro Cultural de Belém, Moran provou por que é considerado um dos expoentes do piano da nova geração, como testemunha a crítica de António Rúbio, do Correio da Manhã:
"Moran assinou uma notável prestação, onde o clímax foi sempre o objectivo do pianista, que junta a tradição à linguagem mais moderna do jazz, com uma naturalidade impressionante. As atonalidades e dissonâncias que levaram aos extremos as improvisações, nunca chocaram pela forma natural como surgiram e pela sua segura técnica ao piano. Inspirado no vanguardista Jackie Byard, Moran, tocou temas do seu último CD, ‘Artist In Residence’, com relevo para «Arizona Landscape» e, claro, dois temas de Byard, um deles «Out Front». Foi uma noite inesquecível e brilhante de um dos melhores improvisadores do jazz moderno".
Para tornar a sua actuação ainda mais inesquecível, o pianista decidiu terminar o encore abandonado o palco por entre a plateia, subindo a escadaria e juntado-se ao público no foyer do grande auditório.
Foi precisamente aí que o encontrámos com o seu trio, com a nossa máquina fotográfica sempre a postos para captar momentos que não se repetem.
O trio: Tarus Mateen (baixo), Nasheet Waits (bateria) e Jason Moran
Jason Moran e José Duarte
Jason Moran e Paulo Gil
Jason Moran e o autor de JNPDI!
Entretanto irrompiam pelo foyer as promotoras ao serviço da divulgação de uma conhecida marca de chocolates belga e houve quem não resistisse a levar algumas guloseimas para "casa"...
O melhor, talvez, ainda estava para vir. Convencidos por Paulo Gil e por nós, Jason Moran, Tarus Mateen e Nasheet Waits tinham por destino o Hot Clube, onde viriam a protagonizar um memorável medley de temas do cancioneiro do jazz.
No Hot clube tudo decorria com normalidade e de forma alheia ao que se passara no CCB. António José de Barros Veloso encontrava-se ao piano a tocar acompanhado pela harmónica de Gonçalo Sousa e por contrabaixo.
Eis então que Jason Moran e o seu trio chegam ao Hot Clube e o pianista se instala no bar enquanto os outros músicos se misturam com a audiência. Não há lugar a vedetismos.
Duas gerações de pianistas encontram-se então. De um lado António José de Barros Veloso, um dos pioneiros no piano jazz em Portugal, e de outro Jason Moran, um dos portadores da tocha do futuro deste género musical.
O tempo passava e o público queria ouvir bom jazz. Tó Zé Veloso avança para o piano e invoca Duke Ellington com "Just Squeeze Me". Tarus Mateen aproxima-se, gosta do que ouve e incentiva quando o piano se silencia: "Keep on playing. I like that!" Estava instalado o cenário para uma excelente versão deste clássico.
Nasheet Waits mandou vir as baquetas e em breve o trio debitava um swing contagiante, um momento único de bom jazz, feito no momento e por músicos que nunca antes tinham tocado juntos. Sem ensaios. Tudo flui como que combinado previamente. À melodia e aos solos sucedem-se os trade fours e depois novamente o tema, tudo perfeitamente oleado. Isto é Jazz e só é possível com bons músicos! Há quem apareça em páginas inteiras de jornais, publicamente apresentado como um dos grandes improvisadores do jazz em Portugal (porventura contra sua vontade, admitimos, contando com a benevolência do "jornalista"), mas a prova disso tira-se ainda e sempre em cima do velho palco da Praça da Alegria e aí é caso para perguntar onde estão nestas e noutras ocasiões esses talentos tão badalados ?
Jason Moran tinha de tocar e pouco tempo resistiu, assumindo o piano no final do primeiro tema do improvisado trio. Foi então que ofereceu um fantástico meddley, enquanto a assistência via, ouvia e vibrava com o seu fulgor.
E é assim... No Jazz tudo pode acontecer e de vez em quando acontece mesmo. É por isso que há quem lhe chame o "som da surpresa".
Ja agora, e pegando num post de Pacheco Pereira no seu Abrupto, este é o tipo de reportagem que jamais veremos na imprensa, cada vez mais arredada deste tipo de eventos e com dificuldade em inovar e surpreender pela positiva. Nada contra a imprensa. Antes pelo contrário, somos pela coexistência. Mas que é um facto é. O fenómeno dos blogs e a sua capacidade de cobrir a actualidade em tempo real e nos seus mais íntimos bastidores é surpreendente e ainda estamos apenas no começo. Quando em 2003 lançámos o JNPDI! nunca imaginámos estar um dia a publicar uma reportagem completa como esta.
Proibida a reprodução de todas as imagens sem autorização prévia.
O pianista Jason Moran realizou no passado dia 6 duas actuações dignas de registo e de que JNPDI! dá aqui conta em reportagem fotográfica, uma no CCB e outra no Hot Clube de Portugal.
No Centro Cultural de Belém, Moran provou por que é considerado um dos expoentes do piano da nova geração, como testemunha a crítica de António Rúbio, do Correio da Manhã:
"Moran assinou uma notável prestação, onde o clímax foi sempre o objectivo do pianista, que junta a tradição à linguagem mais moderna do jazz, com uma naturalidade impressionante. As atonalidades e dissonâncias que levaram aos extremos as improvisações, nunca chocaram pela forma natural como surgiram e pela sua segura técnica ao piano. Inspirado no vanguardista Jackie Byard, Moran, tocou temas do seu último CD, ‘Artist In Residence’, com relevo para «Arizona Landscape» e, claro, dois temas de Byard, um deles «Out Front». Foi uma noite inesquecível e brilhante de um dos melhores improvisadores do jazz moderno".
Para tornar a sua actuação ainda mais inesquecível, o pianista decidiu terminar o encore abandonado o palco por entre a plateia, subindo a escadaria e juntado-se ao público no foyer do grande auditório.
Foi precisamente aí que o encontrámos com o seu trio, com a nossa máquina fotográfica sempre a postos para captar momentos que não se repetem.
O trio: Tarus Mateen (baixo), Nasheet Waits (bateria) e Jason Moran
Jason Moran e José Duarte
Jason Moran e Paulo Gil
Jason Moran e o autor de JNPDI!
Entretanto irrompiam pelo foyer as promotoras ao serviço da divulgação de uma conhecida marca de chocolates belga e houve quem não resistisse a levar algumas guloseimas para "casa"...
O melhor, talvez, ainda estava para vir. Convencidos por Paulo Gil e por nós, Jason Moran, Tarus Mateen e Nasheet Waits tinham por destino o Hot Clube, onde viriam a protagonizar um memorável medley de temas do cancioneiro do jazz.
No Hot clube tudo decorria com normalidade e de forma alheia ao que se passara no CCB. António José de Barros Veloso encontrava-se ao piano a tocar acompanhado pela harmónica de Gonçalo Sousa e por contrabaixo.
Eis então que Jason Moran e o seu trio chegam ao Hot Clube e o pianista se instala no bar enquanto os outros músicos se misturam com a audiência. Não há lugar a vedetismos.
Duas gerações de pianistas encontram-se então. De um lado António José de Barros Veloso, um dos pioneiros no piano jazz em Portugal, e de outro Jason Moran, um dos portadores da tocha do futuro deste género musical.
O tempo passava e o público queria ouvir bom jazz. Tó Zé Veloso avança para o piano e invoca Duke Ellington com "Just Squeeze Me". Tarus Mateen aproxima-se, gosta do que ouve e incentiva quando o piano se silencia: "Keep on playing. I like that!" Estava instalado o cenário para uma excelente versão deste clássico.
Nasheet Waits mandou vir as baquetas e em breve o trio debitava um swing contagiante, um momento único de bom jazz, feito no momento e por músicos que nunca antes tinham tocado juntos. Sem ensaios. Tudo flui como que combinado previamente. À melodia e aos solos sucedem-se os trade fours e depois novamente o tema, tudo perfeitamente oleado. Isto é Jazz e só é possível com bons músicos! Há quem apareça em páginas inteiras de jornais, publicamente apresentado como um dos grandes improvisadores do jazz em Portugal (porventura contra sua vontade, admitimos, contando com a benevolência do "jornalista"), mas a prova disso tira-se ainda e sempre em cima do velho palco da Praça da Alegria e aí é caso para perguntar onde estão nestas e noutras ocasiões esses talentos tão badalados ?
Jason Moran tinha de tocar e pouco tempo resistiu, assumindo o piano no final do primeiro tema do improvisado trio. Foi então que ofereceu um fantástico meddley, enquanto a assistência via, ouvia e vibrava com o seu fulgor.
E é assim... No Jazz tudo pode acontecer e de vez em quando acontece mesmo. É por isso que há quem lhe chame o "som da surpresa".
Ja agora, e pegando num post de Pacheco Pereira no seu Abrupto, este é o tipo de reportagem que jamais veremos na imprensa, cada vez mais arredada deste tipo de eventos e com dificuldade em inovar e surpreender pela positiva. Nada contra a imprensa. Antes pelo contrário, somos pela coexistência. Mas que é um facto é. O fenómeno dos blogs e a sua capacidade de cobrir a actualidade em tempo real e nos seus mais íntimos bastidores é surpreendente e ainda estamos apenas no começo. Quando em 2003 lançámos o JNPDI! nunca imaginámos estar um dia a publicar uma reportagem completa como esta.
Proibida a reprodução de todas as imagens sem autorização prévia.
4 Comments:
Ó João,
Pode-me explicar o que significa esta passagem da sua excelente critica ao concerto do Jason Moran no CCB e no Hot Clube ?
Cumprimentos,
Maria João.
"Á melodia e aos solos sucedem-se os trade fours e depois novamente o tema, tudo perfeitamente oleado. Isto é Jazz e só é possível com bons músicos! Há quem apareça em páginas inteiras de jornais, publicamente apresentado como um dos grandes improvisadores do jazz em Portugal (porventura contra sua vontade, admitimos, contando com a benevolência do "jornalista"), mas a prova disso tira-se ainda e sempre em cima do velho palco da Praça da Alegria e aí é caso para perguntar onde estão nestas e noutras ocasiões esses talentos tão badalados ?"
Pois... essa também a mim me deixou intrigado, ou melhor, sem perceber nada. É imensa a clareza jornalística (ironizo) de quem, muito modestamente (ironizo novamente) afirma:
«(...)este é o tipo de reportagem que jamais veremos na imprensa, cada vez mais arredada deste tipo de eventos e com dificuldade em inovar e surpreender pela positiva. Nada contra a imprensa. Antes pelo contrário, somos pela coexistência. Mas que é um facto é. O fenómeno dos blogs e a sua capacidade de cobrir a actualidade em tempo real e nos seus mais íntimos bastidores é surpreendente e ainda estamos apenas no começo. Quando em 2003 lançámos o JNPDI! nunca imaginámos estar um dia a publicar uma reportagem completa como esta.»
Bravo! Sois o maior.
Paulo Brito
P.S.: Parabéns pelas fotos. Estão lindíssimas (não ironizo) e carregadinhas de lapas (as do costume) a chagar os pobres músicos.
Esta será por ventura a mais imbecil das "reportagens" que li neste blog! A música não dúvido que tenha sido boa...agora a forma como JN dA PDI a descreve é bastante ressabiada.
Mas onde é que JN da PDI anda?
Já assisti a imensas Jams no Hot e olhe que desde 2003 foram várias!!!
Deixe de ser CROMO.
...Lapas,ehehehhe ahahahha , lindo!Grandes lapas ,mesmo! E a lista de quem puxou mais pelo jazz em portugal,sem um unico musico,onde está? ehehehhe.Até estranhei não colocar lá seu nome(jnpdi).
Anacleto Bonifácio (A.K.A.peixe frito)
p.s.- O homem é muito moderno,actual e informado já nem diz "chase".
Enviar um comentário
<< Home