Fortune e Ali encerram ForUmusic
Encerrou ontem, no forum Lisboa, o festival ForUmusic, com a actuação dos Lisbon Improvisation Players e de Sonny Fortune + Rashid ali.
Mas antes disso, no dia anterior tinham actuado grupo Wishful thinking, que não tivemos oportunidade de ver e ouvir, e Don Byron com o seu Ivey Divey Trio.
[Foto de João Moreira dos Santos]
Este foi para nós o melhor concerto do festival e talvez mesmo um espectáculo capaz de ombrear com os melhores que já tivemos oportunidade de ver e ouvir neste ano, incluindo o soberbo concerto de Roy Haynes no Estoril Jazz. Não será contudo fácil bater este último...
Jason Moran esteve a um nível que nunca tínhamos testemunhado e a bateria de Billy Hart foi irrepreensível. Tenho para mim que já ia sendo altura de uma escola de jazz contratar um baterista destes por uns bons meses a ver se elevava o nível deste instrumento em Portugal, tradicionalmente apontado como o elo mais fraco, justa ou injustamente. Hart soube sempre estar onde devia e soube adequar o seu som e os seus recursos à música deste trio que, originalmente, conta com Jack DeJohnette.
[Foto de João Moreira dos Santos]
No último dia, Domingo, começaram por subir ao palco os Lisbon Improvisation Players, compostos por João Moreira, Rodrigo Amado, Pedro Gonçalves e Bruno Pedroso.
[Foto de João Moreira dos Santos]
E o destaque foi, claro, para João Moreira, no trompete, e para Rodrigo Amado, nos saxofones. A música, essa, é difícil de descrever, pelo que nem sequer me atrevo...
[Foto de João Moreira dos Santos]
A fechar o festival, um dueto de saxofone e bateria, por Sonny Fortune e Rashid Ali, impróprio para ouvidos iniciados no jazz ou para os que buscam melodia.
[Foto de João Moreira dos Santos]
Com alicerces no legado de Coltrane, este grupo encheu as medidas do público presente (pouco, diga-se).
Já agora vale a pena introduzir uma nota histórica. É que Elvin Jones, mítico baterista que durante anos acompnhou John coltrane, decidu abandonar o génio do saxofone precisamente quando este introduziu no grupo um segundo baterista: Rashid Ali.
15 Comments:
bateria apontada como o elo mais fraco? porque?
É opinião mais ou menos consensual entre os jazzmen portugueses que há poucos bateristas de elevado nível.
Certamente que há excepções e todos as conhecemos, mas a verdade é que é o instrumento onde tem sido mais difícil atingir um bom nível.
Basta assistir aos workshops que se têm realizado com jazzmen internacionais e ouvir a sua opinião sobre este assunto.
Portanto, seria bom que tivessemos um professor residente de altíssima qualidade que pudesse ensinar durante uns bons meses as novas gerações.
http://www.olhares.com/byronmoranhart/foto315150.html
Concordo. Grande concerto com Moran cada vez maior.
Os tipos que actuaram antes foi um sofrimento. Aguentei dois temas (autoflagelação) antes de fugir para o bar. Curiosamente Moran também saiu da sala nesse momento e foi saborear um Boémia...
Sim, Jason Moran esteve excelente.
Encontrei-o cá fora, precisamente, a saborear uma cerveja. A foto que publiquei registou esse momento. Só não sabia porque estava ele no foyer...
:)
A ideia de contratar um professor residente como o Billy Hart é interessante mas (como calcula) impraticável. Era necessário o sr. morar cá. Isso acontece com o baterista Michael Lauren- fundador do Drummeres Colective de N. York e professor de alguns ilustres. Dá aulas na Escola de Jazz de Torres Vedras.
Já é um bom começo!
Portanto os bateristas devem rumar a Torres Vedras.
:)
Caro José Menezes,
Impraticável não é totalmente. Aliás, não seria o primeiro caso de um músico pago para residir durante x meses num país e aí ensinar. O que é provavelmente impraticável é arranjar apoio financeiro para tal.
De resto, esbanja-se tanto dinheiro na cultura (veja-se o caso deste ForUmusic, produzido para meia dúzia de pessoas, independentemente da valia cultural que teve) que bem podia aplicar-se em algo que deixasse frutos palpáveis e a médio longo prazo.
A propósito de no comentário anterior ter sido dito: "...esbanja-se tanto dinheiro na cultura (veja-se o caso deste ForUmusic, produzido para meia dúzia de pessoas, independentemente da valia cultural que teve)..."
O facto de não haver "investimento" em actividades bastante importantes, não implica que se tire o valor e a oportunidade de outros "acontecimentos". Em minha opinião o ForUmusic teve o mérito de trazer bom jazz á cidade de Lisboa e sobretudo dar a oportunidade de expôr algum "jazz nacional", que se não fôr desta forma, dificilmente terá público.
Terá havido falhas, sobretudo no aspecto de divulgação: só assim se compreende que um espectáculo com um trio liderado pelo "clarinetista do ano da Jazz Journalists Association" acompanhado pelo "pianista do ano" da mesma associação e pelo baterista com o currículo que se conhece - Don Byron, Jason Moran e Billy Hart - tenha tido tão pouca gente a assistir. Se calhar alguma inexperiência da organização, o que não impede de ser louvada essa iniciativa e desejar que se repita todos os anos.
De certeza que existe mais dinheiro para as outras actividades jazzísticas, sobretudo no campo da formação, também muito importante, é preciso é convencer quem o tem a disponibilizá-lo.
Caro Anonymous. "Esbanjar dinheiro com Cultura" é (salvo desonrosas excepções) uma frase paradoxal.Em Cultura nunca se esbaja...Do investimento em Cultura sempre haverá frutos (por pouco perceptíveis que sejam no momento).Concordo com o Rui Fernandes. O ForUmusic tem nota positiva pelo simples facto de existir e pelo bom gosto da programação. Que se repita todos os anos. Quanto á "residência" de um músico numa escola é dificil pelos encargos económicos que acarreta. Neste momento só imagino que isso seja possível acontecer na E.S.M.A.E (Porto) já que o seu curso de Jazz está integrado no Instituto Politécnico do Porto (com o apoio financeiro que daí advem). Quanto ás "pequenas" escola do resto do País...não vejo jeito...
...e mandar os melhores alunos ao estrangeiro não é alternativa?
É uma alternativa, sim senhor, e tem sido feito, o que eleveou bastante o nível dos nossos músicos.
Mas normalmente esse é um encargo suportado pelos próprios alunos e só uma pequena minoria tem condições para tal.
Por falar em bateristas.
Há uma escola virtual no endereço:
www.virtualdrummerschool.com
Como não sou músico, não sei se terá algum interesse. Fica apenas a referência.
Por falar em bateristas e para si João, já conhecia o Tony Tedesco, que toca agora (sempre, sendo agora o grupo um quarteto) com o John Pizzarelli?
Ora viva,
Não conhecia de facto e não há muita (para não dizer praticamente nenhuma) informação disponível sobre ele.
Muito obrigado, é uma mera curiosidade. Sempre apreciei o trabalho dos bateristas das bandas e orquestras de jazz que tenho ouvido. Em muitas das gravações que tenho, cada vez que ouço algumas das faixas minhas preferidas descubro novos pormenores: ainda ontem ouvi Michel Petrucciani no Japão com um dos bateristas que melhor conheço, Steve Gadd. Não tenho o CD aqui, mas penso que a faixa é ?Going Home?, tocada como que em três andamentos: no último, só mesmo um grande baterista consegue uma ligação tão perfeita (e sempre discreta, no caso) com aquele pianista, perfeitamente endiabrado. Tenho outra versão da mesma musica, também ao vivo (Petrucciani Solo Live) que, sem baterista, é melódica, inventiva, mas sem o mesmo ritmo nem perto...
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