Os palcos de Miles Davis

Por ocasião das 25 000 visitas que acabamos de registar neste blog, JNPDI! convida os seus leitores a efectuar um passeio pelos palcos em que Miles Davis gravou ao vivo na sua carreira.

Pretendemos, assim, mostrar imagens das salas em que Miles actuou, das quais normalmente apenas se conhece o nome ou a localização. E porque algumas destas salas representam marcos importantes na arquitectura também ela será chamada à baila.

Comecemos, pois, o nosso passeio, seguindo cronologicamente as gravações ao vivo do mago do trompete...


Birdland 1951



Em 1951, Miles tocou em Nova Iorque com um grupo de estrelas onde se incluiam Sonny Rollins, Art Blakey e Charles Mingus.

A gravação decorreu no clube Birdland, inaugurado dois anos antes, em Dezembro de 1949, na Broadway, a poucos quarteirões a oeste da famosa 52nd Street. O sucesso do Birdland começou, porém, a diminuir nos anos 60 e veio a fechar em 1965, reabrindo, noutra localização, já em 1986




At Last! Miles Davis and the Lighthouse All Stars (1953)



O Lighthouse é um célebre café/clube localizado em Hermosa Beach, na Califórnia, e que ainda hoje continua activo. Tudo começou após a II Guerra Mundial quando o músico Howard Rumsey, cansado de tocar em big bands, passeava pela cidade e foi dar ao Lighthouse, encontrando uma casa literalmente vazia. Rumsey pediu ao dono uma oportunidade para tocar neste espaço e o que se pasou a seguir é o que o próprio conta:

"I hired the loudest musicians I could find". "We propped the front doors open and started to blast off. The people began to filter in. Pretty soon the place was full. There were more people than Levine had had in the entire preceeding two weeks."

A banda era composta por Rumsey (contrabaixo), Bob Cooper (sax tenor), Bud Shank (sax alto), Claude Williamson (piano) e Stan Levey(bateria).

Em 13 de Setembro de 1953, Miles Davis juntou-se a um grupo denominado Lighthouse All Stars, gravando três temas com Rolf Ericson, Chet Baker, Bud Shank, Bob Cooper, Lorraine Geller, Russ Freeman, Howard Rumsey e Max Roach.

"Some good things happened while I was in California. I sat in with some of the musicians at the Lighthouse on a few occasions and they made a record out of that." Miles Davis




Amsterdam Concert (1957)



A 8 de Dezembro de 1957, Miles Davis actuou em Amesterdão, no prestigiado Concertgebouw, sala de espectáculos construida em 1888 e que ainda actualmente se mantém activa, apresentando mais de 600 concertos por ano. Com Miles Davis dividiram o palco Barney Wilen, Rene Urtreger, Pierre Michelhot e Kenny Clarke.




At Newport (1958)



Miles Davis apresentou-se com seu sexteto no Festival de Jazz de Newport, em 1958, um combo em que militavam John Coltrane, Cannonball Adderley, Bill Evans, Paul Chambers e Jimmy Cobb.

Este festival teve início em 1954, em Nova Inglaterra, fundado pelo pianista e produtor George Wein, e por ele passaram os grandes nomes do jazz e muitos foram também os que aí gravaram, desde Count Basie a Duke Ellington, Thelonious Monk ou Ella Fitzgerald. Aliás, Miles Davis gravou neste mesmo festival, em 1955.




Jazz At The Plaza (1958)



Este é um registo clássico de Miles Davis, gravado em 1958, num dos melhores e mais prestigiados hotéis de Nova Iorque, com os mesmos músicos que gravariam um ano depois o mítico «Kind of Blue», à excepção de Wynton Kelly.

Foi a primeira vez que o jazz se fez ouvir no luxuoso Plaza, hotel que abriu as portas no dia 1 de Outubro de 1907, fruto do sonho de três homens: um financeiro, Bernhard Beinecke, um hoteleiro, Fred Sterry, e o presidente de uma empresa de construção, Harry S. Black. Este edifício de 19 andares levou dois anos a erguer a partir do projecto de Henry Janeway Hardenbergh e custou na época 12 milhões de dólares.

Curioso o que Irving Townsend explica nas liner notes que acompanham o disco:

"The bandstand consisted of carpeted risers facing 58th street and was cluttered with the baggage of the Ellington bus. There the Miles Davis Sextet , like six stragglers from a larger band, took up the cause, while Plaza waiters took up the orders".




Live in Stockholm



Em 22 de Março de 1960, Miles Davis pisou o palco do Konserthuset, em Estocolmo, na Suécia, o qual dividiu com John Coltrane. Um concerto memorável.




Olympia (1960)



Em 11 de Outubro de 1960, Miles Davis actuou em França, no célebre Olympia, sala que em 2004 completou 50 anos de actividade. Com ele estavam em palco Sonny Stitt, Wynton Kelly, Paul Chambers e Jimmy Cobb.




At The Blackhawk (1961)



São célebres as gravações que Miles Davis efectuou em 1961, em São Francisco, no clube Blackhawk, com Wynton Kelly, Paul Chambers, Hank Mobley, e Jimmy Cobb.

Infelizmente não existem imagens deste clube disponíveis na internet, clube esse que entretanto já desapareceu.


At Carnegie Hall (1961)



Em 1961, Miles Davis tocou e gravou no mítico Carnegie Hall de Nova Iorque. Com ele estavam Hank Mobley, Wynton Kelly, Paul Chambers, Jimmy Cobb e a própria orquestra de Gil Evans.

No Carnegie Hall, de Nova Iorque, fez-se história na história do jazz. Com efeito, por aqui passaram os grandes nomes do jazz, desde James Reese (em 1912) até Fats Waller, W. C. Handy, Louis Armstrong, Count Basie, Billie Holiday, Dizzy Gillespie, Ella Fitzgerald, Charlie Parker, Oscar Peterson, Sarah Vaughan, Gerry Mulligan, Mel Tormé, Miles Davis, John Coltrane, Benny Goodman e Duke Ellington.

O Carnegie Hall é o resultado do sonho e investimento de um homem, Andrew Carnegie, um industrial de sucesso do Século XIX, que o projectou para a Oratorio Society, contribuindo com um donativo de dois milhões de dólares.

Localizado na esquina da rua 57 com a 7.ª avenida, o edifício começou a ser construído em 1891 e viria a estar concluído poucos anos depois, em 1896. Sem ser especialmente grandioso ou uma obra prima da arquitectura, ao longo dos anos o Carnegie Hall foi-se, porém, afirmando no panorama cultural dos EUA, sendo actualmente considerada a principal sala de espectáculos do país, tanto pela sua acústica, como pela sua história e pela qualidade dos músicos e concertos que tem acolhido.

O prestígio do Carnegie Hall fez dele a sala em que todos os grandes artistas da música clássica ou do jazz ambicionavam tocar, um género de auditório só para os grandes e consagrados. A esse propósito, e explorando o carácter quase mítico desta sala, Egar G. Ulmer realizou em 1947 "Carnegie Hall", um filme musical cuja história gira em torno de uma mãe (Marsha Hunt) que quer que o seu filho (William Prince) se torne um pianista suficientemente dotado para tocar no... Carnegie Hall, ambição que o mesmo chegará a concretizar, tocando numa orquestra que tem Harry James como solista principal.






The Complete Concert, 1964



Em Fevereiro de 1964, Miles Davis subiu ao palco do Philharmonic Hall, em Nova Iorque, para um concerto a favor do recenseamento eleitoral no Mississipi e na Louisiana.

Na verdade este concerto acabou por se tornar numa obra prima de Miles Davis (ouça-se "My Funny Valentine"), aqui acompanhado por George Coleman (no lugar de Wayne Shorter), Herbie Hancock, Ron Carter e o jovem Tony Williams, com apenas 18 anos!

O Philharmonic Hall, presentemente designado por Lincoln Center for the Performing Arts, foi desenhado por Wallace K. Harrison e concluido entre 1962 e 1968.




Tokyo (1964)



Em 14 de Julho de 1964, Miles Davis levou o seu grupo até ao Japão, mais precisamente à capital do país do Sol nascente. O concerto teve lugar no Kohseinerkin Hall.

Infelizmente não existem imagens desta sala disponíveis na internet.


Miles in Berlin (1964)



Em 25 de Setembro de 1964, Miles Davis actuou em Berlim, no edifício da Berlin Philharmonie. Inaugurada em 1963, esta sala foi projectada pelo arquitecto Hans Scharoun, tendo a sua construção tido início em 1956.




Cookin' at the Plugged Nickel



Em 1965, Miles Davis tocou e gravou no clube Plugged Nickel, em Chicago, com Wayne Shorter, Herbie Hancock, Ron Carter e Tony Williams. O resultado final é um registo dos melhores da sua carreira.

O Plugged Nickel mais não era do que um pequeno clube de jazz com capacidade limitada a 100 pessoas, localizado no norte de Chicago.

Infelizmente não existem imagens deste clube disponíveis na internet.

Quanto aos concertos que se seguiram voltaremos a eles mais tarde.