6 de março de 2005

A mão amiga de Marilyn Monroe a Ella

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A estória não é muito conhecida, mas ilustra bem o que era a segregação racial nos EUA e como duas grandes mulheres do mundo do espectáculo se ergueram contra ela.

Nos anos 50 os clubes nocturnos de Hollywood não contratavam músicos negros para os seus palcos, fechando as portas a talentos como Ella Fitzgerald, por exemplo.

Foi o que sucedeu quando o dono do clube Mocambo (inaugurado em Hollywood, em 1941, tendo por base uma decoração com motivos do México) se recusou liminarmente a discutir qualquer proposta de contrato com a "First lady of song".

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Quando Marilyn Monroe, uma grande admiradora de jazz e de Ella, em particular, soube deste lamentável episódio telefonou imediatamente ao proprietário do Mocambo e negociou com ele a contratação da cantora e ter-lhe-á dito que se tal se viesse a concretizar ela mesma iria ao clube todas as noites em que Ella actuasse, ocupando uma mesa bem na frente, ao pé do palco.

Ella Fitzgerald foi mesmo contratada e Marilyn cumpriu a sua promessa, aparecendo no Mocambo em todas as noites em que Ella por lá actuou, contribuindo assim para afirmar a defesa do direito à igualdade racial e para a ampliação do leque de salas que acolhiam artistas negros.

Reconhecedora da ajuda de Monroe, Ella terá afirmado em 1972:

I owe Marilyn Monroe a real debt. It was because of her that I played Mocambo. She personally called the owner of the Mocambo and told him she wanted me booked immediately and if he would do it, she would take a front table every night. After that, I never had to play a small jazz club again.

E destas e muitas lutas se fez a história da emergência do jazz nos EUA; uma luta contra o racismo e contra práticas como a existência, nos restaurantes, de sanitários separados para brancos e negros, como se pode ver no documentário sobre a vida de Ella Fitzgerald, de que aqui demos conta em recente post.


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