13 de dezembro de 2004

Gandas marados!

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Um estudo publicado em 2003 no British Journal of Psychiatry revela dados interessantes sobre os grandes nomes do jazz que povoaram os anos 40 e 60.

De acordo com este estudo, muitos dos grandes nomes do jazz tinham vidas marcadas por doenças mentais, abusos e drogas.

Para os investigadores responsáveis por esta pesquisa a própria criatividade artística de lendas como Miles Davis poderá estar associada a problemas mentais...

Um dos investigadores foi o Dr Geoffrey Wills, um psicólogo de Manchester que baseou o seu estudo na biografia de 40 jazzmen de renome. Entre as suas conclusões contam-se:

- Os músicos estudados tinham oito vezes mais probabilidades de sofrer de dependência de estupefacientes;

- As perturbações de humor aparentavam ser quatro vezes mais prováveis entre este grupo de lendas do jazz;

- Dos 40 músicos estudados, quatro tinham antecedentes familiares de perturbações psiquiátricas. Os pais do Saxofonista Art Pepper são apontados como tendo problemas com o alcoól e a mãe de Stan Getz é referenciada como depressiva;

- Mais de metade dos 40 jazzmen desenvolveram dependência de heroína em alguma fase da sua vida. Miles Davis, Art Pepper e Bill Evans são apontados como dependentes de cocaína;

- 11 dos músicos eram dependentes do alcoól e seis sofreram de alguma forma de abuso/dependência;

- Existia um elevado número de suicidas no grupo. Por outro lado, o pianista Bud Powell foi admitido várias vezes em hospitais psiquiátricos e foi-lhe diagnosticada esquizofrenia. Miles Davis sofria de paranóia e de alucinações. Já Art Pepper sofria de uma obssessiva-compulsiva necessidade de lavar constantemente as mãos e de uma fobia com o sangue e com o acto de atender o telefone;

O referido psicólogo considera que os músicos de jazz partilham com outros artistas (como escritores) a mesma vulnerabilidade às doenças mentais. Nesse sentido o Dr Wills afirma: "Não estou a tentar dizer que todos os músicos de jazz são loucos, mas apontei uma tendência para problemas mentais que é comparável a outros artistas criativos".

Já em 2001 o Professor Sean Spence, do departamento de psiquiatria da Universidade de Sheffield, sustentava que na base da origem do jazz podiam ter estado os problemas psiquiátricos de um dos seus mentores: Charles "Buddy" Bolden (na foto, segundo a contar da esquerda).

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Este académico sustenta que sem a esquizofrenia de Bolden a improvisação poderia nunca ter tido lugar no jazz e sem ela a música da época poderia nunca ter evoluído do ragtime para o jazz tal como o conhecemos actualmente. Bolden era incapaz de ler música e a única forma de tocar a sua corneta era improvisando, sustenta o mesmo

De referir que em 1906 a saúde mental de Bolden atingira já um ponto de desequilíbrio tal que o levou a atacar, em plena rua, a sua mãe e a sua sogra, sendo internado num hopsital de doenças mentais, nos arredores de Nova Orleães.

E ali ficou até morrer, 24 anos depois de ter dado entrada.


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