12 de dezembro de 2004

Isto é jazz!

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Experimentou-se ontem à noite, no Grande Auditório do CCB, jazz a sério, daquele que dá prazer e se saboreia a cada trago.

Dizemos isto por duas razões.

Primeira, porque subiu ao palco um promissor sexteto de jazzmen portugueses capaz de entusiasmar o muito público presente. Neste sexteto da ESMAE mereceram destaque o saxofone-tenor de José Pedro Coelho e o saxofone-alto, este mais ousado criativamente. É um grupo de inegável qualidade, mas marcado pela humildade em palco, e apresentou um repertório muito bem escolhido, com diversificação suficiente.

Segunda, porque o dueto entre o piano de Mulgrew Miller e o vibrafone de Steve Nelson não só cumpriu as elevadas expectativas, como, em nossoa opinião, as terá mesmo superado. Para tal muito contribuiu o excelente improvisador que é Steve Nelson, que revelou uma incontestável capacidade de produzir swing, um excelente domínio técnico do instrumento e, sobretudo, um elevado conhecimento harmónico dos temas, o que lhe permitiu passear-se à vontade por estes e com um notável discurso melódico. Mulgrew Miller atingiu o ponto alto da noite com a interpretação a solo de "It Never Entered My Mind", que lhe valeu uma longa e merecida salva de aplausos.
Baseado num repertório de standards, o dueto passou ainda em visita "What is this thing called love", "Up jumped Spring" ou "Autumn Leaves".

No final do concerto «Jazz no País do Improviso!» teve a oportunidade de falar com Steve Nelson, o qual confirmou o prazer de tocar para o público português e respondeu afirmativamente ao nosso desafio de apresentar um dueto com o contrabaixo de Ron Carter. Steve Nelson relembrou ainda as anteriores actuações em Portugal, com George Shearing e com Dave Holland.

Entrevistado para o JNPDI!, Bernardo Moreira, Presidente do Hot Clube de Portugal, testemunhou a sua preferência pelo vibrafonista: «O Steve Nelson surpreende-me sempre. Não que o Mulgrew Miller não seja excelente, mas já o conheço do tempo dos 'Jazz Messengers' e não me surpreende tanto". Bernardo Moreira destacou ainda a qualidade do Sexteto da ESMAE, nomeadamente dos dois saxofonistas.

Quanto a nós, Steve Nelson foi, definitivamente, a figura desta grande noite de jazz.

Aceitam-se posições contrárias.

Já agora... poderá este concerto ser um candidato aos melhores do ano? Fica levantada a questão.


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