22 de julho de 2004

Lá vi Coltrane

Pois é, no âmbito do Cool Jazz Fest lá fui ontem ver Coltrane, Ravi Coltrane, filho de John e Alice Coltrane.

E sobre este concerto/festival há a dizer bem e mal.

Comecemos pelo lado positivo:

Excelente secção rítmica, potenciada pela presença do baterista Billy Hart (uma autêntica fera!) e do contrabaixista Lonnie Plaxico (infelizmente mal amplificado e dificilmente audível). Quanto ao pianista ignoramos o nome, mas já lá iremos...

Ravi Coltrane tocou muito bem, evidenciando técnica e imaginação, e apresentou um conjunto de originais com algum interesse. Esteve globalmente bem e não deixou de ser curiosa a sua interpretação de "Round Midnight".

O local do concerto, a Casa da Pesca, ofereceu um cenário oitocentista de uma rara beleza e onde dificilmente o jazz entra noutras ocasiões. Enquadrado por uma cascata (infelizmente desactivada), por uma escadaria ladeada por azulejos e por um grande lago artificial, este idioma musical ganhou prestígio e dignidade.

Vamos ao lado negativo:

O longo percurso que o público foi obrigado a efectuar desde a bilheteira até ao local do concerto, ainda que agradavelmente atravessando a estação agrónoma de Oeiras, proporcionando o odor do gado.

O lamentável atraso de meia hora que marcou a entrada dos músicos em palco, valendo protestos gritados em alta voz por alguns dos presentes e a ameaça de reclamação do dinheiro do bilhete por outros.

A inexplicável ausência de um programa que anunciasse os músicos. Fica a ideia de que este Festival foi concebido à laia de festival de rock, em que apenas conta o nome dos líderes das bandas, quando no jazz não é nem pode ser assim. Aliás, foi para todos uma enorme (e muito agradável) surpresa o nome dos acompanhantes de Ravi Coltrane, só anunciados pelo próprio no início do espectáculo e nunca no material promocional do evento. Devido a esta falha, indesculpável face ao valor dos bilhetes..., não nos foi possível perceber o nome do pianista.

Fica a pergunta se este procedimento será moda em algumas produções, já que também no concerto da Orquestra de Count Basie, realizado no CCB um dia antes, não foi proporcionado qualquer programa...

Aqui fica, pois, um conselho a ambas as organizações: no jazz os improvisos são em cima do palco, não na produção!


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