A ameaça do jazz na rádio
Nós, amantes do jazz, que tanto nos queixamos que hoje em dia a rádio é mais 'pimba' e vira-o-disco-e-toca-o-mesmo (as famosas playlists), só podemos sorrir com a ameaça que os jornalistas viam no jazz em plenos anos 30.
Nessa época foi manifestada alguma preocupação pública com a possibilidade altamente indesejável de, sem o controlo directo do Estado, poder aparecer alguma estação radiofónica que ameaçasse a cultura portuguesa com o excesso de 'jazz-bandismo', tal era a força deste fenómeno nas elites culturais.
'Jazz-bandismo' até era uma expressão que convinha aos detractores do jazz, já que remetia para o 'jazz-banditismo'... o que quer dizer o 'assalto dos negros' ao último reduto dos brancos no século XX: a cultura.
Deste 'assalto' falarei no meu livro sobre a história do jazz em Portugal, que tem para já um título provisório: «Jazz em Portugal: 80 anos de xim, xim, xim, pó, pó, pó, pó». Este nome deriva de uma peça de teatro anti-jazz, escrita precisamente nos anos 30, por um funcionário do regime de Salazar.
É uma daquelas pérolas que só Portugal e os portugueses sabem produzir...
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