27 de maio de 2009

ESTORIL JAZZ 2009: Cartaz de peso!

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O Estoril Jazz arranca já daqui a um mês, decorrendo este ano na última semana de Junho e primeira semana de Julho, decisão que pretende evitar a sobreposição de datas com outros festivais que se realizam na mesma época, possibilitando assim aos amadores de jazz assistirem às várias realizações neste domínio musical.

Com o Parque Palmela ainda em obras e o abandono da Cidadela, o Estoril Jazz ruma este ano ao Centro de Congressos do Estoril, realizando-se no respectivo auditório.

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Foto: JNPDI/JMS
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Foto: JNPDI/JMS

Na sua 28ª edição, o Estoril Jazz 2009 permanecerá fiel aos seus critérios de selecção, baseados no jazz mainstream de origem norte-americana, propondo ao mesmo tempo uma variedade de formações instrumentais lideradas por destacados músicos, sem esquecer solistas de inegável peso histórico. Tudo isto durante seis dias (26, 27 e 28 de Junho; e 3, 4 e 5 de Julho), num dos quais, Sábado 27 de Junho, terão lugar três concertos.

Esta edição é também o palco para o lançamento do livo Jazz em Cascais: 80 Anos de História, da autoria de João Moreira dos Santos, o qual tem lugar no dia 28 de Junho pelas 20h45. Nesta sessão será estreado o documentário Rewind: Cascais Jazz '71, uma ideia original e argumento de João Marques, com realização de João Maria Abecassis.


SEXTA 26 DE JUNHO – 21H30
James Carter Quinteto

James Carter - saxofones alto, tenor e barítono
Corey Wilkes - trompete
Gerard Gibbs - piano
Leonard King - bateria
Ralphe Armstrong - contrabaixo

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Tendo surgido na cena do jazz apenas com 17 anos de idade e logo partindo para tocar em digressão ao lado de Wynton Marsalis, é irrecusável ter de reconhecer que, ao falar-se de James Carter, não se está a falar de um músico vulgar, coisa que os passos que se seguiram na sua carreira vieram a confirmar amplamente.

Na verdade, o virtuosismo técnico de Carter, aliado a uma extrema capacidade para se adaptar a várias situações e contextos musicais, não só lhe permitiram uma rápida ascenção na sua carreira (aliás previsível já aos 11 anos, quando se revelava um menino prodígio ao estudar com o trompetista Marcus Belgrave) como o tornaram um dos músicos mais solicitados entre os seus contemporâneos para colaborar nos grupos de músicos já instalados e de maior nomeada como, entre outros, Cyrus Chestnut, Rodney Whitacker, Frank Lowe, Julius Hemphill, Ronald Jackson ou a Mingus Big Band que chegou a integrar.

Entretanto, é a explosão da sua própria carreira pessoal como líder e não tanto o seu trabalho diário como sideman, que caracterizam a singularidade de James Carter. Em primeiro lugar pela genuína facilidade com que toca toda a família dos saxofones ou ainda dos clarinetes - o que lhe possibilita tornar-se polivalente nas suas próprias obras discográficas - mas ainda, e sobretudo, pela individualidade estilística através da qual marca cada um dos vários instrumentos que toca.

Por um lado, esta faculdade permite-lhe conferir personalidade própria às muito diversas peças tocadas mas, por outro lado, uma certa dispersão estética e estilística directamente relacionada com esta polivalência instrumental pode contribuir para o risco de uma exibição pela exibição, sempre possível de acontecer neste tipo de talentos sem freio.

Positivo, sem dúvida, é o facto de o concerto que se antevê como possível para esta actuação de James Carter e seus companheiros no Estoril Jazz 2009 ser preenchido com parte substancial do repertório do seu último álbum "Present Tense" e assim surpreendê-lo, para além da execução de peças próprias, na homenagem a grandes referências do jazz de todos os tempos, como Eric Dolphy ou Duke Ellington, Clifford Brown ou Django Reinhardt, Sonny Rollins ou Dodo Marmarosa, Stanley Turrentine ou Gigi Gryce.


SÁBADO 27 DE JUNHO
15H00 - Jazz Em Miúdos

Anaísa Melo - voz
Laura Neves - voz
Luísa Gomes - voz
Margarida Gomes - voz
Nádia Meireles - voz
Sofia Marques - voz
Hugo Raro - piano
Rodrigo Monteiro - contrabaixo
António Torres Pinto - bateria

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Tudo começou há quatro anos, quando a ECM - não, não confundamos a sigla com a da célebre editora de Manfred Eischer mas liguemo-la, sim, ao de uma pequena editora de Santa Comba Dão, de seu nome Edições Convite à Música - resolveu lançar a público uma experiência não só emocionante como original em alto grau: nada menos do que um conjunto de temas clássicos, os chamados standards, habitualmente conhecidos do universo do jazz, nas vozes de 6 jovens raparigas cujas idades, à época, variavam entre os 7 e os 10 anos de idade, acompanhadas em piano, contrabaixo e bateria por um trio de músicos profissionais.

O projecto foi abraçado por dois docentes de música, Paulo Gomes e Luís Matos, ambos incentivados por outros dois professores, César Oliveira e Augusto Faustino, sendo estes os responsáveis pela tradução e adaptação das letras das canções que compõem o CD, gravado em Junho de 2004 na ESMAE, Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto.

Interessante é que, sem atraiçoar a frescura e a individualidade musical dos originais a que recorreram, aqueles autores tenham sido capazes de incorporar as letras cantadas no imaginário da gente pequena que lhes deu nova vida. E é assim que "My Favorite Things" se transformou em "Tantas Coisas", "Bye, Bye Blackbird" é agora "Melro, adeus!", "Solitude" passou a chamar-se "Quando Estou Só" ou "Blue Monk" virou "O Palhaço Jarbas".

Além das vozes de Anaísa Melo, Laura Neves, Luísa Gomes, Margarida Gomes, Nádia Meireles e Sofia Marques, estarão em palco, a acompanhá-las, o trio de Hugo Raro (piano), Rodrigo Monteiro (contrabaixo) e António Torres Pinto (bateria), num projecto que poderá hoje ser ouvido no concerto que irá dar início à tarde de jazz e que é também uma estreia neste conjuntural novo figurino do Estoril Jazz 2009.


16H30 - Jon Mayer Trio

Jon Mayer - piano
Darryl Hall - contrabaixo
Steve Pi - bateria

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A presença, este ano, do pianista Jon Mayer tem um significado evocativo muito especial para todos aqueles que, nos idos de 1960, tiveram a oportunidade de o ouvir pela primeira vez tocar entre nós, num clube cuja vida teve curta duração: o CUJ - Clube Universitário de Jazz, inaugurado em 1959 em Lisboa, também ali nas vizinhanças da Praça da Alegria, destinada pelos vistos a albergar parte sinificativa da história do jazz em Portugal.

Jon Mayer integrava então o chamado "New Blues Jazz Sextet", na companhia de outros músicos notáveis, como o contrabaixista Chuck Israels, o clarinetista Perry Robinson, o baterista Alan Dawson ou ainda o saxofonista-barítono belga Jean-Pierre Gebler, "compagnon de route" dos primeiros músicos de jazz portugueses em full time (embora amadores) e figura decisiva para a maioridade do jazz moderno em Portugal.

Mayer começou por se graduar na High School of Music and Arts de Manhattan e passou brevemente pelas salas de aula da Manhattan School of Music. Mas foi na dura labuta diária dos clubes e dos estúdios de gravação que o pianista se formou como músico de parte inteira, frequentando a movimentadíssima cena do jazz de Nova Iorque, tocando ao lado de músicos como Kenny Dorham, Tony Scott ou Pete LaRoca e chegando mesmo a gravar com dois mestres do jazz moderno: Jackie McLean, para o álbum "Strange Blues" (Prestige), e John Coltrane numa sessão, hoje lendária, conhecida por "I Talk With the Trees", finalmente editada em 1990 como parte integrante da reedição em CD do álbum "Like Sonny" de Coltrane para a Roulette.

Depois de alguns anos de actividade nos quais tocou nos EUA e na Europa com a Thad Jones/Mel Lewis Jazz Orchestra, Dionne Warwick, Sarah Vaughan ou os Manhattan Transfer, Jon Mayer abandonou precocemente, por motivos vários, a carreira musical profissional activa tendo regressado à cena do jazz há cerca de década e meia, voltando hoje a tocar em público e a gravar em vários contextos, particularmente com o seu trio.

Admirador confesso de Bud Powell, Bill Evans, Red Garland, Wynton Kelly ou Horace Silver, Jon Mayer é um inveterado fiel à linguagem do bebop (que nunca abandonou) e um talentoso improvisador, pleno de delicadeza técnica e de swing impulsivo.


21H30 - Roseanna Vitro com o convidado especial Kenny Werner

Roseanna Vitro - voz
Kenny Werner - piano
Robert Bowen - contrabaixo
Tim Horner - bateria

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Talvez não ande nas bocas do mundo como outras suas companheiras, cantoras de profissão, porventura mais dadas ao espalhafato e com maior sabedoria para adornar carreiras proveitosas, assim melhor caíndo nas boas graças do sacrossanto "mercado" discográfico.

Mas Roseanna Vitro é, sem dúvida, senhora de um talento indiscutível e sobretudo versátil, que alia ao extremo bom gosto das suas escolhas, sempre sujeitas ao swing recatado que coloca nas suas interpretações, o tratamento quase instrumental do seu canto, tornando-se uma das mais interessantes vozes femininas da actualidade.

Não admira que, a seu lado, tenham estado com frequência músicos que, regra geral, mais do que meros acompanhadores, são eles próprios solistas de primeiro plano, entre os quais é indispensável destacar James Carter, Randy Brecker, Ray Anderson, Adam Rogers, Joe Lovano ou Buster Williams, isto para apenas referir aqueles que comprovam o amplo espectro dos seus interesses musicais.

Característica particular do estilo de Roseanna é, pois, a sábia associação que em geral faz do ambiente instrumental em que gosta de cantar e se, neste concerto, o seu trio tem no contrabaixo de Robert Bowen e na bateria de Tim Horner dois atentos, talentosos e cúmplices acompanhadores, é sem dúvida o seu velho conhecido Kenny Werner, convidado especial desta noite, que muito contribuirá para a excelência musical do concerto.

Werner figura, seguramente, entre a meia dúzia de grandes pianistas de estilo intemporal e inclassificável que hoje mantêm vivo o esplendor de um instrumento que tantas glórias trouxe ao jazz de todas as épocas sendo, ao mesmo tempo, um criador de momentos musicais nos quais o classicismo e a modernidade se conjugam de uma forma imprevisível e jamais acomodada, assim enriquecendo como poucos a música que toca e em que toca.

Charles Mingus, Archie Shepp, Joe Lovano, Eddie Gomez, Bob Brookmeyer, Peter Erskine, John Abercrombie, Lee Konitz, Joe Henderson, Tom Harell, Gunther Schuller, Dave Holland, Chris Potter ou Jack DeJohnette são apenas alguns dos nomes que, ao longo dos anos, gostaram de ter a seu lado a invenção criativa de Kenny Werner, ele próprio compositor de primeira água, pelo que este concerto se antevê digno de se transformar e figurar entre as melhores noites do Estoril Jazz.


DOMINGO 28 DE JUNHO
19H00 - 1ª Sessão - Chick Corea
21H30 - 2ª Sessão - Chick Corea


Chick Corea - Piano Solo

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Falar de Chick Corea é falar de um dos mais fabulosos pianistas que o jazz conheceu até hoje, senhor de uma técnica impressionante que lhe permite estar à altura de todas as exigências que se coloca a si próprio mas também de um talento criativo que, em verdadeiras revoadas, atravessa quer as suas próprias composições quer os standards mais conhecidos, que permanentemente reinventa, sempre deixando as suas marcas inconfundíveis em vários períodos-chave da história do jazz, que ajudou a construir e a definir, desde os já longínquos anos de 1960.

Pode sem margem para dúvidas dizer-se que, a par de um Herbie Hancock e de um Keith Jarrett, Chick Corea é um dos pianistas que de forma mais arrebatadora e criativa continuou, renovando-o, o legado das duas grandes linhas de evolução do piano-jazz moderno, iniciadas com McCoy Tyner ou Bill Evans.

Como se isso não bastasse, Corea foi ainda o autor de composições que, na sua época, se tornaram novos standards do jazz, como "Spain", "La Fiesta", "Windows" ou "Return to Forever", para já não falar na sua participação em discos seminais do jazz de todos os tempos, como os paradigmáticos "Filles of Kilimajaro", "In a Silent Way", "Bitches Brew" ou "At Filmore", nos quais integrou bandas históricas de Miles Davis, ou outras obras discográficas de referência que co-liderou, como "Now He Sings, Now He Sobs" (com Miroslav Vitous e Roy Haynes).

Jamais permanecendo estático ou aquietado num dado percurso musical linear ou contínuo, Chick Corea não se sentiu apenas ou sobretudo atento às exigências de obras conceptuais de grande fôlego, como as já referidas. Pelo contrário, deixando-se ainda arrebatar pelas tentações das várias fusões e crossovers musicais, apaixonado pela música de origem latina, Corea era assim capaz de se sentir ao mesmo tempo à vontade na criação de obras profundamente arreigadas à música popular urbana, tornando-se deste modo um caso único no jazz moderno.

Como alternativa às suas actuações em contextos instrumentais mais alargados - e mesmo em alguns discos mais recentes gravados nos últimos anos, como "Solo Piano: Originals" e "Solo Piano: Standards" (2000), "Past, Present & Future" (2001), "Rendez-vous in New York" (2003), "To The Stars" (2004) ou "The Ultimate Adventure" (2006) - os recitais a solo, como os dois que esta noite Chick Corea apresentará em salas certamente lotadas, são o contexto cada vez mais habitual em que a arte de Chick Corea melhor se deixa disfrutar.


SEXTA 3 DE JULHO – 21H30
David Murray “Black Saint Quartet”


David Murray - saxofone tenor, clarinete baixo
Lafayette Gilchrist - piano
Jaribu Shahid - contrabaixo
Hamid Drake - bateria

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O nome de David Murray, saxofonista e clarinetista dos mais conceituados nas décadas de evolução e reconfiguração convulsiva do jazz moderno, tem já o seu lugar reservado na história desta música, sobretudo pelo papel que desempenhou em períodos-chave desse percurso ao lado de outros protagonistas maiores de uma caminhada que trouxe a primeiro plano os nomes de Cecil Taylor, Dewey Redman, Anthony Braxton, Oliver Lake ou Don Cherry, com os quais tocou nos anos de brasa do free jazz.

Colaborando com Hamiett Bluiett, Lester Bowie e Frank Lowe no âmbito da chamada Energy Band, esta experiência levou-o a estar na fundação do famoso World Saxophone Quartet, uma formação de referência que constituiu com o mesmo Bluiett e ainda Oliver Lake e Julius Hemphill e no seio da qual sempre se reafirmou a força telúrica da grande música afro-americana, num experimentalismo que aliou, de forma muito original, o espírito da música religiosa negra, as influências ancestrais das poliritmias africanas, a modernidade do free jazz e as batidas da música popular urbana.

No decurso da sua extensa carreira, David Murray (hoje radicado em Paris) sentiu-se também atraído pelo estudo e pela prática das músicas das Áfricas e das Caraíbas, quantas vezes materializada na constituição de grupos de maior ou menor amplitude com a participação de inúmeros músicos oriundos dessas paragens, numa constante viagem e convivência entre o jazz e a world music.

Mas Murray nunca deixou de se afirmar nas linguagens da música afro-americana, tendo frequentado as companhias de Max Roach, Randy Weston ou Elvin Jones, entre tantos outros, até passar a privilegiar os seus próprios grupos, desde a mais ampla big band até ao octeto de dimensão média, fixando-se por último em múltiplas apresentações públicas nesta mais familiar formação de quarteto, como é o "Black Saint Quartet" à frente do qual actua no Estoril Jazz 2009 e cujo nome tem, na sua origem, o da conhecida editora independente italiana, para a qual o multi-instrumentista gravou inúmeros discos.

Constituído ainda por Lafayette Gilschrist (piano). Jaribu Shahid (contrabaixo) e Hamid Drake (bateria), o quarteto Black Saint é o contexto por excelência para o desenvolvimento cada vez mais expressivo e concludente da faceta de compositor de David Murray, que o multi-instrumentista, de forma peremptória e calorosa, cada vez mais pretende desenvolver.


SÁBADO 4 DE JULHO – 21H30
Mingus Dynasty Septeto


Boris Kozlov - contrabaixo
Donald Edwards - bateria
Orrin Evans - piano
Craig Handy - saxofones alto, flauta, soprano
Wayne Escoffery - saxofone tenor
Alex Sipiagin - trompete
Ku-umba Frank Lacy - trombone, voz

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Com o desaparecimentro prematuro de um dos maiores génios de todo o jazz - Charles Mingus - é impossível de prever o que continuaria a ser-nos proporcionado, em termos de invenção e de avanços estéticos, por um dos mais irreverentes e criativos instrumentistas e compositores do jazz moderno.

Mas seria também impossível - revelando-se, aliás, extremamente injusto - deixar de realçar o papel supletivo e relevante que a sua viúva, Sue Mingus, vem desenvolvendo, após a morte do contrabaixista, no sentido de preservar e continuar a divulgar, em actuações públicas e em múltiplas gravações que vão sendo editadas, o extraordinário legado composicional e a mensagem mobilizadora que a música do grande mestre transporta para a vivência transformadora desse jazz contemporâneo.

Esta actividade de revitalização do acervo de Mingus vem sendo assegurado por três formações instrumentais - três grupos "de repertório" - que, com amplitude muito diversa, melhor correspondem aos vários tipos de composições com a impressão digital do compositor: são elas a Mingus Orchestra, a Mingus Big Band e a Mingus Dynasty.

As duas primeiras distinguem-se entre si, sobretudo, pela maior preponderância que, respectivamente, o peso da composição ou o peso da improvisação e do mérito solístico representam nas suas performances. Quanto à Mingus Dynasty, esta formação de septeto, pela maior facilidade de reunião e movimentação, é aquela que mais digressões internacionais leva a cabo, actuando precisamente nesta 28ª. Edição do Estoril Jazz.

Uma particularidade interessante é que todos estes grupos instrumentais mantêm, nas suas fileiras, músicos que, num dado momento das suas carreiras, passaram pelas várias formações do próprio Charles Mingus, transmitindo à sua maneira aos novos músicos, que não tiveram essa ventura, a fidelidade a um estilo que se impôs pela sua originalidade e pelo especial poder de comunicação e afirmação.
Noutro local deste programa, a simples consulta dos músicos que compõem nesta digressão a Mingus Dynasty levará seguramente à conclusão de que estaremos perante um dos seus melhores line up.


DOMINGO 5 DE JULHO – 19H00
Christian McBride And Inside Straight (Quinteto)


Christian McBride - contrabaixo
Eric Reed - piano
Carl Allen - bateria
Steve Wilson - saxofone-alto e soprano
Warren Wolf - vibrafone

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Tendo surgido na cena do jazz em finais dos anos de 1980, Christian McBride é, tipicamente, o produto de uma fornada de jovens talentos que, sob a genérica chancela young lions, nessa época se apresentaram como novas revelações, quando não expoentes, em praticamente toda a panóplia do instrumentário do jazz. Mas a especial versatilidade de que sempre deu provas, tanto no contrabaixo acústico como no baixo eléctrico, permitiu-lhe uma polivalência instrumental e estética numa carreira que imediatamente o colocou em plano de destaque na cena do jazz, pela multitude de projectos aos quais emprestou o seu virtuosismo de instrumentista bem apetrechado tecnicamente.

Solicitado pelas mais variadas figuras de distintas áreas musicais - de Diana Krall a Sting, passando por McCoy Tyner ou Kathleen Battle - McBride aprofundou ao mesmo tempo a sua prática musical de forma a enfrentar os mais variados contextos musicais. Não admira, assim, que, no campo estrito do jazz "puro e duro", o contrabaixista (herdeiro moderno de mestres como Ray Brown ou Paul Chambers) tenha feito lugar nos grupos de Bobby Watson, Benny Golson, Roy Hargrove, Kenny Barron, John Hicks, Larry Willis, Gary Bartz, Freddie Hubbard ou Benny Green.

O seu primeiro opus discográfico - "Gettin' to It" (Verve) - data de 1994 e, desde então até hoje, Christian McBride vem demonstrando as várias tendências das suas apostas musicais. Entre estas, as frequentes incursões na música popular urbana (pop, funk, fusão) chegaram a desempenhar papel de relevo, detectável por entre um conjunto de 8 álbuns que entretanto gravou como líder.

Ultimamente virado para uma faceta de compositor, a sua coroa de glória foi uma obra intitulada "Bluesin' in Alphabet City", já apresentada em público pela Lincoln Center Jazz Orchestra, sob a direcção de Wynton Marsalis, e que resultou de uma encomenda do próprio Jazz at Lincoln Center.

Ainda em 1998, uma outra encomenda da Arts Society de Portland em conjunto com o National Endowment for the Arts resultou na composição de "The Movement, Revisited", uma obra que retrata a luta pelos direitos cívicos dos negros norte-americanos nos anos de 1960, escrita para quarteto de jazz e um coro gospel de 30 vozes.

Biografias e fotografias cedidas pelo Estoril Jazz, excepto onde indicado em contrário.


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