23 de abril de 2009

80's: Jazz and beyond...

Desde há algum tempo que está na moda evocar os anos 80 e a sua música, o que aliás já aqui fizemos há meses através de um extenso post sobre o jazz português dessa década, apresentando diversos vídeos da época.

Mas hoje decidimos ser mais abrangentes e relembrar o que se fazia lá por fora neste período temporal que ficou marcado pela sofisticação da fusão do jazz com a pop e o rock e a sua consequente "electrificação" e rendição à electrónica.

Miles Davis ressurgiu em 1980, depois de um retiro de cinco anos na sequência de problemas de saúde, e apresentou-se com o LP The Man With the Horn. Em 1981, voltou aos concertos, nos quais começaram, então, a surgir temas popularizados por artistas como Cindy Lauper e Michael Jackson, nomeadamente o célebre "Human Nature".



Ao longo da década, seguiram-se vários discos que o colocaram nas tabelas de vendas da pop: We Want Miles, Star People, Decoy e You're Under Arrest. Em 1986, ao fim de 30 anos, trocou a editora Columbia pela Warner Bros. Records e editou o grande êxito que foi "TUTU", composto por Marcus Miller em homenagem ao Bispo Desmond Tutu.



Chick Corea constituiu nesta década a sua Elektric Band, com a qual actuou por diversas vezes em Portugal, e o piano passou a conviver largamente com os teclados, com os quais se passeava por vezes em palco à semelhança dos guitarristas do rock e da pop.



George Benson dava nas vistas com o seu "On Broadway" e cavalgava através dele até ao topo da hit parade.



Gil Evans e Sting encontraram-se no Umbria Jazz Festival 87 e tocaram e gravaram um set extraordinário de temas do repertório do jazz e do rock.



Quem também tocava com Sting nesta década era Branford Marsalis, o que levou a que o seu irmão Wynton o despedisse temporariamente...



Como Branford estava ausente do anterior vídeo, aqui fica um em que dialoga com Sting no fabuloso "Roxanne", membora gravado já em 2000.



Wynton, por seu lado, mergulhava fundo na tradição e tentava dar ao jazz um ar estritamente erudito, algo de que recentemente se confessou arrependido pois tal facto divorciou-o do público.



Frank Sinatra gravava "LA is My Lady" e pouco tempo depois encetava uma série de duetos com grandes nomes do rock e da pop.



Bobby McFerrin, que tinha passado em Portugal e dado nas vistas no Parque Palmela, foi catapultado para a ribalta com o seu "Don't Worry, Be Happy".



Marc Johnson, Bill Frisell, John Scofield e Peter Erskine, fundaram o emlbemático grupo Bass Desires.



Os guitarristas adoptaram as sonoridades dos sintetizadores e deram azo às suas raízes rockeiras, como foi o caso de John Abercrombie.



A propósito de guitarristas, nesta década emergiu o fenomenal Stanley Jordan que tocava com ambas as mãos nos trastes da guitarra (por vezes em duas guitarras), algo nunca antes visto no jazz.



Já no final da década, os U2 lançavam o CD Ratlle and Hum e evocavam John Coltrane e Miles Davis em "Angel of Harlem".



No campo vocal, ainda, Nina Simone ressurgiu em 1987 graças a um anúncio televisivo a um perfume que usou como banda sonora o seu "My Baby Just Cares For Me", tema gravado nos anos 70. Nina interpretou-o no seu concerto no Casino Estoril, em 1989, a sua única actuação em Portugal.



Também os Manhattan Transfer gozavam de enorme sucesso e prestígio, percorrendo o mundo com um dos seus hinos, o tema "Birdland".



À medida que o jazz se casava com o rock e com a pop nesta década, ironicamente, os seus grandes mestres iam saindo de cena uns após os outros: Monk partiu em 1982, Count Basie em 1984, Benny Goodman em 1986 e até Miles Davis tinha a vida suspensa por um ténue fio que se quebrou em 1991. No final dos anos 80, as lendas vivas do jazz contavam-se já em poucas dezenas, mas a música do momento era em grande parte fruto do seu legado.


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