22 de abril de 2009

A propósito do 25 de Abril...

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Menos falada do que a censura na imprensa e no teatro, também na música se fez sentir o peso castrador do tristemente célebre lápis azul do regime de Oliveira Salazar.

Em 1927, Ramada Curto escreveu a letra de uma música intitulada "Fado Socialista", mas a veia de crítica social e de costumes deste escritor e dramaturgo não casava com o regime de censura prévia instituído em Junho de 1926. Assim, quando em Dezembro de 1939 os promotores de uma noite de fados no Café Mondego, em Lisboa, submeteram este tema à Inspecção dos Espectáculos, Serviços de Censura, o veredicto foi lapidar: "Proibido".

Rezava assim o dito fado...

Gente rica e bem vestida
P’ra quem a vida é fagueira
Olhem qu’existe outra vida
N’Alfama e na Cascalheira!

(…)

Mas um dia hão-de descer
Os lobos ao povoado…
Temos o caldo entornado
Vai ser bonito de ver
Não verá quem não viver

O fogo d’essa fogueira
Soa a hora derradeira
De quem é feliz agora…
Às mãos da gente que chora
.

Também as letras do fadista Aureliano Lima da Silva foram censuradas no âmbito deste evento. Uma delas foi “A Guitarra”, um tema aprovado pela Comissão de Censura mas com alguns cortes (ver fotografia).

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