A Lisboa que nos encanta e a Lisboa que nos envergonha
Foto de João Moreira dos Santos
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Lisboa não é uma, mas duas.
Há a Lisboa que todos amamos pela sua luz e beleza, essa cidade única no mundo e em que teve início a globalização, nos idos do século XV. A Lisboa histórica, mas renovada, limpa, organizada e civilizada.
Foto de João Moreira dos Santos
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E existe uma Lisboa que, todavia, nos envergonha: a Lisboa doente, a Lisboa dos prédios abandonados, essa cidade que tomba vítima da morosidade da justiça (e dos muitos processos de partilhas, penhoras, falências, etc, que aí vão morrer...), da falta de escrúpulos dos negócios imobiliários (que impunemente destelham os prédios antigos na esperança de que a chuva e o tempo os derrube como vulgares castelos de cartas) e da falta de vontade política para regular efectivamente esta questão.
Foto de João Moreira dos Santos
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Até quando, é a questão que se coloca... Até que os turistas partam para outras bandas? Até que alguém morra debaixo dos escombros destes cadáveres urbanos?
Podemos não ter por cá a dividir-nos uma ETA, mas temos uma verdadeira guerra civil na justiça, onde tudo se queda moribundo, a aguardar por um futuro incerto em que a única certeza é que qualquer processo que aí dê entrada vai demorar muito tempo; demasiado tempo para gerar algum dia efectiva justiça.
Fica-nos a curta compensação de alguns equipamentos que vão sendo recuperados para fruição dos lisboetas e turistas, como é o caso do elevador da Glória (talvez apenas temporariamente resgatado aos vândalos grafitis e tags que pululam pela cidade) e do jardim de São Pedro de Alcântara.
Foto de João Moreira dos Santos
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