O musicólogo Jorge Lima Barreto lançou no passado Verão a publicação Jazzorama 5, um ensaio sobre jazz, dividido em cinco partes: herança do século XX; proto jazz; fronteiras do jazz; o jazz e os media na pósmoderinidade e cognomes do jazz.
A propósito desta obra dizia-nos Lima Barreto em Agosto:
O discurso de Lima Barreto e a posterior recepção da obra em causa motivou-nos a aprofundar o assunto, o que fizemos agora mediante uma mini-entrevista por e-mail.
JNPDI!: Em que contexto surgiu Jazzorama 5 e o que pretende ser?
JLB: Consiste na recolecção de articulário avulso sobre jazz, actualizado para esta pequena antologia. Entende-se como informativo e como uma vulgata. Propõe a tese do multiculturalismo que está no jazz primitivo e hodierno - fenomenologias e morfologias do jazz. A profusidade de relações e a rede de influências - endógenas e exógenas - sob vários pontos de vista: social, político, antropológico, cultural, tecnológico, tecendo um historicismo das músicas do século XX. Géneros e tipologias que foram assimilidas pelo jazz e por sua vez o encapsularam - acústica e electroacústica. O factor da mediatização do jazz nos variegados suportes - Imprensa (partitura e outras musicografias), rádio, disco, cinema, vídeo, computador, Net (multimedia), etc...
JNDP!: Porquê Jazzorama 5?
JLB: Porque são cinco ensaios breves - e estão na senda de outros tomos inéditos (Jazzorama, de 1 a 4). Procura-se explicar as origens do jazz num ponto de vista epistemológico e pluridisciplinar - depois considerando o carácter audio-táctil do jazz, a sua primacial oralidade, faz-se uma abordagem das origens da música em geral, no âmbito anterior à escrita, do seu naturalismo. Por fim, um olhar estruturalista e onomástico sobre as alcunhas do Jazz - uma outra maneira de escrever a sua história.
JNPDI!: Onde podem os leitores interessados encontrar esta publicação à venda?
JLB: Penso que há uma divulgação geral do livro. Hoje pode recorrer-se à net para a sua aquisição...
O capítulo 5 deste pequeno grande livro apresenta um conteúdo muito interessante ao sistematizar os vários cognomes que dezenas de músicos de jazz chamaram a si ou lhes foram atribuídos por variadas razões. Entre as diversas tipologias destes cognomes Lima Barreto inventaria os nobiliárquicos (como Duke Ellington e Count Basie), os derivados do republicanismo (Prez, como era conhecido Lester Young), zoologismo (Gato Barbieri e Cat Anderson), botânica (Bean, isto é, Coleman Hawkins), toponímia (Philly Joe Jones), caracteriologia (Judge, como era apelidado Milt Hinton), religião (Turyaia - Alice Coltrane), familiarismo (Pops, i.e. Louis Armstrong), fisionomiologia (Fats Navarro), exotismo (Panama Francis) e tecnicismo (Joseph "tricky sam" Nanton).
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home