5 de setembro de 2007

Newport Jazz Festival: 50 anos em discos da Verve

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Miles Davis e Sonny Rollins no Newport Jazz Festival (1957)

Em 1954 George Wein fundava nos EUA o Newport Jazz Festival, organizando a primeira de muitas edições que se prolongam até ao presente. Este foi o primeiro festival realizado ao ar livre e é um dos mais importantes que ocorrem a nível mundial, por aí tendo passado literalmente todos os grandes nomes do Jazz.

Em 1957, um ano depois de Duke Ellington ter realizado uma gravação histórica para a Columbia/CBS, Norman Granz, fundador da editora Verve, decidiu gravar vários dos artistas que subiram ao palco do Newport.

É precisamente estas gravações que a Universal/Verve agora reedita, celebrando o 50.º aniversário da sua produção. Ao todo são 5 discos plenos de swing e história do jazz feito no momento, em cima do palco e sem rede. Facto importante é que alguns destes registos são mesmo considerados essenciais na carreira dos respectivos autores.

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O primeiro grande nome a ser gravado foi Ella Fitzgerald, que a 4 de Julho subiu ao palco acompanhada por Don Abney (piano), Wendell Marshall (contrabaixo) e Jo Jones (bateria). A sua interpretação de "Air Mail Special", com o fantástico scat, é histórica e vale só por si este disco, que reúne ainda as actuações de Billie Holiday (que faleceria dois anos depois) e de Carmen McRae.

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No dia 5 de Julho o palco foi ocupado pelo The Coleman Hwakins, Roy Eldridge, Pete Brown, Jo Jones All Stars, nomes que dispensam maiores apresentações para desde logo se perceber que estamos aqui perante um rendez-vous de alguns dos maiores jazzmen, a que se juntaram ainda o pianista Ray Bryant e o contrabaixista Al McKibbon.

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A orquestra de Dizzy Gillespie exibiu-se na noite de 6 de Julho, músico que aqui deixa bem registadas não só a sua musicaliade (swing intenso!), mas também a sua comunicatividade com o público, sendo este um dos discos essenciais da sua longa carreira. Nesta orquestra, captada no topo da sua forma, contam-se entre outros Benny Golson, Lee Morgan, Al Grey, Melba Liston, Wynton Kelly, Charlie Persip e Mary Lou Williams...

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O histórico trio de Oscar Peterson actuou na tarde de 7 de Julho, integrando três convidados especiais: Roy Eldridge, Sonny Stitt e Jo Jones. O que se passou em palco entre estes quatro gigantes e Ray Brown e Herb Ellis está bem registado neste disco (também ele histórico) que é mais uma excepcional fonte de swing, estando sempre bem presente o virtuosismo de Oscar Peterson no piano, propulsionado por uma secção rítmica de topo.

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A actuação da orquestra de Count Basie em Newport, na noite de 7 de Julho, é um momento histórico que felizmente ficou registado em disco. Com efeito, nesta data voltaram a juntar-se à orquestra Lester Young e Jo Jones, reconstituindo-se assim, temporariamente, a formação original. A esta reunião não faltou o clássico "One O'Clock Jump", que contou com dois grandes saxofonistas-tenores: Lester Young e Illinois Jacquet. Joe Williams, célebre vocalista da orquestra, participa em quatro temas, assim com o cantor Jimmy Rushing, que acompanhou Basie de 1935 a 1950 e que dá aqui a voz a duas canções. A fábrica de swing, como ficou conhecida a orquestra de Basie, está imparável neste disco!

A propósito é ainda importante referir que Villas-Boas foi presença assídua no Newport a partir de 1961, aí se deslocando anualmente e presenciando em 1971 um episódio que ditou a mudança do festival de Newport, Rhode Island, para Nova Iorque, no ano seguinte, quando o público invadiu o palco e destruiu um grand piano Steinway. Neste mesmo ano de 1971, Villas-Boas realizava em Portugal o I Cascais Jazz, apoiado por George Wein e pela maior facilidade económica e logística que oferecia a contratação de músicos que se encontravam na Europa para participar na digressão do Newport por este continente.


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