19 de maio de 2007

Mandamentos para uma leitura alinhada e politicamente correcta do Jazz

Em face da polémica suscitada pelo artigo sobre o (des)concerto de Evan Parker no CCB, achámos por bem retirar algumas conclusões dos "esclarecedores e construtivos" comentários que recebemos, compilando um conjunto de mandamentos para uma divulgação politicamente correcta do Jazz... Quem quiser ver aqui um pouco dos conselhos de Maquiavel ao príncipe é livre de o fazer.

Aqui ficam, pois, os 10 mandamentos para quem queira escrever sobre Jazz sem ser ofendido nem considerado imbecil pela opinião que se pretende impor como dominante nesta área...

1 - Não escreverás sobre Jazz dito moderno, mas se tiveres mesmo de o fazer dirás que tudo é fantástico, maravilhoso, absolutamente extraordinário, sobretudo se for organizado pela Trem Azul Jazz Store, a qual deves sempre louvar porque assim está instituído. E não te apoquentarás nem acharás injusto ou estranho que se um dia eventualmente propuseres um certame parecido ao organizado por esta entidade para um qualquer organismo público de cultura este mesmo organismo te diga que não tem verba ou que o jazz não é prioridade, mesmo que tenha programado um festival para esse ano; acharás isso mera coincidência e acreditarás estar num país em que cunhas, amizades e compadrios e lóbis são coisas inventadas pelos jornais e por políticos e gente que se apresenta como séria... Finalmente, não te esquecerás, obviamente, de dar 5 estrelas a todos os discos saídos desta casa, sob pena, de não o fazendo, seres considerado obtuso, quadrado e demodé;

2 - Não tocarás nas vacas sagradas, vulgo free jazz e pseudo vanguardismos, mesmo que quando entrevistares músicos de renome (como sucedeu com um que recentemente se apresentou na Culturgest) este te confidencie em off-record que concorda contigo. Por alguma razão ele te pediu para não publicares o que te disse e se ele que é mais velho e experiente assim o faz deves fazer como ele;

3 - Não ousarás ter um pensamento independente e crítico. Em vez disso filiar-te-ás num grupo de opinion-makers e assim não serás atacado por tudo e por todos. Perderás, porém, a tua liberdade e serás obrigado a fazer concessões e a alinhar pelo pensamento corrente desse grupo, que sempre te protegerá, mesmo que dele discordes. É natural que te sintas um pé de microfone, um desalmado, mas pelo menos asseguraste alguma paz;

4 - Não dirás o que pensas, mas sim o que os outros acham que deves pensar para seres considerado um pensador justo, equilibrado e credível. Gerarás, assim, muitos comentários positivos no teu blog e até é possível que algum lóbi sugira o teu nome para uma entrevista num programa de televisão;

5 - Criarás, se possível, um grupo de indefectíveis seguidores alinhados com o teu pensamento. Para tal deverás recrutar pessoas o mais básicas possível (e que de preferênciam tenham como característica não pensar de todo) para que não tenham opinião própria e sempre te sigam, servindo de controleiros e de trauliteiros quando assim for necessário, poupando-te ao desgaste da tua imagem;

6 - Se vires uma mostra de jazz organizada por uma loja e nessa dita mostra te deparares com um folheto cujos melhores discos do ano são por acaso quase todos editados pela dita loja, calar-te-ás. Se tal não te for de todo possível, dirás apenas que o dito folheto apresenta "uma visão muito particular do jazz" e assim não dizendo nada também não te comprometerás nem suscitarás críticas indesejadas no teu blog. Pensando bem chegarás à conclusão que o ditado "em terra de cegos quem tem um olho é rei" sempre fez sentido nesta terra e que afinal de contas até o Camões só tinha um olho e vê onde ele chegou...;

7 - Acreditarás ser mera coincidência e até positivo que um certo jornal tenha entre os seus críticos de jazz pessoas ligadas à dita loja. E se não acreditares ser mera coincidência esforçar-te-ás por achar que isso até é positivo. E ainda... se leres nesse jornal que fulano tal é o melhor improvisador de jazz em Portugal, mesmo que os músicos assim não o considerem, acharás isso natural porque neste país cada um tem de se safar e se isso foi escrito e ninguém contestou passa a ser verdade e, por outro lado e ainda mais importante, o rapaz só está a fazer pela sua vida;

8 - Não gostarás de jazz clássico ou mainstream e mesmo que gostes não o dirás em público, logrando apenas dizer que esse tipo de jazz jaz desde que Charlie Parker morreu. Assim sendo, manifestárás o teu apreço por tudo o que é moderno e pseudo vanguardista e assim mostrarás estar muito à frente e ter uma visão ampla do que se passa no jazz, mesmo que naquilo que ouves nada se passe desde os anos 60. À semelhança da pintura, apreciarás qualquer borrão e verás em qualquer músico que não percebas um génio, sobretudo se ele for capaz de fazer urros e uivos com o seu instrumento. Se por acaso te aperceberes que ele não domina sequer os rudimentos técnicos do instrumento, dirás que o mais importante é a expressão do seu sentir. Se nada disso for suficiente, diz que a música dele se filia num movimento político de revolta e leva os teus leitores a pensar que ainda estamos na fase do Martin Luther King;

9 - Terás duas caras e duas escritas. Uma para os amigos, a verdadeira, e outra para os leitores, a que te convém;

10 - Acima de tudo, e que isto guie a tua vida, não ousarás jamais ter qualquer iniciativa no jazz pois bem vistas as coisas se nada fizeres nem disseres de nada poderás ser acusado e ninguém se sentirá lesado ou ferido no orgulho por não ter feito ou dito aquilo que tu ingenuamente fizeste ou disseste;

O abaixo não assinado,

JNPDI!

46 Comments:

At sábado mai. 19, 04:12:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

já pensou em mudar o nome de JNPDI.blogspot.com para eunãogostodoTremAzul.blogspot.com é que mais parece a sua razão de viver.

 
At sábado mai. 19, 04:20:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Meu caro amigo,

Se se der ao trabalho de ler JNPDI! desde o seu início verá que 99,9% é dedicado ao Jazz e 0,1% à Trem Azul, pelo que a designação que sugere correria o risco de defraudar as expectativas de muitas pessoas, incluindo músicos de jazz portugueses, que poderiam vir ao engano com tal título.

Além do mais nada tenho contra a dita loja, mas tenho tudo contra a sua forma de actuar.

 
At sábado mai. 19, 04:26:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

a bem da verdade que tanto gosta aqui fica a lista do folheto que tanto fala, cujo tema era o Jazz nos dias de Hoje:


Jazz nacional:

Carlos Barretto - Radio Song 1ª Edição editado pela CBTM

Laginha/SAssetti - Editado pelos Próprios

TGB - TGB Clean Feed / Trem Azul

João Paulo - Sete Ilhas de Lisboa Clean Feed / Trem Azul

Carlos Bica & Azul - Enja / Dargil

Jazz Internacional

The Vandermark 5 - Airports for Light - Atavistic / Ananana

Dave Douglas - Strange Liberation - Sony

Gerry hemingway - Devils Paradise - Clean Feed / Trem Azul

Ben Allisson Riding the Nuclear Tiger - Palmetto / Trem Azul

Spring Heel Jack - Live Thirsty Ear / Trem Azul


louis Sclavis - Napoli's Wall's - ECM / Dargil

Jason Moram - BandWagon - Blue Note / emi

EST - Live - ACT / Dargil

Bad Plus - Give - Sony


mentiroso é você

 
At sábado mai. 19, 04:32:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

5 em 14 não está mal... excluindo os que eventualmente não são editados pela TA mas são distribuídos ou de músicos que integram o seu catálogo ou viriam a integrar... como Carlos Barretto e VAndermark, em que já passaríamos para 7 discos TA num total de 14...

E nem me pronuncio sobre o facto da leitura que a TA então fez do Jazz nos dias de hoje não incluir um único (um só que seja) nome do jazz mainstream ou daqueles que o representam efectivamente. Por aqui logo se vê o carácter tendencioso.

 
At sábado mai. 19, 04:35:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

jason mora? Bad Plus? EST foram capa da Downbeat à 2 meses? O Dave Douglas ? o Sclavis ?

se estes não são quem são ?

 
At sábado mai. 19, 04:40:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Já agora aproveito para repescar as palavras do Leonel Santos sobre a TA, em comentário realizado aqui em Outubro de 2006:

Lamentável que a única revista portuguesa com o nome de Jazz.pt seja uma revista da periferia, com muito pouco Jazz. E já nem sequer falo de não ser uma revista independente e dar um protagonismo descabido ao JAC e à Trem Azul, mas é que de Jazz ela tem mesmo muito pouco... Quanto ao REP. Como toda a gente sabe, a começar por ele, "o Jazz é uma música do passado". O REP é um crítico das Novas Músicas Improvisadas ou o que quer que seja, mas ele nem sequer gosta de Jazz. Basta ir ao site dele para confirmar isso: nem uma única referência de Jazz. O REP poderá saber de muitas coisas; de Jazz não, nem gosta. É lamentável que a única revista que se reivindica do Jazz pouco tenha de Jazz, tenha um director que não gosta de Jazz, não seja uma publicação independente. A Jazz.pt não faz um bom trabalho, lança a confusão nos amantes do Jazz. Não serve. O Jazz ao Centro desta vez até merece a atenção do público, com o excelente Gador Gabo e o J.Khun. Bastante melhor que os Vandermark de quem já estamos cheios até às orelhas.

Abraços,

Leonel Santos

Como vê... há mais coisas na metodologia da TA e não sou só eu que o digo. Trabalhem, sim, mas com honestidade musical.

E já agora mais um comentário do Leonel...

Enfim, li os post até ao fim?
Um dos problemas do Pedro Costa [Nota de JNPDI!: Responsável pela Trem Azul] é ser um desbocado e nunca perceber muito bem onde acabam os seus interesses próprios e começam os interesses públicos. Primeiro não tem nada a ver com o JaC nem com a Jazz.pt mas reage como se fossem seus filhos. Depois revela-se e diz: ah, não tenho, embora já tenha tido. Deixei lá um amigo mas isso é um pormenor. Já fiz mas já não faço? São tudo uma cambada de *******.
Eu já trabalhei com o Pedro que tem imensas qualidades, menos a de perceber o que é uma publicação independente e séria. É lamentável que tanta energia não esteja ao serviço do Jazz, mas de uma coisa que é na sua quase totalidade vestígios, caricaturas, ecos do que foi o free jazz, e os seus interesses pessoais e dos seus amigos, que confunde com os interesses do público e do Jazz. Olha-se o catálogo e descobre-se obras dignas de 5 estrelas entre outras merecedoras de bola preta (isto é a minha opinião, claro?). Para dar credibilidade às suas ideias (e aos seus Vandermark e Lanes) não hesita em invocar Parker, Mingus, Ornette ou Davis ou ?inventar? votações dos melhores do ano. Sinceramente, Pedro os produtores de concertos e os editores andam no meio para ganhar dinheiro ? e isso são as regras do jogo, queiramos ou não -, mas Jazz não são (não deveriam ser) batatas?
Ah, se esta tua energia estivesse ao serviço do Jazz! E a verdade é que acredito que não está porque tu não queres...
E enfim, nestes casos como noutros mais te valia estar calado. Se o produto que vendes é bom, a verdade há-de vir ao cimo. Se não, não. E não vale a pena gritares e insultares o resto do mundo.
Leonel

 
At sábado mai. 19, 04:42:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Bem... capas são capas e só quem não trabalhou na imprensa desconhece a lógica por detrás das mesmas, isto sem retirar mérito pelo menos ao Jason Moram (que muito aprecio) e ao Dave Douglas. O Elvis Costello também foi capa recentemente... de uma destas revistas.

 
At sábado mai. 19, 04:47:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

se a Jazz.PT e desonesta a downbeat também não prima pela isenção, só ficamos com o JNPDI?

 
At sábado mai. 19, 04:48:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Volto ao mesmo tópico... ainda há meses um jornal de referência português apresentava um músico (que nenhum músico de jazz português considera importante) como o melhor improvisador de jazz (ou se não era de jazz era só improvisador, o que vai dar ao mesmo) a nível nacional. Não fazia por menos... Por acaso, se não me engano (e não me engano, a expressão é mera ironia...), tal músico escreve para esse mesmo jornal... e até está/esteve ligado à Trem Azul.

São coisas destas que realmente não posso deixar passar em claro porque enfim... lá está... não dá mesmo.

 
At sábado mai. 19, 04:49:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Não sei, mas a mais valia dos blogs é não terem de fazer fretes às editoras, fretes que se consubstanciam numa revista de Jazz colocar o Elvis Costello na capa... ou outro qualquer desta ordem.

 
At sábado mai. 19, 04:54:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

pelo menos consigo podemos contar só com fretes à DM produções.

 
At sábado mai. 19, 04:58:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Tem visto muitos por cá não tem?

Aliás este blog só dá notícias dessa produtora...

É por isso que JNPDI! tem 3000 visitas mensais... porque há muitas pessoas interessadas em ler sobre a DM Produções... e sabem que aqui "só se fala disso". É garantido!

Tenha dó...

 
At sábado mai. 19, 05:31:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Que tonteria são estes mandamentos ???
Os mandamentos da ignorância e estupidez, mas ao menos dá para rir mais um bocado.
Quando se puxa por ele lá vem a palermice. É impressionante, contado ninguém acredita. Nem os Patetas amigos o vêm defender, nem um.
Por favor não pare.
Maria Saloia.

 
At sábado mai. 19, 06:27:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

joao moreira dos santos, leonel santos: trapalhoes & companhia. tenham juizinho, meninos, vão brincar para o parque.

 
At sábado mai. 19, 07:33:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

ora bem, eu achei giros os seus mandamentos (embora muitas vezes discorde de si)! só me custa que num meio tão pequeno como o jazz em portugal haja tanta divisão e crítica... principalmente quando é sem dar a cara ou pelo menos argumentos interessantes e reveladores de reflexão e maturidade... é completamente auto-destrutivo. tenho esperança que a nova geração de músicos de jazz invista mais em fazer boa música que boas polémicas :)
um abraço para si, ana (namorada de músico de jazz ;)

 
At sábado mai. 19, 07:37:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Meu caro amigo (ler a pensar no Chico Buarque) eu vim só pr'a dizer, qu'a coisa aqui tá preta.

No Jazz como em TODAS as outras formas cultura é assim. Lóbis, qrupos, amiguismos.

Já que invocou 10 mandamentos, aqui vão outros - sorrir faz bem e não ofende ninguém:

10 Mandamentos

Deus perguntou aos Gregos:
- Vocês querem um mandamento?
- Qual seria o mandamento, Senhor?
- Não matarás!
- Não, obrigado. Isso interromperia nossa sequência de conquistas.
Então Deus perguntou aos Egípcios:
- Vocês querem um mandamento?
- Qual seria o mandamento, Senhor?
- Não cometerás adultério!
- Não, obrigado. Isso arruinaria nossos finais de semana!
Deus perguntou então aos Assírios:
- Vocês querem um mandamento?
- Qual seria o mandamento, Senhor?
- Não roubarás!
- Não, obrigado. Isso arruinaria nossa economia!
E assim Deus foi perguntando a todos os povos até chegar aos Judeus:
- Vocês querem um mandamento?
- Quanto custaria?
- É de graça.
- Então manda dez...

 
At sábado mai. 19, 10:52:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

É realmente uma pena!
Mas nada a fazer... é esta a realidade nacional - e confrangedora porque já o é há décadas (séculos?)!
Não me lembro de qualquer blog, ou pasquim, ou artigo assim tão visceral em relação a algumas (muitas!) patacoadas do chamado jazz mainstream...
No entanto, sempre que a propósito de novos (ditos) jazzes ou, como tanto gosta de designar, pseudo-vanguardas (haverá ainda de me esclarecer do que são para si vanguardas a sério...), aí vel o fel e o ódio todos ao de cima!
Verdadeiramente fascinante se não fosse tão doentio.
Porque afinal, há gente para tudo, e públicos para tudo... e lugar para tudo. Sem torpedos e outros pershing!
Se você não gosta está no seu inteiro direito e deveria fazer como o outro: não fui, não vi e não gostei...
Deixe quem gosta em paz!!!
Não se arme em polícia do jazz verdadeiro (whatever this means).
Porque afinal você só lá esteve 15'...
Eu estive duas quintas inteiras, com jazzes completamente diferentes - e é justamente essa diferença que sempre fez a riqueza do jazz!
Lamento afirmar que não vi debandadas gerais, nem urros, e que a esmagadora maioria dos presentes desde início que se manteve até final aplaudiu com sinceridade e sem poses elitistas.
Terão sido todos cabotinos?
Mentecaptos incapazes de perceberem o trigo do joio?!
Estará o meu amigo a considerar ser o público em geral intrinsecamente estúpido e como tal não perceber quando o estão a enganar??!!

A bem,

Alberto Cruz

 
At sábado mai. 19, 11:04:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Amigos!
Não procurem mais...
Não vale a pena.
As razões fundamentais desta levantada polémica estão todas aqui neste extracto do 1º mandamento do nosso anfitrião - não me venham depois dizer que é coincidência... (há os que organizam e os outros que gostavam de organizar mas não organizam...):

sobretudo se for organizado pela Trem Azul Jazz Store, a qual deves sempre louvar porque assim está instituído. E não te apoquentarás nem acharás injusto ou estranho que se um dia eventualmente propuseres um certame parecido ao organizado por esta entidade para um qualquer organismo público de cultura este mesmo organismo te diga que não tem verba ou que o jazz não é prioridade, mesmo que tenha programado um festival para esse ano; acharás isso mera coincidência e acreditarás estar num país em que cunhas, amizades e compadrios e lóbis são coisas inventadas pelos jornais e por políticos e gente que se apresenta como séria...

 
At domingo mai. 20, 08:37:00 da manhã 2007, Anonymous Anónimo said...

Caro Moreira dos Santos

Tinha decidido não participar mais nesta polémica por si criada, maa ainda tenho algo a dizer.
De post em post, e agora com os seus "mandamentos", você vai perdendo racionalidade e sensatez, até ficarem apenas o seu ódio por tudo o que é moderno e não coincidente com o establishment e por todos aqueles que, no seu entender, são o rosto dessa modernidade e desse inconformismo, ou melhor, todos os que pensam de maneira diferente da sua. E fá-lo com trejeitos bastante patéticos. Seria razão para rir - é um facto que quem faz figura de parvo dá sempre motivo para a gargalhada, e nesse capítulo ninguém lhe tira a palma - se não fosse tão grave.
E porquê grave? Porque você faz acusações a pessoas que já fizeram mais pelo jazz neste país do que alguma vez fez ou pelos vistos fará - pelo que tenho seguido do seu percurso limita-se a fazer panegíricos de outros em formato de livro -, não se coibindo para tal de dizer, infundadamente, que fulano ou sicrano cometeram crimes de corrupção, como me lembro que fez há uns tempos a propósito de um festival e da única revista de jazz que cá temos e devia ser motivo de orgulho, o que por si só é um crime - seu, e estou surpreendido como as pessoas difamadas não o puseram em tribunal.
Esta polémica tem uma diferença em relação a essa - na altura conseguiu juntar os seus amiguinhos na defesa do "partido único" do jazz e agora vê-se na necessidade de, pelo facto de ninguém ter vindo em seu auxílio, citar afirmnações antigas de outra pessoa que pensa como você, já que essa pessoa desta vez não participou na "contenda".
Sozinho, descredibilizado por dizer coisas sem fundamento e por atacar pessoas sem motivo, sem argumentos para se defender, desmentido nas afirmações que faz, o amigo Moreira dos Santos entra em pleno delírio.
É um espectáculo triste e pouco dignificante para si mesmo o que está a dar, mas por mim pode continuar, porque é sempre bom quando o fascismo se põe a ridículo e o senhor é apenas, e simplesmente, um fascista. Quanto mais verborreia, mais o prova.
Já não engana ninguém...

João Dias

 
At domingo mai. 20, 10:09:00 da manhã 2007, Anonymous Anónimo said...

Joãozinho, anda para dentro fazer companhia ao padrinho que estás a fazer figuras tristes.
O Padrinhinho.

 
At domingo mai. 20, 11:54:00 da manhã 2007, Blogger JMS said...

Meu caro João Dias,

O estilo do seu discurso dispensa-me de fazer maiores comentários, pois ele por si só esclarece quem o leia sobre a sua forma de pensar.

Mas todavia...

Se moderno é atirar uma bosta de elefante a uma tela e depois expô-la na Tate Gallery, ennão não gosto realmente da modernidade. No Jazz idem idem. Ou seja, se tiver qualidade e me agradar gosto, independentemente de ser moderno ou não.

A acusação de crime de corrupção é sua. Limitei-me a dizer que havia incómodo nos produtores pela verba que tinha sido atribuída ao Jazz ao Centro. Mas os senhores adoram tentar descridibilizar-me colocando no meu discurso palavras que não usei, pensamentos que não tive...

E quanto aos "amiguinhos" eu, ao contrário do que sucede com os controleiros de serviço de outros, não peço a ninguém para intervir por mim. A pessoa em causa participou porque entendeu livremente fazê-lo e noutras ocasiões fê-lo em desacordo com o meu ponto de vista.

Sou um livre pensador, não alinhado. Não preciso que outros me defendam.

Relativamente à palavra fascista... enfim... o senhor nem me conhece pessoalmente...

 
At domingo mai. 20, 12:05:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

O JNP...qualquer coisa so responde ao que convem!!!!
Isto continua sempre a mesma rebaldarice...

 
At domingo mai. 20, 12:17:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

É um fascizóide, há muito que o noto. Deixai-o andar que o discurso dele não tem ponta por onde se lhe pegue. Aquela da bosta de elefante numa tela á infantil. Era o que eu pensava quando tinha 5 anos. Fascista de Cascais, casaco Mike Davis e sapato de vela. São os melhores.
Hip, hip, Hurra !
Morgadinha dos Canaviais.

 
At domingo mai. 20, 12:36:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

"quanto aos "amiguinhos" eu, ao contrário do que sucede com os controleiros de serviço de outros, não peço a ninguém para intervir por mim."

O João Moreira dos Santos está a insinuar que José Meneses ou Manuel Jorge Veloso, que foram duas das pessoas que mais se insurgiram contra as suas baboseiras, são dignatários a mando dos "controleiros" do Trem Azul?

E, de resto, que provas credíveis tem que os "outros" que de si discordam são manietados pelo Trem Azul?

Nota-se que a insensatez e o delírio se apoderam de si, caro Moreira dos Santos...

 
At domingo mai. 20, 01:54:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Não, as pessoas que menciona merecem-me o respeito e a consideração de jamais as considerar como tal. Aliás, o José Menezes conheço-o deste os tempos em que eu era tesoureiro do Hot Clube e ele tocava na orquestra do Hot, já lão vão uns bons 15 anos... Portanto, sei que não é pessoa para tal. Manuel Jorge Veloso idem idem, pois pensa por si próprio. Excusam de tentar criar brechas....

 
At domingo mai. 20, 03:37:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Oi, meu bem. Deixe lhe dar um conselho de amigo. Sempre que você vem a Lisboa, procura sempre se alojar no hotel Anjo Azul, ali mesmo no Bairro Alto.

Fico lhe esperando e olhe lá que não vai perder seu tempo e seu dinheiro, não. Vai ver que fará bons e muito frutuosos contactos que lhe serão muito úteis pr'o seu sucesso na vida. É o que tá dando... Fico esperando até lá.

Diz que vai de minha parte.
Nandinho

 
At domingo mai. 20, 05:09:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Meus caros,

Enquanto andam aqui entretidos eu aproveito o meu Domingo para escrever mais um livro sobre o Jazz em Portugal, fazendo algo positivo, e trabalho em mais um artigo para a revista Blitz, que terão depois oportunidade de ler.

Bem hajam!

 
At domingo mai. 20, 05:34:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Ainda o levam a sério!!! Coitados dos leitores do Blitz. Certamente será um escrito isento e sem referência a nenhum disco editado pela trem azul...

Cromo

 
At domingo mai. 20, 06:05:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Se for como o artigo do Miles Davis e do Cascais Jazz quer ler!

Ana Maria

 
At domingo mai. 20, 06:06:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Se for como o artigo do Miles Davis e do Cascais Jazz quero ler!

Ana Maria

 
At domingo mai. 20, 11:17:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Quantos espanhóis ou portugueses é que já tocaram no Estoril Jazz do qual é colaborador ?
Eu não tenho ideia nenhuma de ver por lá os seus queridos espanhóis mas quase só os tais americanos de que falava á Rosa Maria.
E esta, hem ????
Rita Almeida.

 
At domingo mai. 20, 11:47:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Minha cara Rita Almeida,

A minha colaboração com o Estoril Jazz limita-se ao apoio na realização das biografias dos músicos para publicação no programa. Não sou programador nem director musical...

 
At segunda mai. 21, 07:42:00 da manhã 2007, Anonymous Anónimo said...

Mas então porque não critica esse festival por não levar lá músicos espanhóis ou mesmo portugueses ?
Porquê gastar tanto dinheiro em viagens dos EUA quando em Espanha há tantos e tão bons músicos ?
Uma boa parte desses dinheiros não são também públicos ?
Rita.

 
At segunda mai. 21, 10:23:00 da manhã 2007, Blogger JMS said...

Muito simplesmente porque esse festival já nasceu com a linha programática de trazer a Portugal o que de melhor se faz no Jazz norte-americano mainstream. É uma opção legítima.

 
At segunda mai. 21, 10:27:00 da manhã 2007, Anonymous Anónimo said...

É claro que é legitima, tão legitima como a dos outros festivais e eventos que você tanto critica por inveja. É isso que você não percebe, parece-me.
Rita.

 
At segunda mai. 21, 02:38:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Diz que é uma espécie de contradição...

 
At segunda mai. 21, 11:15:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Isto é caso para dizer esses tipos da trem azul incomodam muita gente!! Tanto tanto que até já se fazem mandamentos sobre eles.
A propósito, parece que a psicologia resolve com certa facilidade determinadas fixações obsessivas. E eu até aprecio alguns dos seus artigos...
Jangadeiro

 
At terça mai. 22, 01:12:00 da manhã 2007, Anonymous Anónimo said...

JNPDI - João-No-País-Da-Inveja!!!

Maria dos Anjos

 
At terça mai. 22, 04:48:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Parece que, hoje em dia, o mainstream é cada vez mais visto como pouco erudito. Aliás, moda transversal a toda a arte.
O conceito de qualidade é o elitismo. E este elitismo visto como um género que tem de ser para poucos, e tem de ser inatingível para muitos.
E o que acontece na maior parte das vezes? é que boa parte dos poucos, mesmo não entendendo ou atingindo, tiram prazer de fazer gala que gostam.
.
Cada vez mais me convenço que o prazer que a maioria tira deste tipo de música (até porque não tem conhecimento/ouvido para mais), é precisamente o facto de se ver como um erudito apreciador de coisas estranhas e minoritárias.
E neste sentido tem de ter público - espantar alguém que vá lá a casa , os seus companheiros de concerto, que jocosamente desdenham quem sai a meio, e trocam olhares, como que a dizer "coitado, não tem cultura para mais!".
Se a sala está cheia, começam logo a comentar/pensar - "he, he, grande parte desta malta não sabe o que lhes espera".
E então criticar/insultar quem está contra, é uma autêntica catarse.
No anonimato da sua sala, sozinhos em casa, nunca meterão o "machine gun" a tocar.
E isso é de um ridículo atroz!

Miguel Costa

 
At terça mai. 22, 09:15:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Sr. João Moreira dos Santos (e restantes intervenientes na discussão),

Como se situa neste blog (se é que aqui tem lugar) um leitor/ouvinte que gosta e se delicia com os Hot 5 & 7, Jelly Roll, Duke dos anos 20, 40 ou 60, gosta de Basie e de Goodman, de bop e de cool ou de west coast, de Blakey, Silver e Brownie, Rollins ou Trane (todo a obra; quase o mesmo com Miles), Ornette, Dolphy e Cecil Taylor (principalmente a solo), de "In A Silent Way" e de "Bithces Brew" ou de "Pangea" e de "Agartha", e até gosta de algum Wynton, mas reconhece maior valor a Zorn, de quem gosta como gosta de Hawkins, Webster, Chu Berry ou Don Byas, gosta de Parker, seja ele Charlie, William ou Evan, gosta de Mehldau, Turner e Cheek, gosta de Bica e de André Fernandes, ou Monder ou Rosenwinkel, de Laginha e de Sassetti, Binney e Douglas?

Não há neste blog lugar para mim, nem sequer para as minhas visitas, pois não? Ainda mais por acreditar que o jazz está vivo e tem uma bela vida pela frente, não é?


Atenciosamente
Paulo Barbosa

 
At quarta mai. 23, 12:45:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Caro Paulo Barbosa,

É muito bem-vindo a este blog, para mais dá-se até a coincidência de ter gostos próximos aos meus (e mesmo que não tivesse, seria de igual forma bem-vindo, até porque JNPDI! não é um decálogo dos meus gostos pessoais, mas sim da música que julgo ter qualidade ou substância, o que pode incluir até projectos musicais com os quais não me identifico esteticamente), já que dos músicos que enumera apenas não gosto muito do John Zorn e definitivamente do que ouvi ao vivo também não me agrada o output do Evan Parker.

Certos visitantes deste blog pretendem criar na mente dos leitores desprevenidos - tomando-se por doutos e sapientes relativamente aos outros - que o autor deste blog só gosta de jazz mainstream. O meu background musical, ou seja de onde vim e o que comecei a ouvir é variado: quando criança ouvia as orquestras dos filmes do Fred Astaire; quando era adolescente naveguei pelo hard-rock (Led Zeppelin, Scorpions, AC/DC), de onde transitei para o Jazz. Assim sendo, tanto ouço Miles Davis da fase Jazz como a seguir me delicio com o mesmo Miles da fase Jazz-Rock (desde Bitches Brew até... Aura e por aí a fora), tanto ouço Jim Hall num solo limpo e "cristalino", como John Aberbcrombie num solo à Jini Hendrix (com o qual tive o prazer de ter aulas em Portugal, em 1990), tanto ouço Duke Ellington, como os Weather Report.

Mas, naturalmente, quando se quer desacreditar alguém dá-se a entender que essa pessoa é sectária e tem gostos limitados e restritos, o que, como vê, não é o meu caso. Veja bem que até me deu mais gozo o ano passado o concerto do Herbie Hancock (que de jazz pouco ou nada teve) no Coliseu do que o de Keith Jarrett no CCB (que teve jazz, mas pouca chama).

Mande sempre!

 
At quarta mai. 23, 12:47:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Por lapso o comentário anterior tem algumas gralhas. Leia-se Jimi Hendrix e não Jini e Abercrombie e não Aberbcrombie. E as aulas, claro, foram com o Abercrombie e não com o Jimi Hendrix, como a colocação errada dos () poderia dar a entender.

 
At quarta mai. 23, 12:49:00 da tarde 2007, Blogger JMS said...

Caro Miguel Costa,

Creio que o seu post é oportuno e merece reflexão, pois toca em alguns pontos sensíveis que merecem a minha concordância.

Obrigado pela sua participação e pela forma serena e correcta como o fez.

 
At quarta mai. 23, 02:14:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Ó Joãozinho, tenha a santa paciência que já não aguento de tanto rir...

 
At quarta mai. 23, 09:52:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Livros favoritos

* O Alquimista

 
At segunda jun. 04, 11:34:00 da manhã 2007, Anonymous Anónimo said...

Então caro João ... não foi ao JACC ver o Evan Parker???
Pois eu não vi ninguem a sair a meio e no fim toda a gente estava satisfeita...

 

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